Esta é a postagem número 2000 deste blog, em 11 anos de O Fim, completados em 19 de agosto. Creio ser um número a se comemorar, considerando-se que o blog O Fim não é um veículo de notícias, e que a maior parte das postagens consistem em obras de minha autoria.
Comemorando, republico um de meus sonetos antigos, publicado em 8 de março de 2010, na ocasião, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
Soneto a Ela
E paira alta grandeza sobre as nuvens
e pesa mau destino sobre os homens.
Em negro mundo os anos se consomem
e mais clara em tua alma tu nos surges...
Caem raios das horas que refulges,
como sonhos de morte que em mim somem
como fins teus ocultos que há em Beethoven
como sombra em ti fêmea viva em luzes...
Tua voz nas tormentas que há nos céus,
teu olhar cataclísmico nos vela
nos sinais do Infinito dos teus véus...
E por ser Una, arcanamente bela,
alguém dirá talvez que vós sois Deus,
mas canto que vós sois no Eterno Ela...
24 agosto 2017
22 agosto 2017
Noturno*
o sopro de vida
que aspira entre o beijo
o sopro de sonho
que anoitece entre a febre
o sopro de paz
que há entre tormentas
o sopro de amor
que goteja entre o sangue
o sopro de morte
que derrama entre os lábios
(*Homenagem a Frédéric Chopin)
que aspira entre o beijo
o sopro de sonho
que anoitece entre a febre
o sopro de paz
que há entre tormentas
o sopro de amor
que goteja entre o sangue
o sopro de morte
que derrama entre os lábios
(*Homenagem a Frédéric Chopin)
20 agosto 2017
Despromessa
que minha poesia
(se é foda
ou se é vadia)
seja qualquer vão de hospício
faz de conta
sem um conto
lá pros quintos
dos abismos
que minha poesia
(seja funda
seja vazia)
não tenha nenhum compromisso
nem com compras
nem promessas
nem comícios
que minha poesia
não seja
nem cela
(daquelas presas em regras)
nem sela
(daquelas que alguém encilha)
a minha poesia
que só seja ela
e quem me dera
(ah, falta da minha estrela)
eu fosse sê-la
(se é foda
ou se é vadia)
seja qualquer vão de hospício
faz de conta
sem um conto
lá pros quintos
dos abismos
que minha poesia
(seja funda
seja vazia)
não tenha nenhum compromisso
nem com compras
nem promessas
nem comícios
que minha poesia
não seja
nem cela
(daquelas presas em regras)
nem sela
(daquelas que alguém encilha)
a minha poesia
que só seja ela
e quem me dera
(ah, falta da minha estrela)
eu fosse sê-la
18 agosto 2017
de uma Taça
vida é quando tudo que fosse vivido
não fosse vivido como sendo só aquilo que é
mas como algo que estivesse além
como se no momento que se vive
se vivesse um outro alto
mais profundo e mais do ser
como se no momento que se age
se sentisse que há um outro algo
que só no que não é nos vem
quem dera eu pudesse
que em qualquer algo que eu faça
ou com qualquer alguém que eu sinta
eu tivesse (em mente em sonho em alma)
os efeitos de uma taça
não fosse vivido como sendo só aquilo que é
mas como algo que estivesse além
como se no momento que se vive
se vivesse um outro alto
mais profundo e mais do ser
como se no momento que se age
se sentisse que há um outro algo
que só no que não é nos vem
quem dera eu pudesse
que em qualquer algo que eu faça
ou com qualquer alguém que eu sinta
eu tivesse (em mente em sonho em alma)
os efeitos de uma taça
16 agosto 2017
Urubus e Abutres estão desaparecendo. A causa é um anti-inflamatório. Consequência para o homem: surgimento de novas pragas e epidemias
Abutres e urubus não são propriamente animais simpáticos para a grande maioria das pessoas. Quem gostaria de ter um de estimação? Eu, no entanto, nutro uma enorme simpatia, e mais, uma admiração profunda por esses sombrios, majestosos e IMPRESCINDÍVEIS animais do luto. Mas luto mesmo é saber que, em nosso planeta, o qual já perdeu, em número, segundo estudos, cerca da METADE de seus animais selvagens, abutres e urubus estejam agora correndo risco de extinção em várias de suas espécies. A situação é mais grave na Ásia, África e Europa, e a culpa, é claro, é do homem. A causa principal é um anti-inflamatório veterinário: o diclofenac. No Brasil, POR ENQUANTO, eles estão a salvo, com exceção do Urubu-Rei, espécie quase extinta.
As chamadas "aves da morte" são os "limpadores" da natureza, evitam a disseminação de doenças e de seus animais vetores (ratos, moscas, baratas). Algumas dessas doenças, provavelmente, nem ainda são conhecidas. Sua extinção poderia acarretar o surgimento de epidemias nunca antes presenciadas e fatais para o ser humano.
Acompanhe a matéria a seguir,
publicada no site Opinião e Notícia:
"A população mundial dos abutres corre sério risco de extinção. Na África, por exemplo, das 11 espécies da ave que vivem no continente, seis estão em risco de extinção e quatro estão criticamente ameaçadas. Os dados são de um recente estudo da BirdLife International, instituição dedicada à preservação da natureza.
A população de abutres na Ásia encolheu 99% desde a década de 1990.
Em 2003, cientistas identificaram como causa para a redução um tipo de anti-inflamatório chamado diclofenac, usado para tratar gados. Abutres que se alimentaram da carcaça de gados tratados com a droga morrem de falência renal semanas pouco tempo depois.
A Índia proibiu o uso do diclofenac após constatar que a redução da espécie no país estava ameaçando a cultura das comunidades parses indianas, que não enterram nem queimam seus mortos, mas os colocam em altas torres chamadas dokhmas para que sejam comidos pelos abutres. Paquistão e Nepal também baniram o medicamento, o que estabilizou a população de abutres na região.
Mas o diclofenac continua sendo amplamente usado na África e brechas nas leis da Europa permitem sua comercialização em cinco países do continente, incluindo Espanha e Itália, onde vivem 90% da população de abutres da Europa.
Na África o uso do medicamento contra abutres é intencional. Caçadores ilegais usam o medicamento para impedir que a presença de abutres exponha a localização das carcaças de animais caçados de forma irregular. Espalhada na carcaça dos animais caçados, a droga elimina os abutres. Em 2013, uma carcaça de elefante foi encontrada na Namíbia cercada por cerca de 600 abutres mortos.
A questão é tão crítica que está sendo discutida pelo Parlamento Europeu e pela ONU.
Em outubro do ano passado, representantes da ONU se reuniram em Trondheim, Noruega, e concordaram em colocar 12 espécies de abutres na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza."
14 agosto 2017
Homens de Bem
tantos que se julgam grandes
mas não passam de bananas
e do mesmo cacho
tantos que se julgam rochas
mas não passam de farinha
e do mesmo saco
tantos que se julgam mantos
mas não passam de tapetes
e de vis capachos
tantos que se julgam altos
mas não passam de agachados
a puxar o saco
tantos que se levam a sério
mas não passam de balela
e mais esculacho
tantos que desejam aplausos...
e merecem mesmo palmas
esses grãs-palhaços
mas não passam de bananas
e do mesmo cacho
tantos que se julgam rochas
mas não passam de farinha
e do mesmo saco
tantos que se julgam mantos
mas não passam de tapetes
e de vis capachos
tantos que se julgam altos
mas não passam de agachados
a puxar o saco
tantos que se levam a sério
mas não passam de balela
e mais esculacho
tantos que desejam aplausos...
e merecem mesmo palmas
esses grãs-palhaços
12 agosto 2017
Vidas-Relógio
quantas vidas-relógio você tem?
acordar na hora
dormir na hora
chegar na hora
comer dentro da hora
passear dentro da hora
cagar dentro da hora
terminar
antes que o prazo acabe
ir comprar
antes que o mercado feche
ir no banco
antes que as 3 horas bata
ir pagar
antes que a conta vença
...
ufa! consegui...
morri.
acordar na hora
dormir na hora
chegar na hora
comer dentro da hora
passear dentro da hora
cagar dentro da hora
terminar
antes que o prazo acabe
ir comprar
antes que o mercado feche
ir no banco
antes que as 3 horas bata
ir pagar
antes que a conta vença
...
ufa! consegui...
morri.
10 agosto 2017
Pós- Humano
as pessoas confundiram viver
com o que se faz para viver:
vive-se para um meio
e nunca se chega a nada
as pessoas confundiram vida
com o preço que se paga pela vida:
apenas se paga o preço
e não se vive
o objetivo da vida
tornou-se o cansaço para o descanso
para que se atinja de novo
o mesmo objetivo
a se cansar
chama-se de vida
o preenchimento do vazio
de não se viver
com o que se faz para viver:
vive-se para um meio
e nunca se chega a nada
as pessoas confundiram vida
com o preço que se paga pela vida:
apenas se paga o preço
e não se vive
o objetivo da vida
tornou-se o cansaço para o descanso
para que se atinja de novo
o mesmo objetivo
a se cansar
chama-se de vida
o preenchimento do vazio
de não se viver
08 agosto 2017
Do que se Ergue
aquilo que se faz:
sem paz
aquilo que não vem:
desdém
aquilo que não é:
nem fé
aquilo que se vai:
te foste
aquilo que se foi:
é foice
aquilo que não fui:
me fundo
aquilo que será:
já está
aquilo que não sou:
é som
aquilo que se erguer:
é o ser
sem paz
aquilo que não vem:
desdém
aquilo que não é:
nem fé
aquilo que se vai:
te foste
aquilo que se foi:
é foice
aquilo que não fui:
me fundo
aquilo que será:
já está
aquilo que não sou:
é som
aquilo que se erguer:
é o ser
06 agosto 2017
Vingança
as pessoas em todos os seus passos
passo a passo caminham à vingança
todos esperamos a espada e a lança
que virão em morte de nossos rastos
o caos o fogo a fúria o assassinato
cortarão goelas da falsa esperança
império do horror que nunca se cansa
como gatos que destroçassem ratos
entre o longínquo se levanta um grito
uma tormenta que olho algum alcança
uma catástrofe em noturno rito
numa manhã de chuva morna e mansa
a esperança num coração perdido
vem dizer que sim... haverá Vingança
passo a passo caminham à vingança
todos esperamos a espada e a lança
que virão em morte de nossos rastos
o caos o fogo a fúria o assassinato
cortarão goelas da falsa esperança
império do horror que nunca se cansa
como gatos que destroçassem ratos
entre o longínquo se levanta um grito
uma tormenta que olho algum alcança
uma catástrofe em noturno rito
numa manhã de chuva morna e mansa
a esperança num coração perdido
vem dizer que sim... haverá Vingança
03 agosto 2017
"Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão..." (Baudelaire)
ninguém é o que são:
eu mesmo
só sou meu eu mesmo
quando sou ninguém
o que somos
somos de não-ser
ninguém aqui é são:
somos todos doentes
há mais podres na alma
do que bactérias nos dentes
ninguém é o que seja:
não somos
nem o que se deseja
ah, os que que se julgam sãos...
todo mundo se acha
um épico
mas mais seria si mesmo
um bêbado
eu mesmo
só sou meu eu mesmo
quando sou ninguém
o que somos
somos de não-ser
ninguém aqui é são:
somos todos doentes
há mais podres na alma
do que bactérias nos dentes
ninguém é o que seja:
não somos
nem o que se deseja
ah, os que que se julgam sãos...
todo mundo se acha
um épico
mas mais seria si mesmo
um bêbado
01 agosto 2017
"Elite" acéfala e estúpida
Os absurdos, os desmandos, as injustiças que têm ocorrido no Brasil de agora, desde aqueles do campo político, econômico, trabalhista, da perda de direitos, até os de comportamento social apresentam como uma de suas principais causas algo relativamente simples.
É que o brasileiro, em geral, sofre de complexo de inferioridade e de uma superficialidade desmedida. O brasileiro aspira sofregamente ser "superior". E, na sua superficialidade, ele entende que para ser superior, tem que ter dinheiro e tem que ser da "elite". Quando ele não tem esse dinheiro e\ou ele não é da "elite", acredita que NÃO será inferior se apoiar em tudo, de forma incondicional, os ricos e as elites.
Consciente ou inconscientemente, ele cria uma ilusão de superioridade ao pensar como os ricos, mesmo não o sendo. Ele afirma a si mesmo: " não sou pobre, porque penso como os ricos. Sou da elite, porque aparento ser da elite." E para o brasileiro superficial, aparência é tudo. E a nossa elite é uma das mais acéfalas e estúpidas do mundo. É muito fácil parecer com ela.
30 julho 2017
Árvore é Passado
a árvore passa
porque o progresso passa.
não tem sentido?
não, a humanidade o perdeu:
atrofiou seus sentidos
de encontrar sentido
de fazer sentido
de ser sentido
agora, qual sentido seguir?
a árvore passa
no sentido de que passou seu tempo
o progresso passa
no sentido de que dá passos
num passo a passo efêmero
com o qual em breve
esta humanidade será passado
porque o progresso passa.
não tem sentido?
não, a humanidade o perdeu:
atrofiou seus sentidos
de encontrar sentido
de fazer sentido
de ser sentido
agora, qual sentido seguir?
a árvore passa
no sentido de que passou seu tempo
o progresso passa
no sentido de que dá passos
num passo a passo efêmero
com o qual em breve
esta humanidade será passado
27 julho 2017
Free Books Editora
A pedido do amigo Paulo Soriano, divulgo seu site/editora, a Free Books Editora, que realiza a publicação de livros digitais com contos e romances de literatura fantástica. Um dos meus contos antigos, ainda de 2010, Urubus Demoníacos, foi publicado na página. Todos os arquivos podem ser baixados em formato PDF. Para conhecer o site, clique aqui.
25 julho 2017
Você é só um Robô
não existem governos
não existem nações
não existem países
não existem povos
existem grandes corporações empresariais
existe o lucro
e existe quem dá o lucro
existe o consumo:
o que eles querem
é só que você consuma
e trabalhe para produzir e pagar
o que consome
e só
para isso existe o controle:
governos são para controlar
empregos são para controlar
leis são para controlar
mídias são para controlar
escolas são para controlar
polícias são para controlar
a medicina é para controlar
a tecnologia é para controlar
a religião é para controlar
a moda é para controlar
tudo é controle
e você é o objetivo da nossa civilização:
você é só um robô
não existem nações
não existem países
não existem povos
existem grandes corporações empresariais
existe o lucro
e existe quem dá o lucro
existe o consumo:
o que eles querem
é só que você consuma
e trabalhe para produzir e pagar
o que consome
e só
para isso existe o controle:
governos são para controlar
empregos são para controlar
leis são para controlar
mídias são para controlar
escolas são para controlar
polícias são para controlar
a medicina é para controlar
a tecnologia é para controlar
a religião é para controlar
a moda é para controlar
tudo é controle
e você é o objetivo da nossa civilização:
você é só um robô
23 julho 2017
Então o Homem quer ir à Marte?
I – o homem no espaço
quer levar a vida a Marte
o homem na Terra
quer levar a vida à Morte
II – a ciência tenta descobrir
se há em Marte o metano
e nem sabe
se há no homem o humano
III – caro leitor:
o homem quer ir a Marte
para aprender a amar-te?
IV – aham, o homem quer ir a Marte...
grande marte
grande mar de...
grande merda
quer levar a vida a Marte
o homem na Terra
quer levar a vida à Morte
II – a ciência tenta descobrir
se há em Marte o metano
e nem sabe
se há no homem o humano
III – caro leitor:
o homem quer ir a Marte
para aprender a amar-te?
IV – aham, o homem quer ir a Marte...
grande marte
grande mar de...
grande merda
19 julho 2017
Mensagem da Ruína
finda teu rastro em ruína
enfia o rabo no reto
risca da face da terra
teu rosto-resto em ruína
homens de raça-ruína
reles que roem e rastejam
porcos que arrancam e arrastam
num riso-reza em ruína
roídos seres-ruína
na rua em raivas e ratos
de ranço e ranho rodeados
roucos de caos e ruína
rompida em fome e ruína
se rega em rugas tua alma
as rãs compõem o teu réquiem
e rolam ao som das ruínas
homem em rápida ruína
larga ao raio tua rosa
rasga essas roupas de rico
rema em teu rio de ruínas
enfia o rabo no reto
risca da face da terra
teu rosto-resto em ruína
homens de raça-ruína
reles que roem e rastejam
porcos que arrancam e arrastam
num riso-reza em ruína
roídos seres-ruína
na rua em raivas e ratos
de ranço e ranho rodeados
roucos de caos e ruína
rompida em fome e ruína
se rega em rugas tua alma
as rãs compõem o teu réquiem
e rolam ao som das ruínas
homem em rápida ruína
larga ao raio tua rosa
rasga essas roupas de rico
rema em teu rio de ruínas
16 julho 2017
Soneto às Palavras Não Ditas (ou Ao Após)
palavra que sinto quando me esqueço
o que é que de ti lembrar-me te faz?
deusa que eterna ao instante fugaz
nada que traga o meu não ao avesso
seja comigo ao altar do teu preço
verbo-destino que sigo-me atrás
silêncio que os muros quebra do mas
sonata que alta ao que nunca mereço
ah se eu corresse em teu rio sempre em chama
íris que fosse no som desta voz
braço sanguíneo que se ergue da lama
verso de espera que se ala no após
ah se teu quem fosse aquilo que chama:
deixa esquecer-me e lembrar-te entre nós
o que é que de ti lembrar-me te faz?
deusa que eterna ao instante fugaz
nada que traga o meu não ao avesso
seja comigo ao altar do teu preço
verbo-destino que sigo-me atrás
silêncio que os muros quebra do mas
sonata que alta ao que nunca mereço
ah se eu corresse em teu rio sempre em chama
íris que fosse no som desta voz
braço sanguíneo que se ergue da lama
verso de espera que se ala no após
ah se teu quem fosse aquilo que chama:
deixa esquecer-me e lembrar-te entre nós
13 julho 2017
Desaforadas (ou Após Ouvir Shostakovich)
porque há risos gargalhadas
em cascatas cataratas
sanguinadas pelas pragas
são cantatas de gargalhas
das risadas alastradas
zombarias pelas águas
são compassos de risadas
entre asas garras e brasas
pelas rubras russas geadas
o deboche dos abutres
o gaguejo de macacos
gorgolejo de galinhas
graves línguas de lagartos
o sarcástico dos asnos
entre gárgulas e cabras
ironias desbocadas
em metralhas e sarcasmos
em grotescos e catarras
há danças valsas e facas
essa desgraça engraçada
a lembrar que a humanidade
é uma piada
em cascatas cataratas
sanguinadas pelas pragas
são cantatas de gargalhas
das risadas alastradas
zombarias pelas águas
são compassos de risadas
entre asas garras e brasas
pelas rubras russas geadas
o deboche dos abutres
o gaguejo de macacos
gorgolejo de galinhas
graves línguas de lagartos
o sarcástico dos asnos
entre gárgulas e cabras
ironias desbocadas
em metralhas e sarcasmos
em grotescos e catarras
há danças valsas e facas
essa desgraça engraçada
a lembrar que a humanidade
é uma piada
11 julho 2017
Poema de Ocaso a uma Sonata de Schubert
é quando ouço aquela sonata de Schubert
que um cavalo vem bater na minha porta:
então estranho o peso dos olhares dos sapos
e escrevo poemas (que) não-sãos
há algo de Poe nunca-lido
e uma desolação de silêncio
de não-flauta na mata
é uma sentença de um quadro de Bosch
que não me sai do que pesadelo
é sonho de sol cada vez mais ao norte
um vento de corvo que abutra no ar
carta carteando selos vermelhos
e um planeta por trás dos espaços
é a ponta de um dedo em um dedo
como se fosse um beijo sinal:
há algo do que já é tarde
e a iminência de um vasto Final
que um cavalo vem bater na minha porta:
então estranho o peso dos olhares dos sapos
e escrevo poemas (que) não-sãos
há algo de Poe nunca-lido
e uma desolação de silêncio
de não-flauta na mata
é uma sentença de um quadro de Bosch
que não me sai do que pesadelo
é sonho de sol cada vez mais ao norte
um vento de corvo que abutra no ar
carta carteando selos vermelhos
e um planeta por trás dos espaços
é a ponta de um dedo em um dedo
como se fosse um beijo sinal:
há algo do que já é tarde
e a iminência de um vasto Final
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