25 abril 2011

"Julgas que uma grande cidade dura para sempre?", diz Walt Whitman

Walt Whitman (1819 - 1892) é considerado um dos maiores poetas norte-americanos, muitos consideram até como sendo o maior. Não entrarei na questão se realmente  é ou não o maior, mas que sua obra é riquíssima e revolucionária não resta a menor dúvida. Em termos de forma, foi de fundamental importância para a poesia moderna, pois foi o responsável  pela introdução dos versos livres na literatura universal, feito de excepcional coragem. Em termos de conteúdo, também inovou no tratamento dos temas, abordando com profundidade e naturalidade a vida nas cidades, os progressos científicos, a democracia, a liberdade, sem esquecer, no entanto, as questões espirituais, o contato com a natureza, a elevação humana, a igualdade entre os indivíduos.

Abaixo, deixo dois trechos de seu extenso poema "Canção do Grande Machado", onde realiza, entre outras, uma funda reflexão sobre a passagem do tempo, a transitoriedade de todas as coisas. Confiram:

Canção do Grande Machado (trechos)
Aquilo que dá vigor à vida dá vigor também à morte,
E a morte faz avançar tanto quanto a vida faz avançar,
E o futuro não é mais incertto que o presente...
(...)
O que pensas que resiste ao tempo?
Julgas que uma grande cidade dura para sempre?
Ou um estado industrial produtivo? Ou uma bem elaborada constituição?
Ou os navios mais bem construídos?
Ou os hotéis de granito e ferro?
Fora! Nada disso deve ser cultivado com afeto,
Eles cumprem o seu momento, os dançarinos dançam, os músicos tocam para eles,
O espetáculo passa...
(...)
O que são agora os teus ganhos financeiros?
O que podem fazer eles agora?
O que é agora a tua respeitabilidade?
O que é a tua teologia, instrução, sociedade, tradições, estatutos, agora?
Onde estão agora tuas zombarias sobre o ser?
Onde estão as tuas críticas sobre a alma agora?

Walt Whitman

3 comentários:

angela disse...

Muito bom!
beijos

Zélia Guardiano disse...

Post maravilhoso, meu querido Reiffer!
Você escolheu momentos perfeitos para profunda reflexão: tudo tão transitório...
Abraço, amigo!

Bete Nunes disse...

A América sofria as consequências da Revolução Industrial e se encontrava em pleno desenvolvimento científico. Em meio a realidade político social da época, Whitman era um poeta engajado nas causas sociais e humanas. Além disso, defendia a poesia de seu país e se preocupava em como deveria ser um poeta americano.

Lindo post!