09 novembro 2010

Viver, de Mário Quintana

 Mário Quintana (1906 - 1994), um dos maiores poetas gaúchos, talvez o maior, é também um dos maiores poetas brasileiros. Ainda bem que nunca foi eleito para essa palhaçada intitulada "Academia Brasileira de Letras", o que concede ao nosso Quintana ainda mais honra e valor.  Nascido em Alegrete, em meio ao pampa, como eu, viveu, no entanto,  a maior parte de sua vida em Porto Alegre e amou intensamente a capital gaúcha.  Sua poesia, de uma simplicidade profunda e expressiva, percorre com naturalidade desde a mais aguda ironia até um singelo lirismo que nos fascina e comove. Sua sensibilidade e criatividade poética, sua capacidade de síntese, seu despojamento de linguagem, sua preocupação com o mundo e o homem moderno o colocam como um dos pontos mais altos da poesia contemporânea brasileira. Abaixo, um de seus poemas. (Na imagem, o quadro "A Morte de Ophelia", de Millais.)

Viver
Quem nunca quis morrer
Não sabe o que é viver
Não sabe que viver é abrir uma janela
E pássaros pássaros sairão por ela
E hipocampos fosforescentes
Medusas translúcidas
Radiadas
Estrelas-do-mar...  Ah,
Viver é sair de repente
Do fundo do mar
E voar...
         e voar...
                 cada vez para mais alto
Como depois de se morrer!



Mário Quintana

5 comentários:

angela disse...

Gosto muito de Quintana e de seus poemas e se tivesse nobre companhia na Academia também teria escritores escritores muito pequenos. Ultimamente os critérios não tem sido o de excelência.
Melhor não estar lá com todo aquele ritual esquisito.
Beijos

Anônimo disse...

Olá, Poeta!

Lindo esse post!
Quintana é um poeta e tanto! Maravilhoso em todos os sentidos!

Gosto muito dessa singeleza, dessa leveza dos versos dele, pois, ao mesmo tempo, é de uma profundidade incrível!

Beijos

Unknown disse...

AH! REIFFER!

Parabéns, poeta! Sou fã do Quintana e leio tudo que chega em minhas mãos.

Acho que ele já nasceu assim: pronto para ensinar a vida.

Parabéns!

Beijos

Mirze

Clara S. Weisz disse...

Lindo esse versos de Quintana
passa bem a amargura de um espírito inquieto!

Luna disse...

A.Reiffer, Quintana é ''O POETA''
Dele adoro a forma de expressão, o uso das palavra de uma simplicidade requintada.
Tenho alguns poemas de Quintana em meu blog.
E pelo que ando vendo..rs...Estou certa de que O sul, Os Pampas é berço de ''poetas'' pois não? =)
Bjus no seu ♥