Mas, como sempre, ninguém, ou quase ninguém, está ligando. Se a maioria das pessoas estivesse se importando verdadeiramente com o fato, o fato deixaria de ser um fato. Porém, o fato é que segundo a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (CNUCD) – percebam que a questão é tão grave que a ONU criou uma convenção específica para a questão - A cada ano são perdidos 12 milhões de hectares de terras produtivas. 12 milhões. A cada ano. E a CNUCD diz ainda o seguinte: "A cada minuto são perdidos 23 hectares de terras produtivas por causa da degradação". A CADA MINUTO! Já pararam para pensar? Aonde vamos chegar? O planeta se tornará um só Saara?
Nessa superfície do planeta perdida a cada minuto, 23 hectares, seria possível se produzir, segundo a CNUCD, 20 milhões de toneladas de cereais. O curioso é que sempre se pensa no potencial econômico da terra, mas nunca na vegetação natural que ali poderia existir, nos animais selvagens que poderiam ali viver se a região não tivesse se desertificado.
Segundo a ONU, 2,3 bilhões de pessoas, em mais de 100 países, vivem em regiões áridas ou semi-áridas. E muitas dessas regiões áridas não são naturais, mas foram criadas pela ação humana, foram desertificadas. Aqui mesmo, no RS, temos fatais exemplos desse desastre. Aliás, aqui mesmo em meu município, Santiago, há árias desertificadas, pequenas, mas existem. E estão crescendo ano após ano. Em Alegrete, já há até um verdadeiro pequeno deserto. Tem até nome: “Deserto de São João”. Com 940 hectares de área. Não é o deserto que virou mar, mas o pampa que virou areia. Calcula-se que a área total desertificada no RS esteja em torno de 3000 hectares.
O que causa a desertificação todo mundo sabe. Precisa repetir? Bem, algumas das causas precisam ser sempre lembradas, ainda que inutilmente. Plantar pinus é uma delas. O pinus suga água demais nas nossas terras. Mas continuam plantando, dá muito dinheiro, é ótimo para a economia, para o progresso, para o desenvolvimento da nação. Outra causa é o Aquecimento Global. Contudo, muitos dizem que ele nem existe, que é uma farsa. Então, para que nos preocuparmos? Não há com o que se preocupar. Deixemos que o Brasil vire deserto e queime em meio a magníficas secas recordes.
Que o diga Fernando Pessoa: “Pouco me importa. Pouco me importa o quê? Não sei. Pouco me importa.”
(Nas imagens acima, o pampa em seu estado original e o pampa desertificado.)