construí meu verso sobre o sangue
derramado duro na nua terra aberta
coagulado sangue seco pelo pó da enxada
que deserticamente escorre...
construí meu verso sobre o sangue
de água morta em rio derramado humano
sangue viscoso-negro entre a beira acabada
que poluidamente escorre...
construí meu verso sobre o sangue
de seiva-lágrima em derramada queda
esverdeado sangue de vastidão tombada
que devastadamente escorre...
construí meu verso sobre o sangue
do guará atropelado pelo horizonte
sangue vivo-lago derramado das estradas
que extintamente escorre...
meu verso é só um castelo de nada
construído nos ares de tudo que morre...
4 comentários:
Que poema maravilhoso.
Vc escreve maravilhosamente bem. Bjos
Um poema pungente como um punhal enterrado no peito.
Esse final foi arrasador.
Arrasou, Reiffer!
"meu verso é só um castelo de nadaconstruído nos ares de tudo que morre..."
Um poema feito na pele da verdade!
Beijos
Mirze
Enquanto o sangue escorre dos teus versos, eu me deleito em tuas palavras. Talvez esse de alguma forma seja um sangue bento.
Voltei com o blog. bjs
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