um dia, humanidade
no sonho de ser o que não foste
deixaste levas
de palavras em lavas
e promessas orgasmas...
agora?
larvas não lavradas
por águas porcas levadas
e livros largados
esporreados mal-lidos
e agora
a tua ilusão?
sonho a sonho
ejaculados pelos esgotos
vão teus escrotos não-livres
de grão em grão
se esvazia tua ampulheta
e gota a gota
se extingue o gozo
da tua punheta
09 maio 2016
07 maio 2016
Brahms, um forte.
Hoje, 7 de maio, meu compositor predileto e grande influência de vida, Johannes Brahms, completa 183 anos. Digo "completa" e não "completaria" porque os grandes gênios nunca morrem, principalmente os das artes. É uma oportunidade para realizar algo que me traz grande prazer: escrever sobre a vida e a obra de Brahms.
Dentro do universo da música erudita, tem-se como inquestionável que Brahms teve como grande mestre e exemplo a ser seguido, tanto em forma como em conteúdo, ao um dos gênios maiores da música, o grande Beethoven, que faleceu 6 anos antes do nascimento de Johannes. A influência beethoveniana é, sim, indiscutível na obra de Brahms (como o foi em quase todos os compositores românticos em maior ou menor grau). Podemos dizer que Brahms foi, de certa forma, um continuador de Beethoven, adotando muito de seus modelos estruturais e mantendo um certo "clima" beethoveniano, principalmente em suas obras de juventude, e, diga-se de passagem, com uma dignidade e uma competência irrepreensíveis. O que foi reforçado quando o maestro Hans Bülow denominou a 1ª Sinfonia de Brahms, logo após a sua estreia, como a "10ª Sinfonia de Beethoven".
De modo que a expressão "Herdeiro de Beethoven" associada a Brahms é, sem dúvida, pertinente, além de ser altamente honrosa, afinal, "herdar" Beethoven, ser seu continuador, não é para qualquer um, exige uma grandeza e uma força descomunais. Porém, por outro lado, isso também pode ser visto como algo que "diminui" Brahms, pois deixa a impressão de que o compositor não tinha uma personalidade própria. Nada mais falso. Brahms foi bem mais do que um continuador de Beethoven, pois, se numa primeira impressão, percebemos semelhanças entre várias obras de ambos, numa audição mais cuidadosa e numa análise mais aprofundada, identifica-se em Brahms um caráter único, uma assinatura musical muito singular.
É verdade que Brahms seguiu, formalmente, os modelos clássicos adotados por Beethoven, principalmente os de sua fase de maturidade, preferindo a forma sonata para compor (exposição, desenvolvimento, reexposição) e mantendo dentro dos padrões beethovenianos o tamanho da orquestra. Brahms não via necessidade de aumentar os número de instrumentistas de uma orquestra, o que estavam fazendo outros românticos, como Liszt, Wagner, Bruckner. Alias, Brahms sempre teve uma forte queda pela música mais antiga, tanto pelos modelos clássicos como pré-clássicos, e, em sua fase de maturidade, a influência de Bach torna-se marcante. Mas mesmo na forma, há grandes diferenças entre Brahms e Beethoven. Este gostava de temas curtos, afirmativos, diretos, com poucas e eficientes notas. Já Brahms preferia temas mais desenvolvidos, carregados de mais melodia, muitas vezes com vários temas que se entrecortam através de inúmeras variações, trazendo uma densidade excepcional à sua música. O seu processo de modulação musical é algo totalmente inovador, revolucionário até.
Mas é no conteúdo que Brahms se diferencia ainda mais de Beethoven. Ainda que os dois gênios tenham criado obras que se caracterizam pela grande força vital, pela potência e intensidade emocionais, que chegam a ser violentas, cheias de fúria algumas vezes, Brahms é mais melancólico, mais pessimista, psicologicamente mais pesado que Beethoven. Há mais tragédia, mais sombras na música brahmsiniana. Há uma preferência pelas tonalidades escuras. Enquanto em Beethoven, quase sempre, tudo se encaminha para uma grande e retumbante vitória, em Brahms as coisas são mais contidas, mais cautelosas, não há o otimismo de Beethoven, a vitória não é certa, só o sofrimento é que é. Mesmo assim, tanto a música de um quanto a de outro é música de luta, que nunca se rende ao infortúnio.
Brahms era melhor melodista que Beethoven. Suas melodias são carregadas de uma expressividade ao mesmo tempo tensa e apaixonada, serena e resignada. É o famoso equilíbrio de Brahms. Um coração romântico, uma mente clássica. Enquanto Beethoven desenvolve suas obras, na maior parte, com grandiloquência e explosão, Brahms evita os exageros românticos e torna sua obra uma música mais discreta, mais grave. A música de Brahms é séria, reflexiva, com pouco momentos de alegria ou descontração. É música firme, segura, com os pés no chão, de uma estrutura inabalável (tanto formal quanto psicologicamente).
Enfim, em Beethoven, tudo vence. Em Brahms, tudo é forte.
04 maio 2016
Constatações de um Pessimista
1ª - o homem
para não ter que morrer
trabalhando
se mata de trabalhar
2ª – siga o certo
o caminho correto
diz a placa
no meio do deserto
3ª – se quem nos desse nome
fosse a Hipocrisia
seríamos todos
José e Maria
4ª – as pessoas
dizem querer a luz...
é mentira:
a luz mostra tudo
02 maio 2016
Pesticidas e Transgênicos estão acabando com as abelhas: é o lucro aniquilando a humanidade
Quando Albert Einstein escreveu que "Se as abelhas desaparecessem da face da Terra, a humanidade terá mais quatro anos de existência", o cientista, apesar de toda sua genialidade, ainda não previa que hoje o desaparecimento das abelhas não seria apenas uma possibilidade assustadora, mas uma realidade vivenciada. Einstein acrescenta que "Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana."
Agora mesmo, foi divulgada a alarmante notícia de que as abelhas produtoras de mel estão desaparecendo do RS devido ao uso abusivo e criminoso de agrotóxicos (muitos deles proibidos no Brasil), de pesticidas que são simplesmente espalhados no ar sobre as lavouras, principalmente nas lavouras de soja. Os danos destes venenos que se propagam por dezenas, talvez centenas de quilômetros, é tão vasto que nem pode ser mensurado. É claro que não se restringe somente às abelhas, mas afeta todas as outras espécies da flora e da fauna, incluindo, como todos sabem, a ação direta e cumulativa na saúde humana. No entanto as abelhas são particularmente sensíveis aos pesticidas.
A ONU emitiu um alerta de caráter urgente onde adverte que os insetos polinizadores estão desaparecendo a uma velocidade sem precedentes, e argumenta que 75% das plantas precisam de polinização para se reproduzir, inclusive aquelas que servem de alimento ao homem e aos animais. Segundo a ONU, há três fatores principais que estão ocasionando o desaparecimento de insetos polinizadores como abelhas, vespas, borboletas:
- o uso de pesticidas;
- a propagação de espécies geneticamente modificadas (os transgênicos);
- a destruição de seus habitats naturais.
Em outras palavras, o que está acabando com as abelhas é a sede insaciável de lucro. Usa-se pesticidas para quê? Para se produzir mais em um curto período de tempo. Nem se pensa nas consequências. Da mesma forma, é com os transgênicos, onde as gigantes multinacionais do setor lucram bilhões de dólares todos os anos com a venda de sementes e com os royalties. A bancada do agronegócio aqui no Brasil vem facilitando, ou tentando facilitar, tanto o uso de agrotóxicos quanto a expansão dos transgênicos. Certamente, não é para o bem-estar da população. Mais uma vez, aqui cabe o meu poema:
Enquanto houver lucro...
enquanto houver lucro
não haverá vida
nem de quem perde
nem de quem lucra
enquanto houver lucro
só haverá o suco
do que é vivo sugado
enquanto houver lucro
não haverá o justo:
só o homem esmagado
enquanto houver lucro
não haverá paz
enquanto houver lucro
só haverá pás
a cavar covas
só haverá a sede
insaciável
de quem quer mais
só haverá a sede
insaciada
de quem
não tem nada
enquanto houver lucro
o homem será invólucro
de um monstro30 abril 2016
O Homem está Morto
Deus está morto:
fomos a nós que nos matamos
meu olho absorto:
foi sempre a sós por entre
os anos
o mundo é este porco:
e fomos só nós que o
carneamos
o amor é um aborto
e foi entre pós que nós o
causamos
o homem está morto:
fomos adeus que nos
mandamos28 abril 2016
da Liberdade
I - o livro
te torna livre
o livre
se torna livro
II - no hoje
ser livre
é não ter que ter
III - em meio
a toda suposta liberdade
há uma prisão latente:
aqueles que se julgam livres
leiam de trás para frente
a palavra "livres"
te torna livre
o livre
se torna livro
II - no hoje
ser livre
é não ter que ter
III - em meio
a toda suposta liberdade
há uma prisão latente:
aqueles que se julgam livres
leiam de trás para frente
a palavra "livres"
25 abril 2016
Al Pacino e Oscar Wilde: Wilde Salomé
Hoje, um dos maiores atores de todos os tempos, e o meu preferido, Alfredo James Pacino, ou Al Pacino, completa 76 anos. Mas não é por ser seu aniversário que escrevo este texto. É simplesmente porque há alguns dias assisti ao sensacional Wilde Salomé: uma espécie de filme/documentário/teatro, dirigido e escrito pelo próprio Al Pacino (onde o ator interpreta o rei Herodes), e baseado na peça teatral Salomé, do célebre poeta e escritor inglês Oscar Wilde. Claro que aproveito a data de aniversário do ator para realizar a postagem.
Al Pacino já dirigiu alguns filmes, todos eles de caráter alternativo, muito longe dos padrões sensacionalistas hollywoodianos, e sempre influenciados pela Literatura. Foi o caso, por exemplo, do filme Ricardo III - Um Ensaio, de 1996, baseado na obra de Shakespeare, e é o caso, mais recentemente, de Wilde Salomé, de 2011. O filme é, simplesmente, uma aula de cinema, literatura e teatro, não se detendo somente ao enredo da peça escrita por Oscar Wilde, mas também realizando uma análise da obra e da vida do escritor inglês, ao mesmo tempo em que tece considerações críticas sobre o teatro e o cinema contemporâneos.
Os personagens de Wilde Salomé são analisadas a fundo, trazendo reflexões acerca de seu comportamento psicológico. A história, a genialidade e as dificuldades da vida de Oscar Wilde também são abordadas, principalmente a sua coragem em trabalhar e desmascarar temas considerados tabus pela conservadora e hipócrita sociedade inglesa de finais do século XIX. Seu homossexualismo e sua prisão (devido à própria homossexualidade) são alguns dos assuntos explorados pelo filme de Al Pacino.
Percebe-se, então, que pessoas como Oscar Wilde, não apenas por ser homossexual, mas, e até mais, por ter a ousadia de tirar o véu de hipócritas, continuariam a ser odiadas pela nossa sociedade pós-moderna. Ainda mais aqui no Brasil, com os dias de "Bolsonarismo" em que estamos vivendo.
"A forma de governo mais adequada ao artista é a ausência de governo. Autoridade sobre ele e sua arte é algo de ridículo." Oscar Wilde.
24 abril 2016
Quem acredita, acredita no quê?
as pessoas não
acreditam
no que creem como
certo
acreditam no que
precisam
acreditar:
se é certo ou não
não há real
interessamento
acreditam no
prolongamento
do que são
ou do que julgam
como sendo:
acreditar é tentar
ser
sendo-se ou não
tanto é
que se pode
acreditar
em coisa qualquer
no que se quiser:
em paradoxos e
contraditórios
em mudanças e
inconstâncias
e tudo é válido
e tudo pode
desde o fanático
científico
até o enfático por
bodes
de modo que
acreditar
não é saber ou
achar que se sabe:
é a necessidade de
ser alguém
antes que seu ser
ou esse alguém
acabe21 abril 2016
Por que sou Contra o Impeachment, e o Poema que previu tudo
Sou um homem de posições. Abomino o "ficar em cima do muro", a prática covarde dos "amigos de todos", que, como se diz, não são amigos de ninguém. E, quando devo tomar uma posição, antes analiso quem está de um lado e quem está de outro. Claro que não é só isso que me levará a decidir. Mas ajuda bastante. Infelizmente, a minha real visão política, já não pode mais ser implementada na civilização.
Sou contra governos, sou um anarquista. E o verdadeiro anarquismo não é sinônimo de caos ou bagunça, é antes de consciência e liberdade individual. Mas hoje é uma utopia. Sendo assim, governos existem, e devemos nos posicionar dentro dos governos. Nesse sentido, sou totalmente antidireitista. E tenho, portanto, posições esquerdistas, embora não concorde com muita coisa dentro da esquerda. Ser de esquerda, não significa ser comunista, como pensam muitos que não aceitam posicionamentos contrários ao seu: "se é de esquerda é comunista." Isso não só é preconceituoso como é de uma ridícula ignorância. Ser de esquerda, no meu entender, é ser a favor das minorias menos favorecidas e a favor dos avanços sociais com humanidade, não com exploração.
No caso do Impeachment, sendo golpe ou não, sempre me posicionei contra. Não por morrer de amor pela Dilma, mas por considerar muito pior colocar Temer e o PMDB no governo. E duvido, com toda força da dúvida, que Temer convoque novas eleições. E muito menos será "impedido" também. E esse meu posicionamento foi confirmado quando analisei quem estava votando A FAVOR do impeachment:
- Bolsonaros e outros estúpidos pregadores de crimes contra o ser humano, que deveriam estar atrás das grades.
- Fanáticos religiosos exploradores do desespero de um povo ignorante e acomodado, enriquecendo "em nome de Deus".
- Corruptos praticamente declarados, deslavados, caricatos, que num dia gritavam, choravam pelo "fim da corrupção" e no outro tinham a polícia em sua casa devido a essa mesma corrupção.
- Homens como Luis Carlos Heinze, que expressou abertamente, e foi apoiado, todo o seu ódio por negros, índios e homossexuais.
- Homens como Paulo Maluf, um ícone da roubalheira e da impunidade no Brasil.
- Defensores da perda de direitos do trabalhador, que votaram pela terceirização, pela destruição ambiental para favorecer empresas, que votaram pelo financiamento privado de campanha, que votaram pela isenção de impostos das igrejas, que votaram para favorecer os que querem plantar mais transgênicos e com mais agrotóxicos, que votaram pelo perdão de multas de grandes empresas...
Toda essa gente votou a favor do impeachment. Então, sou contra.
Além do mais, descobri que sou profeta, Três dias antes do impeachment, escrevi um poema que previa tudo:
aos Homens de Bem
tantos que se julgam
grandes
mas não passam de bananas
e do mesmo cacho
tantos que se julgam rochas
mas não passam de farinha
e do mesmo saco
tantos que se levam a sério
mas não passam de balela
e de esculacho
tantos que desejam
aplausos...
pois bem: palmas
a seu circu(lo) de palhaços
19 abril 2016
A Queda da Humanidade: meu 3º livro
Amigos, conhecidos perguntam-me, às vezes, sobre meu próximo livro e comentam que ele está demorando para sair. De fato, está, por uma série de fatores. O principal deles é que optei por não realizar simplesmente uma coletânea de poemas escritos durante alguns anos, como fiz com meu 1º livro de poesias, que reuniu cerca de 250 poemas escritos entre 2007 e 2010. Meu próximo livro está sendo uma obra construída com mais cuidado, com mais método, seguindo uma determinação, uma intenção unificadora, o que não significa que eu não possa abordar os mais variados temas. Muitos dos poemas que escrevi desde meu 2º livro, publicado em 2010, não serão aproveitados agora.
Ainda não tenho previsão de lançamento, mas muito provavelmente será em 2017. A maior parte dos poemas já considero finalizada. Outros precisam ainda ser reelaborados, e ainda há os que não foram escritos. Também há a questão financeira a ser considerada. O título, penso, já está definido: A Queda da Humanidade.
17 abril 2016
O maior show de hipocrisia da história
Presenciamos um dos maiores shows de hipocrisia da história do Brasil. Talvez, do mundo. Ao vivo. Espetáculo, no mínimo, repugnante.
Políticos envolvidos e sendo investigados nos mais diversos escândalos de corrupção, como a bancada gaúcha do PP, votando, diziam eles CONTRA A CORRUPÇÃO.
Políticos que sempre votaram contra a vontade do povo, sempre defendendo os interesses das grandes empresas, do agronegócio e das classes sociais mais abastadas, votando, diziam eles, pela VONTADE DO POVO.
Políticos vendidos, antiéticos, desonestos, eleitos e sustentados por sonegadores de impostos, votando, diziam eles, pela DECÊNCIA NA VIDA PÚBLICA.
Políticos cansados de encontrar formas de burlar a lei para enriquecer ou para se favorecer na política, votando, diziam eles, pela LEI e pela CONSTITUIÇÃO.
Políticos que já deram show de preconceito, de discriminação, de intolerância, de autoritarismo, que apoiaram a ditadura militar, votando, diziam eles, pela DEMOCRACIA, pela LIBERDADE, pelos DIREITOS HUMANOS.
Políticos que só respondem à ganância, à mentira, ao egoísmo, à falsidade, à desumanidade, votando, diziam eles, em nome de DEUS e da FAMÍLIA.
Políticos que diziam querer tirar a presidente Dilma por corrupção, muito embora ela não esteja sendo investigada por nada, colocaram Michel Temer e Cunha na presidência, ambos sendo investigados por corrupção, e que, sinto informar, NÃO IRÃO CONVOCAR NOVAS ELEIÇÕES.
Dias sombrios aguardam a nação brasileira...
16 abril 2016
Perguntas de um Trabalhador que Lê
O título refere-se a um poema do poeta, escritor e dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898 - 1956). Abaixo, além do mencionado no título, há um outro poema do mesmo autor. Creio que tais obras são bastante adequadas ao momento pelo qual passa a nação brasileira:
Perguntas
De Um Trabalhador Que Lê
Quem
construiu Tebas, a das sete portas?
Nos
livros vem o nome dos reis,
Mas
foram os reis que transportaram as pedras?
Babilònia,
tantas vezes destruida,
Quem
outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da
Lima Dourada moravam seus obreiros?
No
dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram
os seus pedreiros? A grande Roma
Está
cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram
os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò
tinha palácios
Para
os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na
noite em que o mar a engoliu
Viu
afogados gritar por seus escravos.
O
jovem Alexandre conquistou as Indias
Sòzinho?
César
venceu os gauleses.
Nem
sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando
a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou.
E ninguém mais?
Frederico
II ganhou a guerra dos sete anos
Quem
mais a ganhou?
Em
cada página uma vitòria.
Quem
cozinhava os festins?
Em
cada década um grande homem.
Quem
pagava as despesas?
Tantas
histórias
Quantas
perguntas
Bertolt Brecht
A
árvore que não dá fruto
É
xingada de estéril.
Quem
examinou o solo?
O
galho que quebra
É
xingado de podre, mas
Não
haveria neve sobre ele?
Do
rio que tudo arrasta
Se
diz que é violento
Ninguém
diz violentas
Às
margens que o cerceiam.
Bertolt Brecht
14 abril 2016
aos Homens de Bem
tantos que se julgam
grandes
mas não passam de bananas
e do mesmo cacho
tantos que se julgam rochas
mas não passam de farinha
e do mesmo saco
tantos que se levam a sério
mas não passam de balela
e de esculacho
tantos que desejam
aplausos...
pois bem: palmas
a seu circu(lo) de palhaços
12 abril 2016
Elefante Africano rumo à extinção: mais de 100 mil mortos em 3 anos
E
então, terei que acrescentar mais uma espécie a meu poema "Versos
Inexistentes", que homenageia ALGUNS dos animais JÁ EXTINTOS pela
humanidade atual.
Versos
Inexistentes
Dodô
Emu-Negro
Foca-Monge
Asno-Sírio...
Leão-do-Atlas
Leão-do-Cabo
Zebra-Quagga
Ave-Elefante
Arau-Gigante
Íbis-Terrestre
Tigre-de-Bali
Tigre-do-Cáspio
Tigre-de-Java
Lobo-de-Honshu
Vaca-Marinha
Sapo-Dourado
Cervo-Schomburki
Gazela-Vermelha
Dugongo-de-Steller
Antílope-Azul
Raposa-das-Falklands...
Pombo-Passageiro
Lobo-da-Tasmânia...
Cabra-dos-Pirineus
Pato-do-Labrador
Jiboia-da-Ilha-Round
Rinoceronte-Negro...
Tartaruga-da-Ilha-Pinta
Lagarto-da-Ilha-de-Ratas
Wallaby-Rabo-de-Prego...
Pato-de-Cabeça-Rosa
Periquito-do-Paraíso
Bandicoot-do-Deserto
Rinoceronte-de-Sumatra
Arara-Vermelha-de-Cuba...
deixei
34 versos
inexistentes
e
mais uns outros
de
adeus:
quem
sabe
amigos
extintos
um
dia o meu destino
beberá
vinho tinto
na
presença
dos
teus...10 abril 2016
08 abril 2016
Vidas-Relógio
quantas
vidas-relógio
você tem?
acordar na
hora
dormir na
hora
chegar na
hora
comer
dentro da
hora
passear
dentro da
hora
cagar
dentro da
hora
terminar
antes que o
prazo acabe
ir comprar
antes que o mercado
feche
ir no banco
antes que as
3 horas bata
ir pagar
antes que a
conta vença
...
ufa! consegui...
morri.
06 abril 2016
de Lábios e de Lábios
o
cheiro de vida
que
há entre o beijo
o
cheiro de sonho
que
há pelo erro
o
cheiro de paz
que
há na tormenta
o
cheiro de amor
que
há entre o sangue
o
cheiro da morte
que
há entre os lábios
04 abril 2016
"O amigo de todos não é amigo de ninguém."
"Ter muitos amigos é não ter nenhum." Essa frase de Aristóteles sempre me chamou a atenção. Mas qual, afinal, o seu significado? Em geral, as pessoas a interpretam como a velha questão de que mais vale a qualidade do que a quantidade de amigos, e que ter muitos significaria que, na verdade, vários desses "muitos" não seriam amigos autênticos, seriam falsos, ou apenas conhecidos, enfim. Discordo dessa interpretação. Primeiro, porque é óbvia demais, segundo, porque, de acordo com esse entendimento, mesmo alguém não tendo tantos amigos como diz ou pensa, ainda assim teria alguns. Mas Aristóteles afirma que quem tem muitos não tem nenhum.
Uma outra interpretação possível seria a de que aquele que acredita que possui muitos amigo não sabe avaliar ou reconhecer o que é a verdadeira amizade. Consideraria como amigo qualquer tipo de relacionamento que, muitas vezes, seria apenas superficial ou momentâneo. De modo que, se fizesse uma análise profunda de suas amizades, poderia acabar por dar-se conta de que não possui nenhum amigo de verdade. Creio ser esse entendimento melhor que o primeiro, mas, ainda assim, falho, porque também poderia se reconhecer entre essas amizades "de superfície" algumas que fossem profundas e reais.
A melhor interpretação da frase de Aristóteles, a meu ver, é aquela que traz relação com frase semelhante, atribuída ao padre jesuíta e professor de filosofia, o francês Louis Bourdaloue (1632 - 1704). Afirma Bourdaloue, muito provavelmente influenciado pelo genial filósofo grego, que "O amigo de todos não é amigo de ninguém". Creio ser essa a melhor interpretação, porque a verdadeira amizade acarreta um posicionamento, uma escolha, é indissociável da lealdade, da fidelidade. Nesse sentido, ser amigo de alguém, é também ser, se não inimigo, ao menos "não simpático" às inimizades de seu amigo. Quem é amigo de todos, não tem um posicionamento na escolha das amizades, logo não poderá ser leal e fiel a nenhum dos amigos, porque não terá um "lado". E como se confiar em alguém que pode ser amigo de seu inimigo? Não se pode estabelecer amizade com alguém em quem não se confia. O "amigo de todos" é mais ou menos algo como aquele que acende uma vela a Deus e outra ao Diabo. A expressão popular "Amigo da Onça" ilustra muito bem meu comentário.
02 abril 2016
10 sinais de que o mundo se aproxima da 3ª Guerra
1 - A xenofobia, o "orgulho de raça", agora aliado ao "orgulho de sexo", crescem e tomam proporções absurdas em muitos países, inclusive no Brasil.
2 - Passamos por um período de perda e de restrições dos direitos individuais, de um lado devido ao terrorismo, de outro, devido às frequentes crises econômicas, que fazem com que os governos sacrifiquem sempre o povo, o que vem causando ondas de indignações e de revolta em todo o mundo. Enquanto isso, grandes corporações tornam-se mais e mais gananciosas, aumentando a bomba da desigualdade social e dizimando os recursos naturais.
3 - O desemprego é crescente, pois as empresas não querem abrir mão de seus lucros, logo, quem paga a conta é o trabalhador. Desemprego é sinônimo de desespero, que é sinônimo de atos radicais.
4 - Grupos políticos radicais de esquerda e de direita, principalmente de direita, vem crescendo e acirrando o ódio de classes em praticamente todo o mundo. De um lado, as classes mais baixas lutam para manter ou ampliar os direitos duramente conquistados, de outro, as elites lutam para manter seus privilégios e reduzir ou até acabar com direitos das classes menos favorecidas.
5 - A ascensão de grupos minoritários e tradicionalmente discriminados vem ocasionando uma reação violenta e inconsequente dos grupos majoritários e conservadores.
6 - O radicalismo e o fundamentalismo religiosos estão mais radicais e mais fundamentais a cada dia que passa.
7 - A ameaça à democracia em inúmeros países cria as condições necessárias para o desenvolvimento de governos militaristas e belicistas.
8 - A destruição ambiental e o progressivo desaparecimento de recursos naturais já está causando conflitos armados ao redor do planeta.
9 - As armas de destruição em massa nunca foram totalmente desativadas, e a segurança das mesmas é constantemente colocada em dúvida. Quem garante que não podem ser usadas por grupos radicais? Ou mesmo por governos?
10 - O humanidade nunca esteve tão sem sentido, caótica, egoísta e desesperada.
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