O título é a manchete de uma pequena notícia veiculada no jornal Correio do Povo do dia 1° de julho, na página 15. Refere-se a uma manifestação contra o Projeto de Lei do Ato Médico realizada no centro de Porto Alegre com o objetivo de pressionar a presidente Dilma a vetar o projeto que dá exclusividade aos médicos para realizar diagnóstico e prescrição terapêutica. Psicologia, Enfermagem, Serviço Social, Biologia, Biomedicina, Farmácia, Fisioterapia, Educação Física, Fonoaudiologia, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional uniram-se contra o absurdo e o retrocesso do "ato médico".
Loiva Leite, presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul afirma que "O ato médico fere não só as demais profissões, mas todo o paradigma de saúde que o Brasil conquistou na construção do Sistema Único de Saúde (SUS). (...) Não concordamos que 12 profissões fiquem tuteladas pela profissão médica".
Já escrevi no blog a respeito do assunto (clique aqui). Solidarizo-me com as profissões mencionadas acima, pois há muito considero não só um absurdo, mas um desrespeito, um atraso e uma burrice a dominação totalitária dos médicos na área da saúde. Por que mesmo os profissionais da Medicina saberiam mais de saúde que outros profissionais que estudam tanto quanto eles? E como alguém pode considerar correto e justo um médico interferir (e mais que interferir, mas também dar o seu "aval") em outras áreas sobre as quais não tem o conhecimento necessário?
Entendo, no entanto, o porquê de o Congresso Nacional ter aprovado essa imbecilidade. É que o lobby dos médicos, todos sabem, sempre foi e continua sendo fortíssimo por lá. Sem falar que rola muito dinheiro quando o assunto é medicina. Alem do mais, o Brasil ainda é um país de caráter patriarcal onde o povo, inculto e geralmente submisso, vê o médico como dotado de poderes divinos. Longe de mim generalizar, mas há muitos médicos de uma arrogância e de uma frieza humana realmente estúpidas. Há alguns que tratam o paciente como um pedaço de carne ambulante (às vezes, nem ambulante...). Estou certo de que cada um dos leitores conhece, ao menos, algum médico dessa categoria. Que acaba denegrindo a imagem dos médicos sérios e verdadeiramente preocupados com seus pacientes.
Da mesma forma, considero um roubo o preço de uma consulta particular. Sim, um roubo, um assalto autorizado por lei. Cobrar 300, 400, 500 reais por uma consulta de 10 minutos? Se não é roubo, é o quê? Em países europeus, por exemplo, o médico é visto como ele é: um profissional necessário e importante como todas as demais profissões, que deve dar o melhor de si assim como deve fazer todo e qualquer profissional sério e responsável. Não mais que isso. Nem menos. Por que aqui no Brasil querem manter e até ampliar um domínio burro, retrógrado e desrespeitoso?
E basta também dessa mania imbecil de se chamar médico e advogado de doutor. É doutor se tiver doutorado. O que também não torna ninguém melhor, pois há doutores reais (ou seja, com doutorado), em diversas profissões, que mal sabem escrever e/ou falar em público. Não é para o Brasil acordar? Vamos ver se acorda para isso.