Abaixo, em pequenos comentários, deixo breves considerações sobre algumas das principais obras de Beethoven. Apenas não comento sobre a 9ª Sinfonia, pois sobre ela já o fiz de forma mais ampla em meu artigo "Beethoven e a 9ª Sinfonia", também publicado aqui no blog.
Beethoven compôs 138 obras catalogadas oficialmente, ou seja, que possuem número de opus, as quais foram publicadas durante sua vida e quase todas numeradas por ele mesmo, e 205 outras obras sem número de opus, que incluem obras transcritas para outros instrumentos, inacabadas, ou apenas descobertas após sua morte.
O número de obras-primas de Beethoven é muito grande, porém, além da Sinfonia nº9, pode-se destacar entre elas as seguinte:
Sonata Ao Luar, Opus 27 nº 2 (1801): uma das mais belas e comoventes sonatas para piano já criadas. Seu famosíssimo 1º movimento é de um clima de meditação e melancolia absoluto, contrastando com o 3º movimento, onde uma explosão de força e de fúria deixa claro que o romantismo irrompe na música através do gênio de Beethoven. Seu nome, que não foi dado por Beethoven, reflete o clima noturno e romântico do 1º movimento.
Sonata Apassionata, Opus 57 (1804): outra sonata para piano carregada das mais intensas e profundas emoções, como sugere o próprio nome. Poucas obras para piano solo carregam tão dramática, dilacerante e selvagem carga emocional e espiritual. Apenas no 2º movimento há um momento de tranquilidade e paz.
Sinfonia nº3 (Eroica), Opus 55 (1802): Essa é a obra responsável pela maior revolução na história musical. Com ela, simplesmente o movimento romântico tem seu início oficial dentro da música, em uma quebra com a tradição musical sem precedentes. O tamanho e a potência orquestral, a extensão da obra em todos os sentidos, seja pela duração, pela quantidade de instrumentos, ou pelos extremos emocionais que alcança, foi algo totalmente inusitado e não muito bem recebido pelo público da época. A obra foi considerada exagerada e barulhenta, conceito que o tempo se encarregou de extinguir. Destaque para a força incontida e clima triunfal do 1º movimento, e para a marcha fúnebre do 2º movimento, umas das páginas mais trágicas da história.
Sinfonia nº5, Opus 67 (1807): uma das obras máximas e mais famosas da literatura musical. Quem não conhece as suas assombrosas quatro notas iniciais? Tornou-se o hino de vitória dos aliados contra os nazistas na 2ª Guerra Mundial. Sua mensagem de trágica vitória, de força, de luta e de triunfo sobre a adversidade, sua grandeza absoluta, tornou a sinfonia nº 5 como um símbolo de bravura e coragem. Também é conhecida como “Sinfonia do Destino”. Constitui a consolidação do romantismo musical.
Concerto para piano e orquestra nº4, Opus 58 (1806): um dos mais belos e inspirados concertos para piano já compostos, seguindo a tradição de Mozart, porém a ampliando, tanto em duração como em recursos expressivos do piano e da orquestra. Seu sentimento de intenso lirismo e profunda espiritualidade transformou esse concerto em uma das páginas mais sublimes da música.
Missa Solemnis, Opus 123 (1823): considerada, juntamente com a 9ª Sinfonia e com seus últimos quartetos para cordas, como o testamento musical definitivo de Beethoven, a Missa Solemnis é uma das maiores obras sacras de toda a história, e talvez a mais original de todas, sendo algo absolutamente único, jamais igualado. Com mais de 80 minutos de duração, a Missa Solemnis é de uma sublimidade e espiritualidade avassaladoras, um dramático e visionário hino de força e grandiosidade aos mistérios que permeiam o cosmos, uma dilacerante viagem psíquica pela alma universal. Disse um músico contemporâneo que se Beethoven tivesse composto em sua vida apenas a Missa Solemnis já poderia ser considerado um dos maiores gênios musicais. É a composição, juntamente com a 9ª Sinfonia, de maior expressão vocal dentro da obra beethoveniana.
Quartetos para Cordas Opus 127 (1824), Opus 130 (1826), Opus 131 (1826), Opus 132 (1825), Opus 133 – Grande Fuga (1825) e Opus 135 (1826): os cinco últimos quartetos para cordas de Beethoven, mais a Grande Fuga, constituem as obras de mais difícil audição e execução do mestre de Bonn, bem como as mais misteriosas, de uma profundidade tão intensa que exigem do ouvinte uma concentração extrema. Esses quartetos parecem nos falar de regiões desconhecidas tanto dentro do homem como fora dele, um mergulho nos enigmas universais. Alternando os mais díspares estados de alma, desde espirituais alegrias até insondáveis angústias e tristezas, os últimos quartetos de Beethoven incluem-se no que há de mais expressivo em toda a literatura musical.
Outras obras: pode-se também destacar como principais obras de Beethoven, as seguintes: sinfonias nº 6 e 7, sonatas para piano Opus 13, 31 (Tempest), 53 (Waldstein) e 106(Hammerklavier), sonata para violino e piano “a Kreutzer” Opus 47, concerto para violino e orquestra Opus 61, concerto para piano nº5 (Imperador), quartetos para cordas Opus 59 (Razumovsky), trio para piano, violino e violoncelo Opus 70 (Fantasma), Ópera Fidélio Opus 72, entre outras.
*Este texto, juntamente com o artigo "Beethoven e a 9ª Sinfonia" serão publicados na revista virtual Letras com Arte, de São Paulo.