16 setembro 2017

NASA se pronuncia sobre o Fim da Civilização

“Esta é a moral de todas as histórias humanas:
Não é nada mais que o mesmo ensaio usual do passado.
Em primeiro lugar a liberdade e a glória – depois isso falha,
A riqueza, o vício, a corrupção – a barbárie ao final.
E a história, com todos seus vastos volumes,
Não possui mais que uma única página…"

Lorde Byron


Recentemente, a NASA, a agência espacial dos EUA, divulgou um estudo realizado por ela sobre como seria o fim de nossa civilização. E não, ele não se refere a um possível choque de asteroides ou coisas do tipo, mas  a um fim causado pelo próprio homem. Nada de novo no assunto. Eu mesmo, desde antes do início deste século, já escrevia sobre  o iminente colapso de nossa civilização, incapaz de se manter durante muito mais tempo da forma como vivemos. E que não dá sinais de que alguma verdadeira alteração à vista, pelo contrário. Mas um estudo da NASA, que, teoricamente, baseia-se em informações e fatos científicos, acrescenta um peso indiscutível a esse problema, a meu ver, inexorável. 

A seguir, transcrevo trechos da matéria sobre o assunto publicada no site Yahoo Notícias:



Para a NASA, um dos problemas mais graves seria o fim da civilização ocidental. Esta catastrófica realidade foi imaginada em um estudo financiado com recursos da organização. Neste trabalho foram analisados os motivos que acabaram com outros impérios no passado, como o romano. E a conclusão é clara: a história pode voltar a se repetir.


“Duas importantes realidades estavam presentes em várias sociedades que colapsaram,” diz a conclusão da pesquisa. “A exploração dos recursos devido a uma tensão excessiva sobre a capacidade de produção ecológica e a estratificação da sociedade em elites e classes.” Ou seja, as civilizações que ruíram eram basicamente injustas e exploravam excessivamente os recursos naturais até esgotá-los. Alguma semelhança com a realidade atual?

Os pesquisadores asseguram que nas sociedades pouco igualitárias é difícil evitar o colapso: “Nelas, as elites crescem e consomem muito, o que causa fome entre as classes mais baixas, algo que finalmente leva ao colapso.”

Nestes casos, os mais ricos continuam se aproveitando dos recursos, enquanto os demais passam dificuldades, “exacerbando o problema,” conforme ressaltam os especialistas.

Ainda que nos últimos anos o tema do meio ambiente e da preservação de recursos tenha sido levado mais a sério, os pesquisadores acreditam que está surgindo um novo problema e que a raiz da situação não foi solucionada: “A tecnologia para aumentar a eficiência no consumo de combustível nos carros fez com que a venda de veículos disparasse, com que as novas unidades fossem mais pesadas [e, portanto, consumissem mais] e com que a velocidade na qual eles são conduzidos aumentasse.”

Todas estas situações “engolem” o suposto avanço da eficiência do consumo para proteger o meio ambiente: os carros precisam de menos gasolina para funcionar, mas como cada vez há mais veículos, mais pesados e que andam mais rápido, acabamos consumindo a mesma quantidade de alguns anos atrás.

Os autores dedicam algumas palavras para todos aqueles que pensam que suas conclusões são exageradas e que a sociedade atual é imune a problemas do passado: “Uma olhada rápida sobre todas as sociedades que colapsaram nos últimos séculos demonstra não apenas a ubiquidade do fenômeno, mas também a realidade de que sociedades fortes, ricas e poderosas também podem vir abaixo.”

Na imagem, o quadro "A Maldição do Império - Destruição", de Thomas Cole. A obra é dividida em 5 partes, que expressam o surgimento, o desenvolvimento, a decadência e o colapso de uma civilização.



14 setembro 2017

"...equivocadamente chamado homem..."

se soubéssemos quantas pessoas
apodrecem em miséria
a cada riqueza que é concentrada...

se soubéssemos quantos humanos
agonizam de fome
a cada alimento desperdiçado...

se soubéssemos quanto de vida
diminui no planeta
a cada água jogada fora...

se soubéssemos quanto de morte
se espalha na Terra
a cada bem que é produzido

nós, esses vermes...
faríamos tudo de novo...

12 setembro 2017

Os Homens com suas Merdas

os homens com suas moedas
se acham vastos
mas não passam de vasos

os homens com suas metas
se acham vultos
mas não passam de vulgos

os homens com suas armas
se acham forças
mas não passam de farsas

os homens com suas regras
se acham retos
mas não passam de ratos

os homens com suas naves
se acham fogos
mas não passam de fátuos

estes homens que se acham 
tornados ciclones furacões 
mas não passam de flatos

10 setembro 2017

Confissão de um Parasita

o que o planeta vai querer com alguém como eu?
reles verme racional que vive de despojos
monstro de egoísmo que destrói a vida
para manter em pé meu esqueleto morto?
ainda que mil florestas tombem à minha direita
e 10 mil animais agonizem à minha esquerda
eu tenho que esboçar esse sorriso estúpido
na minha cara cínica
como forma de demonstrar ao vazio social
que NÃO fugi dos padrões e dos contratos
de felicidade fútil e de sucesso inútil obrigatórios
dessa civilização de parasitas homicidas-suicidas

por que o planeta iria se esforçar
para manter vivo o fanfarrão inconsciente que sou
ou que eu nem sei que sou
nem para onde vou
nem por que estou aqui
e na minha vida sem sentido
eu, este lixo
unido na desgraça a outros 7 bilhões
de lixos
só o que faço (apoiado por todos)
é produzir mais lixo
lixo que nós, lixos
consumiremos e transformaremos no lixo do lixo
a ir para lixões mares e abismos

e ai de mim se parar para pensar
se parar para sentir
se parar para viver
como posso parar de produzir lixo
em troca do lixo do dinheiro?
então entrarei para o rol dos fracassados
dos que não prestam
dos homens de mal
dos mal-sucedidos

e dirão mesmo
os outros 7 bilhões de lixos
que este texto é algo lamentável e deprimente
feito por alguém que em nada contribui
para a ordem e o progresso da sociedade...

o que o planeta deve fazer
(para proteger a vida)
com parasitas como nós?

mas corra!
que ainda dá tempo de ficar milionário!

09 setembro 2017

Forca

I - que a força está nos detalhes
é fato conhecido
mas não tanto quanto
o de como a forca está nos detalhes

II – aquilo que é dito o mal
não pode ser de todo mal:
mal que é mal não se diz
porque não se percebe como sendo:
aquilo que é dito o mal
foi percebido mal

III – aquilo que é dito o bem
não seria o bem
se fosse percebido bem

06 setembro 2017

As Tripas da Esperança

esta humanidade faliu não sendo
e o homem não atingiu nem o fracasso
naufragou por entre mar de ouro e de aço
esmagado pelo taco do vento

ainda ouço as lágrimas que te lamento
só álcool e réquiens por onde eu passo
o sonho em sucesso era só cansaço
o riso feliz era de jumento

estes caminhos são os do extermínio
das tripas da esperança no teu rosto
o raio de Saturno em seu domínio

pragas de sapos transbordam os esgotos
e se agiganta um futuro de símios...
mas e quanto às armas? tudo está posto. 

03 setembro 2017

A Doença da Humanidade

Quando eu me refiro, falo, escrevo sobre "FIM" e\ou sobre o meu PESSIMISMO ABSOLUTO com relação a esta civilização, não estou me referindo a apocalipses com data marcada ou catástrofes totais de uma hora para outra. Refiro-me ao que alguns otimistas incuráveis (ou ingênuos, ou hipócritas) classificariam como pequenos "acidentes de percurso". Para mim, são os sintomas de uma doença fatal que se manifestam aos poucos, bem aos poucos, até que, quando percebemos, é tarde demais. 

Refiro-me a coisas como o que fez o nosso (des)presidente Temer, a de extinguir reservas gigantes na Amazônia e praticamente entregá-las às mineradoras, como a Samarco (lembram?), entregá-las à sede insaciável do capitalismo e à exploração e destruição que dela sempre resultam. Ainda que agora o ato tenha sido suspenso, estou certo, lamentavelmente, de que, cedo ou tarde, a região acabará nas mãos das mineradoras e a vida sobre-humana que ali se ergue estará ameaçada pela miséria da cobiça. 

E eu poderia dar muitos outros exemplos. Esse é um caso, apenas um, um dos muitos, incontáveis, sintomas da doença da humanidade a que me refiro. É claro que eles não ocorrem somente no Brasil, e não são apenas ambientais, mas sociais, humanos, psíquicos, econômicos, espirituais, emocionais, o que queiram. 

O Fim é isso. Uma doença insidiosa, de sintomas isolados, que surgem e ressurgem, aqui e ali, mas cada vez mais, cada vez piores.  Como costumam ser as doenças fatais, de início nem percebemos, ou não damos atenção, ou não nos parece tão grave. Um sintoma aparece, depois passa, some, e nos acreditamos saudáveis Às vezes, acreditamos numa cura, às vezes até tentamos, mas há casos em que é tarde demais. Até que, fatalmente, vem a Morte.

Mas a morte desta humanidade, desta civilização. O planeta continuará, em constante renovação.

01 setembro 2017

Queda de Estrelas

o que dirá a palavra que eu nunca disse?
e nunca vi e nunca ouvi
alguém a dizer que a fosse?
eu sei o que ela (não) é
e sei que eu não consiga
fazer com que ela diga
o que no fundo eu sei a me dizer

mas não é bem que eu saiba
é talvez que eu sinta
mas entre sentir e saber
não cabe só uma palavra
e isso que me indignava
se torna outra coisa além
que não a coisa a ser dita

e também não é bem sentir
é coisa ainda mais maldita
que o sentir ainda não é
bem o que está aqui ou ali
talvez seja um algo mais ao alto
que eu só alcance de assalto
que não vejo do que me veja
e ainda que eu te seja
não me alcanço tornar tornado

mas também
por que eu hei de dizê-la?
seja lá o que dor que eu diga
quem verá cair estrela?

30 agosto 2017

Nós, os Deslivres

I - as dúvidas não me deixam descansar 
tenho uma que é demoníaca: 
liberdade 
é a tudo viver 
sem nada ter que sentir 
ou é a tudo sentir 
sem ter que a tudo viver? 

 II – o processo da civilização 
é um processo de deslibertamento: 
são os seres cada vez menos livres 
no mundo natural desnaturalizado 
e os homens cada vez mais deslivres 
no mundo onde devem 
sentir e viver cada vez menos 
e fazer cada vez mais 
para terem a sensação virtual 
de que seriam livres 
se não fossem obrigados 
a serem (des)libertos

28 agosto 2017

Três Lembretes sobre Liberdade

I - o livro me torna livre 
o livre retorna em livro 
mas não livra sozinho
nem com tanto verso
e palavra em torno
do que me livro 
se entorno vinho 

II -ser livre 
é não ter que ter: 
não ter 
é não precisar não ser 

III - em toda suposta liberdade 
há uma prisão latente: 
ai dos que se julgam livres:
devíamos ler a palavra "livres"
de trás pra frente

26 agosto 2017

Beethoven contra a Tirania

Ludwig van Beethoven (1770 - 1827) compôs entre 1803 e 1804 uma das maiores e mais revolucionárias obras musicais de todos os tempos, a Terceira Sinfonia, que, quebrando os rígidos conceitos do Classicismo, deu início ao tempestuoso período romântico na música. A 3ª Sinfonia, com quase 1h de duração, superava em muito, seja em forma seja em conteúdo, todas as sinfonias até então  realizadas, incluindo as de Mozart, Haydn e as duas anteriores do próprio Beethoven. Sua estreia foi um escândalo. Os críticos da época, em geral, diziam que a sinfonia era "barulhenta e exagerada", e que "não terá  futuro".  Nunca alguém esteve tão errado.

Beethoven era um admirador dos ideais de liberdade da Revolução Francesa. Via Napoleão Bonaparte como um símbolo dessa revolução. Na época, Bonaparte era um general que parecia lutar pelos mesmos ideais de liberdade nos quais o compositor acreditava. Antes da estreia da Sinfonia nº3, Beethoven pensou em dedicá-la a Napoleão, chegou a escrever a dedicatória na partitura da sinfonia. No entanto, em maio de 1804, Napoleão cuspiu e pisou nos ideais de liberdade da Revolução Francesa e se autoproclamou imperador. 


Quando soube da notícia, em acesso de revolta, fúria e indignação, tão comuns no gênio da música, Beethoven dirigiu-se à partitura e riscou a dedicatória a Napoleão com tanta força que chegou a rasgar a folha. Napoleão era apenas mais um tirano. E tiranos, ditadores, nobres, Beethoven, em geral, não os suportava. Ele escreveu sobre o tirano Napoleão:



"Então ele não é mais do que um mortal comum! Agora, também, ele vai pisar no pé de todos os direitos do homem, saciando somente a sua vontade; agora ele vai pensar que é superior a todos os homens, se tornando um tirano!" 


Beethoven decide então dedicar a Terceira Sinfonia "À Memória de um Grande Homem", que não era Napoleão, e chamou-a de Sinfonia Eroica. O 2º movimento da obra traz uma trágica e titânica Marcha Fúnebre. A Sinfonia, como um todo, como toda a obra de Beethoven, como o próprio Beethoven, é, no mínimo,   um monumento à Liberdade Universal.


24 agosto 2017

Duas Mil Postagens

Esta é a postagem número 2000 deste blog, em 11 anos de O Fim, completados em 19 de agosto. Creio ser um número a se comemorar, considerando-se que o blog O Fim não é um veículo de notícias, e que a maior parte das postagens consistem em obras de minha autoria. 

Comemorando, republico um de meus sonetos antigos, publicado em 8 de março de 2010, na ocasião, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.


Soneto a Ela

E paira alta grandeza sobre as nuvens
e pesa mau destino sobre os homens.
Em negro mundo os anos se consomem
e mais clara em tua alma tu nos surges...

Caem raios das horas que refulges,
como sonhos de morte que em mim somem
como fins teus ocultos que há em Beethoven
como sombra em ti fêmea viva em luzes...

Tua voz nas tormentas que há nos céus,
teu olhar cataclísmico nos vela
nos sinais do Infinito dos teus véus...

E por ser Una, arcanamente bela,
alguém dirá talvez que vós sois Deus,
mas canto que vós sois no Eterno Ela...

22 agosto 2017

Noturno*

o sopro de vida
que aspira entre o beijo

o sopro de sonho
que anoitece entre a febre

o sopro de paz
que há entre tormentas

o sopro de amor
que goteja entre o sangue

o sopro de morte
que derrama entre os lábios

(*Homenagem a Frédéric Chopin)

20 agosto 2017

Despromessa

que minha poesia
(se é foda
ou se é vadia)
seja qualquer vão de hospício
faz de conta
sem um conto
lá pros quintos
dos abismos

que minha poesia
(seja funda
seja vazia)
não tenha nenhum compromisso
nem com compras
nem promessas
nem comícios

que minha poesia
não seja
nem cela
(daquelas presas em regras)
nem sela
(daquelas que alguém encilha)

a minha poesia
que só seja ela
e quem me dera
(ah, falta da minha estrela)
eu fosse sê-la

18 agosto 2017

de uma Taça

vida é quando tudo que fosse vivido
não fosse vivido como sendo só aquilo que é 
mas como algo que estivesse além 
como se no momento que se vive 
se vivesse um outro alto 
mais profundo e mais do ser 

como se no momento que se age 
se sentisse que há um outro algo 
que só no que não é nos vem 

quem dera eu pudesse 
que em qualquer algo que eu faça 
ou com qualquer alguém que eu sinta 
eu tivesse (em mente em sonho em alma) 
os efeitos de uma taça

16 agosto 2017

Urubus e Abutres estão desaparecendo. A causa é um anti-inflamatório. Consequência para o homem: surgimento de novas pragas e epidemias

Abutres e urubus não são propriamente animais simpáticos para a grande maioria das pessoas. Quem gostaria de ter um de estimação? Eu, no entanto, nutro uma enorme simpatia, e mais, uma admiração profunda por esses sombrios, majestosos e IMPRESCINDÍVEIS animais do luto. Mas luto mesmo é saber que, em nosso planeta, o qual já perdeu, em número, segundo estudos, cerca da METADE de seus animais selvagens, abutres e urubus estejam agora correndo risco de extinção em várias de suas espécies.  A situação é mais grave na Ásia, África e Europa, e a culpa, é claro, é do homem. A causa principal é um anti-inflamatório veterinário: o diclofenac. No Brasil, POR ENQUANTO, eles estão a salvo, com exceção do Urubu-Rei, espécie quase extinta.

 As chamadas "aves da morte" são os "limpadores" da natureza, evitam a disseminação de doenças e de seus animais vetores (ratos, moscas, baratas). Algumas  dessas doenças, provavelmente, nem ainda são conhecidas. Sua extinção poderia acarretar o surgimento de epidemias nunca antes presenciadas e fatais para o ser humano. 

Acompanhe a matéria a seguir, publicada no site Opinião e Notícia

"A população mundial dos abutres corre sério risco de extinção. Na África, por exemplo, das 11 espécies da ave que vivem no continente, seis estão em risco de extinção e quatro estão criticamente ameaçadas. Os dados são de um recente estudo da BirdLife International, instituição dedicada à preservação da natureza. A população de abutres na Ásia encolheu 99% desde a década de 1990. 

Em 2003, cientistas identificaram como causa para a redução um tipo de anti-inflamatório chamado diclofenac, usado para tratar gados. Abutres que se alimentaram da carcaça de gados tratados com a droga morrem de falência renal semanas pouco tempo depois. A Índia proibiu o uso do diclofenac após constatar que a redução da espécie no país estava ameaçando a cultura das comunidades parses indianas, que não enterram nem queimam seus mortos, mas os colocam em altas torres chamadas dokhmas para que sejam comidos pelos abutres. Paquistão e Nepal também baniram o medicamento, o que estabilizou a população de abutres na região. 

Mas o diclofenac continua sendo amplamente usado na África e brechas nas leis da Europa permitem sua comercialização em cinco países do continente, incluindo Espanha e Itália, onde vivem 90% da população de abutres da Europa. 

Na África o uso do medicamento contra abutres é intencional. Caçadores ilegais usam o medicamento para impedir que a presença de abutres exponha a localização das carcaças de animais caçados de forma irregular. Espalhada na carcaça dos animais caçados, a droga elimina os abutres. Em 2013, uma carcaça de elefante foi encontrada na Namíbia cercada por cerca de 600 abutres mortos. 

 A questão é tão crítica que está sendo discutida pelo Parlamento Europeu e pela ONU. 
Em outubro do ano passado, representantes da ONU se reuniram em Trondheim, Noruega, e concordaram em colocar 12 espécies de abutres na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza."

14 agosto 2017

Homens de Bem

tantos que se julgam grandes
mas não passam de bananas
e do mesmo cacho

tantos que se julgam rochas
mas não passam de farinha
e do mesmo saco

tantos que se julgam mantos
mas não passam de tapetes
e de vis capachos

tantos que se julgam altos
mas não passam de agachados
a puxar o saco

tantos que se levam a sério
mas não passam de balela
e mais esculacho

tantos que desejam aplausos...
e merecem mesmo palmas
esses grãs-palhaços

12 agosto 2017

Vidas-Relógio

quantas vidas-relógio você tem?
acordar na hora
dormir na hora
chegar na hora
comer dentro da hora
passear dentro da hora
cagar dentro da hora

terminar
antes que o prazo acabe
ir comprar
antes que o mercado feche
ir no banco
antes que as 3 horas bata
ir pagar
antes que a conta vença
...
ufa! consegui...
morri.

10 agosto 2017

Pós- Humano

as pessoas confundiram viver 
com o que se faz para viver: 
vive-se para um meio 
e nunca se chega a nada 

as pessoas confundiram vida 

com o preço que se paga pela vida: 
apenas se paga o preço 
e não se vive  

o objetivo da vida 

tornou-se o cansaço para o descanso 
para que se atinja de novo 
o mesmo objetivo 
a se cansar 

chama-se de vida 

o preenchimento do vazio 
de não se viver

08 agosto 2017

Do que se Ergue

aquilo que se faz:
sem paz
aquilo que não vem:
desdém
aquilo que não é:
nem fé

aquilo que se vai:
te foste
aquilo que se foi:
é foice
aquilo que não fui:
me fundo

aquilo que será:
já está
aquilo que não sou:
é som
aquilo que se erguer:
é o ser

06 agosto 2017

Vingança

as pessoas em todos os seus passos
passo a passo caminham à vingança
todos esperamos a espada e a lança
que virão em morte de nossos rastos

o caos o fogo a fúria o assassinato
cortarão goelas da falsa esperança
império do horror que nunca se cansa
como gatos que destroçassem ratos

entre o longínquo se levanta um grito
uma tormenta que olho algum alcança
uma catástrofe em noturno rito

numa manhã de chuva morna e mansa
a esperança num coração perdido
vem dizer que sim... haverá Vingança


03 agosto 2017

"Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão..." (Baudelaire)

ninguém é o que são:
eu mesmo
só sou meu eu mesmo
quando sou ninguém

o que somos
somos de não-ser

ninguém aqui é são:
somos todos doentes
há mais podres na alma
do que bactérias nos dentes

ninguém é o que seja:
não somos
nem o que se deseja

ah, os que que se julgam sãos...
todo mundo se acha 
um épico
mas mais seria si mesmo
um bêbado

01 agosto 2017

"Elite" acéfala e estúpida


Os absurdos, os desmandos, as injustiças que têm ocorrido no Brasil de agora, desde aqueles do campo político, econômico, trabalhista,  da perda de direitos, até os de comportamento social apresentam como uma de suas principais causas algo relativamente simples.


É que o brasileiro, em geral, sofre de complexo de inferioridade e de uma superficialidade desmedida. O brasileiro aspira sofregamente ser "superior". E, na sua superficialidade, ele entende que para ser superior, tem que ter dinheiro e tem que ser da "elite". Quando ele não tem esse dinheiro e\ou ele não é da "elite", acredita que NÃO será inferior se apoiar em tudo, de forma incondicional, os ricos e as elites. 


Consciente ou inconscientemente, ele cria uma ilusão de superioridade ao pensar como os ricos, mesmo não o sendo. Ele afirma a si mesmo: " não sou pobre, porque penso como os ricos. Sou da elite, porque aparento ser da elite." E para o brasileiro superficial, aparência é tudo. E a nossa elite é uma das mais acéfalas e estúpidas do mundo. É muito fácil parecer com ela.

30 julho 2017

Árvore é Passado

a árvore passa
porque o progresso passa.
não tem sentido? 
não, a humanidade o perdeu:
atrofiou seus sentidos
de encontrar sentido
de fazer sentido
de ser sentido

agora, qual sentido seguir?

a árvore passa
no sentido de que passou seu tempo
o progresso passa
no sentido de que dá passos
num passo a passo efêmero 
com o qual em breve 
esta humanidade será passado

27 julho 2017

Free Books Editora

A pedido do amigo Paulo Soriano, divulgo seu site/editora, a Free Books Editora, que realiza a publicação de livros digitais com contos e romances de literatura fantástica. Um dos meus contos antigos, ainda de 2010, Urubus Demoníacos, foi publicado na página. Todos os arquivos podem ser baixados em formato PDF. Para conhecer o site, clique aqui

25 julho 2017

Você é só um Robô

não existem governos
não existem nações
não existem países
não existem povos
existem grandes corporações empresariais
existe o lucro
e existe quem dá o lucro
existe o consumo:

o que eles querem
é só que você consuma
e trabalhe para produzir e pagar 
o que consome
e só

para isso existe o controle:
governos são para controlar
empregos são para controlar
leis são para controlar
mídias são para controlar
escolas são para controlar
polícias são para controlar
a medicina é para controlar
a tecnologia é para controlar
a religião é para controlar
a moda é para controlar
tudo é controle

e você é o objetivo da nossa civilização:
você é só um robô

23 julho 2017

Então o Homem quer ir à Marte?

I – o homem no espaço
quer levar a vida a Marte
o homem na Terra
quer levar a vida à Morte

II – a ciência tenta descobrir
se há em Marte o metano
e nem sabe
se há no homem o humano

III – caro leitor:
o homem quer  ir a Marte
para aprender a amar-te?

IV – aham, o homem quer ir a Marte...
grande marte
grande mar de...
grande merda

19 julho 2017

Mensagem da Ruína

finda teu rastro em ruína
enfia o rabo no reto
risca da face da terra
teu rosto-resto em ruína

homens de raça-ruína
reles que roem e rastejam
porcos que arrancam e arrastam
num riso-reza em ruína

roídos seres-ruína
na rua em raivas e ratos
de ranço e ranho rodeados
roucos de caos e ruína

rompida em fome e ruína
se rega em rugas tua alma
as rãs compõem o teu réquiem
e rolam ao som das ruínas

homem em rápida ruína
larga ao raio tua rosa
rasga essas roupas de rico
rema em teu rio de ruínas

16 julho 2017

Soneto às Palavras Não Ditas (ou Ao Após)

palavra que sinto quando me esqueço
o que é que de ti lembrar-me te faz?
deusa que eterna ao instante fugaz
nada que traga o meu não ao avesso

seja comigo ao altar do teu preço
verbo-destino que sigo-me atrás
silêncio que os muros quebra do mas
sonata que alta ao que nunca mereço

ah se eu corresse em teu rio sempre em chama
íris que fosse no som desta voz
braço sanguíneo que se ergue da lama

verso de espera que se ala no após
ah se teu quem fosse aquilo que chama:
deixa esquecer-me e lembrar-te entre nós

13 julho 2017

Desaforadas (ou Após Ouvir Shostakovich)

porque há risos gargalhadas
em cascatas cataratas
sanguinadas pelas pragas

são cantatas de gargalhas
das risadas alastradas
zombarias pelas águas

são compassos de risadas
entre asas garras e brasas
pelas rubras russas geadas

o deboche dos abutres
o gaguejo de macacos
gorgolejo de galinhas

graves línguas de lagartos
o sarcástico dos asnos
entre gárgulas e cabras

ironias desbocadas
em metralhas e sarcasmos
em grotescos e catarras

há danças valsas e facas
essa desgraça engraçada
a lembrar que a humanidade

é uma piada

11 julho 2017

Poema de Ocaso a uma Sonata de Schubert

é quando ouço aquela sonata de Schubert
que um cavalo vem bater na minha porta:
então estranho o peso dos olhares dos sapos
e escrevo poemas (que) não-sãos

há algo de Poe nunca-lido
e uma desolação de silêncio
de não-flauta na mata

é uma sentença de um quadro de Bosch
que não me sai do que pesadelo

é sonho de sol cada vez mais ao norte
um vento de corvo que abutra no ar
carta carteando selos vermelhos
e um planeta por trás dos espaços

é a ponta de um dedo em um dedo
como se fosse um beijo sinal:
há algo do que já é tarde
e a iminência de um vasto Final

09 julho 2017

Dessilêncio

olho aquele olhar que me olha
sem que dirija algum olhar
a nenhum lugar:
vejo-o lá
quando o olhar que me vê 
não o vejo
porque nem está

não se (h)ouve palavra.
no seu dessilêncio
verbo ausente do denso
que se pensa dito
e é o tudo:
só mais uma gota na taça
e o imenso do nada quanto se faça

o que é feito em verdade
é feito sem que se importe 
no deixe que se fale ou cale
é assim que ficará um sopro no alto
um passo no vale:
só serei o que sou
quando do mim mesmo
me estiver falto
e a um passo do falhe

aliás o de Olhar
não se diz de nenhum jeito
eu mesmo não falo de coisa alguma
e este poema
como bem podem (não) ver
nem chegou a ser feito