No Brasil, parece que o único bioma que deve ser preservado é a Amazônia. E os outros biomas e ecossistemas brasileiros, tão imporatentes quanto a Amazônia? O que estamos fazendo com eles? Somente a Amazônia mantém a maioria de sua área preservada, cerca de 80%. Lembrando, no entanto, que até início dos anos 80, a área preservada era de 95%. Em 30 anos, perdemos 15% da floresta.
Já os outros biomas, estão em torno de 50% de sua área original, ou menos que isso. A Mata Atlântica está quase extinta. Resta, tão somente, 7% dessa mata que é uma das mais ricas em biodiversidade do mundo. O mesmo se dá com a Mata de Araucárias, no Sul do Brasil, hoje limitada a algumas "ilhas" nos 3 estados da região. A Caatinga nordestina já perdeu a maioria de sua área, restando algo em torno de 45%, e o Cerrado está em torno dos 50%, sendo, porém, o bioma com o maior índice anual de devastação.
E o Pampa gaúcho? O que nós, gaúchos, estamos fazendo por ele? Atualmente, o Pampa mantém 44% de sua área original. Sendo o RS o único estado brasileiro a possuir esse magnífico bioma que possui 4 mil espécies endêmicas ( ou seja, que só ocorre nessa região), sua responsabilidade na preservação é imensa. No entanto, não é isso que ocorre. Apenas 3,6% da área do Pampa está dentro das prioridades de preservação dos governos. Todos os anos, são perdidos 364 km² de sua vegetação, que vai dando lugar à agropecuária sem sustentabilidade, ao avanço das plantações de pinus, à desertificação e ao desenvolvimento caótico das cidades.
Se isso continuar, o que nos restará dentro de alguns anos? Rios secos e desertos? Para o Pampa que morre, escrevi o poema abaixo, que republico aqui no blog.
Ao Fim do Pampa
quero-quero vasto que me olha denso,
o que é que alarma no teu sino antigo?
pampa que crepúsculas,
não te sones antes que eu me vide...
folha de angico que te nervas sopro,
o que é que julga na tua chama acesa?
pampa que te noites,
não te lues antes que eu me ocase...
sanga que adaga em todo um céu de chumbo,
o que é que marcha no teu grito frio?
pampa que te sangues,
não te doenças antes que eu me febre...
coxilha em cosmo que me fúria um sonho,
em quais sentenças é que te levantas?
pampa que te fins,
o que é que alarma no teu sino antigo?
pampa que crepúsculas,
não te sones antes que eu me vide...
folha de angico que te nervas sopro,
o que é que julga na tua chama acesa?
pampa que te noites,
não te lues antes que eu me ocase...
sanga que adaga em todo um céu de chumbo,
o que é que marcha no teu grito frio?
pampa que te sangues,
não te doenças antes que eu me febre...
coxilha em cosmo que me fúria um sonho,
em quais sentenças é que te levantas?
pampa que te fins,
não te mortes antes que eu te ame...
(Na imagem, um trecho preservado do Pampa na fazendo de meu tio, na região do rio Itacurubi.)
4 comentários:
Não se preserva o pampa, nem a Amazônia. Só para inglês ver...
muito bom!
abraço
Lindo poema, REIFFER!
Por isto amo o povo gaucho. O Pampa e o São Francisco agonizam sim. Acompanho sempre essa parte que fala da destruição da Terra. Aos poucos, vai se acabando nosso planeta.
Beijos
Mirze
Um grito forte e legítimo!
Sua linguagem me instiga e inspira.
Mt bom!
Bjssssss
Eu gosto muito dessa poesia acima. E entendo que, de algum modo, ela encerra a musicalidade do sotaque sulista.
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