eu
o maior rio do mundo
sou talvez o leito planetário
das lágrimas divinas
Deus emocionado com sua criação
derramou nos meus caminhos
suas cósmicas lágrimas...
mas agora Deus parou de chorar
e seco como o suco da desgraça
abandona-me como o eco
do voo endurecido de uma garça...
Deus não chora mais
é frio e indiferente
secaram suas esperanças
e compreendeu:
agora tudo é seco:
seca é a vida
seca é a alma
seco
é o sorriso das crianças
mais seco que o meu leito
é a terra seca
do humano peito
e como sempre
ninguém dará atenção
às minhas palavras insanas...
mas sei que as minhas correntezas
sem lágrimas divinas
serão de lágrimas humanas...
6 comentários:
Quanta sensibilidade... Parabéns!
Beijos.
E nós, do barro feito, também ressequidos, agora nos vamos trincando...
Com admiração,
Lágrimas humanas e lágrimas divinas, complementares e equivalentes em força...
Lindo poema
Bjs.
Que poema belíssimo!
"mais seco que o meu leito
é a terra seca
do humano peito"
Adorei a sensibilidade do seu olhar! Sigo-te.
Beijos
A tristeza nos inspira, nos constroi...
Nossa, vc tem realmente o dom para escrever sobre os mais diversos assuntos, pude ouvir as lamúrias do rio.
Abraço!
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