05 fevereiro 2014

Informe

o homem
(que já não tem reforma)
para hipocrisiar sua miséria
e na tentativa desinformada
de impedir que as forças se formem
formou toda forma
de (de)formações:

desde edifícios-ratoeiras
para (sobre)viverem amontoados
até máquinas práticas
(patético.)
para se acomodarem no nada
de suas disformes fôrmas vazias

e pensa entender
aquilo que se forma
com suas fórmulas cálculos cossenos...

mas não se pode
impedir que a Tormenta se forme
e se pode
cada vez menos


03 fevereiro 2014

da Destruição

o que será
será quando o é deixar de ser
e ponto.
fazer-se tabula rasa
e brasa
da lavoura que deu em nada
e plantar do nada
a próxima lavra

já dizia Picasso
que criar é destruir no antes
limpar o terreno
para plantar-se um outro outro
que será pleno
quando houver
e quando ouvir
o que for som de adiantes

tempestade que varre o que é tarde
teu cheiro que som sem alarde
joga ao não o que já (outra) era

tempestade que é o vir do que espera...

a destruição é a mão do que há-de
e há de surgir uma outra
outrora de (human)idade

01 fevereiro 2014

Eu Carneei um Porco

eu carneei um porco
de passo a passo
de pouco a pouco
antes
tive que derrubá-lo no chiqueiro
e estirado de corpo inteiro
se imundiciava na própria
merda
e se afogava na própria
baba
e se atolava no próprio
barro
carneei um porco
como quem cospe um catarro

depois de atado com a própria
corda
(que porcos se matam
com a própria corda)
cravei a faca no exato ponto
do cardíaco músculo corrupto
corrompido de pulsar na imundícia

e ele gemia grunhia berrava
que nem mais se diria
que era o rei do chiqueiro
e caiu ao seu nível de porco
ou parecia mais ser um orc
de sangue negro nojo e podre

eu carneei um porco
que bicho baixo pobre e sujo
quando fedor daquele bucho
e que temor naquele olho gordo
que não se volta nunca ao céu
que nunca mira a luz do sol

eu carneei um porco
que morte vulgar e treda
quantos vermes naquelas tripas
quantas doenças naquelas pregas

enquanto seus órgãos
estavam ainda mornos
extirpei as carnes do porco
e dei de comer aos corvos


31 janeiro 2014

A Piada da Nova Era Glacial e a Irresponsabilidade Humana

Circulou na internet, e creio que ainda circula, uma suposta teoria científica formulada por cientistas russos e japoneses onde se afirma que neste ano, 2014, começaria uma nova Era Glacial em nosso planeta. Gostaria de saber em quais fatos tais cientistas se apoiam, ou se confirmando minhas suspeitas com relação à ciência atual, nossos cientistas vivem no "mundo da lua" (ou seria no de Marte?) distantes da realidade de nossa civilização.

Utilizam tais senhores, como uma das "provas" de sua teoria,  o inverno extremamente frio vivido pelos EUA este ano, um dos mais intensos do século. É verdade, o frio é recorde. Porém, esses cientistas esquecem que o inverno norte-americano, apesar de absurdamente frio, demorou a chegar, iniciou mais tarde que o de costume, e que o Alaska, estado americano famoso pelos invernos polares, estava com sua temperatura bem ACIMA da sua média histórica.

Gostaria de saber o que dizem esses "homens de ciência" a respeito do VERÃO RECORDE vivido pelo Cone Sul neste período 2013/2014. A Argentina e o Uruguai suportam o verão mais quente do século, e a situação não é diferente aqui no RS (e nem precisa que eu diga). O próprio jornal Correio do Povo noticiou que as temperaturas máximas e mínimas em Porto Alegre em meados de janeiro deste ano bateram o recorde histórico e tornaram-se as temperaturas mais altas registradas na capital gaúcha desde que se iniciaram as medições oficiais. O verão de 2012/2013 no Brasil também havia sido recorde, como demonstra a imagem acima. 

E, para não ficar somente na América, também a África e a Oceania sofrem este ano com verões tórridos. Na África, a desertificação não cessa de aumentar pelo calor crescente e pelo mau uso da terra. A Austrália também tem registrado recordes de temperaturas máximas, com incêndios florestais frequentes. Da mesma forma, lembro que o verão europeu e norte-americano do ano de 2013 foi extremamente quente, com um sem-número de incêndios florestais, pessoas morrendo de calor e recordes de temperatura máxima em países tradicionalmente frios, como a Inglaterra. 

Um outro FATO que tais cientistas parecem ignorar, é que Ranga Myneni, do Departamento da Terra e do Meio Ambiente da Universidade de Boston, em um comunicado de imprensa da NASA, afirmou:

 “As latitudes maiores do Norte estão ficando mais quentes, o gelo do mar Ártico e a duração da cobertura de neve estão diminuindo, a estação de crescimento está ficando mais longa e as plantas estão crescendo mais, No Ártico e nas zonas boreais do Norte, as características das estações do ano estão mudando, causando grandes perturbações para plantas e ecossistemas associados. (...) Isso põe em movimento um ciclo de reforço positivo entre o aquecimento e a perda de gelo do mar e da cobertura de neve, que chamamos de efeito estufa ampliado. O efeito estufa poderia ser ainda maior no futuro, enquanto os solos no Norte descongelam, liberando quantidades potencialmente significativas de dióxido de carbono e metano.”  

Já escrevi sobre isso aqui. Poderia citar muitos outros exemplos do tipo, mas deixo para que o leitor pesquise por si próprio.

Então, o que sempre soube, é que a ciência se deve basear em fatos. Os fatos, no meu entender, demonstram que o calor não só continua intenso em nosso planeta, mas vem crescendo gradualmente. De modo que questiono: de um onde eles tiram uma Nova Era Glacial? Farsa? Sensacionalismo? Equívoco mesmo? Ou é simplesmente aquela necessidade que possui o ser humano, todos nós, que é a de FUGIR ÀS NOSSAS RESPONSABILIDADES? Sim, porque creio que é fácil, bastante cômodo para nós, seres poluidores e destrutivos, afirmar que o planeta não está aquecendo e que as alterações climáticas inegáveis não são de responsabilidade humana. Assim como cada um de nós prefere não admitir culpa alguma, também a humanidade, que é a extensão do indivíduo, prefere não assumir as suas. E então podemos continuar consumindo e poluindo com bem menos culpa. Até quando?

Bem, eu não direi que é impossível que essa nova era de gelo não venha a ocorrer. Pode ser que sim. E eu ficaria muito feliz se assim fosse, afinal, amo o frio. Mas não é o que demonstram os fatos. Pode ser que o Aquecimento Global regrida, ou cesse, ou a situação simplesmente se inverta e principie realmente uma era de frio intenso. Pode ser. Mas infelizmente, eu não acredito. 

29 janeiro 2014

Não Sirvo*

vós me perguntastes
em algum (de nenhum) tom
entre o fútil e o nada
(como se perguntar
o que verdade
a deixasse declarada)
o para quê?
serviria um poeta

respondi
(como se nem estivesse aqui)
que poeta
(se poeta)
não serve pra nada
e não serve a ninguém

poeta
(entre espinhos
com a espinha sempre em riste)
é o que ainda resiste
em ser-se

a função do poeta
é não ter função na vida
mas ser o ser em si
num mundo
onde todos são como todos
e um alguém é o mesmo ninguém

sou-me
(ainda
que em um além)...

ser-me.
jamais ser-vos

*Poema reelaborado e republicado

28 janeiro 2014

O Incômodo da Liberdade de Expressão


Creio que o breve comentário abaixo publicado relaciona-se perfeitamente com que estamos vivendo em nossa cidade. Tentativas mascaradas de coibir a liberdade de expressão, para evitar que certas coisas que estão ocultas, ou semi-ocultas, permaneçam assim.

O blogueiro e jornalista Jorge Loeffler, que edita um dos blogs mais bem conceituados do estado, http://praiadexangrila.com.br/, comentou o que está abaixo em um texto de minha autoria que ele mesmo publicou por iniciativa própria em seu blog:

"Digo eu – já respondi a alguns processos em decorrência do blog. Até o ex-perfeitinho me processou. Também o Sargento quando era o chefe do TCE. Um dia ao tomar uma lata de refrigerante em um boteco dele em Praça Pública, pois aqui tudo pode, paguei e pedi nota fiscal. Tinha a máquina fotográfica. Instantes depois de haver pedido a nota fiscal, surgiu o sargento e seus dois capangas tentando me constranger. Disse a ele algo que o fez correr imediatamente ao Foro e retirar o processo. Tem muita gente que gosta muito de processar jornalistas independentes que EDITAM BLOGS E NÃO VENDEM ESPAÇO, SENDO ASSIM LIVRES PARA EXPRESSAR O QUE PENSAM. 
A BLOGOSFERA TIRA O SONO DE MUITOS. AZAR O DELES."

Jorge Loeffler

Já eu, digo o seguinte. É até bom que coloquem processinhos clichês do batido "pra calar a boca". Porque através deles muitas coisas contra quem processou podem ser reveladas, e até provadas, coisas essas que, sem os processos, talvez nem fossem mexidas. Comumente, o feitiço volta-se contra o feiticeiro.

26 janeiro 2014

O Fatal do que é Limite

desde aquele auge do sol
que é só o momento de o ser
e tudo o mais é passo à noite...

desde aquele auge instante
é descida que abisma no adiante
ao movimento lento
que te não sustento
desde a queda treva
do fechar cadente
do silente da pálpebra
desde o que é céu
ao que é trágica

desde aquele alento forte
alento denso vasto
em esperança de vastado
( aquele alento forte)
aquele alento último
que precede a morte

desde aquele alento-ápice
o fatal do que é limite
a quietude antes da tormenta
o antes do que se decide

o passar ao outro lado
do ponto que é o mais alto
o abaixo do que foi montanha
o balão cujo limite estoura
o reverso do que reluz e doura

a finitude exalando sinais
o não se poder mais nada
e o não se fazer mais
o destino do que sobe
e um dia não se sustenta
o preço batendo na porta
a gordura entupindo a aorta
aquilo tudo
de que não se pode ir além
o deixar de ser
e o inverso que vem...

24 janeiro 2014

"Sinto o ar de outros planetas" no Quarteto n°2 de Schoenberg

Música e Literatura sempre andaram de mãos dadas. Desde os tradicionais lieder e óperas até as peças incidentais, balés, poemas sinfônicos etc.  Uma das mais inusitadas união entre música e literatura foi a inclusão de um poema cantado por uma soprano no Quarteto para Cordas n°2, Op.10, de Arnold Schoenberg (1874-1951), escrito em 1908.

Até então, um quarteto para cordas, assim como a sinfonia antes da 9ª Sinfonia de Beethoven, era exclusivamente instrumental, sem interferências vocais. Schoenberg  quebrou o paradigma incluindo uma soprano que canta o poema Êxtase do poeta alemão Stefan George (1868-1933) nos dois últimos movimentos da obra. O texto do poema, de características simbolistas e expressionistas, de versos sem métrica, é perfeitamente adequado à obra de Schoenberg, que é uma peça de transição do tonalismo para o atonalismo, o próprio quarteto vai se tornando cada vez mais atonal conforme se aproxima do fim (música atonal é aquela em que não há um tom, uma tonalidade predominante, quebrando, assim, a estrutura clássica em que se insere a música ocidental). Schoenberg foi um dos pioneiros da atonalidade.

O início do poema de Stefan George, "Sinto o ar de outros planetas", nos dá uma ideia bastante sugestiva daquela sensação de estranheza e obscuridade que a música atonal de Schoenberg nos passa, onde a quebra do centro tonal relaciona-se com a ausência ou diferenças de gravidade de um outro planeta ou de outras regiões do espaço, e ainda a ausência de referenciais terrestres do eu-lírico pode também relacionar-se à ausência de tonalidade, principalmente nos últimos movimentos, como sugere o poema em alguns trechos, tais como: "eu me desprendo em sons...", "sinto como se nadasse acima da última nuvem..." "E árvores e trilhas que amo me faltam/ De modo que mal as reconheço..." Música e Literatura envoltas em mistérios cósmicos. 

Abaixo, o poema de Stefan George:

Êxtase

Sinto o ar de outros planetas.

Os rostos, gentilmente voltados para mim, desvanecem pálidos na escuridão.

E árvores e trilhas que amo me faltam

De modo que mal as reconheço; e tu, brilhante e

Amada sombra – chamado de meus tormentos –

Agora estás apagada, extinta em ardor profundo

Para, depois da vertigem de um frenesi belicoso,

Animar-me com um piedoso arrepio.

Eu me desprendo em sons, circundando e tecendo infundados agradecimentos
[e impronunciáveis elogios.

Entrego-me ao Destino sem temores.

Quando me sobrevém uma impetuosa dor,

Na embriaguez da solenidade, onde imploram
[aos gritos

As rezadeiras, jogadas à poeira:

Então eu vejo como nuvens perfumadas de neblina
[se elevam

Em uma amplidão clara e ensolarada,

Que cerca apenas os cumes mais distantes das
[montanhas.

O solo treme branco e macio como coalhada...

Eu escalo penhascos pavorosos e

Sinto como se nadasse acima da última nuvem,

Em um mar de brilho cristalino –

Eu sou apenas uma fagulha do fogo sagrado.

Eu sou apenas um murmúrio da voz sagrada.

Stefan George

(Na imagem, Schoenberg pensando em como fazer mais música estranha.)



23 janeiro 2014

Sempre haverá Noite

leis políticas instituições
prédios cidades civilizações
rolarão por terra um dia
mas sempre haverá noite...

séculos décadas anos
vidas sonhos planos
deixarão a terra um dia
mas sempre haverá noite...

dedos rodas moedas
homens coisas pedras
não serão na terra um dia
mas sempre haverá noite...

a noite funda de mistério
treva em que se gera a luz
e surge tudo o que era
e tudo o que foi-te
e tu sempre estará na Noite...

(Na imagem o quadro "Pescadores ao Mar" de William Turner.)


22 janeiro 2014

E-mail a respeito da Legalização da Maconha

O texto abaixo foi-me fornecido pelo amigo Ruy Gessinger, o qual foi publicado em seu blog (clique aqui) e tem relação com o meu texto anterior, a respeito de proibições e da legalização da maconha no Uruguai. O texto foi originalmente publicado na coluna de Flávio Pereira e é um e-mail enviado a este pelo publicitário Victor Hugo Zampetti Barrios. Transcrevo-o na íntegra:

"Uruguai: O impacto da maconha nos negócios.

Sobre o impacto  nos negócios imobiliários,após a liberação do consumo de maconha no Uruguai, esta coluna recebeu do publicitário Victor Hugo Zampetti Barrios, sócio proprietário da Zampetti Publicidade, algumas considerações sobre o tema.

“Prezado Flavio: Na realidade Mujica (José Mujica,presidente do Uruguai)  criou  a lei,para limitar o trafico de outros paises como Colombia, Bolivia, Paraguay, deslocando para a maconha o consumo de outras drogas.

É uma lei que abriga, e obriga a viciados à receita para adquirir o produto nas farmácias Na realidade não podemos fazer como o avestruz colocar a cabeza no buraco,todos sabemos que aqui no Brasil se fuma ,se consome,etc,etc,mas não por este motivo se deixam de fazer negócios.

É importante que se saiba  que o assunto da Marihuna e maconha (canabis) passou por 5 anos de estudos de agrônomos uruguaios. A partir destes estudos, em breve o próprio gado uruguaio vai comer canabis, e com isto eles – os cientistas -  provam que a carne ficará ainda mais terna e macia.

Por outro lado a erva mate terá , com base nesses estudos, uma mistura de um percentual de 10 por cento de canabis com isto se acredita que o câncer de esôfago que é um dos principais tipos de cancer no Uruguay diminua em função desta mistura.

Os estudos indicam ainda que teremos temperos,sucos,roupas (canhamo) com mistura da canabis.

Na realidade se produzira e se dará respaldo a industria uruguaya,para que não seja algo que provoque o “narco turismo”.

Veja que nos ultimos tres anos,a migração de Brasileños que têm ido a vivir no Uruguay por causa da violencia no Brasil é algo que assombra: os aposentados estão escolhendo Uruguya para morar. E,  sabe porque porque ? No Uruguay se valoriza a terceira idade; então acredito que os negócios imobiliarios tendem a crescer ,mas naturalmente debem ser estudados, planejados, pesquisados Nós cuidamos da publicidade da Bueno Imóveis e hoje a Bueno está fazendo mais negócios em Punta Del Este que aqui em Porto Alegre,durante o verão logicamente.

Abraço aos teus leitores,

Victor Hugo Zampetti Barrios”

20 janeiro 2014

Uruguai, Mujica, Liberdade e Proibições

O Uruguai sempre foi um país de maior desenvolvimento social e cultural que o Brasil. Foi e é ainda mais. Não é à toa que o chamam de a "Suíça da América do Sul". Sou um admirador do Uruguai e também do seu atual presidente, José Pepe Mujica. É um homem que, além de ter a coragem de ser simples e humano em um mundo de aparências e de louvor ao tecnológico, vem sendo um símbolo da expressão da liberdade, direito humano fundamental que vem sendo ameaçado em muitos países devido às políticas ditas "antiterrorismo", ao condicionamento exercido pelo pensamento único midiático, à pretensão de controle da internet, aos interesses dos grandes grupos econômicos, entre outros fatores.

A direita brasileira, as elites, as viúvas da ditadura odeiam o Mujica. Normal. Eles não gostam de liberdade, seu negócio é proibir o máximo que puderem, inventar leis e normas que protejam seus interesses, coibir, censurar, enfim, acham-se os senhores do que é correto, julgam que sabem plenamente o que é bom para todos.  Já a esquerda brasileira, de um modo geral, é covarde. Não tem a coragem de Mujica. Às vezes nem esquerda não é. 

Mujica Liberou a maconha, por exemplo, e fez muito bem, por um motivo extremamente simples: como disse Montaigne: "Proibir algo é despertar o desejo". Os governos preferem proibir a educar. No Brasil é assim. Proibir é fácil, é só outorgar uma lei e pronto. "Não faz isso porque a gente não quer que tu faças!" Agora, educar, PARA QUE CADA UM DESENVOLVA SUA CONSCIÊNCIA PARA DETERMINAR POR SI PRÓPRIO O QUE É BOM PARA SI OU NÃO, aí fica bem mais complicado. Sai mais caro. Leva mais tempo. E se corre o sério risco de gerar-se seres pensantes, críticos, sensibilizados, que não caem tão facilmente nos engodos dos governos e nas ilusões da moda e da mídia.

Por isso sou contra proibições. Quase toda proibição é um autoritarismo, uma arbitrariedade que esconde uma ausência e um descaso com a educação e/ou uma forma de privilegiar interesses particulares ou de determinados setores dominantes da sociedade mascarando-se com o "é para o bem-estar comum e para o progresso da nação". Se não me engano, foi o romano Tácito que disse: "O estado mais corrupto é o que tem mais leis." Essa frase e o Brasil são mera coincidência. 

Aqueles que defendem a proibição total das drogas devem estar realizados com o sucesso da política antidrogas brasileira, que proíbe tudo, menos o álcool: o tráfico cada vez mais forte e o número de usuários cada vez maior. Esses são os que preferem policiais nas ruas matando bandidos do que crianças nas escolas aprendendo a viver e a pensar. Pensar faz mal. É perigoso. Pode mudar a "ordem natural" das coisas. O bom mesmo é proibir.

18 janeiro 2014

Entrevista para a Casa do Poeta e o poema Desprezo

Hoje fui entrevistado no programa Palavras e Ondas na rádio Central FM pelos amigos Fátima Friedriczewski e Márcio Brasil, da Casa do Poeta de Santiago, entidade que ajudei a fundar, e que vem prestando inúmeros serviços em prol da cultura, da educação e da arte em Santiago. 

 No programa, a Fátima leu alguns de meus poemas publicados no meu livro Poemas do Fim e do Princípio, publicado em 2010. Chamou-me a atenção um poema lido do qual eu nem mais me lembrava, mas que, ouvindo-o sendo muito bem declamado pela Fátima (que é, como eu, amante dos felinos), decidi postá-lo aqui para dividi-lo com os leitores.

Desprezo

quero ser aquele gato
negro bicho tão noturno
que não tem culpa de nada
que com nada mais se importa
que não tem seu rabo preso
pra fugir da humanidade
me ocultar entre o oculto
e miar para o infinito
pra ser sempre vagabundo
vendo almas e fantasmas
sem provar pra todo mundo
pra sonhar sem ter os sonhos
e dormir por entre a lua
quero ser aquele gato
ser sagrado e ser profano
ser um deus ser um demônio
e no fundo bem no fundo...

desprezar o ser humano




17 janeiro 2014

de Sapos Cobras e Corvos

sou amigo do sapo
aquele bicho que outros
consideram escroto
que canta como se fosse arroto
mas que o mundo livra das baratas

sou amigo da cobra
aquele bicho que outros
consideram a morte
cujo encontro é falta de sorte
mas que o mundo livra das ratazanas

sou amigo dos corvos
aquele bicho que outros
consideraram agoureiro
urubu abutre carniceiro
mas que o mundo livra do que não presta

sou amigo de todos
aqueles bichos malditos
que os mauricinhos patricinhas hipócritas
sentem nojo
temem fogem matam
de todos aqueles bichos
que
( e o digo
em palavra simples destemida)
sem eles
talvez não houvesse vida

14 janeiro 2014

Sorrir é um Mistério

diante dos agros campos
do que deve ser dito
(e o que deve ser dito
é sempre maldito)
faço com que as agruras
do que é mundo
fiquem gravadas
com sua devida gravidade

quando falo sério
serializo
como o serial killer
(quando o falo é sério)
e quando é um sorriso
ironizo
(que sorrir
é um mistério...)

diante dos agros versos
do que deve ser lido...

o que ganho com isso?
o ser digno:
antes
um poeta que saia agredindo
do que mil poetas
que saiam agra...dando

12 janeiro 2014

Restos de Civilização

dente
cariado
dentre
caído
quedado
por dentro

destecla
de piano
de
cadência
de marcha
de fúnebre

de década
em década
de cágono
descarga
a com passo
de cágado

peito
desfeito
de peido

engasgo
gago
caco
caralho

falo falhado
de falácia
de falência

humanidade...
farelo

e decadência

10 janeiro 2014

Poema publicado no Pragmatha

O poema abaixo foi publicado no Caderno Literário Pragmatha, de Porto Alegre (clique na imagem para ampliar).


09 janeiro 2014

Texto Publicado no Sul21

Aqui em Santiago, em seus sites de notícias, creio que muito dificilmente o texto "Acorda, Sociedade Santiaguense! A luta pelo respeito e valorização do humano e pelo direito sagrado da Liberdade de Expressão" seria publicado. E o santiaguenses sabem o motivo. Sou o maldito da cidade, o que escreve o que outros não querem ou não gostam, ou o que outros não têm coragem de dizer. Sou livre. A liberdade acima de tudo. E de ser assim e de  lutar pela liberdade e pelos direitos humanos jamais desistirei e jamais me arrependerei.

Felizmente, há outros sites de notícias, bem maiores que o de Santiago, e de absoluta seriedade. É o caso do Sul21, onde meu texto em questão foi publicado, que é de Porto Alegre e abrange todo o Rio Grande do Sul, e até mais. E tenho informações de que o texto repercutiu bastante por lá. E fora de lá.

Para ler o texto no Sul21, clique aqui

Meus agradecimentos ao Milton Ribeiro e ao Sul21.