Poema escrito e publicado originalmente em 24 de janeiro de 2018.
"há quem passe pelo bosque
e só veja lenha para a fogueira” (Tolstói)
há quem sente na grama dos campos
e só veja escavações para minérios
(ah, o progresso)
há quem observe uma cascata de águas
e só veja inundações para hidrelétricas
(ah, mais progresso)
há quem mire no olhar do tigre
como um inimigo a ser massacrado
e substituído o mistério que vem da vida
pelo lucro que vem da máquina
(tanto progresso)
há quem olhe para o céu
e só veja seca ou chuva
para a lavoura de soja
(quanto progresso)
arrebentar planeta e humanidade
para encher os cofres de um punhado
dos homens que fazem
dos homens de bem
(quanto cansaço)
amém
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