A Eurocopa 2012 acabou domingo. A Espanha conquistou seu tricampeonato. E com justiça. O que não foi justo foram os inúmeros casos de racismo contra jogadores de algumas equipes, como holandeses, tchecos e italianos, os quais foram insultados, simplesmente por serem negros, por croatas, poloneses, russos e ucranianos. Quem quiser saber mais, clique aqui , aqui e aqui.
O mais interessante, ou vergonhoso, nesses casos de racismo é que eles partiram de povos que sofreram o inferno exatamente devido ao racismo dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Quem conhece um pouquinho de história sabe que os nazistas consideravam os poloneses e demais eslavos (ucranianos, russos, croatas etc.) como “raças impuras”. Não eram apenas os judeus e negros que o nazismo julgava como “seres inferiores”. Os horrores vividos pelos poloneses, por exemplo, durante a Guerra, deveriam ser mais do que suficientes para extirpar de seu povo qualquer atitude e sentimento racistas. No entanto, ridícula e tragicamente, o que vemos ocorrer é justamente o contrário. Cada vez mais a Europa se afunda no racismo e no ódio aos estrangeiros, principalmente contra africanos e árabes. Mas, e todos sabem, outros povos também não são bem-vindos lá, entre eles, nós, brasileiros. É claro que não vou generalizar, sei que há europeus realmente não-racistas. Mas parece que não representam o sentimento da maioria. A Segunda Guerra foi justamente o desembocar catastrófico de tanto racismo e ódio disseminados, acumulados e entranhados entre os povos europeus...
O que eu sempre questiono são essas pessoas utópicas e/ou otimistas que tentam de todas as formas enxergar um mundo melhor e afirmam, entre outras coisas, que não somos mais racistas como no passado e que não há mais preconceitos em geral como antes havia. É incrível como a luz do otimismo cega! É verdade que avançamos na legislação contra o racismo e contra outros preconceitos; também é verdade que há uma maior conscientização da população em geral de que não devemos ser racistas. Porém, dentro de cada ser humano, o que foi que realmente mudou? Muitas pessoas que se dizem não-racistas verdadeiramente não o são ou apenas seguem uma “moda” de não ser racista? Será que, em muitos casos, não estão apenas acobertando ou disfarçando o seu racismo para não serem “mal-vistas” ou para evitar sofrerem um processo? É claro que somente o fato de se julgar “feio” ser racista já é um avanço. Porém, lá dentro, no interior sombrio e oculto da psique humana, o racismo permanece vivo, e bem vivo, esperando uma oportunidade para se manifestar. E em um momento pode se manifestar com uma explosão.
E oportunidades ocorrem, por exemplo, na internet, onde a sensação de anonimato e impunidade tornou o campo fértil para a proliferação do crime do racismo e muitos outros, como a pedofilia. Outra oportunidade ao racismo são os jogos de futebol, em que as torcidas, considerando-se protegidas pela multidão que torce enlouquecida, sentem-se livres para soltar de dentro de si o seu monstro racista, até então acorrentado pelas convenções sociais. E isso não só na Europa, mas também aqui na América do Sul, aqui no Brasil inclusive, país tido geralmente como não-racista. Aqui no RS, o racismo no futebol é deveras comum. E o que há de mais ridículo, vergonhoso e incoerente nisso tudo é que muitos torcedores insultam jogadores e torcedores negros de outros times enquanto nos próprios times para os quais torcem há jogadores e torcedores negros. E quando um jogador negro do seu time faz um gol, o jogador é um herói. A humanidade é mesmo uma piada. De mau gosto.
Mas ninguém quer admitir o seu racismo, muitas vezes nem para si mesmo. Nem o seu racismo nem a sua hipocrisia. Quem é que gosta de se observar no espelho, se não for apenas para se achar lindo? O melhor é fugir de si próprio e ir alardear que o mundo está melhor...
(Na foto acima, alguns imbecis croatas fazendo propaganda nazista. Talvez, devem gostar de o povo croata ter sido considerado impuro, sendo subjugado e oprimido pelos nazistas na 2ª Guerra Mundial. Além de racistas e hipócritas, são burros. Com o ser humano, só rindo.)