I - o livro me torna livre
o livre retorna em livro
mas não livra por ser lido
que só se lê no que é sozinho
e mesmo com tanto verso
e mais palavra em torno
ainda mais me livro e me torno
quando me entorno vinho
II - ser livre
é não ter que ter:
não ter
é não precisar não ser
III - em toda suposta liberdade
há uma prisão latente:
mas há tanto imbecil que se julga livre...
deveriam ler a palavra "livres"
de trás pra frente
04 junho 2019
01 junho 2019
Nós, estes Vermes
se soubéssemos quantas pessoas
apodrecem em miséria
a cada riqueza que é concentrada...
se soubéssemos quantos humanos
agonizam de fome
a cada comida desperdiçada...
se soubéssemos quanto de vida
diminui no planeta
a cada plástico que é consumido...
se soubéssemos quanto de morte
se espalha na Terra
a cada bem que é produzido...
nós, estes vermes...
faríamos tudo de novo.
apodrecem em miséria
a cada riqueza que é concentrada...
se soubéssemos quantos humanos
agonizam de fome
a cada comida desperdiçada...
se soubéssemos quanto de vida
diminui no planeta
a cada plástico que é consumido...
se soubéssemos quanto de morte
se espalha na Terra
a cada bem que é produzido...
nós, estes vermes...
faríamos tudo de novo.
29 maio 2019
Fin(do) Mundo
eu:
há um pulso no que sinto
há um preço no que pulsa
há um posso em que me findo
há um peso em que me perco
há poças no que piso
há um puma no que penso
há um passo do mim mesmo
há um ponto em que não passo
a humanidade:
há um preço que se paga
há um prego que se sangra
há um pranto que se alaga
há pressa numa sina
a um pulso de um Fim do...
a um passo de um sismo
a um prazo do destino
a um passo do Abismo
há um pulso no que sinto
há um preço no que pulsa
há um posso em que me findo
há um peso em que me perco
há poças no que piso
há um puma no que penso
há um passo do mim mesmo
há um ponto em que não passo
a humanidade:
há um preço que se paga
há um prego que se sangra
há um pranto que se alaga
há pressa numa sina
a um pulso de um Fim do...
a um passo de um sismo
a um prazo do destino
a um passo do Abismo
26 maio 2019
As Pessoas Passam
as pessoas passam
todo dia
na espera
de que o dia
passe
para ter no resto
do dia
um descanso como resto
mas já estão tão cansadas
que nem descansam
do que não fizeram
e nem fizeram
o que valesse
a pena descansar
(seja de bem seja de mal)
as pessoas passam toda vida
na espera
de que a vida
passe
e passam
as pessoas passam...
e etc e tal
todo dia
na espera
de que o dia
passe
para ter no resto
do dia
um descanso como resto
mas já estão tão cansadas
que nem descansam
do que não fizeram
e nem fizeram
o que valesse
a pena descansar
(seja de bem seja de mal)
as pessoas passam toda vida
na espera
de que a vida
passe
e passam
as pessoas passam...
e etc e tal
24 maio 2019
Para proteger e aumentar o número de Tigres, Bangladesh mata bandidos caçadores. O contrário do Brasil de Bolsonaro.
A destruição na Amazônia está atingindo níveis catastróficos com o desgoverno bolsonaro. Uma tragédia anunciada. A floresta está perdendo 19 HECTARES POR HORA. Em 15 dias de maio, a devastação corresponde à dos 9 meses anteriores, mas as multas do IBAMA caíram 35%, segundo divulgaram diversas ONGs. Enquanto isso, o número de agrotóxicos liberados até agora este ano já é maior do que foi liberado em qualquer ano COMPLETO anterior. Ou se tira Bolsonaro do poder, ou o nosso país será literalmente destruído. Não vou cansar de postar o meu texto de outubro de 2018, em que "cantei a pedra". Não porque sou um gênio, mas porque era o óbvio dos óbvios. Um trecho:
"O egoísmo também nos fala do lucro a qualquer custo. O custo é mais e mais destruição ambiental e exploração do trabalho humano. Voltamos à era da redução das áreas de preservação ambiental, do massacre dos povos nativos, da liberação da caça e da aniquilação da vida selvagem, pois isso não tem valor para o neoliberalismo, a não ser o valor financeiro. A poluição desenfreada não terá limites, a vida será cada vez mais subjugada pelos meios de produção. Vivemos a era em que os recursos naturais, desde campos, florestas, até a água ficarão nas mãos de muito poucos, assustadoramente poucos."
Enquanto isso, no meio do caos em que se encontra nosso planeta, de vez em quando, surge alguma boa notícia, como a de que a população de tigres de Bangladesh voltou a crescer depois de décadas de quedas devido à caça e à destruição do habitat.
Como que isso aconteceu? O trecho a seguir, retirado do site O Grito do Bicho, explica claramente:
"As autoridades adotaram uma série de medidas para aumentar o número de tigres de bengala na floresta - um dos últimos habitats silvestres remanescentes do mundo para os grandes felinos.
Como parte das medidas, o tamanho do santuário da vida selvagem na floresta foi a mais do que o dobro, enquanto uma força de segurança de elite lançou uma grande repressão contra os piratas que se tornaram caçadores ativos na rede de rios e canais da floresta.
Anteriormente, o santuário da vida selvagem estava limitado a 23% da cobertura florestal, e os moradores e turistas tinham acesso irrestrito ao restante da floresta de mangue.
Um esquema de recompra de armas fez com que quase 200 caçadores piratas entregassem suas armas e munições à polícia em troca de dinheiro, ajuda legal e telefones celulares.
Dezenas de outros caçadores piratas foram mortos a tiros como parte da repressão. Em um dos piores tiroteios, a polícia matou seis caçadores furtivos em agosto de 2015 em um canal da floresta e encontrou as peles de três tigres de Bengala adultos.
A polícia alegou que o esquema de rendição praticamente erradicou a ilegalidade que já existiu nos mangues. "A caça furtiva é uma das principais razões para o declínio da população de tigres", disse Alam, acrescentando que as autoridades já lançaram um projeto de patrulhamento "inteligente" na floresta para reduzir o número de casos de caça furtiva a zero."
Mas no Brasil deprimente do pior presidente da história, seguimos o caminho contrário.
(Na imagem, um dos 114 tigres da reserva de Sundarbans, em Bangladesh.)
23 maio 2019
Para que Você quer Arte?
o que você quer da arte?
só o beijo e não o soco?
só o belo e não o chute?
só o sonho e não o sangue?
só o certo e não o medo?
só o leve e não a morte?
para que você quer arte?
para se sentir bem?
para ser agradado agraciado acariciado?
para se manter na sua zona de conforto ?
para seguir cômodo na sua frívola visão da vida?
prosseguir satisfeito com seu sorriso estúpido?
nunca ter abalos nas suas certezas toscas?
então você não quer arte você quer autoajuda:
vá ler augusto cury
vá pagar por palestras motivacionais
vá lamber o microfone de um pastor
ou vá para casa brincar
com sua caixinha fodida
de esperanças
só o beijo e não o soco?
só o belo e não o chute?
só o sonho e não o sangue?
só o certo e não o medo?
só o leve e não a morte?
para que você quer arte?
para se sentir bem?
para ser agradado agraciado acariciado?
para se manter na sua zona de conforto ?
para seguir cômodo na sua frívola visão da vida?
prosseguir satisfeito com seu sorriso estúpido?
nunca ter abalos nas suas certezas toscas?
então você não quer arte você quer autoajuda:
vá ler augusto cury
vá pagar por palestras motivacionais
vá lamber o microfone de um pastor
ou vá para casa brincar
com sua caixinha fodida
de esperanças
21 maio 2019
Ausência
por que devo dizer alguma coisa
se o que importa é o que se oculta?
é a palavra que não está lá
o que importa é a porta ao não-dito
é o destino
dado por quem lê
ao que não foi escrito
o que importa o que (des)espero?
o verso é um silêncio
do que é e não se vê
do que será e ainda se forma
e ele percorre a estrada
entre o que há
e o que é nada
nem sei do que sinto
mais do que vinho tinto
quem dera tivesse consciência...
por que dizer algo
se o próprio Deus
é o mistério da ausência?
se o que importa é o que se oculta?
é a palavra que não está lá
o que importa é a porta ao não-dito
é o destino
dado por quem lê
ao que não foi escrito
o que importa o que (des)espero?
o verso é um silêncio
do que é e não se vê
do que será e ainda se forma
e ele percorre a estrada
entre o que há
e o que é nada
nem sei do que sinto
mais do que vinho tinto
quem dera tivesse consciência...
por que dizer algo
se o próprio Deus
é o mistério da ausência?
19 maio 2019
Decadência
o que me resta de alma
mal dá pra cobrir
um vão do ente:
sou um doente em vão
e vão todas as gentes
no vácuo do (des)humano
a vagar para o abismo
ano após ano
asno após asno
ismo após ismo
sem saber de si mesmo:
eu e meu cinismo
reconheço que desagrado
e que não toco
nenhum vão do que se sente
com meu taco em não
(e os outros pensam que o são)
reconheço que me degrado
cataratas de sangue e caos
e outras quedas e tals
é o que se chama Evolução?
então
fico com minha busca
(como quem dirige um fusca)
por um resto de consciência
no que me fiz Decadência
mal dá pra cobrir
um vão do ente:
sou um doente em vão
e vão todas as gentes
no vácuo do (des)humano
a vagar para o abismo
ano após ano
asno após asno
ismo após ismo
sem saber de si mesmo:
eu e meu cinismo
reconheço que desagrado
e que não toco
nenhum vão do que se sente
com meu taco em não
(e os outros pensam que o são)
reconheço que me degrado
cataratas de sangue e caos
e outras quedas e tals
é o que se chama Evolução?
então
fico com minha busca
(como quem dirige um fusca)
por um resto de consciência
no que me fiz Decadência
16 maio 2019
Sem Paz
I - as pessoas querem acabar
com seus problemas:
se conseguissem
acabariam com elas mesmas
II - as pessoas querem paz
como se paz
fosse não ter com o que se preocupar...
mas paz
é não se preocupar
com a paz que não se tem
III - ter paz de consciência?
se nem consciência se tem?
IV - "ser ou não ser...
eis a questão..."
mas o que é o Ser?
é o que não sou
é o que não és
é o que não são
com seus problemas:
se conseguissem
acabariam com elas mesmas
II - as pessoas querem paz
como se paz
fosse não ter com o que se preocupar...
mas paz
é não se preocupar
com a paz que não se tem
III - ter paz de consciência?
se nem consciência se tem?
IV - "ser ou não ser...
eis a questão..."
mas o que é o Ser?
é o que não sou
é o que não és
é o que não são
14 maio 2019
Poeta é Saber que Não se Pode
I - não escrevo
para que os outros me leiam
me entendam me decifrem
escrevo para eu fazê-lo
com os outros
II - não escrevo
para melhorar ninguém
(só o si
melhora a si
quando cai em si)
escrevo a meu ser
que saindo da miséria que sou
se vá além do que nem sei
e do que nem vou
III - poeta
é saber que não se pode:
é perceber
que não se percebe
é dar-se conta
de que não se dão conta
para que os outros me leiam
me entendam me decifrem
escrevo para eu fazê-lo
com os outros
II - não escrevo
para melhorar ninguém
(só o si
melhora a si
quando cai em si)
escrevo a meu ser
que saindo da miséria que sou
se vá além do que nem sei
e do que nem vou
III - poeta
é saber que não se pode:
é perceber
que não se percebe
é dar-se conta
de que não se dão conta
11 maio 2019
Van Gogh, Goethe, Bach
ler Van Gogh
ouvir Goethe
contemplar Bach
se não causar
um além do que se é
(não falo de ciência nem de fé)
se em nossos dias pequenos
não mover minúsculas partículas
de mínimo mais amor (ao menos)
se não trouxer
uma certa irmandade
(ou coisa que há-de)
com uma simples estrela
ou com (por exemplo)
um complexo esquilo
de que adianta
(sobre Van Gogh, Goethe, Bach...)
decifrá-lo
entendê-lo
senti-lo?
ouvir Goethe
contemplar Bach
se não causar
um além do que se é
(não falo de ciência nem de fé)
se em nossos dias pequenos
não mover minúsculas partículas
de mínimo mais amor (ao menos)
se não trouxer
uma certa irmandade
(ou coisa que há-de)
com uma simples estrela
ou com (por exemplo)
um complexo esquilo
de que adianta
(sobre Van Gogh, Goethe, Bach...)
decifrá-lo
entendê-lo
senti-lo?
10 maio 2019
Sobre os Homens Ocos*
nós somos os homens ocos
(e já nem digo cagados)
em cujas cucas já poucas
há um caldo de água de coco
vazado pelos buracos
que ao menor toque de tocos
se faz em cacos
os nossos crânios
esmagados por tacos
a pauladas da vida mecânica
pelos socos do mundo vácuo
antes fôssemos loucos
mas nos acocoramos
diante do caos
como os porcos
que curvam as fuças
diante dos céus
não valemos nem para troco
menos do que macacos
pior do que meros tolos
nós somos os homens ocos
chocos botando ovos
na vida de só rebocos:
já nos disseram os corvos
que somos os homens mortos
*Poema inspirado em T.S.Eliot:
“Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada.”
(e já nem digo cagados)
em cujas cucas já poucas
há um caldo de água de coco
vazado pelos buracos
que ao menor toque de tocos
se faz em cacos
os nossos crânios
esmagados por tacos
a pauladas da vida mecânica
pelos socos do mundo vácuo
antes fôssemos loucos
mas nos acocoramos
diante do caos
como os porcos
que curvam as fuças
diante dos céus
não valemos nem para troco
menos do que macacos
pior do que meros tolos
nós somos os homens ocos
chocos botando ovos
na vida de só rebocos:
já nos disseram os corvos
que somos os homens mortos
*Poema inspirado em T.S.Eliot:
“Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada.”
07 maio 2019
A Morte e as Quatro Canções Graves de Brahms
em 1896 Brahms compôs as Quatro Canções Graves
sua penúltima obra (Opus 121)
Brahms morreu um ano depois.
em 1896 faleceu Clara Schumann
viúva de Robert Schumann
e o grande amor não-concretizado (talvez tocado)
de Johannes Brahms.
em 1896 Brahms compôs as Quatro Canções Sérias
músicas de um pessimismo absoluto.
meses depois Brahms estaria de luto
pela morte de Clara Schumann.
em 3 de abril de 1897
Johannes Brahms faleceu
(meu compositor favorito)
e ficou de luto por ele mesmo.
"Ó Morte, quão amarga tu és"
diz um dos trechos das 4 Canções Graves.
Brahms sabia que em breve
seu amor Clara Wieck Schumann
doente
estaria com a Morte.
em 1896 aos 63 anos de idade
Brahms compôs as Quatro Canções (bem) Sérias
e dedicou a ele mesmo
no seu aniversário em 7 de maio de 1896.
menos de um ano depois
Brahms morreria de câncer de fígado.
em 7 de maio de 2019
Brahms completou 186 anos
de Imortalidade
sua penúltima obra (Opus 121)
Brahms morreu um ano depois.
em 1896 faleceu Clara Schumann
viúva de Robert Schumann
e o grande amor não-concretizado (talvez tocado)
de Johannes Brahms.
em 1896 Brahms compôs as Quatro Canções Sérias
músicas de um pessimismo absoluto.
meses depois Brahms estaria de luto
pela morte de Clara Schumann.
em 3 de abril de 1897
Johannes Brahms faleceu
(meu compositor favorito)
e ficou de luto por ele mesmo.
"Ó Morte, quão amarga tu és"
diz um dos trechos das 4 Canções Graves.
Brahms sabia que em breve
seu amor Clara Wieck Schumann
doente
estaria com a Morte.
em 1896 aos 63 anos de idade
Brahms compôs as Quatro Canções (bem) Sérias
e dedicou a ele mesmo
no seu aniversário em 7 de maio de 1896.
menos de um ano depois
Brahms morreria de câncer de fígado.
em 7 de maio de 2019
Brahms completou 186 anos
de Imortalidade
04 maio 2019
No Escritório do Homem de Sucesso
o homem de sucesso sentado
engordurado no seu escritório
de brancos tons de ilusório
uma enorme janela fechada (do lado)
e um ar livre de fachada
no marketing da entrada
e dentro o ar-preso-oprimido-condicionado
enquanto lá fora voam pássaros
ali dentro voam notas
enquanto ali dentro nascem notas
lá fora morrem pássaros
vê e nota
o notável homem de sucesso
predador idiota
praga e presa do progresso
a vida passa de mãos vazias
mas o homem vai contando suas moedas
de ouro cheias as moedas passam
e a vida vai matando seus dias
nos dias de morte
e de almas vazias
engordurado no seu escritório
de brancos tons de ilusório
uma enorme janela fechada (do lado)
e um ar livre de fachada
no marketing da entrada
e dentro o ar-preso-oprimido-condicionado
enquanto lá fora voam pássaros
ali dentro voam notas
enquanto ali dentro nascem notas
lá fora morrem pássaros
vê e nota
o notável homem de sucesso
predador idiota
praga e presa do progresso
a vida passa de mãos vazias
mas o homem vai contando suas moedas
de ouro cheias as moedas passam
e a vida vai matando seus dias
nos dias de morte
e de almas vazias
02 maio 2019
Três Tacadas
I (do valor)
para o planeta
um catador de lixo
é infinitamente superior
a qualquer empresário
para o futuro da humanidade
há muito mais valor
em um mendigo
do que num milionário
II (do riso)
quando falo sério
serializo
como faria o serial killer
(quanto ocaso é sério...)
quando é riso
ironizo
(nem falo em sorriso
porque sorriso é mais mistério)
III (do poeta)
para o poeta
não vale a máxima
(que é mínima)
'faça o que eu digo
não faça o que eu faço"
porque o que o poeta fala
é sua poesia
e poesia é o que ele faz.
e poesia é coisa de cor vermelha
que a ninguém se aconselha
para o planeta
um catador de lixo
é infinitamente superior
a qualquer empresário
para o futuro da humanidade
há muito mais valor
em um mendigo
do que num milionário
II (do riso)
quando falo sério
serializo
como faria o serial killer
(quanto ocaso é sério...)
quando é riso
ironizo
(nem falo em sorriso
porque sorriso é mais mistério)
III (do poeta)
para o poeta
não vale a máxima
(que é mínima)
'faça o que eu digo
não faça o que eu faço"
porque o que o poeta fala
é sua poesia
e poesia é o que ele faz.
e poesia é coisa de cor vermelha
que a ninguém se aconselha
30 abril 2019
Do Fim Desta Civilização
tu gato vasto noturno
atento ao tenso vazio da treva
tu vês ainda mais vezes
que vazio sou eu
que não me estou
no que te leva
tu sabes, gato
que toda a ciência
não vale o sentido
do teu olfato
e que tudo na vida
é um inspirar - expirar
inspirar é nascer - crescer
e se cresce até um máximo
expirar é envelhecer - morrer
depois que se enche os pulmões da vida
até o máximo
a vida toda e toda vida
é uma grande inspiração - expiração
desde a existência de um gato
até a história de uma civilização
atento ao tenso vazio da treva
tu vês ainda mais vezes
que vazio sou eu
que não me estou
no que te leva
tu sabes, gato
que toda a ciência
não vale o sentido
do teu olfato
e que tudo na vida
é um inspirar - expirar
inspirar é nascer - crescer
e se cresce até um máximo
expirar é envelhecer - morrer
depois que se enche os pulmões da vida
até o máximo
a vida toda e toda vida
é uma grande inspiração - expiração
desde a existência de um gato
até a história de uma civilização
28 abril 2019
Os Detalhes da Luz
insana palavra de sombra
verbo-clarão na verdade
nada
ilumina o tanto da noite
do que os relâmpagos da tempestade
agouro de coruja amiga
que pia
ao que não me iludo
teus olhos de vastos noturnos
que alertantemente
veem tudo
que segredo que há
entre o que céu
e uma revoada de urubus?
só a sombra
percebe os mínimos detalhes
da luz
verbo-clarão na verdade
nada
ilumina o tanto da noite
do que os relâmpagos da tempestade
agouro de coruja amiga
que pia
ao que não me iludo
teus olhos de vastos noturnos
que alertantemente
veem tudo
que segredo que há
entre o que céu
e uma revoada de urubus?
só a sombra
percebe os mínimos detalhes
da luz
26 abril 2019
O Messias
Handel
compôs o comovente Oratório "O Messias"
obra imortal
Brézil
elegeu o deprimente mor otário jair messias
obra imoral
imoral também sou eu
em colocar diamante e merda
no mesmo cofre:
um grande e um nada
na mesma estrofe
mas meu poema é universal:
vale para qualquer comparação
entre um artista e um político
(em maior ou menor grau)
em qualquer país
qualquer planeta
qualquer galáxia
e coisa e tal
compôs o comovente Oratório "O Messias"
obra imortal
Brézil
elegeu o deprimente mor otário jair messias
obra imoral
imoral também sou eu
em colocar diamante e merda
no mesmo cofre:
um grande e um nada
na mesma estrofe
mas meu poema é universal:
vale para qualquer comparação
entre um artista e um político
(em maior ou menor grau)
em qualquer país
qualquer planeta
qualquer galáxia
e coisa e tal
24 abril 2019
Poético
reconheço como grande
o homem que NÃO reconhece como grande
os que se acham grandes
só os verdadeiros fortes
não ficam do lado dos mais fortes:
a força está
em não se dobrar à força
poder
é não se curvar ao poder
(não importa o que puderem)
de modo
que não convém a um poeta
estar do lado dos ricos
(e digam o que quiserem)
o homem que NÃO reconhece como grande
os que se acham grandes
só os verdadeiros fortes
não ficam do lado dos mais fortes:
a força está
em não se dobrar à força
poder
é não se curvar ao poder
(não importa o que puderem)
de modo
que não convém a um poeta
estar do lado dos ricos
(e digam o que quiserem)
22 abril 2019
Sobremortos
I - na vida temos a ilusão da escolha
mas tudo nos é imposto:
desde os impostos
passando por custos e preços
desgraças desejos
até nossos postos
até nossos gostos
II – porque nossa vida está condicionada de uma maneira
que não haja maneira de haver vida
e de tal forma
que não se saia da fôrma
III – viver tornou-se apenas sobre:
sobretudo uma sobrevida
de sobremortos
na busca de um sem sentido
sobrenada
mas tudo nos é imposto:
desde os impostos
passando por custos e preços
desgraças desejos
até nossos postos
até nossos gostos
II – porque nossa vida está condicionada de uma maneira
que não haja maneira de haver vida
e de tal forma
que não se saia da fôrma
III – viver tornou-se apenas sobre:
sobretudo uma sobrevida
de sobremortos
na busca de um sem sentido
sobrenada
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