pela Ísis de sonhos e fadas
quero parar de pensar
e não dizer nadas com nadas
nenhuma alguma a ser entendida
nenhuma vida a ser entediada
eu sono o vasto do campo
nas luas da minha amada
que o sono é a noite
e não se precisa explicá-lo:
diante de ti me silêncio e me calo
o que vale é que ao vale a cavalo
saio contigo do que estou
e além do que digo
o universo é mais denso
quando ergo meu senso
a versar-te na estrada
sem Nada em meu peito
que possa cavá-lo...
só a Arte não passa
e é tudo o que faço:
quero que se grave e abrigue
em todas as eras
o tu que me olhares
nos parassempres do espaço
18 fevereiro 2020
15 fevereiro 2020
Se o Espaço é Curvo
qual palavra que volta
a cada palavra que é solta?
que mão virá bater à nossa porta?
qual não virá atender nosso desejo?
o que voa no que achamos que é à toa?
que asa que bate em cada teu ato?
que ave que canta em cada segredo?
quem é que garante que estamos no certo?
que preço que se paga
pelo sopro que se larga?
o que é que nos sonha
onde o limite se dobra?
o que é que nos falta
quando se olha pro alto?
se o espaço é curvo
a vida é sempre retorno
e eu espero qual verso
retornará do que escrevo
a cada palavra que é solta?
que mão virá bater à nossa porta?
qual não virá atender nosso desejo?
o que voa no que achamos que é à toa?
que asa que bate em cada teu ato?
que ave que canta em cada segredo?
quem é que garante que estamos no certo?
que preço que se paga
pelo sopro que se larga?
o que é que nos sonha
onde o limite se dobra?
o que é que nos falta
quando se olha pro alto?
se o espaço é curvo
a vida é sempre retorno
e eu espero qual verso
retornará do que escrevo
13 fevereiro 2020
Sou do Lado dos que Não Prestam
sou
dos que estão do lado
dos que perderam o seu lado
dos que não valem nada
dos fracassados:
estou do lado dos que olham
para um campo ou mata
e não veem futuras lavouras
mas campo e mata apenas
repletas de bichos inúteis
estou do lado dos imprestáveis
dos que olham para um vasto terreno
e não pensam no que poderá
ser ali construído
mas no que de belo um dia houve
e pelo progresso destruíram
não estou do lado dos homens de bens
dos robôs engomados marionetes
com reis de vermes na barriga
otimistas lucristas mecanicistas
não sou dos bem-sucedidos
correndo mortos pelas avenidas
devastadas de vida
enfim
tenho sangue de índio:
não posso prestar
dos que perderam o seu lado
dos que não valem nada
dos fracassados:
estou do lado dos que olham
para um campo ou mata
e não veem futuras lavouras
mas campo e mata apenas
repletas de bichos inúteis
estou do lado dos imprestáveis
dos que olham para um vasto terreno
e não pensam no que poderá
ser ali construído
mas no que de belo um dia houve
e pelo progresso destruíram
não estou do lado dos homens de bens
dos robôs engomados marionetes
com reis de vermes na barriga
otimistas lucristas mecanicistas
não sou dos bem-sucedidos
correndo mortos pelas avenidas
devastadas de vida
enfim
tenho sangue de índio:
não posso prestar
12 fevereiro 2020
Três Garrafas de Vinho
1ª - bebê-lo é olhar o sou
do que não venho
pelo lado oposto
daquele outro gosto
daquele olhar não posto
no espelho que não creio
2ª - no vinho
há um nada que se afoga
um sangue que se afaga
um fogo que se onda
um mar que se ressaca
de música e desgraça
3ª - há o branco e há o rosa
e há aquele em que não minto
mas o melhor do beijo
é quando ele sangra
e fica tinto
do que não venho
pelo lado oposto
daquele outro gosto
daquele olhar não posto
no espelho que não creio
2ª - no vinho
há um nada que se afoga
um sangue que se afaga
um fogo que se onda
um mar que se ressaca
de música e desgraça
3ª - há o branco e há o rosa
e há aquele em que não minto
mas o melhor do beijo
é quando ele sangra
e fica tinto
08 fevereiro 2020
Salvar o Mundo
a geração que quer salvar o mundo
destruindo o mundo:
querem salvar o mundo
indo atrás de líderes fanfarrões
salvar o mundo inventando máquinas
salvar o mundo com técnicas e quinquilharias
lojas veículos e aviões
salvar o mundo plantando lavouras
em lugares de antigos paraísos
e enchendo de agrotóxico
salvar o mundo montando uma empresa
salvar o mundo explorando o trabalho alheio
salvar o mundo implementando leis
salvar o mundo com proibições
salvar o mundo entrando em religiões e seitas
salvar o mundo lendo autoajuda
salvar o mundo falando em desenvolvimento
com um sorriso estúpido na cara
salvar o mundo pensando positivo
sendo esperançoso
querem salvar o mundo sendo bons moços
e homens de bem
irão me perguntar:
“que horror, pra que tanto pessimismo?
eu responderei:
que horror, pra que tanto consumismo?
com esta humanidade
o mundo é uma questão de tempo
para ser repasto de Urubu
porque todo mundo
quer salvar o mundo
mas ninguém limpa o próprio cu
destruindo o mundo:
querem salvar o mundo
indo atrás de líderes fanfarrões
salvar o mundo inventando máquinas
salvar o mundo com técnicas e quinquilharias
lojas veículos e aviões
salvar o mundo plantando lavouras
em lugares de antigos paraísos
e enchendo de agrotóxico
salvar o mundo montando uma empresa
salvar o mundo explorando o trabalho alheio
salvar o mundo implementando leis
salvar o mundo com proibições
salvar o mundo entrando em religiões e seitas
salvar o mundo lendo autoajuda
salvar o mundo falando em desenvolvimento
com um sorriso estúpido na cara
salvar o mundo pensando positivo
sendo esperançoso
querem salvar o mundo sendo bons moços
e homens de bem
irão me perguntar:
“que horror, pra que tanto pessimismo?
eu responderei:
que horror, pra que tanto consumismo?
com esta humanidade
o mundo é uma questão de tempo
para ser repasto de Urubu
porque todo mundo
quer salvar o mundo
mas ninguém limpa o próprio cu
05 fevereiro 2020
Surrealista
agora que nada nado-me
e o nunca mais me resta
nada mais há mais
e não há a ser dito
despido delito
o meu ser se oculta
no mar do que resisto
barco de vasto
de arrasto desisto
mau quisto
mau diabo
agora que alado
e ao lado mau fado
nau-fada
naufrágio sem rastro
me afasto de mundos
me indo pro fundo
aos nados te enlaço
em riste de espada
de resto? mais nada.
e o nunca mais me resta
nada mais há mais
e não há a ser dito
despido delito
o meu ser se oculta
no mar do que resisto
barco de vasto
de arrasto desisto
mau quisto
mau diabo
agora que alado
e ao lado mau fado
nau-fada
naufrágio sem rastro
me afasto de mundos
me indo pro fundo
aos nados te enlaço
em riste de espada
de resto? mais nada.
02 fevereiro 2020
A Esperança, Demônio de Olhos Verdes
“A esperança, demônio de olhos verdes...” disse Machado de Assis.
irmã-gêmea do medo
esse demônio virado em olhos
digo eu:
quem o medo olha
mais é olhado do que olha
o medo cega e quem espera teme:
ter esperança
é não ver que o que há de vir
sempre vem
não vindo
o tormento do medo
é proporcional ao tamanho da espera
e quem espera
no dia que se apresenta para encontrá-la
a espera sempre dá um jeito de fugir
o que se espera é uma eterna
argumentação para não vir
ainda que continue
para fugir ainda mais adiante
há um algo a temer:
a Deus? não sei se é certo
mas é certo o Adeus
irmã-gêmea do medo
esse demônio virado em olhos
digo eu:
quem o medo olha
mais é olhado do que olha
o medo cega e quem espera teme:
ter esperança
é não ver que o que há de vir
sempre vem
não vindo
o tormento do medo
é proporcional ao tamanho da espera
e quem espera
no dia que se apresenta para encontrá-la
a espera sempre dá um jeito de fugir
o que se espera é uma eterna
argumentação para não vir
ainda que continue
para fugir ainda mais adiante
há um algo a temer:
a Deus? não sei se é certo
mas é certo o Adeus
31 janeiro 2020
O Mundo Mudou?
"o mundo mudou!”
babam os deslumbrados despercebidos
mas não: o mundo imundou
na sua velhice acrescentou-se
o decréscimo
o decrépito
os sinais asnais decadênticos
idênticos às imundícies
o mundo inundou-se
de tanto quanto nada
o mundo afundou
nos buracos asfálticos
das quânticas faltas
da sua (des)estrada
em desastre
o mundo tem o mesmo endereço:
o dinheiro é a entrada
e o Fim
é só o começo
babam os deslumbrados despercebidos
mas não: o mundo imundou
na sua velhice acrescentou-se
o decréscimo
o decrépito
os sinais asnais decadênticos
idênticos às imundícies
o mundo inundou-se
de tanto quanto nada
o mundo afundou
nos buracos asfálticos
das quânticas faltas
da sua (des)estrada
em desastre
o mundo tem o mesmo endereço:
o dinheiro é a entrada
e o Fim
é só o começo
29 janeiro 2020
A Ti, Tigre
na teoria do caos
(e o caos é o que nos aguarda)
sopros de asas borbo-letais
podem causar furacões:
teu hálito vibrará que sino?
teu olho espalhará que raio?
qual guerra virá da tua garra?
qual trovão será teu rugido?
não sou digno
(a não ser se Blake)
de dizer de Ti,
mas talvez haja em mim
a dignidade fatal
de suspirar o teu Fim:
não há esperança
mas há vingança
há triunfo
na morte que te livra:
verá um dia a humanidade
que do massacre do teu dente
vingar-te hás
em uma gota de saliva
(Está chegando o dia em que toda a humanidade estará diante da natureza como o homem da foto diante do tigre.)
(e o caos é o que nos aguarda)
sopros de asas borbo-letais
podem causar furacões:
teu hálito vibrará que sino?
teu olho espalhará que raio?
qual guerra virá da tua garra?
qual trovão será teu rugido?
não sou digno
(a não ser se Blake)
de dizer de Ti,
mas talvez haja em mim
a dignidade fatal
de suspirar o teu Fim:
não há esperança
mas há vingança
há triunfo
na morte que te livra:
verá um dia a humanidade
que do massacre do teu dente
vingar-te hás
em uma gota de saliva
(Está chegando o dia em que toda a humanidade estará diante da natureza como o homem da foto diante do tigre.)
24 janeiro 2020
Valores
cobram-me que eu saiba
que o homem é essencialmente
nobre
mas de alma pobre
e coberto o coração de moedas
o homem só ouve um sino
de cobre limo
de toque mudo
de torto dobre
cobram-me que eu saiba
que o homem é infelizmente
cobra
antes fosse
e talvez tivesse
sabedoria de sobra
mas de alma podre
e coberto o coração de merdas
o homem não vale mais
que cobre
que o homem é essencialmente
nobre
mas de alma pobre
e coberto o coração de moedas
o homem só ouve um sino
de cobre limo
de toque mudo
de torto dobre
cobram-me que eu saiba
que o homem é infelizmente
cobra
antes fosse
e talvez tivesse
sabedoria de sobra
mas de alma podre
e coberto o coração de merdas
o homem não vale mais
que cobre
20 janeiro 2020
Massa Esmagada
ser mandado é mais fácil
do que ter pensado
é mais cômodo ter um chefe
do que ter uma ideia
o que as pessoas querem
é quem lhe diga o que fazer
quem lhe aponte aonde ir
quem lhe dê razões sentidos
para o sem-sentido
de elas estarem vivas
querem quem lhe pegue pelo braço
quem lhe use a sua boca
e deixe tudo mastigado
pra não ter que falar nada
nem decidir coisa nenhuma
quem lhe mostre qual o lado
qual é certo qual errado
o que as pessoas querem
é não ter que quererem
mas ter quem queira em seu lugar
e lhe diga: assim/assado
a massa
quer ser amassada
do que ter pensado
é mais cômodo ter um chefe
do que ter uma ideia
o que as pessoas querem
é quem lhe diga o que fazer
quem lhe aponte aonde ir
quem lhe dê razões sentidos
para o sem-sentido
de elas estarem vivas
querem quem lhe pegue pelo braço
quem lhe use a sua boca
e deixe tudo mastigado
pra não ter que falar nada
nem decidir coisa nenhuma
quem lhe mostre qual o lado
qual é certo qual errado
o que as pessoas querem
é não ter que quererem
mas ter quem queira em seu lugar
e lhe diga: assim/assado
a massa
quer ser amassada
19 janeiro 2020
Minha Tese de Doutorado
I - pouco faço:
crio
como a água desce o rio
(o resto é fracasso)
II - Deus existindo ou não
só deixou a imaginação
como sua continuação
III - nunca foi à toa
que sublime
rima com crime
crio
como a água desce o rio
(o resto é fracasso)
II - Deus existindo ou não
só deixou a imaginação
como sua continuação
III - nunca foi à toa
que sublime
rima com crime
16 janeiro 2020
Sobre uma Verdade de Fernando Pessoa
"Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer."
Fernando Pessoa (como seu heterônimo Bernardo Soares)
quando podemos
não sabemos como podemos
(porque queremos primeiro
e aprendemos depois)
e quando aprendemos
o tempo de poder já passou
e jamais obtemos os dois
quando se aprende a poder
ou já não se pode mais
ou já se deixou de querer
(pelo fato de que já não se pode)
e então fingimos querer outras coisas
que são só as que podemos
disfarçadas do que queremos
e quando as conseguimos
percebemos que nada temos
porque não era o que queríamos
a verdade é que nunca queremos
o que podemos
porque o que se pode
(exatamente por se poder)
não tem valor em se querer
e ainda mais lá no fundo
(em relação ao que se quer)
nunca sabemos se é o que podemos
nem conhecemos o que é que queremos
Fernando Pessoa (como seu heterônimo Bernardo Soares)
quando podemos
não sabemos como podemos
(porque queremos primeiro
e aprendemos depois)
e quando aprendemos
o tempo de poder já passou
e jamais obtemos os dois
quando se aprende a poder
ou já não se pode mais
ou já se deixou de querer
(pelo fato de que já não se pode)
e então fingimos querer outras coisas
que são só as que podemos
disfarçadas do que queremos
e quando as conseguimos
percebemos que nada temos
porque não era o que queríamos
a verdade é que nunca queremos
o que podemos
porque o que se pode
(exatamente por se poder)
não tem valor em se querer
e ainda mais lá no fundo
(em relação ao que se quer)
nunca sabemos se é o que podemos
nem conhecemos o que é que queremos
14 janeiro 2020
Mensagem aos Extintos
seres que estão sendo extintos:
a que oculto o mistério lhes leva?
quando partirem levem com vocês
meu fracasso humano
quando se forem
arrastem com força
meus ausentes planos
e meu longínquo sangue
derramem bem longe
o que pulsou comigo
não deixem que siga
na desalada vida
e o desperado verso
que perambula e erra
escondam desta terra
é o que me esperanço
nos confins a que se destinam
que eu me esqueça do existe
em seus eternos jamais
mas guardem em almas
e mantenham nos ares
esta arte dos tardes
para quando voltarem
a que oculto o mistério lhes leva?
quando partirem levem com vocês
meu fracasso humano
quando se forem
arrastem com força
meus ausentes planos
e meu longínquo sangue
derramem bem longe
o que pulsou comigo
não deixem que siga
na desalada vida
e o desperado verso
que perambula e erra
escondam desta terra
é o que me esperanço
nos confins a que se destinam
que eu me esqueça do existe
em seus eternos jamais
mas guardem em almas
e mantenham nos ares
esta arte dos tardes
para quando voltarem
12 janeiro 2020
Poesia é o que Não Presta
a poesia é o que não presta:
é uma pausa para pensar
em um mundo em pressa
um soco para sentir
em um mundo em festa
um grito para avisar
em um mundo em fim
a poesia é tudo o que resta
é aquilo que não pode ser dito
sendo dito
é um atentado aos não-atentos
a poesia venceu o seu tempo
tempo do qual venceu a validade
poesia é se importar com o que morre
quando ninguém mais há-de
quem escreve querendo dizer alma
não há quem o capta
e sem nada acaba
(nem paz nem palavra)
que um poeta não presta
e não há nada que o valha
é uma pausa para pensar
em um mundo em pressa
um soco para sentir
em um mundo em festa
um grito para avisar
em um mundo em fim
a poesia é tudo o que resta
é aquilo que não pode ser dito
sendo dito
é um atentado aos não-atentos
a poesia venceu o seu tempo
tempo do qual venceu a validade
poesia é se importar com o que morre
quando ninguém mais há-de
quem escreve querendo dizer alma
não há quem o capta
e sem nada acaba
(nem paz nem palavra)
que um poeta não presta
e não há nada que o valha
09 janeiro 2020
Céu Perdido
sendo música que é sem ter que ser
assim me espero no que nada sou
vejo os campos tão amplos do profundo
vastos meus que nunca foram benditos
porque ao âmago sempre inútil seco
aqueles verdes vagos passam e levam-me
em raio de horror tornado ciclone
e olho noturno para o céu que oceana
e todos sorrisos são como pássaros
última passagem em culpa sanguínea
tudo é triste abaixo dO que não é
e em quatorze versos não disse nada
não disse porque estou rouco e mais louco
e tudo é tão longe em febre tão pouco
assim me espero no que nada sou
vejo os campos tão amplos do profundo
vastos meus que nunca foram benditos
porque ao âmago sempre inútil seco
aqueles verdes vagos passam e levam-me
em raio de horror tornado ciclone
e olho noturno para o céu que oceana
e todos sorrisos são como pássaros
última passagem em culpa sanguínea
tudo é triste abaixo dO que não é
e em quatorze versos não disse nada
não disse porque estou rouco e mais louco
e tudo é tão longe em febre tão pouco
07 janeiro 2020
Apenas Parasitas
o homem quer dominar a vida
o homem quer conquistar planetas
o homem quer desvendar mistérios
o homem quer inventar robôs
mas o homem não consegue
nem apagar o próprio incêndio
que ele mesmo causou
no seu próprio quintal
(antes tem que aprender
a limpar o próprio cu)
o homem quer conquistar planetas
o homem quer desvendar mistérios
o homem quer inventar robôs
mas o homem não consegue
nem apagar o próprio incêndio
que ele mesmo causou
no seu próprio quintal
(antes tem que aprender
a limpar o próprio cu)
05 janeiro 2020
Aquecimento Global é Realidade
Não é só na Austrália. Não é só no Brasil. Também foi nos EUA, na Rússia, no Quênia, na Bolívia, na Indonésia, na França... Em 2019, o mundo foi varrido por incêndios nos seus quatro cantos. O planeta está ardendo e queimando. Três dos meses mais quentes da história estão em 2019. O degelo no ártico bateu recordes. Espécies estão sendo extintas pelo aumento do calor, sem mencionar os outras fatores, como caça, tráfico e destruição do habitat.. Apesar das negativas dos cegos e dos idiotas, o Aquecimento Global não é uma possibilidade, mas a realidade que vivemos. Porém as pessoas não mudam suas mentalidades e atitudes, continuam poluindo sem freios, continuam votando em políticos estúpidos inimigos da natureza, como Bolsonaro e Trump. As empresas e o agronegócio só pensam em aumentar seu lucro e o consumo, às custas da morte do planeta. A década de 2020 se desenha sombria e ameaçadora.
01 janeiro 2020
Que o Progresso não Para
o homem pós-moderno pós-humano
e a máquina
(ou vice-versa que dá no mesmo)
não podem parar:
mais combustível para o carro
mais energia para a casa
que o carro não para
e a casa há de sempre ser clara
lâmpada acesa
geladeira repleta
comida na mesa
indústria sem freio
que o progresso não cessa
nem se confessa
não se perdoa o atraso
(retrocesso é pecado)
o navio deve ir
o avião deve ar
hidrelétrica termelétrica
nuclear
o shopping a fábrica a loja
a lavoura o fogo a forja
a mina a moeda o carvão
mais alta e vasta energia
ao micro ao celular à razão
na água na terra no céu
a máquina e o mundo
acelerador até o fundo
até que o tudo se exploda
e a vida?
que se foda
e a máquina
(ou vice-versa que dá no mesmo)
não podem parar:
mais combustível para o carro
mais energia para a casa
que o carro não para
e a casa há de sempre ser clara
lâmpada acesa
geladeira repleta
comida na mesa
indústria sem freio
que o progresso não cessa
nem se confessa
não se perdoa o atraso
(retrocesso é pecado)
o navio deve ir
o avião deve ar
hidrelétrica termelétrica
nuclear
o shopping a fábrica a loja
a lavoura o fogo a forja
a mina a moeda o carvão
mais alta e vasta energia
ao micro ao celular à razão
na água na terra no céu
a máquina e o mundo
acelerador até o fundo
até que o tudo se exploda
e a vida?
que se foda
30 dezembro 2019
Tu, Tempo
tu, Tempo, és Deus
teu é o trono que nos traga
e o que nos traz
e tudo a ti se entrega
teu é o trovão e o troar do martelo
é teu o tudo do que tememos
és tigre e treva
a tormenta que nos leva
tua é a tuba a trompa e a trombeta
a taça e a traça
o trágico e o túmulo
e as tampas das tumbas
ave Tempo!
e o pulo preciso do teu puma
e o peso do punhal no teu pulso
e os passos do teu compasso
e a pressa do teu presságio
e a presa da tua praga
que ninguém pisa ou apaga
tu preparas o pesar da tempestade
e só ao passar o temporal
é que tu Tempo por linhas tortas
trazes a Verdade
teu é o trono que nos traga
e o que nos traz
e tudo a ti se entrega
teu é o trovão e o troar do martelo
é teu o tudo do que tememos
és tigre e treva
a tormenta que nos leva
tua é a tuba a trompa e a trombeta
a taça e a traça
o trágico e o túmulo
e as tampas das tumbas
ave Tempo!
e o pulo preciso do teu puma
e o peso do punhal no teu pulso
e os passos do teu compasso
e a pressa do teu presságio
e a presa da tua praga
que ninguém pisa ou apaga
tu preparas o pesar da tempestade
e só ao passar o temporal
é que tu Tempo por linhas tortas
trazes a Verdade
27 dezembro 2019
Feliz Ano Novo!
enquanto crescem a desigualdade e a miséria do povo
Feliz Ano Novo!
enquanto florestas se transformam em desertos mortos
Feliz Ano Novo!
a cada segundo 15 animais nas estradas são mortos
Feliz Ano Novo!
enquanto o que tu comes é cada vez mais venenoso
Feliz Ano Novo!
suga-se a vida derrama-se o sangue pelo lucro de poucos
Feliz Ano Novo!
enquanto o planeta é consumido por brasa e por fogo
Feliz Ano Novo!
nossos caminhos cada vez mais absurdos absortos
Feliz Ano Novo!
nosso futuro é dos porcos dos tolos dos torvos
Feliz Ano Novo!
enquanto a esperança morre até para os corvos
Feliz Ano Novo!
seca teu copo e frita teu ovo!
Feliz Ano Novo!
Feliz Ano Novo!
enquanto florestas se transformam em desertos mortos
Feliz Ano Novo!
a cada segundo 15 animais nas estradas são mortos
Feliz Ano Novo!
enquanto o que tu comes é cada vez mais venenoso
Feliz Ano Novo!
suga-se a vida derrama-se o sangue pelo lucro de poucos
Feliz Ano Novo!
enquanto o planeta é consumido por brasa e por fogo
Feliz Ano Novo!
nossos caminhos cada vez mais absurdos absortos
Feliz Ano Novo!
nosso futuro é dos porcos dos tolos dos torvos
Feliz Ano Novo!
enquanto a esperança morre até para os corvos
Feliz Ano Novo!
seca teu copo e frita teu ovo!
Feliz Ano Novo!
24 dezembro 2019
Algo de Chopin
algo que fosse apenas Noite
sem deixar de se tornar
no jamais deixar de sê-la
e o sonho fosse estar vivo
entre o que de noturno meu ver deseja
longe de toda estas manhãs
estas manhãs de ações inúteis
de se fazer acontecer
em que só o não é que acontece
noturnos sem amanheceres
sem trabalhos que a nada levam
sem balbúrdias de humanos vácuos
de lá pra cá de cá pra nada
sem problemas de homens de bens
no seu mundo que anda
ao abismo
nas suas ruas sem sentidos
por suas vidas sem caminhos
quem me dera nunca iniciasse
o (não)sol das manhãs não minhas
sem deixar de se tornar
no jamais deixar de sê-la
e o sonho fosse estar vivo
entre o que de noturno meu ver deseja
longe de toda estas manhãs
estas manhãs de ações inúteis
de se fazer acontecer
em que só o não é que acontece
noturnos sem amanheceres
sem trabalhos que a nada levam
sem balbúrdias de humanos vácuos
de lá pra cá de cá pra nada
sem problemas de homens de bens
no seu mundo que anda
ao abismo
nas suas ruas sem sentidos
por suas vidas sem caminhos
quem me dera nunca iniciasse
o (não)sol das manhãs não minhas
21 dezembro 2019
Mein Herz
disseram-me que o real é isso
que aí está e que aí se vê
e que não há nada além do desejo
mas há fundos de lagos
em que nunca alcança
a existência do que eu vejo
o que existe existe
ou existe porque eu crio e existe?
dependendo de como se vê
(casório ou velório)
a mais clara flor é alegre
ou é triste
e quem me dirá que pensar é saber
se sempre quando penso
me vêm pensamentos
que nem sei de onde vêm?
se eu pensasse certo
sobreviveria no nada do deserto?
só se sente o sonho
quando o sonho chega ao fim
e ainda quando sinto
não domino o que me vem a sentir
e o vinho só é tinto
porque os meus olhos
(que têm limites para abrir)
e o meu coração
(que não tem limites pra sentir)
o percebem assim
o que é ser o que se é
se nem se sabe o que é o Ser?
o que sinto e vejo
vale para todos
ou é só o que escrevo?
e isto é um verso
ou é só um verbo
em um sonho do universo?
que aí está e que aí se vê
e que não há nada além do desejo
mas há fundos de lagos
em que nunca alcança
a existência do que eu vejo
o que existe existe
ou existe porque eu crio e existe?
dependendo de como se vê
(casório ou velório)
a mais clara flor é alegre
ou é triste
e quem me dirá que pensar é saber
se sempre quando penso
me vêm pensamentos
que nem sei de onde vêm?
se eu pensasse certo
sobreviveria no nada do deserto?
só se sente o sonho
quando o sonho chega ao fim
e ainda quando sinto
não domino o que me vem a sentir
e o vinho só é tinto
porque os meus olhos
(que têm limites para abrir)
e o meu coração
(que não tem limites pra sentir)
o percebem assim
o que é ser o que se é
se nem se sabe o que é o Ser?
o que sinto e vejo
vale para todos
ou é só o que escrevo?
e isto é um verso
ou é só um verbo
em um sonho do universo?
19 dezembro 2019
(Des)Humano
I - artista
é quem desafia o humano
a que ela seja mais humano
é quem busca mais humanidade
indo contra a humanidade
II – em uma época
em que o ser humano
não quer ser humano
(porque isso envolve conhecer-se
que é ir além da superfície)
mas quer ser máquina
movida a coisas e bugigangas
ser artista é destruir-se
para não ser aquele humano
sem ser
é quem desafia o humano
a que ela seja mais humano
é quem busca mais humanidade
indo contra a humanidade
II – em uma época
em que o ser humano
não quer ser humano
(porque isso envolve conhecer-se
que é ir além da superfície)
mas quer ser máquina
movida a coisas e bugigangas
ser artista é destruir-se
para não ser aquele humano
sem ser
15 dezembro 2019
Sem ter Limpado a Própria Bunda
a humanidade é grande
como piada
(se alguém de fora nos observa
mais ri do que chora)
Deus é um irônico
o homem é um ridículo:
a ciência é como um lunático
que sonha em dominar o cósmico
sem ter limpado a própria bunda:
a ciência é dos histriônicos
o mundo é dos homúnculos
a humanidade é uma gargalhada:
governos e autoridades
são mais babacas
do que o povo de palhaços
que vive de cagadas
o ser humano é uma risada
sem graça
mais desgraçada
a cada ano...
quem me dera
um verso de bem longe
que não tivesse nada de humano...
como piada
(se alguém de fora nos observa
mais ri do que chora)
Deus é um irônico
o homem é um ridículo:
a ciência é como um lunático
que sonha em dominar o cósmico
sem ter limpado a própria bunda:
a ciência é dos histriônicos
o mundo é dos homúnculos
a humanidade é uma gargalhada:
governos e autoridades
são mais babacas
do que o povo de palhaços
que vive de cagadas
o ser humano é uma risada
sem graça
mais desgraçada
a cada ano...
quem me dera
um verso de bem longe
que não tivesse nada de humano...
11 dezembro 2019
Quando Morreste
quando morreste
não que tiveste morrido
mas nem soubeste
o que houveste de vivo
ou que nem és o que foste
ou nunca foste o que em ti morreste:
não tiveste sede e cedeste
acabou-te os olhos
bem antes de olhar acima
e foi de palmo a palmo
o sonho enterrado
(como sempre) errado
agora (con)tentaste
em varrer o teu pó
(so)correm-te astros mortos
pelas estéreis sobrancelhas
e vomitaste nas mesas
entre mingaus e certezas
as (des)entranhas vermelhas
e roxas
e sorrias como quem acha que sente
deixando à mostra
pelo véu da boca
uma pérola de ostra
e um (re)pasto de lama
e nem há arte
que possa falar-te
não que tiveste morrido
mas nem soubeste
o que houveste de vivo
ou que nem és o que foste
ou nunca foste o que em ti morreste:
não tiveste sede e cedeste
acabou-te os olhos
bem antes de olhar acima
e foi de palmo a palmo
o sonho enterrado
(como sempre) errado
agora (con)tentaste
em varrer o teu pó
(so)correm-te astros mortos
pelas estéreis sobrancelhas
e vomitaste nas mesas
entre mingaus e certezas
as (des)entranhas vermelhas
e roxas
e sorrias como quem acha que sente
deixando à mostra
pelo véu da boca
uma pérola de ostra
e um (re)pasto de lama
e nem há arte
que possa falar-te
09 dezembro 2019
Breve Cantata Fúnebre
lá vêm as ruínas a reinar de novo
boa sorte
já vejo o sangue pelas minhas cartas
boa sorte
o horror aos poucos vem se erguendo em flores
boa viagem
urubus se benzem sobre os horizontes
boa viagem
felinos partem no caçar dos deuses
boa noite
um piano pesa sobre as esperanças
boa noite
nos meus olhos sumiu-se o amanhecer
boa morte
boa sorte
já vejo o sangue pelas minhas cartas
boa sorte
o horror aos poucos vem se erguendo em flores
boa viagem
urubus se benzem sobre os horizontes
boa viagem
felinos partem no caçar dos deuses
boa noite
um piano pesa sobre as esperanças
boa noite
nos meus olhos sumiu-se o amanhecer
boa morte
07 dezembro 2019
Marcha Fúnebre para uma Marcha
a marcha dos sem terra
a marcha dos sem água
a marcha dos sem teto
a marcha dos sem chão
a marcha dos sem céu
a marcha dos sem tumba
a marcha dos sem campo
a marcha dos sem mata
a marcha dos sem pão
a marcha dos sem pés
a marcha dos sem pata
a marcha dos sem vez
a marcha dos sem voz
a marcha dos sem paz
a marcha dos sem quando
a marcha dos sem onde
a marcha dos sem como
a marcha dos sem choro
a marcha dos sem reza
a marcha dos sem força
a marcha dos sem festa
a marcha dos sem astro
a marcha dos sem rastro
a marcha dos sem graça
a marcha dos sem nada
a marcha dos sem tudo
a marcha dos sem vida
a marcha dos sem noite
a marcha dos só...
Morte.
a marcha dos sem água
a marcha dos sem teto
a marcha dos sem chão
a marcha dos sem céu
a marcha dos sem tumba
a marcha dos sem campo
a marcha dos sem mata
a marcha dos sem pão
a marcha dos sem pés
a marcha dos sem pata
a marcha dos sem vez
a marcha dos sem voz
a marcha dos sem paz
a marcha dos sem quando
a marcha dos sem onde
a marcha dos sem como
a marcha dos sem choro
a marcha dos sem reza
a marcha dos sem força
a marcha dos sem festa
a marcha dos sem astro
a marcha dos sem rastro
a marcha dos sem graça
a marcha dos sem nada
a marcha dos sem tudo
a marcha dos sem vida
a marcha dos sem noite
a marcha dos só...
Morte.
04 dezembro 2019
A Masturbação da Humanidade
um dia, ó ser humano uma-ova
no sonho de ser o que não foste
enquanto apodreciam teus ovos
deixaste levas de palavras em lavas
e promessas orgasmas.
mas agora só esporros de larvas
águas porcas lavadas
suínas lavagens de lágrimas
sangue suor e desgraça
e olhos fodidos por corvos.
sonhos após sonhos
ejaculados pelos esgotos
vão teus escrotos vazados
vão teus escravos amargos
de esperma em esperma
sem esperanças de esperas
se esvazia tua ampulheta
e gota a gota se extingue o gozo
da tua brochada punheta.
no sonho de ser o que não foste
enquanto apodreciam teus ovos
deixaste levas de palavras em lavas
e promessas orgasmas.
mas agora só esporros de larvas
águas porcas lavadas
suínas lavagens de lágrimas
sangue suor e desgraça
e olhos fodidos por corvos.
sonhos após sonhos
ejaculados pelos esgotos
vão teus escrotos vazados
vão teus escravos amargos
de esperma em esperma
sem esperanças de esperas
se esvazia tua ampulheta
e gota a gota se extingue o gozo
da tua brochada punheta.
02 dezembro 2019
Seis Decepções
I – quando se diz para a humanidade
é inútil dizer à frente
é inútil prever no antes:
de nada adianta
qualquer coisa que se adiante
II – o mundo é torto e lodo
e tudo é todo dos tolos
a rodo
III – qualquer verso que eu faça
não vale mais que um gole de vinho
whisky
cachaça
IV – quanto mais alguém se insere com todos
mais não passa de nada
V – o humanidade é mesmo só isto:
uns secam os mares com redes
outros pescam lambaris de caniço
VI – quem acha que conseguiu
não percebe que a vida é vento:
ou é porque não sabe
que tem o que não quis
ou é porque não vê
que vai querer outra coisa
no próximo momento
é inútil dizer à frente
é inútil prever no antes:
de nada adianta
qualquer coisa que se adiante
II – o mundo é torto e lodo
e tudo é todo dos tolos
a rodo
III – qualquer verso que eu faça
não vale mais que um gole de vinho
whisky
cachaça
IV – quanto mais alguém se insere com todos
mais não passa de nada
V – o humanidade é mesmo só isto:
uns secam os mares com redes
outros pescam lambaris de caniço
VI – quem acha que conseguiu
não percebe que a vida é vento:
ou é porque não sabe
que tem o que não quis
ou é porque não vê
que vai querer outra coisa
no próximo momento
29 novembro 2019
O Triunfo do Horror
a vida tornou-se a negação da vida
vale mais um Puma® nos pés
do que um Puma nos campos
vale mais um carro Jaguar mecânico
do que a alma de um Jaguar autêntico
afagam-se as máquinas
afogam-se as árvores
entroniza-se o robótico
aniquila-se o humano.
a esperança nos horizontes
assume os tons da poluição
os sons sombrios do Não:
ao contrário de César
não fomos não vimos não vencemos
não ouvimos a razão
e asfixiamos o que se sente
olho para o céu e não vejo cor
olho para o mar e não vejo ser
olho para o sangue e não vejo amor
não consigo ser lírico
não consigo ser épico
e malemal sou dramático
não há o que diga seja o que for:
eis o Triunfo do Horror.
vale mais um Puma® nos pés
do que um Puma nos campos
vale mais um carro Jaguar mecânico
do que a alma de um Jaguar autêntico
afagam-se as máquinas
afogam-se as árvores
entroniza-se o robótico
aniquila-se o humano.
a esperança nos horizontes
assume os tons da poluição
os sons sombrios do Não:
ao contrário de César
não fomos não vimos não vencemos
não ouvimos a razão
e asfixiamos o que se sente
olho para o céu e não vejo cor
olho para o mar e não vejo ser
olho para o sangue e não vejo amor
não consigo ser lírico
não consigo ser épico
e malemal sou dramático
não há o que diga seja o que for:
eis o Triunfo do Horror.
25 novembro 2019
Todo Mundo é Suicida
todo mundo.
quem é que não se mata?
quem não morre por?
de vício cobiça comida trabalho ou amor?
todo mundo
morre de tanto.
“o todo
é o prolongamento do indivíduo” (Kant)
quem não sabe
que a humanidade
é um lento firme vasto suicídio?
mas não sabem que é porque cada
um de nós se mata.
e logo
atingiremos a meta.
todos se destroem
por um desejo
ou um sucesso (a)final.
e nosso suicídio nem grande será
será reles baixo mesquinho
morremos por um punhado de nada
em papel
e em metal.
quem é que não se mata?
quem não morre por?
de vício cobiça comida trabalho ou amor?
todo mundo
morre de tanto.
“o todo
é o prolongamento do indivíduo” (Kant)
quem não sabe
que a humanidade
é um lento firme vasto suicídio?
mas não sabem que é porque cada
um de nós se mata.
e logo
atingiremos a meta.
todos se destroem
por um desejo
ou um sucesso (a)final.
e nosso suicídio nem grande será
será reles baixo mesquinho
morremos por um punhado de nada
em papel
e em metal.
20 novembro 2019
Poema para Finalizar um Livro
eu já nem sei mais o que não te diga
com todos os finais que me trouxeram
deixei que tortas as palavras viessem
que os meus olhos me desfizessem as almas
nem sei mais o que não há onde estou
nem sou mais onde estou junto ao que morre
por onde andavas nasceram-me lobos
sinto sono em pensar no que não fiz
e acaba o mundo lento como a morte
me sinto um sapo ouvindo a lua nova
descem névoas sobre as luzes urbanas
e gafanhotos sobre ondas gigantes
olhei acima e seriemas cantavam
entre tormentas cada vez mais baixas
cheirei misérias onde quer que fosse
e Teu silêncio cada vez matava
tateei Amor que nos furiava em longes
nem mesmo assim eu disse alguma coisa
com todos os finais que me trouxeram
deixei que tortas as palavras viessem
que os meus olhos me desfizessem as almas
nem sei mais o que não há onde estou
nem sou mais onde estou junto ao que morre
por onde andavas nasceram-me lobos
sinto sono em pensar no que não fiz
e acaba o mundo lento como a morte
me sinto um sapo ouvindo a lua nova
descem névoas sobre as luzes urbanas
e gafanhotos sobre ondas gigantes
olhei acima e seriemas cantavam
entre tormentas cada vez mais baixas
cheirei misérias onde quer que fosse
e Teu silêncio cada vez matava
tateei Amor que nos furiava em longes
nem mesmo assim eu disse alguma coisa
17 novembro 2019
Eduardo Leite - Bolsonaro: a Destruição do Serviço Público em Nome do Lucro dos Ricos
Os desgovernos de Bolsonaro e, aqui no RS, de Eduardo Leite, têm um propósito claro e ostensível: destruir o serviço público em todos os setores, a começar pelo da Educação, já que a Educação é a base, o pilar de toda nação que busque algum desenvolvimento consciente. Desestruturá-la é a melhor forma de impedir o surgimento de mentes pensantes, que constituem a principal ameaça ao neoliberalismo.
As intenções de Bolsonaro eram conhecidas desde a campanha, muito embora, uma vez no poder, elas se mostraram muito mais descaradas e perversas. Já Eduardo Leite fez o jogo da "oposição consciente" a Sartori, uma vez que o outro desgoverno, o de Sartori, estava afundando o estado, e soaria muito feio dizer que se realizaria uma continuação. Depois de eleito, como é natural em políticos hipócritas, ou seja, a grande maioria deles, ostentou sua verdadeira cara: Leite é um discípulo de Sartori, tanto nas intenções quanto na hipocrisia. Sartori colocou a máscara do tiozinho simpático"; Leite, a do "bom moço bem intencionado".
Mas como de boas intenções o inferno está cheio, ainda mais quando essas intenções não são boas coisa nenhuma, Leite está seguindo à risca a cartilha neoliberal que Sartori implantou e que agora Bolsonaro tenta fazer no Brasil (seguindo a linha de Temer com mais crueldade e idiotice): isenção fiscal para grandes empresas (ou seja, abrir mão dos impostos pagos pelos ricos), ausência de combate à sonegação fiscal e a privilégios, perdão de dívidas de grandes empresários e latifundiários, privatização, entrega a preço de banana as riquezas naturais da nação para a iniciativa privada, taxação da renda já diminuta dos mais pobres, redução drástica dos direitos trabalhistas, incluindo, é óbvio, os direitos à aposentadoria, afrouxamento da legislação ambiental e sucateamento dos seus órgãos de fiscalização, e, é claro, por fim, culpabilização do servidor público pelos males do país e destruição gradativa dos serviços prestados à população, principalmente os direcionados aos mais vulneráveis e discriminados.
No RS, enquanto os direitos e salários dos servidores estão sendo atacados de forma absurda e desumana, principalmente em se tratando da categoria do magistério, a sonegação fiscal bate recordes todos os anos. A estimativa do sonegômetro RS é de que já foram sonegados até agora 8,5 bilhões de reais dos cofres públicos. Só ESTE ANO. Sonegar é um eufemismo, porque a palavra deveria ser ROUBAR. Sonegação é o nome que se dá quando o empresário rouba do consumidor e coloca o dinheiro que deveria ir para o estado no seu próprio bolso. É aquilo que faz o dono da Havan, por exemplo, e depois é aplaudido por seus clientes roubados e imbecilizados.
Não há nada de complicado no pensamento neoliberal. Pelo contrário, é um pensamento rasíssimo: tira-se dos pobres para dar aos ricos. Robin Hood ao contrário. Tudo é feito pensando-se nos lucros das empresas e do agronegócio. No caso do serviço público, a primeira coisa a fazer é sucateá-lo, ir minando suas estruturas, pagando a mídia para divulgar só o que interessa ao governo, para que a população mal informada pense que o serviço está ruim por culpa dos servidores, e que a solução é ir para a iniciativa privada. Pagar para a iniciativa privada aquilo que é direito do cidadão contribuinte.
Tem gente que aplaude. Ou porque é beneficiada ou porque é idiota mesmo.
Crédito da Imagem: Luiz Paulo Nunes Milani
Crédito da Imagem: Luiz Paulo Nunes Milani
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