De "pessimismo abismal" é como o crítico e ensaísta Otto Maria Carpeaux denomina as "Canções Graves", Op.121, de Johannes Brahms, o meu compositor preferido. Pessimista, sombria, severa e melancólica é quase toda a obra de Brahms. Carpeaux afirma que é necessário amadurecimento para compreender a música do gênio alemão, "Só a partir dos 40, 50 anos de idade, com a experiência da vida, abrem-se as portas desse reino fechado", escreve o crítico em seu "O Livro de Ouro da História da Música".
Como sabem os amigos que acompanham o blog, sou um pessimista crônico. Creio ter a alma muito velha, pois sou fanático pelo pessimismo de Brahms desde minha adolescência. E esse meu pessimismo é sempre confirmado quando se trata da política. Vamos a alguns exemplos:
No segundo turno, votei na Dilma, porque dos males o menor, não aprecio o seu perfil desenvolmentista, mas para mim o Serra, representando os partidos dos ricos, seria ainda pior. E continua achando que seria. Porém, a Dilma está aquém das expectativas. Já chegou cortando profundamente o orçamento e cancelando concursos e aumentos salariais. É esse tipo de coisas na política que não entendo. O país exporta mais, as empresas estatais batem recordes de lucros, como a Petrobrás, a arrecadação de impostos cresce sem parar, mas sempre falta dinheiro. Para onde que ele vai?
Aqui no RS, votei no Tarso Genro, tinha esperança com ele com relação à educação, afinal implantou, quando ministro da educação, o piso salarial para todos os professores do país. Agora, como governador, diz que não pode pagar, a mesma conversa, o mesmo blábláblá de todos. Não dá para ser otimista.
Aliás, as estatísticas dizem que o Brasil melhorou na educação. Engraçado, porque o que vejo são professores sempre mal pagos, alunos cada vez mais ignorantes, acríticos, acomodados, indisciplinados, violentos. Não consigo enxergar onde está essa melhora.
Eu estava até um pouco otimista com relação à Amazônia, o desmatamento estava caindo... Porém, no último trimestre de 2010 houve um aumento de 50% com relação ao trismestre anterior. Não dá para ser otimista. A floresta vai acabando aos poucos. Não adianta.
Com relação à política internacional, bem, poderia falar dos governantes de vários países, mas falo só do Obama. Havia muito otimismo com sua eleição, por ser o primeiro negro presidente dos EUA, um homem vindo das camadas sociais menos favorecidas, que teria mais compreensão com outros povos, enfim... Mas não é o que tem acontecido. É tão imperialista quanto todos os outros. Não dá para ser otimista.
Fico com Brahms e seu pessimismo abismal.