entre o tudo que não existe
dou-te-me este poema
vitoriosamente triste
pois nem triste chegou a ser:
talvez o fosse
se eu me pudesse ver
e a minha pá (lavra de coveiro)
que não é suficiente
talvez o seja
em se olhar ao mundo
como morrer
e só então
ser profundo
a minha humanidade
não me perdoa:
sou minha culpa
e o culpado
do que não voa
e o que me eleva
é o que não veio
ou talvez veneno
envernizado em taça
eternizada
entre teu seio
que o horror divino
é sempre firme
em tudo há medo
e aponta um dedo:
sentir é crime
eu sou
o que não me esquece:
sou como um sono
e tu minha prece
a minha palavra
não dará ensejo
a nenhuma lágrima
e não será desejo
de organismo etéreo
o que eu disse
nem está dito
o que eu não disse
eu me mistério
3 comentários:
Complicadamente lindo moço!!!
Beijo!
Complicado, misterioso e lindo...
"a minha humanidade não me perdoa: sou minha culpa."... Que intenso... Somos contradições... Até porque somos animais e não nos conformamos com esta denominação. Belo texto.
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