18 janeiro 2013

Pergunta


ler Van Gogh
ouvir Goethe
ou contemplar Bach

se não causar
um além
do que se é
(não falo
nem de ciência
nem de fé)

por mais
que nossos imensos
sejam pequenos
que seja
uma faísca
de mais amor
(ao menos)

ou não trouxer
uma certa irmandade
(ou coisa que há-de)
com uma simples estrela
ou  com um complexo esquilo...

de que adianta
(pergunto)
decifrá-lo
entendê-lo
ou senti-lo?

17 janeiro 2013

Um Ato Infame e Vil


I

ser poeta
é estar bebendo ao fim da reta
tomando um porre de verdade
e vendo chegar aos trancos
e aos rastejos
o que resta
dos ridículos desejos
da humanidade

II

o verso é o outro caminho
do paralelo ao fracasso
onde sopra uma vida de vento
e uma (des)alma de aço

III

ser poeta é um ato infame e vil:
é saber
olhando nos olhos
de cada um
o quanto há de humano
e o quanto há de imbecil

15 janeiro 2013

Dane-se a Poluição na China, o que importa é o Desenvolvimento

Agora, estão todos achando um absurdo a poluição que afeta 12 províncias da China, só porque no sábado, por uma eventualidade qualquer que nem seria digna de nota, o Índice de Qualidade do Ar atingiu 886 microgramas por metro cúbico. Tá, e daí? Ninguém sabia, até então, o que isso significava. Dizem que acima de 300 é perigoso e acima de 100 é insalubre. Tudo bem, mas perigoso para o quê? Para quem? Até agora, não esclareceram.

Por acaso, alguém vai morrer por uma poluiçãozinha de vez em quando? Quem conhece algum caso de alguém que tenha efetiva e diretamente morrido devido à poluição? Eu não conheço. Claro, dizem que ela pode causar doenças a longo prazo, tais como câncer. Mas isso são suposições. Quem garante que algum câncer surgiu devido à poluição?  No fundo, é tudo conversa fiada. Sem falar que há tratamento hoje em dia para praticamente todos os tipos de câncer. Querem colocar culpa onde não existe. Até inventaram essa história absurda e fictícia de Aquecimento Global, para poderem fazer filmes catastróficos.

Ademais, se alguém não desejar respirar uma poluiçãozinha de nada, seja em Pequim, seja em Tóquio, seja em Nova Iorque, seja em Londres, seja em Moscou, seja em São Paulo, seja em Porto Alegre, é só sair com máscara contra gases na rua. Hoje em dia, as máscaras devem ser baratinhas. Ou então, melhor ainda, é só nem sair de casa. Sair para quê? Para trabalhar, vai-se de carro. Vidros fechados, ar condicionado. Problema resolvido. O bom é se ficar em casa. Vendo TV, divertindo-se na internet, usufruindo-se de todas as comodidades e maravilhas da vida moderna. Para quê coisa melhor? Sem contar que se todos ficassem em casa, não haveria violência. É ou não é? De modo que a poluição é mais benéfica do que prejudicial. 

O que as pessoas devem colocar em suas cabecinhas ocas é que o Desenvolvimento não pode parar nunca,  seja onde e quando for, custe o que custar. É preciso ter em mente a relação custo-benefício. O que todos querem não é uma nação rica, desenvolvida, com economia forte? Pois então, temos que pagar o preço. Ou vão querer fritar ovos sem quebrar a casca? É o que a China está fazendo. Não é à toa que já é a segunda maior economia do mundo e em breve deve passar os EUA e se tornar a primeira. Polui? Sim, mas não há como ser rico sem poluir. Tanto é que as pessoas mais ricas são as que mais poluem. Estou mentindo?

Além do mais, raciocinem aqui comigo. Como foi que os EUA se tornaram o maior país do planeta e a maior economia mundial? Preservando o meio-ambiente e não poluindo? Os EUA é o país mais consumista do mundo. Se há consumo, há poluição. Então, faremos o quê? Acabaremos com o consumismo?  O senhor ou a senhora leitora deixariam de consumir? Óbvio que não. Nem eu.

E como foi que a Inglaterra, a França, a Alemanha, enfim, quase toda a Europa, se tornaram tão prósperos? Foi tendo cuidadozinhos ambientais, deixando suas florestas intactas, seus rios sempre limpinhos, sem nunca massacrar sua fauna e derramar óleo em seus mares? E nas suas colônias na América, na África, na Ásia como que agiam? Retiravam as riquezas dos países pobres sem poluir, sem sujar nada e sem explorar seus povos? Ora, não sejamos ingênuos. E aqui no Brasil, o estado mais desenvolvido não é São Paulo? Natural e compreensivelmente, é também o mais poluído.

Agora, querem condenar a China. Por acaso, as grandes potências poluidoras estão a favor do Protocolo de Kyoto para reduzir os níveis de emissão de gases? Bando de hipócritas. Até porque sabem que toda essa conversa de não poluir é balela. É necessário que se polua, para que se gerem riquezas, bens, energia, infra-estrutura. Ou então viveremos na eterna miséria. É ou não é?

Ah, o leitor não concorda, acha que a poluição deve ser controlada e reduzida? Ok, então procure, de início, comer menos e respirar menos.

(Aliás, observem as fotos acima. Pequim não fica muito mais bela, mais charmosa, misteriosa, com aquela névoa semelhante à sombria névoa londrina?)

14 janeiro 2013

Olhos Autônomos


tu que não nos sabes
é que nunca te fracassas:
sendo estrela do longínquo
realizas a verdade
triunfas
quando iluminas
dando as costas
para a humanidade

e tu
gato noturno
atento ao vazio da treva
vês ainda mais vezes
que vazio sou eu
que não estou
no que te leva
tu sabes, gato
que toda a ciência
não vale o sentido
do teu olfato

e o teu canto
coruja hermética
de olhos autônomos
equivale a uma europa
de filósofos
e de autômatos

e, por fim
há mais sabedoria no teu pio
do que em todo
o povo do Brasil

13 janeiro 2013

Três Rápidos Trechos de Mario Puzo

"...os pobres tinham de se tornar criminosos, já que precisavam lutar contra leis escritas pelos ricos para defender seu dinheiro."

"...todo o programa de previdência social era simplesmente um suborno necessário para impedir que os pobres iniciassem uma revolução."

"As autoridades eram o demônio a quem um verdadeiro siciliano jamais deveria recorrer."

Os trechos acima, particularmente o primeiro, recordaram-me aquela frase de Bertold Brecht: 

"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem."

11 janeiro 2013

Assassinou-a Sem Maldade


Matara-a com extremo cuidado e imperturbável silêncio. Em nenhum momento demonstrou a mínima alteração emocional. Não fora motivado por ódio, ciúmes, inveja ou por interesses financeiros. Não ganharia dinheiro ou bem algum com sua morte. Não estava em jogo o recebimento de seguros. Não era um assassino de aluguel.

Nem sequer houvera uma briga entre eles. Aliás, não trocaram uma única palavra. Para falar a verdade, mal se conheciam. De vista, apenas. Não matara pelo prazer de matar. Não apresentava nenhum problema psicológico que se classificasse como determinada patologia. Nem mesmo houvera maldade ou más intenções no ato de assassiná-la. Pelo contrário, as intenções eram as melhores.

A moça possuía alguma beleza. Não era nenhuma deusa ou atriz de cinema, mas trazia sua beleza particular. Após matá-la, ele arrancou seus olhos com profunda habilidade e com um cuidado irrepreensível.  A moça ostentava, até então, um belo par de grandes olhos castanho-claros, quase amarelados.  Depois que os extirpou, lavou-os meticulosamente com água boricada. Em seguida, abriu-os com um bisturi apropriado.

Deixou escorrer o humor aquoso dos olhos da moça em um minúsculo recipiente de alumínio. Não permitiu que se perdesse uma única gota do líquido ocular. Guardou o recipiente no freezer.  Com uma extrema habilidade, uma habilidade refinada dos melhores cirurgiões (embora não o fosse), isolou as duas íris e as duas pupilas. Colocou-as separadamente em dois estojos de lentes de contato, um estojo para as íris e outro para as pupilas. Conservou-as em formol.

Foi a única maneira que encontrou para contemplar a essência do olhar da moça. Alguns o classificam como um louco, portador de alguma enfermidade mental ainda desconhecida da ciência, um caso a ser estudado. Outros estão certos de que ele é um possuído, de que deve existir algum demônio que se apossou de seu corpo.  Há os que afirmam simplesmente que ele é um assassino absurdamente frio, e ponto final.

Quanto a mim, diria que ele é alguém que compreendeu a fundo a pós-modernidade. E a pôs em prática.

(Na imagem, detalhe do quadro "O Jardim das Delícias", de Hieronymus Bosch)


10 janeiro 2013

do Estar Sozinho


I

os homens temem
a solidão
porque temem
o relho:
estar sozinho
é sofrer a tunda da consciência
diante do espelho

II

os homens temem
a solidão
porque temem
a morte:
estar sozinho
é se lembrar à flor dos nervos
que se não é forte

III

os homens temem
a solidão
porque temem
(do seu vazio)
abrir a porta:
o seu si mesmo
nem a si mesmo
(quando se encara)
se suporta

08 janeiro 2013

da Invenção do Trabalho


a humanidade
inventou o trabalho
para que o homem
pudesse viver
e a vida
pudesse avançar...

conversa.

a humanidade
inventou o trabalho
para que o homem
se enchesse de tralha
e possuísse uma trava
e um malho
para não sair do trilho
e não se soltar do encilho

a humanidade
inventou o trabalho
para que o homem vivesse
de se matar
(inconsciente suicida)
e para que o avanço
acabasse com a vida

07 janeiro 2013

Aquecimento Global: 11 dos 12 anos mais quentes ocorreram neste século

Alguns acreditam que não há Aquecimento Global. Nada de surpreendente no fato, uma vez que muitos não acreditam em coisas que estão a um palmo do nariz, muito embora julguem manter os olhos sempre abertos...

A própria coluna "Tempo e Clima" do jornal Correio do Povo já deu várias provas de que não está convencida do Aquecimento Global, muito pelo contrário.  No entanto, diante dos fatos, não há argumentos.  Em 6 de janeiro, não havendo como esconder, a coluna publicou o seguinte:

"Segundo a Universidade do Alabama, 2012 foi o nono ano mais quente desde que foram iniciadas as análises por satélite em 1979. No ano passado, o globo ficou 0,16ºC acima da média de temperatura das últimas três décadas. Onze dos 12 anos mais quentes do período de observação por satélite ocorreram desde 2001, exceto 2008. Nos Estados Unidos, 2012 foi o ano mais quente até hoje registrado."

Ainda segundo a coluna, as anomalias anuais da temperatura global: em 2012, +0,16, em 2011, +0,13, em 2010, +0,39, em 2009, +0,21, em 2007, +0,20, em 2006, +0,18 e em 2005, +0,26.

Para encerrar, uma frase de La Fontaine: "As pessoas que não fazem barulho são perigosas." Podemos afirmar o mesmo da temperatura. Sua alteração não faz barulho, nem percebemos, nem damos atenção. Por isso, é perigosa.

(O gráfico acima mostra a anomalia da temperatura desde 1860.)


06 janeiro 2013

a Brahms e seu Trio Opus 8


se Borges
se dizia
indigno de ti
o que me resta
neste fim de festa?

resta-me
o que me revelas:
um só dos teus trios
é revelação
mais elevada
em essência
que um triplo de Bíblias
ou uma trilogia de Kant
elevadas
à 3ª potência

por isso
não verbo
não verso
não canto
não conto
não trago
me quedo
e me vago
ao largo
largo
minhas sinas
ao mar
e calo
diante
do vasto
maior
de amor
que me ensinas

(Poema reelaborado e republicado)

04 janeiro 2013

Uma Nova Subespécie: o Politicusco


descobri
uma nova subespécie de humano
ou sub-humano:
o politicusco*
nome científico: homo caniens puxassachus
também carinhosamente chamado
de politicusquinho

trata-se de uma variação
involutiva
do ser humano
que na adaptação à sobrevivência
preferiu a subserviência
ao enfrentamento direto
e à manutenção da honra e da dignidade:
certas capacidade humanas
foram atrofiadas

os politicuscos
adotaram determinados comportamentos
do canis familiaris
ou seja
do cachorro
cusco
jaguara
cadela
que consistem
em baixar a cabeça
aos políticos influentes
andar com o rabo entre as pernas
balançar o rabinho
por exemplo
diante de deputados estaduais
e deitar de perninhas para cima
diante de deputados federais
e quando seus donos chamam
correm atrás
como poodles de madame

os politicuscos
geralmente latem
mas não mordem

* Para os leitores não gaúchos, esclareço que "cusco" é um termo regional que se refere a cachorro, geralmente de forma um pouco pejorativa.

03 janeiro 2013

Um Erro Fatal


então
concluíram
que quando vier
o fatal do sopro do fogo
ao mortal do corpo da mata
não ficará nem a queda
de um verde de folha
e não haverá escolha
a não ser a do nada

há aqui um engano
um sopro de engasgo
um erro fatal
equívoca falta

sempre fica
invisível
um gérmen de (p)alma

01 janeiro 2013

da Missão do Artista


cavar
dia após dia
com uma pá de corte
(com um lado sujo de amor
e outro de morte)...

cavar o todo instante
como se fosse adiante
empurrar com o pé
o que não é
até  tocar
em diamante
cavar o só
pelo vasto
do que é mais nada
além de pó

cavar cova imensa
cratera
ao outro lado
à outra era
arrancar petróleo e ouro
em cansaço
de fôlego de touro

e enfim
jogar tudo aos porcos
pelos chiqueiros
de lodos tortos
e partir riscando
o seu nome da lista

e como um vulto
em luto
que pelo longe some
sublime!
morrer de fome
refletindo horizontes
nas pupilas da vista...

(eis a missão 
- mas não em vão -
do artista)

31 dezembro 2012

As Cafajestadas do Novo Código Florestal. E em Santiago?

Recebo e-mail de Marcio Astrini, do Greenpeace, com o seguinte conteúdo:

"O fazendeiro Leo Andrade ganhou seu presente de Natal. Com uma multa que ultrapassa os R$ 18 milhões e considerado, há alguns anos, o indivíduo que promoveu o maior desmatamento da Amazônia, o latifundiário ganhou um presentão: vai ter sua dívida perdoada, graças ao Novo Código Florestal."

Esse é o nosso Novo Código Florestal, defendido com unhas e dentes pela bancada ruralista. Bancada ruralista que conta com um certo apoiozinho aqui na nossa região. Está aí o deputado Luis Carlos Heinze do PP que não me deixa mentir. Adorado por muitos aqui em Santiago,  foi um dos que mais lutaram para que as cafajestadas ambientais do Novo Código se concretizassem. 

Às vezes, fico me perguntando o que os nossos fazendeiros, ruralistas, latifundiários, estancieiros, plantadores de soja, cultivadores de arroz, andam fazendo no interior de Santiago e região com as libertinagens do Novo Código... Eu, sinceramente, não sei. Será que preservam os recursos de suas terras? (Que não são só suas, as terras do planeta pertencem, em direito legítimo, à humanidade.) A imprensa aqui divulga alguma coisa? Se sim, por favor, me informem. Eu nunca vi nada a respeito. Sou um desinformado.

Meu blog não é um blog de notícias, obviamente, está longe disso, e nem pretendo que um dia ele venha a ser. Por isso, gostaria de ler em nossos blogs jornalísticos algo sobre o assunto. Mas, como sou um pessimista, não tenho esperanças de que algum crime ambiental que seja eventualmente praticado por algum grande estancieiro seja divulgado na "Terra dos Coronéis". Sim, afinal, o que esperar de uma região em que desde partidos políticos que estão (ou não) no poder, passando por hospitais, imprensa, empresas são, direta ou indiretamente, controlados e/ou influenciados pelos "coronéis do agronegócio"? 

Quando penso no assunto, não sei por que, lembro-me daquela passagem de "O Tempo e o Vento" do grande Érico Veríssimo, dita pelo personagem Juvenal Terra, referindo-se ao estancieiro e"mandatário" da cidade de Santa Fé, Coronel Amaral:  “Todo mundo aqui  sabe que metade dos campos desse velho é tudo campo roubado!” Será que aqui em Santiago, em algum momento de nossa história, houve roubo de campos? Eu não acredito. Mas está aí um bom assunto a ser pesquisado pelos nossos blogueiros. Haha!

29 dezembro 2012

Seja Odiado


ser odiado
e durante o almoço
pôr o garfo na ferida
é o ato mais difícil
desta vida

seja odiado
como quem é ousado
em sair do trilho
e pôr em frente
a todos
(inclusive a si)
a verdade de um espelho
e mostrar que não há dentes
para a crueza do milho

seja odiado
diga a quem ama
que em geral este amor
vai pouco além
que prazer na cama
e lembre que ele morre
assim como anoitece o dia
assim como adoece o corpo
que envelhece a pele
e se esvaece a alegria

lembre-lhes que a realidade
asfixia qualquer utopia

seja odiado
lembre-lhes que os finais vêm
e um outro algo
ainda mais além
e que tudo passa e se degenera
sejam gregos sejam romanos
lembre-lhes que cavalga a morte
no temporal dos anos
e que a bela
se torna velha

seja odiado
mostre ao menos um sinal
que quem pensa
o melhor de si ou de todos
não sabe
do próprio mal

dê a César o que é de César
e a Bruto o que é de Bruto:
seja odiado
seja justo

28 dezembro 2012

Guerra, de Augusto dos Anjos

Este soneto de Augusto dos Anjos foi escrito em 1910, quatro anos antes da Primeira Guerra Mundial. 


Guerra é esforço, é inquietude, é ânsia, é transporte...
É a dramatização sangrenta e dura
Vir Deus num simples grão de argila errante,
Da avidez com que o Espírito procura.

É a Subconsciência que se transfigura
Em volição conflagradora... É a coorte
Das raças todas, que se entrega à morte
Para a felicidade da Criatura!

É a obsessão de ver sangue, é o instinto horrendo
De subir, na ordem cósmica, descendo
À irracionalidade primitiva...

É a Natureza que, no seu arcano,
Precisa de encharcar-se em sangue humano
Para mostrar aos homens que está viva!

Augusto dos Anjos

Para quem lesse este poema em 1910, seria um absurdo imaginar que a humanidade se abismaria em duas guerras mundiais nos anos vindouros...

27 dezembro 2012

Tráfico de Animais Dizima Fauna ao Redor do Planeta

Alguns otimistas incorrigíveis dizem que nunca tivemos tanto respeito pelos animais selvagens como o temos na atualidade. Só não rio, porque prefiro chorar. Sou muito sentimental. Alguns muito se preocupam em não matar um boi (que não corre o mínimo risco de extinção, obviamente), porque julgam um absurdo comer um bife, mas pouco se importam com a extinção de animais silvestres. 

Há poucos dias, afirmei que trataria aqui, brevemente, sobre o tráfico de animais. Faço-o agora. E, conforme prometi, para não tomar muito o tempo dos leitores com assuntos supérfluos, serei breve. Falarei por tópicos. Sem delongas, vamos a eles:

- O tráfico de animais cresce a cada ano e já movimenta cerca de 19 bilhões de dólares, ou 39 bilhões de reais, anualmente, segundo a WWF. De cada 10 animais retirados com vida da natureza, 9 não resistem e morrem. Bem, mas os animais devem servir para alguma coisa, que seja para dar lucro.

- O dinheiro do tráfico de animais vem servindo para financiar conflitos, terrorismo e guerras civis, principalmente nos países africanos. Ora, mas e o que importa a África?

- Além, obviamente, da aceleração da extinção das espécies, o tráfico de animais, e até mesmo o comércio legal dos mesmos, causa a introdução de espécies não naturais em determinados ecossistemas, afetando-os, muitas vezes, de forma irreversível, uma vez que todos sabem, ou presume-se que todos saibam, que qualquer ecossistema se mantém devido a um perfeito equilíbrio que pode ser desfeito com a mínima alteração. É o caso da introdução de javalis europeus nos ecossistemas brasileiros, que tem ocasionado grandes danos não  somente ecológicos, mas também econômicos em nossas terras. E há muitos outros exemplos, basta pesquisar. Mas também, para quê?

- Segundo estudos científicos, 75% das mais recentes doenças infecciosas que têm causado vítimas entre os seres humanos originam-se de animais silvestres retirados de seus ambientes naturais pelo tráfico ou expulsos pelo destruição de seus habitats. E muitas outras novas enfermidades, logicamente, podem surgir com o crescimento tanto do tráfico quanto da devastação. Mas e daí? Depois a ciência descobre curas para  todas elas.

- 25% das espécies de mamíferos existentes no planeta (uma em cada 4 espécies) encontram-se em risco iminente de extinção (sem contar as que já foram extintas, como lobo-da-tasmânia, vaca-marinha, leão-europeu, hipopótamo-europeu,  bisão-do-cáucaso, foca-monge, tigre-de-java, tigre-de-bali, raposa-das-falklands, lobo-de-honshu e várias outras). A mais recente espécie de mamífero a ser considerada extinta foi o rinoceronte-negro-do-oeste, implacavelmente caçado devido ao alto valor de seus chifres (o que, naturalmente, também ocorre com outras espécies de rinocerontes). O rinoceronte-negro-do-oeste, até finais do século XX, era encontrado somente em Camarões. De lá para cá, em todas as buscas realizadas, não se viu mais nenhum exemplar da espécie. De forma que este ano, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) declarou a espécie como oficialmente extinta. Grande coisa!

- Como sou fanático por rinocerontes,  falo mais um pouquinho sobre eles: o rinoceronte-branco-do-norte e o rinoceronte-javanês também não têm sido mais encontrados na natureza. A declaração oficial de suas extinções é apenas questão de tempo.  E tu com isso?

Ok, chega. Voltemos aos assuntos sérios.

Fonte: ah, se duvidam, é só pesquisar. 


25 dezembro 2012

Lembra-me ao Sempre


o há do que sei
é que sei que há
e seja lá o que houve

sei que ao ser
não me satisfaço
com as maças debaixo:
hei de estender meu braço
às que estão no alto
ao há de algo que há
no topo da macieira
ou no outro lado
à margem da beira

se a humanidade
é só isso que vejo
então também devo
apequenar meu desejo?
por mais que vós façais
em fazer com que o feito
seja o que está feito
não sigo e nem consigo
com que a vós
sangre o meu respeito

há um haver
acima do pouco
(como diria o paciente
que de incontente
ficou louco)
mas  o mundo
se imunda no nada
e todo sucesso
é o vazio da fachada

há algo mais a se amar-te...
se disso eu me esqueça
lembra-me ao sempre
ó Arte

24 dezembro 2012

Minha Contribuição para as Festas Natalinas

O Blog O Fim vem realizar um serviço de utilidade pública postando algumas imagens de Papais Noéis para você escolher uma e fazer um pôster para enfeitar o seu Natal. De lambuja, deixo um singelo poema de minha autoria para ser declamado durante a ceia natalina.







O Saco do Papai Noel

P. noel,
lê a minha carta:
maior que a tua barba
bem perfumada
de capital
(de fazer trança)
é a tua farsa
bem estufada
de caviar
pela tua pança

de bochechas coradas
e gordas
tu só és papai,
P. noel,
a quem deixar
algumas notas
(e outras cotas)
na (pro)fundidade
do teu chapéu

P.noel
o bom velhinho
velhaco:
só ganha presente
quem tiver dedos
(no meio da moeda)
pra te puxar o saco

E um Feliz Natal