ler Van Gogh
ouvir Goethe
contemplar Bach
se não causar
um além do que se é
(não falo de ciência nem de fé)
se em nossos dias pequenos
não mover minúsculas partículas
de mínimo mais amor (ao menos)
se não trouxer
uma certa irmandade
(ou coisa que há-de)
com uma simples estrela
ou com (por exemplo)
um complexo esquilo
de que adianta
(sobre Van Gogh, Goethe, Bach...)
decifrá-lo
entendê-lo
senti-lo?
11 maio 2019
10 maio 2019
Sobre os Homens Ocos*
nós somos os homens ocos
(e já nem digo cagados)
em cujas cucas já poucas
há um caldo de água de coco
vazado pelos buracos
que ao menor toque de tocos
se faz em cacos
os nossos crânios
esmagados por tacos
a pauladas da vida mecânica
pelos socos do mundo vácuo
antes fôssemos loucos
mas nos acocoramos
diante do caos
como os porcos
que curvam as fuças
diante dos céus
não valemos nem para troco
menos do que macacos
pior do que meros tolos
nós somos os homens ocos
chocos botando ovos
na vida de só rebocos:
já nos disseram os corvos
que somos os homens mortos
*Poema inspirado em T.S.Eliot:
“Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada.”
(e já nem digo cagados)
em cujas cucas já poucas
há um caldo de água de coco
vazado pelos buracos
que ao menor toque de tocos
se faz em cacos
os nossos crânios
esmagados por tacos
a pauladas da vida mecânica
pelos socos do mundo vácuo
antes fôssemos loucos
mas nos acocoramos
diante do caos
como os porcos
que curvam as fuças
diante dos céus
não valemos nem para troco
menos do que macacos
pior do que meros tolos
nós somos os homens ocos
chocos botando ovos
na vida de só rebocos:
já nos disseram os corvos
que somos os homens mortos
*Poema inspirado em T.S.Eliot:
“Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada.”
07 maio 2019
A Morte e as Quatro Canções Graves de Brahms
em 1896 Brahms compôs as Quatro Canções Graves
sua penúltima obra (Opus 121)
Brahms morreu um ano depois.
em 1896 faleceu Clara Schumann
viúva de Robert Schumann
e o grande amor não-concretizado (talvez tocado)
de Johannes Brahms.
em 1896 Brahms compôs as Quatro Canções Sérias
músicas de um pessimismo absoluto.
meses depois Brahms estaria de luto
pela morte de Clara Schumann.
em 3 de abril de 1897
Johannes Brahms faleceu
(meu compositor favorito)
e ficou de luto por ele mesmo.
"Ó Morte, quão amarga tu és"
diz um dos trechos das 4 Canções Graves.
Brahms sabia que em breve
seu amor Clara Wieck Schumann
doente
estaria com a Morte.
em 1896 aos 63 anos de idade
Brahms compôs as Quatro Canções (bem) Sérias
e dedicou a ele mesmo
no seu aniversário em 7 de maio de 1896.
menos de um ano depois
Brahms morreria de câncer de fígado.
em 7 de maio de 2019
Brahms completou 186 anos
de Imortalidade
sua penúltima obra (Opus 121)
Brahms morreu um ano depois.
em 1896 faleceu Clara Schumann
viúva de Robert Schumann
e o grande amor não-concretizado (talvez tocado)
de Johannes Brahms.
em 1896 Brahms compôs as Quatro Canções Sérias
músicas de um pessimismo absoluto.
meses depois Brahms estaria de luto
pela morte de Clara Schumann.
em 3 de abril de 1897
Johannes Brahms faleceu
(meu compositor favorito)
e ficou de luto por ele mesmo.
"Ó Morte, quão amarga tu és"
diz um dos trechos das 4 Canções Graves.
Brahms sabia que em breve
seu amor Clara Wieck Schumann
doente
estaria com a Morte.
em 1896 aos 63 anos de idade
Brahms compôs as Quatro Canções (bem) Sérias
e dedicou a ele mesmo
no seu aniversário em 7 de maio de 1896.
menos de um ano depois
Brahms morreria de câncer de fígado.
em 7 de maio de 2019
Brahms completou 186 anos
de Imortalidade
04 maio 2019
No Escritório do Homem de Sucesso
o homem de sucesso sentado
engordurado no seu escritório
de brancos tons de ilusório
uma enorme janela fechada (do lado)
e um ar livre de fachada
no marketing da entrada
e dentro o ar-preso-oprimido-condicionado
enquanto lá fora voam pássaros
ali dentro voam notas
enquanto ali dentro nascem notas
lá fora morrem pássaros
vê e nota
o notável homem de sucesso
predador idiota
praga e presa do progresso
a vida passa de mãos vazias
mas o homem vai contando suas moedas
de ouro cheias as moedas passam
e a vida vai matando seus dias
nos dias de morte
e de almas vazias
engordurado no seu escritório
de brancos tons de ilusório
uma enorme janela fechada (do lado)
e um ar livre de fachada
no marketing da entrada
e dentro o ar-preso-oprimido-condicionado
enquanto lá fora voam pássaros
ali dentro voam notas
enquanto ali dentro nascem notas
lá fora morrem pássaros
vê e nota
o notável homem de sucesso
predador idiota
praga e presa do progresso
a vida passa de mãos vazias
mas o homem vai contando suas moedas
de ouro cheias as moedas passam
e a vida vai matando seus dias
nos dias de morte
e de almas vazias
02 maio 2019
Três Tacadas
I (do valor)
para o planeta
um catador de lixo
é infinitamente superior
a qualquer empresário
para o futuro da humanidade
há muito mais valor
em um mendigo
do que num milionário
II (do riso)
quando falo sério
serializo
como faria o serial killer
(quanto ocaso é sério...)
quando é riso
ironizo
(nem falo em sorriso
porque sorriso é mais mistério)
III (do poeta)
para o poeta
não vale a máxima
(que é mínima)
'faça o que eu digo
não faça o que eu faço"
porque o que o poeta fala
é sua poesia
e poesia é o que ele faz.
e poesia é coisa de cor vermelha
que a ninguém se aconselha
para o planeta
um catador de lixo
é infinitamente superior
a qualquer empresário
para o futuro da humanidade
há muito mais valor
em um mendigo
do que num milionário
II (do riso)
quando falo sério
serializo
como faria o serial killer
(quanto ocaso é sério...)
quando é riso
ironizo
(nem falo em sorriso
porque sorriso é mais mistério)
III (do poeta)
para o poeta
não vale a máxima
(que é mínima)
'faça o que eu digo
não faça o que eu faço"
porque o que o poeta fala
é sua poesia
e poesia é o que ele faz.
e poesia é coisa de cor vermelha
que a ninguém se aconselha
30 abril 2019
Do Fim Desta Civilização
tu gato vasto noturno
atento ao tenso vazio da treva
tu vês ainda mais vezes
que vazio sou eu
que não me estou
no que te leva
tu sabes, gato
que toda a ciência
não vale o sentido
do teu olfato
e que tudo na vida
é um inspirar - expirar
inspirar é nascer - crescer
e se cresce até um máximo
expirar é envelhecer - morrer
depois que se enche os pulmões da vida
até o máximo
a vida toda e toda vida
é uma grande inspiração - expiração
desde a existência de um gato
até a história de uma civilização
atento ao tenso vazio da treva
tu vês ainda mais vezes
que vazio sou eu
que não me estou
no que te leva
tu sabes, gato
que toda a ciência
não vale o sentido
do teu olfato
e que tudo na vida
é um inspirar - expirar
inspirar é nascer - crescer
e se cresce até um máximo
expirar é envelhecer - morrer
depois que se enche os pulmões da vida
até o máximo
a vida toda e toda vida
é uma grande inspiração - expiração
desde a existência de um gato
até a história de uma civilização
28 abril 2019
Os Detalhes da Luz
insana palavra de sombra
verbo-clarão na verdade
nada
ilumina o tanto da noite
do que os relâmpagos da tempestade
agouro de coruja amiga
que pia
ao que não me iludo
teus olhos de vastos noturnos
que alertantemente
veem tudo
que segredo que há
entre o que céu
e uma revoada de urubus?
só a sombra
percebe os mínimos detalhes
da luz
verbo-clarão na verdade
nada
ilumina o tanto da noite
do que os relâmpagos da tempestade
agouro de coruja amiga
que pia
ao que não me iludo
teus olhos de vastos noturnos
que alertantemente
veem tudo
que segredo que há
entre o que céu
e uma revoada de urubus?
só a sombra
percebe os mínimos detalhes
da luz
26 abril 2019
O Messias
Handel
compôs o comovente Oratório "O Messias"
obra imortal
Brézil
elegeu o deprimente mor otário jair messias
obra imoral
imoral também sou eu
em colocar diamante e merda
no mesmo cofre:
um grande e um nada
na mesma estrofe
mas meu poema é universal:
vale para qualquer comparação
entre um artista e um político
(em maior ou menor grau)
em qualquer país
qualquer planeta
qualquer galáxia
e coisa e tal
compôs o comovente Oratório "O Messias"
obra imortal
Brézil
elegeu o deprimente mor otário jair messias
obra imoral
imoral também sou eu
em colocar diamante e merda
no mesmo cofre:
um grande e um nada
na mesma estrofe
mas meu poema é universal:
vale para qualquer comparação
entre um artista e um político
(em maior ou menor grau)
em qualquer país
qualquer planeta
qualquer galáxia
e coisa e tal
24 abril 2019
Poético
reconheço como grande
o homem que NÃO reconhece como grande
os que se acham grandes
só os verdadeiros fortes
não ficam do lado dos mais fortes:
a força está
em não se dobrar à força
poder
é não se curvar ao poder
(não importa o que puderem)
de modo
que não convém a um poeta
estar do lado dos ricos
(e digam o que quiserem)
o homem que NÃO reconhece como grande
os que se acham grandes
só os verdadeiros fortes
não ficam do lado dos mais fortes:
a força está
em não se dobrar à força
poder
é não se curvar ao poder
(não importa o que puderem)
de modo
que não convém a um poeta
estar do lado dos ricos
(e digam o que quiserem)
22 abril 2019
Sobremortos
I - na vida temos a ilusão da escolha
mas tudo nos é imposto:
desde os impostos
passando por custos e preços
desgraças desejos
até nossos postos
até nossos gostos
II – porque nossa vida está condicionada de uma maneira
que não haja maneira de haver vida
e de tal forma
que não se saia da fôrma
III – viver tornou-se apenas sobre:
sobretudo uma sobrevida
de sobremortos
na busca de um sem sentido
sobrenada
mas tudo nos é imposto:
desde os impostos
passando por custos e preços
desgraças desejos
até nossos postos
até nossos gostos
II – porque nossa vida está condicionada de uma maneira
que não haja maneira de haver vida
e de tal forma
que não se saia da fôrma
III – viver tornou-se apenas sobre:
sobretudo uma sobrevida
de sobremortos
na busca de um sem sentido
sobrenada
17 abril 2019
Assombração
a minha parte do que é
estará depois do que já não:
tenho a última máxima extrema
o final tornado lema
o que não foi tornado são
terei o alcanço (al)cansado
quando me tiver tornado vento
o tormento a me ventar tornado
em (re)voltas e (re)tornos
do Tempo em mil pedaços
triunfante e sobre-humano
sobre os meus fracassos
a minha parte irei sem ela
como quem faz e deixa
como quem beija e passa
a graça a lábio a vela
só assombros e alarmas
só escombros e fantasmas
estará depois do que já não:
tenho a última máxima extrema
o final tornado lema
o que não foi tornado são
terei o alcanço (al)cansado
quando me tiver tornado vento
o tormento a me ventar tornado
em (re)voltas e (re)tornos
do Tempo em mil pedaços
triunfante e sobre-humano
sobre os meus fracassos
a minha parte irei sem ela
como quem faz e deixa
como quem beija e passa
a graça a lábio a vela
só assombros e alarmas
só escombros e fantasmas
16 abril 2019
Agrotóxico*
o agro é pop?
o agro é pó
o agro é papo
o agro é podre
o agro é mórbido
o agro é sádico
o agro é sórdido
o agro é estúpido
(o agro é (só)lucro)
o agro é túmulo
o agro é tétrico
o agro é trágico
o agro é tóxico
o agro é pó
o agro é papo
o agro é podre
o agro é mórbido
o agro é sádico
o agro é sórdido
o agro é estúpido
(o agro é (só)lucro)
o agro é túmulo
o agro é tétrico
o agro é trágico
o agro é tóxico
*Este poema se refere somente aos setores e produtores do agronegócio que se beneficiam da brutal e absurda utilização de agrotóxico e pesticidas, a qual se encontra num crescimento desenfreado e monstruoso em nosso país, principalmente durante o governo Temer e MAIS AINDA, agora, com Bolsonaro. Pesquisas comprovam que estamos comendo alimentos e tomando água altamente contaminados.
14 abril 2019
Dois Brasis
I - nesta era
(que logo já era)
de burros e ignorantes
em que escrever é tudo em vão
já está anos-luz adiante
quem lê
as linhas
da sua própria mão
II - existem dois Brasis:
o dos seres vivos
e o dos imbecis
(que logo já era)
de burros e ignorantes
em que escrever é tudo em vão
já está anos-luz adiante
quem lê
as linhas
da sua própria mão
II - existem dois Brasis:
o dos seres vivos
e o dos imbecis
12 abril 2019
(Há)mar
o amor
um quanto de alma
e um tanto de arma
um espanto vasto de tê-lo
e um quando rastro de achá-lo
amargaridas de areias pelas luas
amaremotos de azulado pelas rosas
amarelos de sonhos pesadelos
entre sangues oceanos e castelos
noites entre estrelas e cardumes
entre aromas ares águas e perfumes
amor no que se for
a mar (a)fundo
de armadura
que amar...
(h)ámargura
mas (h)ámar
(Poema escrito em 8 de abril de 2018.)
um quanto de alma
e um tanto de arma
um espanto vasto de tê-lo
e um quando rastro de achá-lo
amargaridas de areias pelas luas
amaremotos de azulado pelas rosas
amarelos de sonhos pesadelos
entre sangues oceanos e castelos
noites entre estrelas e cardumes
entre aromas ares águas e perfumes
amor no que se for
a mar (a)fundo
de armadura
que amar...
(h)ámargura
mas (h)ámar
(Poema escrito em 8 de abril de 2018.)
100 Dias (Desastrosos) de Governo Bolsonaro
O presidente Biroliro disse que 95% das metas do seu desgoverno para os três primeiros meses foram atingidas. E eu acredito. Vejamos suas metas:
- Aumentar a destruição ambiental deixando tudo na mão de ruralistas.
- Liberar o máximo possível de agrotóxicos cancerígenos.
- Puxar o saco do Trump e entregar o país pra os EUA.
- Demitir o fiscal que o multou por pesca ilegal.
- Brincar de guerrinha virtual contra a Venezuela.
- Zerar investimentos em educação, cultura e ciência, ajudando a estabelecer o culto à ignorância dele e sua trupe.
- "Facilitar a vida" de caçadores.
- Empenhar-se em aprovar a Deforma da Previdência e fazer as pessoas trabalharem mais recebendo menos.
- Continuar a destruição dos direitos dos trabalhadores iniciada por Temer, e mesmo assim aumentar o desemprego.
- Aumentar os índices de violência contra a mulher.
- Falar asneiras, absurdos, passar fiasco e envergonhar o país.
- Encobrir a corrupção de sua família e de seus ministros.
- Glorificar os horrores da ditadura.
- Colocar no governo um bando de corruptos e imbecis.
- Fazer de bobo você que votou nele.
- Aumentar a destruição ambiental deixando tudo na mão de ruralistas.
- Liberar o máximo possível de agrotóxicos cancerígenos.
- Puxar o saco do Trump e entregar o país pra os EUA.
- Demitir o fiscal que o multou por pesca ilegal.
- Brincar de guerrinha virtual contra a Venezuela.
- Zerar investimentos em educação, cultura e ciência, ajudando a estabelecer o culto à ignorância dele e sua trupe.
- "Facilitar a vida" de caçadores.
- Empenhar-se em aprovar a Deforma da Previdência e fazer as pessoas trabalharem mais recebendo menos.
- Continuar a destruição dos direitos dos trabalhadores iniciada por Temer, e mesmo assim aumentar o desemprego.
- Aumentar os índices de violência contra a mulher.
- Falar asneiras, absurdos, passar fiasco e envergonhar o país.
- Encobrir a corrupção de sua família e de seus ministros.
- Glorificar os horrores da ditadura.
- Colocar no governo um bando de corruptos e imbecis.
- Fazer de bobo você que votou nele.
09 abril 2019
Ave Averno!
"nada é tão ruim
que não possa ficar pior"
tudo já rui
em um poço de horror
nada é tão poço
que não possa afundar mais
nada que eu possa
vai afastar a cova
nada que eu faça
vai apagar o fogo
ou abrir a fumaça
já é muito esgoto
no fundo do posso
está tudo a um passo
dos corvos do morta
do nada do abismo
da beira do findo
não foi por falta
de verso e de aviso
a minha alma já torta
caiu de asas no mundo
nada é tão fundo
que possa abismar
o meu pessimismo
vendaval furacão
as cismas e os sismos
nada é tão mero
que não tenha ficado grave:
começar do zero
outros seres outros olhos
outras árvores outras aves
outras vezes outras vozes outras naves...
Ave!
que não possa ficar pior"
tudo já rui
em um poço de horror
nada é tão poço
que não possa afundar mais
nada que eu possa
vai afastar a cova
nada que eu faça
vai apagar o fogo
ou abrir a fumaça
já é muito esgoto
no fundo do posso
está tudo a um passo
dos corvos do morta
do nada do abismo
da beira do findo
não foi por falta
de verso e de aviso
a minha alma já torta
caiu de asas no mundo
nada é tão fundo
que possa abismar
o meu pessimismo
vendaval furacão
as cismas e os sismos
nada é tão mero
que não tenha ficado grave:
começar do zero
outros seres outros olhos
outras árvores outras aves
outras vezes outras vozes outras naves...
Ave!
07 abril 2019
Trompas e Trombetas
a céu que não descia
pairava um mas
aquém do verde negro
loucura em vão
um álcool lento a lento
do que mais fiz
um vento em som de adeus
do que não vou
em queda aquela estrela
quando me vi
desejo insana a vida
fracasso e luz
sangrar venena o azul
tristeza o sim
que seja o que escrevi
o que não sou
pairava um mas
aquém do verde negro
loucura em vão
um álcool lento a lento
do que mais fiz
um vento em som de adeus
do que não vou
em queda aquela estrela
quando me vi
desejo insana a vida
fracasso e luz
sangrar venena o azul
tristeza o sim
que seja o que escrevi
o que não sou
05 abril 2019
A Noite é Luz
quando a noite acaba além
além do dia que não venha
o dia continua sendo noite
e vemos a alma que nos resta
como se espiássemos por uma fresta
e assim vemos o que é vida
na noite que nunca termina
o dia é o massacre do que se vive
vidas aniquiladas por trabalho
espancadas por chicote e malho
sempre inútil por mais que se faça
responsáveis por menos que nada
trabalhos em busca de desejos
que não se realizam pelo jugo do trabalho
não é mais o dia que nos traz esperança
o dia mecânico monótono robótico
esmagado por sucessos e progressos
por problemas e pressões e decadências
o dia morreu como morre o homem
a Noite é a última resistência da vida
e o homem ainda vivo é livre na noite
como os animais que só saem quando anoitece
porque são caçados durante o dia:
o dia tornou-se a peste e a morte.
só na Noite é que existe Luz.
além do dia que não venha
o dia continua sendo noite
e vemos a alma que nos resta
como se espiássemos por uma fresta
e assim vemos o que é vida
na noite que nunca termina
o dia é o massacre do que se vive
vidas aniquiladas por trabalho
espancadas por chicote e malho
sempre inútil por mais que se faça
responsáveis por menos que nada
trabalhos em busca de desejos
que não se realizam pelo jugo do trabalho
não é mais o dia que nos traz esperança
o dia mecânico monótono robótico
esmagado por sucessos e progressos
por problemas e pressões e decadências
o dia morreu como morre o homem
a Noite é a última resistência da vida
e o homem ainda vivo é livre na noite
como os animais que só saem quando anoitece
porque são caçados durante o dia:
o dia tornou-se a peste e a morte.
só na Noite é que existe Luz.
03 abril 2019
Alguma Definição de Literatura
se eu escrever otimismos e autoajudas
não terei escrito coisa nenhuma
se eu passar a mão na cabeça do leitor
nem terei sido escritor
literatura não se faz com sorrisos
e gestos de coraçãozinho
não se escreve sob céu azul
não se pensa sobre a vida
assistindo a comédias de finais felizes
literatura é o incômodo o soco no estômago
o ácido do limão o punhal revirando a ferida
a provocação para que se reaja
literatura não é um compêndio de esperanças
não é um manual prático para sucessos
literatura tem que escancarar o verme
que nos rói a alma na normalidade do dia a dia
tem que ser a vela em nosso particular abismo
colocar o espelho diante do nosso horror
a literatura tem que me mostrar
que o mal do mundo sou eu
que não é só o meu vizinho quem destrói o planeta:
quero literatura que me diga que estou morrendo
para que eu perceba que estou vivo
não terei escrito coisa nenhuma
se eu passar a mão na cabeça do leitor
nem terei sido escritor
literatura não se faz com sorrisos
e gestos de coraçãozinho
não se escreve sob céu azul
não se pensa sobre a vida
assistindo a comédias de finais felizes
literatura é o incômodo o soco no estômago
o ácido do limão o punhal revirando a ferida
a provocação para que se reaja
literatura não é um compêndio de esperanças
não é um manual prático para sucessos
literatura tem que escancarar o verme
que nos rói a alma na normalidade do dia a dia
tem que ser a vela em nosso particular abismo
colocar o espelho diante do nosso horror
a literatura tem que me mostrar
que o mal do mundo sou eu
que não é só o meu vizinho quem destrói o planeta:
quero literatura que me diga que estou morrendo
para que eu perceba que estou vivo
01 abril 2019
Corvo
Deus está morto:
fomos a nós que nos matamos.
meu olho absorto:
foi sempre horror por entre os anos
o mundo é este porco:
e fomos nós que o carneamos
o amor é um aborto:
foi entre pós que o causamos
o homem está morto:
somos adeus que nos mandamos
fomos a nós que nos matamos.
meu olho absorto:
foi sempre horror por entre os anos
o mundo é este porco:
e fomos nós que o carneamos
o amor é um aborto:
foi entre pós que o causamos
o homem está morto:
somos adeus que nos mandamos
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