21 dezembro 2017

Eu vi que havia Sangue

tateei na treva do vinho
o Prenúncio
e vi que havia Sangue em minha Espera
colerizavam nos meus olhos
horizontes de hemoglobinas
e lia em Goethe e em Blake 
os sintomas rubros de uma fera 

a culpa fulva 
(eu disse fulva) 
lacrimejou nos cortes do meu fígado 
e vi que havia Sangue em minha Esfera 
um sabiá golfejou tuberculoses 
entre cantos dos cortes do meu Fígaro 
sendo réquiens de Mozart pelas eras 

degolei os vendavais 
no auge da menstruação 
e vi que havia Sangue em minha Ópera 
semeei suas trompas pela terra 
com a enxada das estrofes 
furiando aquele incêndio com uma vela 

pesadelei que sapos e cavalos 
urinavam líquidos escarlates 
e vi que havia Sangue em minha Véspera 
pelas águas amarelas 
ceifei das tulipas a mais bela 
entre pulsos pulsares e vinagres 
entre tragos sentidos e planetas 
entre cosmos à espera 
e abutres foiceando pelos ares 
eu vi que havia Sangue em minha Estrela

Nenhum comentário: