Já escrevi que nossa ciência atual é pródiga em provar o óbvio. E a ciência acaba de afirmar outra obviedade através de um estudo encomendado pela NASA (Agência Espacial Norte-Americana) e realizado pelo Centro Nacional de Síntese Sócio-Ambiental, dos EUA. Dessa vez, o óbvio, o evidente, o ostensível é que nossa civilização sustentada principalmente pelo consumo pode entrar em colapso total e irreversível dentro de pouco tempo.
Venho escrevendo sobre o assunto, ou utilizando o assunto como tema de poemas, contos, desde antes do ano 2000. A maioria das pessoas não se importam com isso. Acham que a civilização é eterna, assim como, inconscientemente, todo mundo pensa que nunca irá morrer. Não é preciso ser um gênio para dar-se conta que caminhamos rumo ao abismo, que nossa forma de vida é absurda e que não poderá se manter por muito mais tempo.
O estudo destaca que as principais causas do colapso futuro seriam a exploração insustentável de recursos naturais e o aumento da desigualdade na distribuição de renda. Esta desigualdade, velha conhecida dos brasileiros. não só é a principal causa dos problemas sociais, mas está intimamente relacionada a um consumo excessivo de recursos, segundo o estudo. Também é outra obviedade: pessoas que têm dinheiro demais acabam por consumir demais, gerando um mercado para toda série de quinquilharias supérfluas comercializadas à exaustão, tudo a preço da destruição planetária.
O estudo da NASA afirma que as elites mundiais tendem a consumir cada vez mais recursos naturais, privando outras classes sociais desses recursos. Chegará o dia em que nem mesmo as elites terão recursos para si, recursos, diga-se de passagem, produzidas pelas classes mais baixas, que, depois, nem pode usufruir do que produzem.
Uma civilização estúpida e predatória, onde os pobres sustentam os ricos, deve entrar em colapso o quanto antes mesmo.
Fonte: The Guardian
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