11 setembro 2020

Deploração

nós vamos destruir a tudo 
não vai sobrar pedra sobre pedra
nem planta sobre planta
nem prado sobre prado 
nem corpo sobre corpo 

nós vamos consumir a tudo
seja o que nasce cresce ou anda
o que voa nada ou canta 
folha por folha arrancada ao pó 
sangue por sangue derramado ao fogo

nós vamos assistir a tudo 
até ver as chamas subir pelos cabelos 
até que tudo que é deixe de sê-lo
de pétala em pétala arrancada ao túmulo 
olhar por olhar soterrado ao poço 

nós vamos fazer ruir a tudo 
não vai sobrar prato sobre prato
nem prazo sobre prazo 
nem lábio sobre lábio...

só pranto sobre pranto.




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