25 agosto 2013

Sobre a Justa Greve do Magistério

O Magistério gaúcho deflagrou greve a partir desta segunda-feira, dia 26/08. O motivo principal é que o governo do RS não paga o piso estipulado por lei. Concedeu aumento, é verdade, ainda não de todo efetivado, mas o piso, o básico, está bem abaixo do que diz a lei. E continuará após a concessão total do aumento. 

O problema é que o governo acha que piso é teto. Se for considerar pelo teto, claro que a maioria dos professores que trabalham 40h ganham mais do que o piso. Porém, piso é piso. É o básico, sem acréscimo de nenhuma vantagem ou gratificação. Enfim, o governo está fora da lei. E deve cumpri-la. É muito simples. Nem se precisava fazer greve. Ter que se fazer greve para se fazer cumprir a lei que deve ser naturalmente cumprida, chega a ser um absurdo kafkiano. E o governo deve ser o primeiro a cumpri-la, para dar o exemplo. Ponto final. Só esse argumento, é o suficiente. O governo gaúcho não tem argumento nenhum. Só fala besteiras e desculpas vergonhosamente esfarrapadas.

E não é só pelo pagamento do piso a greve. Há outros motivos, como a reforma do Ensino Médio, a meu ver, precipitada, mal elaborada, mal refletida e apresentada de forma autoritária, sem um verdadeiro debate com a classe dos professores, comunidade escolar e população em geral. Enfim, a greve é justa, mais do que justa. Aproveito para republicar trechos de um texto que escrevi ainda em junho, a propósito das manifestações que se espalharam pelo país:

A sociedade brasileira em geral não apoia greves. Quase sempre fica contra os grevistas e a favor dos governantes, e exige que os grevistas voltem a trabalhar e negociem sem paralisações. É que a greve não é um protesto festivo e descompromissado. A greve, quando bem feita e organizada, fere profundamente o seio da sociedade. Porque é só neste momento, no da greve, é só nesse momento que todos sentem na pele como determinada categoria trabalhadora faz falta às pessoas.

Mas então, o que ocorre? Por que quase sempre as greves não dão resultado no Brasil? Porque os governos ficam na situação cômoda de ter a sociedade a seu favor. As pessoas, sentindo-se prejudicadas com as paralisações do serviços, não são capazes de se solidarizar com as reivindicações autênticas dos grevistas, daqueles trabalhadores oprimidos pelo mecanismo injusto do sistema. Não saem para as ruas com cartazes e palavras de ordem. Não exigem que o Brasil "acorde". Não saem trancar o trânsito e invadir congressos. Assim, ao invés de pressionar os políticos, pressionam os grevistas e acabam por tirar toda a força do movimento. 

É o que tem acontecido com as greves do magistério. A hipocrisia que reina na sociedade brasileira quando o assunto é educação é gritante. Todos garantem estar a favor da educação, porém, na hora do "pega pra capar", quando a classe dos professores quer se manifestar de forma real e efetiva, não com protestos inofensivos, o que é que faz a sociedade? Indigna-se contra os professores, afirma que estão reclamando de "barriga cheia", que estão prejudicando inocentes, que são os seus filhos, que terão que recuperar aulas, e que não poderão aproveitar direito as férias de verão indo para a praia.




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