a Arte não pode
dar concessões:
há que se voar ao extremo
e se descer ao abismo
se tens medo
de que o fogo do sol
ou do inferno
incendeie teus olhos
ou que morra na queda
quando a tua asa cansar...
é melhor sentar
deitar
repousar...
na Arte não há meio-termos
não se pode equilibrá-la:
a Arte é para incendiar a chama do peito
ou para apagá-la...
31 dezembro 2009
30 dezembro 2009
Soneto ao Não
o longe além dos dias que não vieram
veem como se eu não estivesse cá
todas esperanças que não me deram
é aquela estrela que não está lá
a estrela olho com olho que não é
no alto em promessa como um não perdida
e o seu não fitei com imensa fé
na janela que não foi construída
e a luz que desce ao não ser da janela
vem não a mim em sim de solidão
à chama em não ter aceso uma vela
em paz não beija a minha alma emoção
e me vou sonhar-te em não voo com ela
até os céus de um catastrófico Não
veem como se eu não estivesse cá
todas esperanças que não me deram
é aquela estrela que não está lá
a estrela olho com olho que não é
no alto em promessa como um não perdida
e o seu não fitei com imensa fé
na janela que não foi construída
e a luz que desce ao não ser da janela
vem não a mim em sim de solidão
à chama em não ter aceso uma vela
em paz não beija a minha alma emoção
e me vou sonhar-te em não voo com ela
até os céus de um catastrófico Não
28 dezembro 2009
Fernando Pessoa - O Predestinado - Passos da Cruz I
"Um dia,
lá para o fim do futuro,
alguém escreverá sobre mim um poema,
e talvez só então eu comece
a reinar no meu Reino."
Fernando Pessoa
lá para o fim do futuro,
alguém escreverá sobre mim um poema,
e talvez só então eu comece
a reinar no meu Reino."
Fernando Pessoa
Entre 1914 e 1916, Fernando Pessoa compôs os 14 sonetos de "Passos da Cruz". Trata-se de sonetos absolutamente perfeitos e inovadores em nossa língua, avançando do Simbolismo para o Modernismo, numa linguagem das mais profundas e enigmáticas, por isso, pouco populares, se levarmos em conta que a obra de Pessoa é muito difundida na atualidade.
Nesses sonetos, o gênio português expressou a sua dramática visão de sua missão como poeta, como artista. Julgava-se um predestinado, solitário e incompreendido, cuja missão ele ainda não conhecia totalmente, mas que seria cumprida de qualquer forma e legada à posteridade.
E assim, de fato o foi. Pessoa jamais teve reconhecimento em vida, publicou apenas um livro, fracassou em seus projetos profissionais, viveu em relativa pobreza, sendo sustentado por amigos e parentes, mas hoje é visto como um dos maiores poetas da literatura universal. Hoje anda de boca em boca, amantes e não amantes de poesia conhecem pelo menos alguns de seus versos e não se cansam de expressá-los em blogs, orkuts, twitter, enviar para os amados e amadas, ainda que não os compreendam inteiramente. Seus livros são incansavelmente editados, reorganizados, espalhados pelo mundo todo. Suas obras estudadas e analisadas infatigavelmente. De modo que Fernando Pessoa tinha razão. Ele era um predestinado.
A partir de hoje, sendo um por semana, publicarei aqui os 14 sonetos de Passos da Cruz, sem comentá-los, deixando que o leitor tenha suas próprias sensações.
Passos da Cruz - Soneto I
Esqueço-me das horas transviadas…
O Outono mora mágoas nos outeiros
E põe um roxo vago nos ribeiros…
Hóstia de assombro a alma, e toda estradas...
Aconteceu-me esta paisagem, fadas
De sepulcros a orgíaco… Trigueiros
Os céus da tua face, e os derradeiros
Tons do poente segredam nas arcadas…
No claustro sequestrando a lucidez
Um espasmo apagado em ódio à ânsia
Põe dias de ilhas vistas do convés
No meu cansaço perdido entre os gelos,
E a cor do Outono é um funeral de apelos
Pela estrada da minha dissonância…
27 dezembro 2009
Poema Fúnebre
deixa assim...
que de nota em nota
a Marcha Fúnebre
chegará ao fim
enquanto eles falam
e gritam e riem e gestam
e sobem e descem e sabem
e vencem e caem e cegam
transpiram publicam rastejam
eu calo-me
num canto
canto sombrio e só
não-visto por todos
ouvido por nada
e só recebi um não
por ter a razão
o Fim
é uma marcha fúnebre
e fúnebre sendo
seu lento andamento
é lento...
lento...
bem lento...
então deixa assim
que eu não falo por mim:
quem fala é o Tempo...
que de nota em nota
a Marcha Fúnebre
chegará ao fim
enquanto eles falam
e gritam e riem e gestam
e sobem e descem e sabem
e vencem e caem e cegam
transpiram publicam rastejam
eu calo-me
num canto
canto sombrio e só
não-visto por todos
ouvido por nada
e só recebi um não
por ter a razão
o Fim
é uma marcha fúnebre
e fúnebre sendo
seu lento andamento
é lento...
lento...
bem lento...
então deixa assim
que eu não falo por mim:
quem fala é o Tempo...
26 dezembro 2009
“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”
Com essa sentença, o nosso maior romancista, Machado de Assis, encerrou o seu genial “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. O livro foi escrito há quase 130 anos, e hoje tal frase deveria ser seguida como lei. Explico-me...
Irei direto ao ponto, não há muito que ser dito sobre este assunto. As pessoas falam em preservar o planeta com redução da poluição, com preservação da vegetação natural, com conscientização da população, com desenvolvimento sustentável, enfim, todas essas utopias que qualquer ser humano com o mínimo de inteligência sabe que são irrealizáveis. O fracasso de todas as conferências sobre clima e preservação ambiental está aí para provar o que digo. Ter esperanças de que o ser humano vai conseguir reverter a situação com tais atitudes é uma ingenuidade, ou imbecilidade mesmo.
Então, nossa civilização não tem saída? Tem. É só ninguém mais ter filhos. Pronto. Isso é um absurdo? Claro que é. E só esse absurdo pode salvar nossa atual civilização. É tão absurdo que ninguém toca nesse assunto. Já viram alguém falar que essa é nossa única solução? Não, ninguém tem coragem de afirmar tal inaceitabilidade. Eu tenho. E meu raciocínio é de uma impiedosa simplicidade.
Segundo os cálculos científicos, dentro de 40 anos, o mundo, mantendo o atual índice de crescimento populacional, com o aumento da expectativa de vida, terá cerca de 10 bilhões de habitantes. Nosso planeta não está suportando 6, vai suportar 10 bilhões de pessoas? Calcula-se que para sustentar tal população sem que ninguém passe fome, tenha-se que quase triplicar a produção de alimentos. E tirar de onde tantos alimentos, se a atual produção já é insustentável para o planeta? E de onde tirar mais água, se ela já está escasseando? E mais energia? Ou quem sabe as pessoas que nascerem não deverão se alimentar, nem tomar água, nem se vestir, nem acender uma lâmpada? Talvez nem devam respirar...
A verdade simples, lógica, matemática - e cruel - é esta: a humanidade não pode aumentar, se aumentar, o planeta morre, porque ele já nem com o que tem está aguentando. É o mesmo que dar mais sal para um hipertenso que está tendo um infarto. Qual será o resultado? Então, ninguém mais pode ter filhos. Ou, para cada criança que nascer, alguém deverá morrer. E como eu sei que isso não vai acontecer, explica-se todo o meu pessimismo... Esta civilização não tem futuro. Terá que acabar para recomeçar. Ponto final.
Irei direto ao ponto, não há muito que ser dito sobre este assunto. As pessoas falam em preservar o planeta com redução da poluição, com preservação da vegetação natural, com conscientização da população, com desenvolvimento sustentável, enfim, todas essas utopias que qualquer ser humano com o mínimo de inteligência sabe que são irrealizáveis. O fracasso de todas as conferências sobre clima e preservação ambiental está aí para provar o que digo. Ter esperanças de que o ser humano vai conseguir reverter a situação com tais atitudes é uma ingenuidade, ou imbecilidade mesmo.
Então, nossa civilização não tem saída? Tem. É só ninguém mais ter filhos. Pronto. Isso é um absurdo? Claro que é. E só esse absurdo pode salvar nossa atual civilização. É tão absurdo que ninguém toca nesse assunto. Já viram alguém falar que essa é nossa única solução? Não, ninguém tem coragem de afirmar tal inaceitabilidade. Eu tenho. E meu raciocínio é de uma impiedosa simplicidade.
Segundo os cálculos científicos, dentro de 40 anos, o mundo, mantendo o atual índice de crescimento populacional, com o aumento da expectativa de vida, terá cerca de 10 bilhões de habitantes. Nosso planeta não está suportando 6, vai suportar 10 bilhões de pessoas? Calcula-se que para sustentar tal população sem que ninguém passe fome, tenha-se que quase triplicar a produção de alimentos. E tirar de onde tantos alimentos, se a atual produção já é insustentável para o planeta? E de onde tirar mais água, se ela já está escasseando? E mais energia? Ou quem sabe as pessoas que nascerem não deverão se alimentar, nem tomar água, nem se vestir, nem acender uma lâmpada? Talvez nem devam respirar...
A verdade simples, lógica, matemática - e cruel - é esta: a humanidade não pode aumentar, se aumentar, o planeta morre, porque ele já nem com o que tem está aguentando. É o mesmo que dar mais sal para um hipertenso que está tendo um infarto. Qual será o resultado? Então, ninguém mais pode ter filhos. Ou, para cada criança que nascer, alguém deverá morrer. E como eu sei que isso não vai acontecer, explica-se todo o meu pessimismo... Esta civilização não tem futuro. Terá que acabar para recomeçar. Ponto final.
25 dezembro 2009
Poemas do Término e Contos do Fim 37
A edição 37 do zine literário Poemas do Término e Contos do Fim será lançada amanhã, dia 26/12. Incluirá os contos "Conto Violento e Inútil" e "De Sangue" e mais 4 poemas insensatos.
Em Santiago, os pontos de distribuição são os seguintes: locadoras Fox, Classic e Stop, biblioteca pública, biblioteca da Uri, Ponto Cópias e Livraria Santiago. Pode ser enviado para qualquer cidade do Brasil ou exterior, mediante o pagamento das despesas de correio.
Agradeço à colaboração dos seguintes amigos na distribuição do zine em outras cidades: Liziane Serafini (Santa Cruz do Sul/RS), Luana Serafini (Santa Maria/RS), Alberto Ritter (Porto Alegre/RS), Gracieli Persich (Santo Ângelo/RS), Louise Wagner (São Leopoldo/RS), Lilene Leverdi (São Gonçalo/RJ), Héder Duarte (São Gonçalo/RJ), Agnes Mirra (Goiana/PE) e Paulo Soriano (Salvador/BA). Agradeço também ao amigo Guilhermes Damian pelo excelente trabalho de design do zine.
24 dezembro 2009
Poema de Natal II
talvez te desejasse felicidades
a felicidade que ânsia pelos dramáticos angelicais
anos-luz de desejos que se afogam
nos impossíveis das idades...
mas não vou te desejar felicidades.
talvez te desejasse saúde
a saúde que sol pelos campos em tons azuis
verdes-luz de paisagens que se somem
nas contradanças do alaúde...
mas não vou te desejar saúde.
talvez te desejasse amor
o amor que céus pelas lunáticas infinitais
beijos-luz de sonhar-te que se vagam
ao som da mais clara cor...
mas não vou te desejar amor.
não, não vou desejar...
nem felicidades
nem saúde
nem amor
nem paz
nem calma
eu só te desejo Alma.
a felicidade que ânsia pelos dramáticos angelicais
anos-luz de desejos que se afogam
nos impossíveis das idades...
mas não vou te desejar felicidades.
talvez te desejasse saúde
a saúde que sol pelos campos em tons azuis
verdes-luz de paisagens que se somem
nas contradanças do alaúde...
mas não vou te desejar saúde.
talvez te desejasse amor
o amor que céus pelas lunáticas infinitais
beijos-luz de sonhar-te que se vagam
ao som da mais clara cor...
mas não vou te desejar amor.
não, não vou desejar...
nem felicidades
nem saúde
nem amor
nem paz
nem calma
eu só te desejo Alma.
(na imagem, o quadro "Anunciação" de Botticelli)
22 dezembro 2009
Poema de Natal
não deixarei agora em verso
nem espalharei pelo universo
a mínima desgraça andante
golfejarei meu próprio sangue
que tudo é vão e decadente
que tudo é falsa e vã semente
cala-te ânsia pelo meu pranto
suma comigo em teu espanto
nada fique da minha história
que é vão o amor o sonho a glória
que abisme o desejo em meu peito
morra o horror em mim desfeito
mergulhem-me no que é fatal...
brilha puro o astro de Natal.
nem espalharei pelo universo
a mínima desgraça andante
golfejarei meu próprio sangue
que tudo é vão e decadente
que tudo é falsa e vã semente
cala-te ânsia pelo meu pranto
suma comigo em teu espanto
nada fique da minha história
que é vão o amor o sonho a glória
que abisme o desejo em meu peito
morra o horror em mim desfeito
mergulhem-me no que é fatal...
brilha puro o astro de Natal.
21 dezembro 2009
Aspire Fundo... e Solte...
se eu tivesse
um pouco mais de inspiração
talvez transformasse em sonho
o ar medonho
que respiro
se eu tivesse um pouco mais
de respiração...
se eu chegasse
a um alto mais de aspiração
talvez transmutasse em dança
o chumbo da esperança
que suspiro
se eu tivesse um alto mais
de inspiração...
se a tua respiração eu inspirasse
talvez aspirasse o ar que me inspira
talvez ventasse a luz que suspira
em tua boca soprada
mas aspirei a tudo
e aspirei o nada
um pouco mais de inspiração
talvez transformasse em sonho
o ar medonho
que respiro
se eu tivesse um pouco mais
de respiração...
se eu chegasse
a um alto mais de aspiração
talvez transmutasse em dança
o chumbo da esperança
que suspiro
se eu tivesse um alto mais
de inspiração...
se a tua respiração eu inspirasse
talvez aspirasse o ar que me inspira
talvez ventasse a luz que suspira
em tua boca soprada
mas aspirei a tudo
e aspirei o nada
19 dezembro 2009
Visão Final
de tuas fantásticas visões
trago o peito (de) amor... tecido
e sempre irei afoguear-me
no mar de fogo da arte
na cura de chamas românticas
das quais sempre morti... fiquei-me
morri-me vezes várias
e consegui-me curar-me jamais
contigo e tuas pupilas
de íris ocultas de sonhos
a cristais de horizontes
carregados rubros de Fim
meu espírito
que nunca será (demo)lido
verá o Final pelo Início
sublimado
em vapores de lágrima
de teu olho emocio...
nado
no teu choro ao infinito
que é onde vou-me ao jamais...
sonhado
trago o peito (de) amor... tecido
e sempre irei afoguear-me
no mar de fogo da arte
na cura de chamas românticas
das quais sempre morti... fiquei-me
morri-me vezes várias
e consegui-me curar-me jamais
contigo e tuas pupilas
de íris ocultas de sonhos
a cristais de horizontes
carregados rubros de Fim
meu espírito
que nunca será (demo)lido
verá o Final pelo Início
sublimado
em vapores de lágrima
de teu olho emocio...
nado
no teu choro ao infinito
que é onde vou-me ao jamais...
sonhado
17 dezembro 2009
Versos Erguidos
sempre distante de teu sucesso tedioso
sentenciei-me acabando por entre meus sonhos
e quanto mais fundo me acabo
ergo-me cada vez melhor acabado
sempre longínquo de teu marasmo sensato
acabei-me flechado por trágico orgulho
e quanto mais me dispo de orgulho
ergo-me cada vez mais exaltado
sempre em desprezo de teu saudável sorriso
orgulhei-me de insano em dramática doença
e quanto mais em violência adoeço
ergo-me cada vez mais inflamado
sempre em desgraça de teu vazio perfeito
adoeci-me em tormentas de arcanjos rebeldes
e quanto mais sem consolo rebelo-me
ergo-me cada vez mais rebelado
sempre em fracasso de teu destino traçado
rebelei-me sendo Rei sempre ao descer
e quanto mais aos abismos me desço
ergo-me cada vez mais elevado
sentenciei-me acabando por entre meus sonhos
e quanto mais fundo me acabo
ergo-me cada vez melhor acabado
sempre longínquo de teu marasmo sensato
acabei-me flechado por trágico orgulho
e quanto mais me dispo de orgulho
ergo-me cada vez mais exaltado
sempre em desprezo de teu saudável sorriso
orgulhei-me de insano em dramática doença
e quanto mais em violência adoeço
ergo-me cada vez mais inflamado
sempre em desgraça de teu vazio perfeito
adoeci-me em tormentas de arcanjos rebeldes
e quanto mais sem consolo rebelo-me
ergo-me cada vez mais rebelado
sempre em fracasso de teu destino traçado
rebelei-me sendo Rei sempre ao descer
e quanto mais aos abismos me desço
ergo-me cada vez mais elevado
Agradecimento Geral
Agradeço aos amigos que estão divulgando o texto abaixo em seus blogs pelo Estado afora. Obrigado.
16 dezembro 2009
Eu Acredito em Papai Noel, Yeda Crusius, Marco Peixoto e Expresso Ilustrado
Como o Natal está chegando, quero, agora, solenemente, afirmar que acredito no Papai Noel. Sim, é verdade. Ele trouxe-me vários presentes quando eu era criança. Alguns invejosos insistem em tentar fazer-me crer que era meu pai vestido de Papai Noel, mas não... Era o bom velhinho sim! Eu apenas ainda não descobri de onde ele conseguiu os presentes, mas estou certo que vou descobrir em breve, pois pretendo adicionar o Papai Noel no msn, ou no orkut, se ele não quiser me passar o msn.
E além do Papai Noel, acredito na nossa querida governadora Yeda Crusius, sempre tão sincera, bondosa, pacífica e amiga do funcionalismo. Dizem que ela comprou uma casinha com dinheiro de campanha, que participou ou encobriu esquemas de corrupção, mas eu duvido. Para mim, que tenho um imenso coração sempre pronto a perdoar os erros humanos e perdoo os que falam mal da governadora, a Dona Yeda não fez nada disso, muito pelo contrário, ela está se sacrificando para colocar o Estado em equilíbrio e para acabar com as farras dos professores, esses desabusados, preguiçosos, que só sabem reclamar. Tudo bem, admito que não vejo equilíbrio em parte alguma no Estado, mas a culpa é minha. Eu fico só na internet e não acompanho os jornais. E na internet dizem que o aumento para os professores dado pela governadora é uma farsa. Mas que absurdo! Essa gente nunca está contente com nada. Querem decerto ganhar uns dois mil por mês! Só para dar umas aulinhas bestas para uns aluninhos que já sabem tudo? Pobre da governadora, só ela para aguentar tanta chateação. É uma santa!
E santo também é o deputado Marco Peixoto, grande homem, eu me orgulho de ser santiaguense como ele, e para mim tudo o que ele diz é verdade, pois eu o conheço, é um gaúcho do pampa, um homem de confiança, que honra o fio do bigode, mesmo que ele não tenha bigode. Ele não mente nunca! Isso é fato. Agora não queriam que ele fosse conselheiro do Tribunal de Contas do Estado... Mas por quê? Dizem que ele está ou esteve envolvido em algumas coisinhas meio ilegais, algumas continhas meio obscuras, uns envolvimentozinhos meio feinhos, mas isso quem é que não tem? Tais coisas é que deixam a vida emocionante. Mas mesmo assim, estou certo que ele não tem envolvimento nenhum. Sabem por quê? Por que ele já chegou a chorar no plenário. Que homem santo! Não te preocupa, estou contigo, Marcão! Mas quando eu te pedir, vê se me ajuda, né!
E acredito no jornal Expresso Ilustrado como um veículo de informação absolutamente confiável, que jamais omitiria uma informação da população santiaguense. Assim, se o deputado Marco Peixoto, ou qualquer outra pessoa, tivesse algum podre, todos nós já saberíamos. Estou absolutamente certo de que o ilibado jornal Expresso Ilustrado divulgaria. Tal jornal é a fina flor da sociedade santiaguense, e nele não há lugar para omissões, puxa-saquismos ou censuras. Sim, jamais alguém, seja quem for, será censurado por este jornal, baluarte e símbolo da democracia brasileira. Por mais que alguém diga certas verdades inconvenientes que não estão de acordo com a orientação deste pomposo veículo de imprensa, o que é absolutamente normal dentro do estado democrático, ele sempre permitirá a livre expressão humana em suas páginas. E viva Santiago!
Finalmente, acredito que todos os que acima mencionei, dentro de 50 anos, serão lembrados como grandes filhos da humanidade, terão suas vidas estudadas nas escolas e seus feitos glorificados aos quatro ventos.
Ah, e o Coelhinho da Páscoa está aqui comigo agora. Quem disse que ele não existe? Quem quer um ovinho?
15 dezembro 2009
Cruz e Sousa: o Maior Poeta Brasileiro
Considero Cruz e Sousa como o maior poeta entre os brasileiros. Estou certo que bem poucos, pouquíssimos, concordarão comigo. O Simbolismo, em nossas terras, não é visto com bons olhos, geralmente. Justifico minha opinião. Cruz e Sousa é um dos raros poetas no Brasil que conseguiu unir perfeição formal com uma expressão absolutamente profunda e original. Se considerarmos o contexto em que criou sua obra, dominada pelo artificialismo parnasiano, a obra angustiada e sincera de Cruz e Sousa surge de forma ainda mais surpreendente.
Para mim, o Poeta Negro é tão elevado quanto os grandes simbolistas franceses. Certa vez, um crítico de que não me recordo o nome, afirmou que se Cruz e Sousa fosse europeu e branco, seria tão reconhecido como os maiores simbolistas do mundo. Dizia ainda o crítico que o poeta brasileiro é mais sublime que Baudelaire, mais profundo que Verlaine, mais sincero que Mallarmé. E eu concordo totalmente.
O que mais impressiona foram as condições em que a obra de Cruz e Sousa foi criada. Não bastasse ele ser negro e sofrer com o preconceito que era muito mais intenso na época, ou mais evidente, pois hoje ele é mais mascarado, ainda sofria de tuberculose (doença que também vitimou três de seus filhos), sua esposa Gavita, que tanto amava, enlouquecera, e recebia um mísero salário da Estrada de Ferro Central do Brasil.
E foi assim que o "Cisne Negro" nos legou uma das obras mais autênticas de nossa literatura, intensamente espiritual, versos advindos da alma capazes de enternecer nosso coração. Uma poesia pulsante de luz e sombra, trágica, angustiada, inquietante, de incomparável musicalidade, mergulhada no mistério da vida e do universo. Abaixo, um de seus Últimos Sonetos.
COGITAÇÃO
Ah! mas então tudo será baldado?!
Tudo desfeito e tudo consumido?!
No Ergástulo d'ergástulos perdido
Tanto desejo e sonho soluçado?!
Tudo desfeito e tudo consumido?!
No Ergástulo d'ergástulos perdido
Tanto desejo e sonho soluçado?!
Tudo se abismará desesperado,
Do desespero do Viver batido,
Na convulsão de um único Gemido
Nas entranhas da Terra concentrado?!
Nas espirais tremendas dos suspiros
A alma congelará nos grandes giros,
Rastejará e rugirá rolando?!
Ou entre estranhas sensações sombrias,
Melancolias e melancolias,
No eixo da alma de Hamlet irá girando?!
14 dezembro 2009
Decepção
é como se fosse
a noite sem fim do Fim que me embriaga
esperanças que correm pelas luas claras
poções de sonhos das mais santas magas
olhos profundos das corujas altas
promessa em luz em catedrais mais vastas
cantos de ave em imensidões tão largas
rezas de anjo de pulsar tão gratas
amor em deuses por mais belas almas
enfim estrela alva iluminada...
é como se fosse tudo!
mas não é nada.
a noite sem fim do Fim que me embriaga
esperanças que correm pelas luas claras
poções de sonhos das mais santas magas
olhos profundos das corujas altas
promessa em luz em catedrais mais vastas
cantos de ave em imensidões tão largas
rezas de anjo de pulsar tão gratas
amor em deuses por mais belas almas
enfim estrela alva iluminada...
é como se fosse tudo!
mas não é nada.
12 dezembro 2009
Otimismo (piada)
acredito
na humanidade...
o homem se a(pro)funda
no ato de merditar
e usa as folhas das árvores massacradas
pra bem limpar
... a consciência
a Merda
é o fruto
sublime
da humanidade:
é algo sólido
prático
concreto
palpável
bem material
é o nosso futuro
espe... rançoso
na humanidade...
o homem se a(pro)funda
no ato de merditar
e usa as folhas das árvores massacradas
pra bem limpar
... a consciência
a Merda
é o fruto
sublime
da humanidade:
é algo sólido
prático
concreto
palpável
bem material
é o nosso futuro
espe... rançoso
11 dezembro 2009
Projeto Pequenas Histórias
Fui convidado pela editora Cidadela, de Porto Alegre, para participar da coletânea do projeto Pequenas Histórias, a qual lançou dois livros dia 7/12/2009, um de contos e outro de poesias. Participo dos dois, com 5 contos e 7 poemas, uma vez que não houve ônus para os autores convidados na publicação do livro.
Venho então fazer a propaganda dos mesmos. Caso o leitor tenha interesse em adquirir um dos livros, ou os dois, pode fazê-lo através do seguinte link:
http://www.cidadelaeditorial.com.br/euautor.htm
Anexando ao pedido do livro o código Arte e Fim, o leitor obterá um desconto de 10%. Agradeço imensamente aos que se interessarem pelas publicações.
10 dezembro 2009
Escolha a sua Opção
não ter esperança
é sofrer à vista:
sofre-se um pouco
e depois passa
e até se pode ganhar um desconto...
ter esperança
é sofrer a prazo:
adiar a desgraça
com um cheque
de sonhos sem fundos
com um cartão de crédito
com limite de sorte excedido
para 30 dias
30 meses
30 anos...
mas um dia tem que se pagar
com juros
e acréscimos
escolha a sua opção...
é sofrer à vista:
sofre-se um pouco
e depois passa
e até se pode ganhar um desconto...
ter esperança
é sofrer a prazo:
adiar a desgraça
com um cheque
de sonhos sem fundos
com um cartão de crédito
com limite de sorte excedido
para 30 dias
30 meses
30 anos...
mas um dia tem que se pagar
com juros
e acréscimos
escolha a sua opção...
09 dezembro 2009
I Fórum Latino-Americano de Literatura Contemporânea
Venho convidar a todos para participarem do I Fórum Latino-Americano de Literatura Contemporânea, que será realizado em Santiago nos dias 22, 23 e 24 de janeiro de 2010. O investimento para participar do evento é de apenas R$ 20,00, um valor baixo para um evento desta magnitude e que, obviamente, fornecerá certificados aos participantes. Confira o seu cronograma aqui publicado. Durante o evento, devo lançar meu segundo livro, Poemas do Fim e do Princípio, que contará com mais de 230 poemas selecionados dentro da minha produção dos últimos 5 anos. Maiores informações no site da Casa do Poeta de Santiago: www.casadopoetadesantiago.com.br
08 dezembro 2009
Aquecimento Global, Caos Planetário e a Cegueira Humana
O recente escândalo do "Climategate", como vem sendo chamado, onde haveria fraude nas medições de temperatura para que fosse intensificado os dados do aquecimento global, está sendo usado, mais uma vez, para justificar a continuidade infrene da destruição ambiental, como se uma possível fraude encobrisse todos os fatos gritantes que estão diante de nossos olhos.
Já cansei de citar em meus textos uma frase de um filósofo: "O homem não aprende as lições da vida nem a canhonaços." Não aprende nem vai aprender, até que desabe o teto sobre a sua cabeça, ou seja, quando já for tarde demais. A humanidade tem uma fé tão fanática nesta ciência equivocada, que se ela afirmar algo hoje, tudo é exatamente como ela afirmou. E se amanhã ela se desdizer completamente, então tudo passa a ser do outro jeito. E jamais direcionam seus olhos do corpo, da mente e da alma ao seu redor. O que são os homens? Nada mais que marionetes, que se comportam conforme o movimento das cordas. Os fanáticos da ciência costumam criticar os fanáticos religiosos, mas o grau de fanatismo é o mesmo, apenas oscilando em polos opostos.
Na verdade, não importa se há ou não aquecimento global, o certo é que o planeta inteiro passa por um descontrole climático nunca antes visto pela civilização, e que está aqui, diante de nós, e nós fingimos que tudo é natural, e que o homem não tem culpa nenhuma nisso tudo. E sabem por quê? Por que esse descontrole, esse caos, é lento, é progressivo, é insidioso, como um câncer que se manifesta lentamente, os seus sintomas surgem de vez em quando, e depois passam, e depois voltam, o indivíduo nem dá atenção, até que quando percebe a gravidade da situação, o câncer já tomou conta do organismo, e então é tarde demais. A humanidade é como a velha história dos sapos sendo cozinhados na panela de água quente. Os sapos não percebem a água esquentando, porque ela sobe muito gradualmente, quase que imperceptivelmente, até que quando se dão conta (ou até que quando não se dão conta), estão cozidos, estão mortos.
O que quero dizer com isso? Não, isso não é uma analogia ao aquecimento global. Quero dizer que o homem vem enganando a si mesmo, dando desculpas, buscando evasivas, escapatórias, fugindo à sua responsabilidade quanto à vida do planeta. Parece que era isso que todos estavam esperando, o "climategate", uma fraude ainda não comprovada em relação ao aquecimento global, para que todos pudessem "respirar aliviado" e se sentir livres para poluir, explorar e aniquilar o planeta como sempre vêm fazendo, afinal, "a ciência mentiu".
Agora, porque um cientista mentiu, tudo o mais é mentira. Não confiam nos olhos de vocês? Eu confio nos meus. Não preciso que um cientista venha me dizer "verdades" que eu mesmo estou constatando. Não percebem alguns seres humanos o que salta aos olhos: o desequilíbrio do clima planetário, cada vez mais retumbante.
Eu aprendi, por exemplo, quando estudante do então 1º grau, que o clima do RS era um dos mais constantes do Brasil, com raros períodos de grandes cheias ou grandes secas, que havia aqui uma das melhores distribuição de chuvas do país. Eu aprendi isso. E meus pais e meus avós confirmam que as secas e as enchentes extremas aconteciam, mas era de vez em quando. Pois agora, não tem um ano que nós não tenhamos ou uma seca ou uma enchente de proporções catastróficas. Isso é mentira? Eu aprendi que na Amazônia nunca havia seca. Pois em 2005 houve a maior seca da história da Amazônia, que chegou a matar uma pequena parcela da floresta. E agora, em 2009, outra seca assolou a região. Isso é mentira? É mentira que as tempestades, tornados, ciclones no RS estão cada vez mais intensos? É mentira que nossos rios estão morrendo? Havia, por exemplo, sangas em que meu avô tomava banho quando criança e agora não existem mais. É mentira do meu avô? É mentira o registro do primeiro furacão da história do Brasil, que devastou RS e SC? É mentira a desertificação no interior gaúcho, onde o pampa está virando dunas? É mentira que tivemos a maior epidemia de febre amarela no interior gaúcho da história, que exterminou com os nossos pobres bugios? É mentira que o mosquito transmissor da doença se reproduz com o aumento do calor? É mentira que o RS passou de área livre para área sujeita a epidemias de dengue? E é mentira que o mosquito da dengue não se prolifera com o calor?
Eu nem vou falar no resto do mundo, vou só ficar no RS, porque o que divulgam as revistas e os jornais mundo afora deve ser tudo mentira. Deve ser mentira que os desertos avançam implacáveis na África e na Ásia. Deve ser mentira os pinguins que são encontrados em locais cada vez mais distantes para fugir do aquecimento na Antártida . Deve ser mentira a redução drástica da população de ursos polares pelo derretimento progressivo do polo norte. Quem sabe alguém vá até lá e grite nos ouvidos do urso da foto: "para com isso, não fica fazendo poses dramáticas, que eu sei que tu estás te fazendo para aparecer na foto!" Deve ser mentira a extinção maciça de sapos e rãs em vários países devido ao buraco na camada de ozônio. Deve ser mentira a redução em quase 1 terço de toda a vida nos mares. Deve ser mentira a proliferação de algas tóxicas devido ao calor excessivo nos oceanos. Deve ser mentira que cientistas russos vão evacuar um centro de pesquisas que explorava um campo de gelo que vai derreter e andar à deriva no oceano ártico ocidental.
Sim, tudo isso, e mais um pouco, deve ser mentira. O clima do planeta está perfeito. Ontem tivemos seca, hoje, enchente, e assim as coisas se equilibram. Não vai acontecer nada. "Homem!" grito do alto da minha tolice, "pode continuar a explorar, a devastar, a destruir, enfim, acabem logo com o planeta, é isso que todos vocês querem, a humanidade precisa do desenvolvimento, vamos lá, acabem logo com tudo". Apenas recordem que a morte é lenta e dolorosa. Vem aos pouquinhos, bem "devagarzinho..." E lembrem-se que o doente, logo antes de morrer, geralmente dá sinais de recuperação, falsos sinais. Parece que está bem, que vai se curar, e então morre. Lembrem-se que há 50 anos, falar em mudanças climáticas era um absurdo. Hoje é um absurdo NÃO se falar em mudanças climáticas. Mas hoje é um absurdo dizer que elas já estão ocorrendo e vieram para ficar. Mas daqui a 50 anos, será um absurdo dizer que o planeta NÃO está sendo destruído pelas mudanças climáticas.
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