02 julho 2013

"Doze profissões contra o Ato Médico"

O título é a manchete de uma pequena notícia veiculada no jornal Correio do Povo do dia 1° de julho, na página 15. Refere-se a uma manifestação contra o Projeto de Lei do Ato Médico realizada no centro de Porto Alegre com o objetivo de pressionar a presidente Dilma a vetar o projeto que dá exclusividade aos médicos para realizar diagnóstico e prescrição terapêutica. Psicologia, Enfermagem, Serviço Social, Biologia, Biomedicina, Farmácia, Fisioterapia, Educação Física, Fonoaudiologia, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional uniram-se contra o absurdo e o retrocesso do "ato médico".

Loiva Leite, presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul afirma que "O ato médico fere não só as demais profissões, mas todo o paradigma de saúde que o Brasil conquistou na construção do Sistema Único de Saúde (SUS). (...) Não concordamos que 12 profissões fiquem tuteladas pela profissão médica". 

Já escrevi no blog a respeito do assunto (clique aqui). Solidarizo-me com as profissões mencionadas acima, pois há muito considero não só um absurdo, mas um desrespeito, um atraso e uma burrice a dominação totalitária dos médicos na área da saúde. Por que mesmo os profissionais da Medicina saberiam  mais de saúde que outros profissionais que estudam tanto quanto eles? E como alguém pode considerar correto e justo um médico interferir (e mais que interferir, mas também dar o seu "aval") em outras áreas sobre as quais não tem o conhecimento necessário?

Entendo, no entanto, o porquê de o Congresso Nacional ter aprovado essa imbecilidade. É que o lobby dos  médicos, todos sabem, sempre foi e continua sendo fortíssimo por lá. Sem falar que rola muito dinheiro quando o assunto é medicina. Alem do mais,  o Brasil ainda é um país de caráter patriarcal onde o povo, inculto e geralmente submisso, vê o médico como dotado de poderes divinos. Longe de mim generalizar, mas há muitos médicos de uma arrogância e de uma frieza humana realmente estúpidas. Há alguns que tratam o paciente como um pedaço de carne ambulante (às vezes, nem ambulante...). Estou certo de que cada um dos leitores conhece, ao menos,  algum médico dessa categoria. Que acaba denegrindo a imagem dos médicos sérios e verdadeiramente preocupados com seus pacientes.

Da mesma forma, considero um roubo o preço de uma consulta particular. Sim, um roubo, um assalto autorizado por lei. Cobrar 300, 400, 500 reais por uma consulta de 10 minutos? Se não é roubo, é o quê? Em países europeus, por exemplo, o médico é visto como ele é: um profissional necessário e importante como todas as demais profissões, que deve dar o melhor de si assim como deve fazer todo e qualquer profissional sério e responsável. Não mais que isso. Nem menos. Por que aqui no Brasil querem manter e até ampliar um domínio burro, retrógrado e desrespeitoso?

E basta também dessa mania imbecil de se chamar médico e advogado de doutor. É doutor se tiver doutorado. O que também não torna ninguém melhor, pois há doutores reais (ou seja, com doutorado), em  diversas profissões, que mal sabem escrever e/ou falar em público. Não é para o Brasil acordar? Vamos ver se acorda para isso.

5 comentários:

Ana Bailune disse...

Desses médicos arrogantes e presunçosos, conheci vários na ocasião em que minha mãe adoeceu. Percebi também que quando se fala mais alto com eles, mostrando que conhecemos nossos direitos, eles encolhem. Mas quase tudo neste país é uma droga. Espero que alguma coisa mude agora. Tenha um ótimo dia!

Stéphane Alves disse...

NUNCA LI TANTA BESTEIRA E IGNORÂNCIA EM UM TEXTO SÓ!
Apenas o diagnóstico nosológico é privativo do médico.
Por acaso você sabe o que é isso?!

Por acaso você leu o PL na íntegra??!!

Em nenhuma linha do PL há algo que fere as demais profissões, elas já estão bem resguardadas e bem delimitadas pelos seus próprios Conselhos Federais.
O próprio parágrafo 7º do Art. 4º do projeto deixa claro: serão resguardadas as competências próprias das profissões de assistente social, biólogo, biomédico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, profissional de educação física, psicólogo, terapeuta ocupacional e técnico e tecnólogo de radiologia.


Al Reiffer disse...

Bem, Stéphane, então por que mesmo que as 12 profissões estão protestando tanto? 12 profissões! Estão protestando por besteiras e ignorâncias?

Pedro disse...

Tirando a parte da acupuntura, que eu até concordo que é reserva, os demais estão protestando porque não leram o projeto, talvez por um medo infundado mas isso tem solução e tá tudo lá, preto no branco. Alias vc não respondeu a pergunta dela, leu o projeto na integra?

Al Reiffer disse...

Não, Pedro, eu não li, confio que as 12 categorias de profissionais o tenham lido e o interpretado devidamente, e visto nele algo que as prejudicasse. Não acredito que esses profissionais sejam tão imbecis a ponto de protestar por algo que estaria claramente adequado a todos. Se protestam, é porque na visão deles há injustiças. Por outro lado, não esperaria que um médico ou estudante de medicina concordasse com os protestos, o que espero é que julgue o projeto completamente, ou quase isso, justo e adequado. Entre a visão dos médicos e a visão das outras 12 profissões, prefiro ficar com a visão da maioria. Definitivamente. E também pelos motivos que escrevi em meu texto, um deles, a arrogância de grande parte dos médicos, muito bem conhecida por mim.