Sempre que escrevo
sobre política, fico com a desagradável sensação de que saí cheirando mal. Afinal,
como diz aquele velho clichê, “a política fede”. E no Brasil, o fedor é mais
pungente. Admiro os políticos pela sua capacidade de não vomitar estando
envoltos em tanto fedor. Dado esse
preâmbulo, como as eleições municipais estão aí, deixo algumas considerações.
1 – “Os políticos e as
fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão.” Alguém discorda
do que disse Eça de Queiroz? De minha parte, estou certo de que um mesmo
partido não deve ocupar mais do que por 8 anos seguidos o poder. Oito anos deve, ou deveria, ser o tempo máximo
de um mesmo partido permanecer no governo. Mais que isso, leva à acomodação. Tanto
do governo quanto de quem se favorece do governo. Mesmos os partidos, mesmos os
favorecidos. Quem está na mamata são sempre os mesmos. Sim, porque mamata há
com todos os partidos. Isso não adianta.
Sempre haverá os aproveitadores do partido que estiver no poder, seja qual for.
Por isso, é importante que o partido mude. Para que mude os favorecidos, para
que outros também possam se aproveitar e não sempre os mesmos. Para que se
formem outras “panelas” com outras pessoas. Portanto, está na hora de o PP
deixar o poder em Santiago.
2 – E também ocorre que
determinados partidos preferem fazer tais coisas e deixar de fazer outras. Não
digo que prefiram simplesmente “porque sim”. “Preferem” porque assim são seus
direcionamentos. Que têm a ver com toda a história e com aqueles que fizeram e
mantêm o partido. Não existe partido que faça tudo em tudo. Cada um faz de
acordo com seus interesses e de acordo com quem está por trás de seus
interesses. Lá de vez em quando faz por sua ideologia. Se é que a tem. E não
venham me dizer que o que vale é a pessoa e não o partido. Isso é conversa
fiada. Ingenuidade. A pessoa faz o que o partido e as forças que sustentam o
partido deixam que a pessoa faça. No caso do PP em Santiago, não digo que ele
não fez coisas boas para o município. Porém, deixou a desejar em vários pontos, o que vem se repetindo desde gestões anteriores do partido. A questão
do emprego é uma delas. Sem falar na "Política da Aparência", na preocupação com enfeites no centro, olvidando-se do resto. Outra sigla que assuma a prefeitura poderá deixar de
cobrir alguns pontos cobertos pelo PP, mas dará, ou deverá dar, atenção a
outros que estão um tanto “esquecidos”, ou deixados em segundo plano. Ou, que
simplesmente, não podem ser feitos pelo PP, visto que as forças por trás de um
partido de direita impedem, não desejam que sejam realizados.
3 – Em uma de suas
colunas no jornal “Correio do Povo”, intitulada “Coincidências Rurais”, o
jornalista Juremir Machado da Silva escreve que muitas das mudanças de que
necessita a sociedade brasileira são impedidas pelos grandes proprietários
rurais, que, na defesa de seus interesses, não desejam, por exemplo, a reforma
agrária e buscam também o amolecimento da legislação ambiental para terem “liberdade
de destruição”. O hediondo Novo Código Florestal está aí para provar. Ocorre
que tais produtores patrocinam, sustentam os partidos de direita na câmara,
entre eles, o PP. Qual a preocupação do PP com o meio ambiente? Para mim, parece ser nula. Não é à toa que o deputado Luiz Carlos Heinze , do PP, é claro, foi um ferrenho
defensor desse Código. E aqui em Santiago, como se dá essa sustentação?
4 – Alguns dizem que
hoje não há mais esquerda e direita. O curioso é que os que dizem isso são os
que são, geralmente, de direita. A direita é sempre direita. E não quer que
exista a esquerda. O que ocorre é que muitos partidos de centro ou ficam como
melancias em cima do muro, ou se aproximam de partidos que estão no poder. Qual
é a ideologia do centro? Já os partidos de esquerda existem. Mas
muitos afrouxaram e se aproximaram da direita, adotaram práticas de direita. Sempre em prol de “seus
interesses”. Voltamos ao velho clichê: “política fede”. Mas continuam sendo
esquerdas, “enternecidas”, para usarmos um eufemismo. Esquerda total hoje no
Brasil talvez seja o PSol. Talvez. Seja como for, cada partido tem interesses
diferentes. Alguns são os mesmos, como roubar. Não digo que todos os políticos
roubam. Mas todos os partidos,quando assumem o poder, dão a sua roubadinha. O
PT roubou com o seu mensalão. E o PMDB junto. O PSDB, antes ainda, também
roubou com o seu mensalão. E junto com vários outros, como o Dem e o PP. Tivemos
no RS vários escândalos de desvios de verbas durante o governo de direta da
Yeda. Um foi o do DETRAN. Diziam até que o ex-deputado Marco Peixoto poderia
estar envolvido. Mas não deu em nada. Normal. E como a mídia é de direita
(inclusive em Santiago), ela não divulga nada. Não é dos seus interesses.
Então é isso. Cada partido tem seus interesses. Por isso
temos que trocar os partidos de vez em quando. Para que não fiquem em voga
sempre os mesmos interesses. E os mesmos interessados. E os mesmos favorecidos. Porque... resolver mesmo a situação, quem é que resolve? O mundo não tem solução. E só a arte vale a pena.
5 – Já falei, no blog, sobre
os candidatos a vereadores. Confira aqui. Por isso, nem vou me deter no
assunto. Só acrescento que chegamos ao final da campanha e têm muitos
candidatos que querem ser vereadores apenas para estar no meio da política e do
seu fedor (talvez, o salário compense).
São como baratas que gostam de lixo. Sim, porque não apresentaram
proposta nenhuma. Nada. Alguns, devem desejar o cargo para pagar festas e
beberagens para os amigos. Só pode.
6 – E como diria o
Capitão Rodrigo em “O Tempo e o Vento” do Érico Veríssimo: “Governo é governo.
Sempre é divertido ser contra.”
2 comentários:
Hahaha... sempre é divertido ;)
A imagem também: um espetáculo à parte!
Beijo =)
Na minha cidade, Arapiraca, agreste alagoano, esse ano o prefeito passará o bastão depois de 8 anos, para uma candidata que não é do mesmo partido, mas é indicada por ele. Ela, por sinal, foi prefeita também por 8 anos e, tendo indicado o moço pra sua sucessão.
Como vê, eles sempre dão um jeito. A panela permanece. As coligações estranha surgem inexplicavelmente.
Isso aqui tá praticamente uma monarquia disfarçada de democracia.
Abraços!
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