O que percebo em algumas empresas e instituições de Santiago (claro que isso não é só em Santiago, mas agora falarei especificamente aos santiaguenses) é que ao invés de possibilitarem a seus funcionários uma maior liberdade de expressão pessoal, preferem carregá-los de normas, limitações, repressões, com o intuito de fazê-los trabalhar "certinho", de mantê-los "dentro da linha". Que linha? Tal visão administrativa não somente é retrógrada, ultrapassada, mas também hostil, antipática (em alguns casos chega a ser desumana), e acarreta ao funcionário uma progressiva insatisfação, desmotivação e revolta com o seu trabalho, trazendo, naturalmente, reflexos negativos para a empresa.
A consequência são funcionários insatisfeitos, estressados, tensos, com medo de expressar a si mesmos, com opiniões e emoções oprimidas, arrastando uma baixa autoestima, que acabam por perder produtividade e oferecer um mau atendimento aos clientes. E sabemos como há queixas de mau atendimento em nosso município... Sem falar que, com tantas limitações, a criatividade dos funcionários é podada e acaba por se aproximar do zero.
Essa atitude lamentável de alguns proprietários, diretores e ocupantes de cargos gerenciais revela não só um autoritarismo rançoso, mas também uma falta de inteligência e de visão com relação aos seus recursos humanos.
No entanto, comprovando o dito popular que diz: "A corda sempre arrebenta do lado mais fraco", acabamos por culpar, quando somos em algum momento mau atendidos em uma empresa ou instituição, apenas o funcionário, sem levarmos em consideração o que ele talvez esteja passando em seu local de trabalho. Não digo que não haja vezes em que a culpa é exclusivamente do funcionário. Porém creio que na maior parte dos casos a maior parcela de responsabilidade é de quem os administra.
O descaso com os recursos humanos é a regra geral, e os funcionários são vistos como empregados alheios à organização a ter sua força de trabalho explorada, quando deveriam ser entendidos como uma parte fundamental do todo, a ser bem tratada, ouvida, respeitada, valorizada. Não só para o bem deles, mas para o da própria empresa.
Finalizo com Bertolt Brecht: "Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem."
Um comentário:
Acredito que muitas pessoas deixam de comprar em certos estabelecimentos pelo atendimento. Normalmente não recebemos um "bom dia, volte logo ou o mais básico, obrigada", atendem seus clientes com uma cara fechada, e se você não está "bem vestido" dificilmente te perguntam se precisa de ajuda. Educação está em falta. Acredito que, certamente não é culpa parcial dos funcionários. É obrigação dos donos darem exemplo de um bom atendimento (e isso começa dando valor a seus funcionários), mas dificilmente alguém está interessado em mostrar bom comportamento, e sim ganhar dinheiro, mesmo que saem (saímos) insatisfeitos. Até mesmo é uma competição de quem vende mais. Se os administradores conseguissem dar o devido valor (tanto de salário, como de respeito) aos seus funcionários o comportamento refletiria ao público obviamente. É impossível fazer um trabalho bem feito num clima de competição e falta de diálogo entre administradores, funcionários e clientes. Mas grande parte só está interessado em ganhar dinheiro mesmo, como citei anteriormente. Teus textos sempre falam a verdade, não é como a maioria que só coloca tudo pra debaixo do tapete com as mangas cheia de cartas e truques pra chamar atenção. Cidade educadora, ainda dizem. Enfim, excelente texto, como sempre! Abraço!
Postar um comentário