24 junho 2011

Agora sou frio

fazia frio
fora
e dentro de mim...
isso foi há séculos
agora sou frio.

mas há séculos
passei pela floresta
e na floresta havia um rio
e no rio uma cachoeira
e ao lado da cachoeira
havia uma grande pedra
e sobre a pedra
caía eternamente
um tênue fio de água
do lado esquerdo do rio...
isso foi há séculos
agora sou frio.

há dias
fui ver a grande pedra
não passava
de um pequeno cascalho
o tênue fio de água
de tanto cair em cima
por séculos e séculos consecutivos
a consumiu...
isso foi há dias
agora sou frio.

mas quem ali passou
durante esses séculos
não percebeu
que a pedra estava agonizando
lentamente
sob a água sem nenhum compromisso...

o Fim é isso.

8 comentários:

Ira Buscacio disse...

Querido poeta,

Há 3 dias, eu estava dentro de mim, exatamente, me questionando sobre a falta de percepção do meu fim. Estou indo e parece que nem fui.
Maravilhoso poema!
Bj

Agnes Mirra disse...

Grandioso poema! Sua análise mais que póetica sobre percepção, transformação e resultados finais, é simplesmente genial! É lindo, simples e melancólico...Tão bonito, e triste também.Poderia ser um sonho.Uma música.Um momento de delírio.Um ilustração.Um quadro.Acho que é tudo isso,e é lindo. Lindo como você!

Anônimo disse...

Reconhecer o fim, que é o agora... Lindo poema, belo desfecho trabalhado em suas palavras... Simplesmente único.

Bom fim de semana!

Anônimo disse...

Excelente!
Dos meus preferidos, Alessandro, amei!

Nathacha disse...

Perfeito, adorei!

Finalmente alguém que escreve com a alma!

Seguido :)

Se puder retribuir, ficarei grata!


Um beijo


Nathacha Phatcholly

Vampira Dea disse...

Gosto de contos e poemas sobre pedras. Penso que se pedras ganhassem vida quantas coisas poderiam nos contar rsrsr adorei pq é sempre bom ler o que vc escreve.

Bete Nunes disse...

No caminho dessa água tinha uma pedra...

Death disse...

intrigante e relaxante,parece que não lidar com coisas que parecem ser frias não tem importancia.só são fias e pronto.
ainda escreverei assim...rs
belo poema.