não me explico.
por que deveria dar um motivo?
reservo-me o indizível direito
(com o que faço
só eu devo estar satisfeito)
de dizer-me ou não:
se for pelo sentir mais alto
(ou sonho que me tomou de assalto)
de meu eu me desdigo
que nunca falo do meu falo
e não sou meu próprio umbigo
as palavras são asas veladas
que não tenho e que sustenho
sem ter que ter no meu chão
(só a mim interessa o meu não)
algo de lago sobre o mar
e o lento da morte ante o luto
sempre em segredo a te olhar
a minha palavra é longo longe de mim
e por outra maior estrada
se eu tivesse que explicar tudo
melhor seria não dizer nada
05 maio 2018
03 maio 2018
Maldição
não sei nunca saberei por que escrevo.
não há nada que eu ganhe no que faço
nem dinheiro nem glória nem abraço
nem curo meu mal e em nada me inscrevo
talvez seja assim meu último credo
único som que deixo como rastro
único sangue a valer meu cansaço
única forma em que sou meu segredo
vale tanto porque não vale nada:
o que vale não merece seu preço
só vale a vida que nos é não dada
escrever é conhecer que me esqueço
sentir o não-ser da vida alcançada
em que serei morto e em que permaneço
não há nada que eu ganhe no que faço
nem dinheiro nem glória nem abraço
nem curo meu mal e em nada me inscrevo
talvez seja assim meu último credo
único som que deixo como rastro
único sangue a valer meu cansaço
única forma em que sou meu segredo
vale tanto porque não vale nada:
o que vale não merece seu preço
só vale a vida que nos é não dada
escrever é conhecer que me esqueço
sentir o não-ser da vida alcançada
em que serei morto e em que permaneço
30 abril 2018
Não Fazer Nada da Vida
quando eles te perguntam:
"O que você faz da vida?"
eles não querem saber o que tu fazes da vida
eles nem sabem de que vida falam
e nem o que é vida
eles só querem saber no que tu trabalhas
e nem tanto pelo trabalho em si
mas por quanto de dinheiro tu ganhas
e por qual a importância que tu tens
e não tanto pela importância em si
mas pelo importância que te acham como tendo
quando eles te perguntam:
"O que você faz da vida?"
tu poderias (por que não?) responder:
eu leio romances
eu escuto música
eu falo com animais
eu caminho pelos campos
eu toco violão
eu cuido do quintal
eu escrevo poemas
eu assisto a filmes
eu descubro sobre coisas
eu converso com amigos
eu procuro mistérios
eu viajo
eu sonho
eu amo
(...)
se tu responderes assim
eles dirão que tu és um vagabundo
e que não fazes nada da vida
mas são eles que não fazem nada da vida.
"O que você faz da vida?"
eles não querem saber o que tu fazes da vida
eles nem sabem de que vida falam
e nem o que é vida
eles só querem saber no que tu trabalhas
e nem tanto pelo trabalho em si
mas por quanto de dinheiro tu ganhas
e por qual a importância que tu tens
e não tanto pela importância em si
mas pelo importância que te acham como tendo
quando eles te perguntam:
"O que você faz da vida?"
tu poderias (por que não?) responder:
eu leio romances
eu escuto música
eu falo com animais
eu caminho pelos campos
eu toco violão
eu cuido do quintal
eu escrevo poemas
eu assisto a filmes
eu descubro sobre coisas
eu converso com amigos
eu procuro mistérios
eu viajo
eu sonho
eu amo
(...)
se tu responderes assim
eles dirão que tu és um vagabundo
e que não fazes nada da vida
mas são eles que não fazem nada da vida.
28 abril 2018
Tarde
sou eu que tardo no que sinto
ou é o campo que se nubla com meu sangue
seco e indistinto?
noite que te atrás
o que é que tu me trazes?
e que olho de horizonte
me olha desde o ontem
entre o que vento
e o que silêncio do monte?
sendo humano não posso nada:
só as aves é que auroram dias
só as árvores é que longinquam estradas
sou o que vejo
quando me sinto no que som
e o que não sou
está sendo no que fiz
e o que não fiz
estava feito no que sou
ou é o campo que se nubla com meu sangue
seco e indistinto?
noite que te atrás
o que é que tu me trazes?
e que olho de horizonte
me olha desde o ontem
entre o que vento
e o que silêncio do monte?
sendo humano não posso nada:
só as aves é que auroram dias
só as árvores é que longinquam estradas
sou o que vejo
quando me sinto no que som
e o que não sou
está sendo no que fiz
e o que não fiz
estava feito no que sou
26 abril 2018
Final da Reta
I- ser poeta é estar enchendo a cara
no final da reta
ter chegado antes
e contemplar já bêbado
a chegada acabada e cágada
aos trancos e aos rastejos
do que resta dos humanos sãos
com seus saudáveis e vãos desejos
II- o verso é o outro caminho do paralelo ao fracasso
onde sopra uma vida de vento e uma alma de aço
III- ser poeta é um ato infame e vil:
é perceber indiferente e indignado
olhando nos olhos de cada um e de mim
o quanto há de humano
e o quanto há de imbecil
no final da reta
ter chegado antes
e contemplar já bêbado
a chegada acabada e cágada
aos trancos e aos rastejos
do que resta dos humanos sãos
com seus saudáveis e vãos desejos
II- o verso é o outro caminho do paralelo ao fracasso
onde sopra uma vida de vento e uma alma de aço
III- ser poeta é um ato infame e vil:
é perceber indiferente e indignado
olhando nos olhos de cada um e de mim
o quanto há de humano
e o quanto há de imbecil
24 abril 2018
Sem Conserto
de que adiantam
teus coros a quatro vozes
(ou teus choros enquanto morres)
emudecidos pelo vento
(ou endurecidos de cimento)
já tantas vezes
(já tantas fezes)
ou os teus acordes
com cordas
pelos cortes
do pescoço?
concordas?
as notas do teu piano
(de que caem teclas ano a ano)
o Tempo
nem mais nota
à tua partitura
já não cabe nenhum inserto
Humanidade
(já ouço uma flauta
na tempestade):
tu não tens conCerto
teus coros a quatro vozes
(ou teus choros enquanto morres)
emudecidos pelo vento
(ou endurecidos de cimento)
já tantas vezes
(já tantas fezes)
ou os teus acordes
com cordas
pelos cortes
do pescoço?
concordas?
as notas do teu piano
(de que caem teclas ano a ano)
o Tempo
nem mais nota
à tua partitura
já não cabe nenhum inserto
Humanidade
(já ouço uma flauta
na tempestade):
tu não tens conCerto
22 abril 2018
Sete Poemetos para os Nossos Dias
1. Da Verdade:
pra quê?
ninguém vai acreditar em você
2.Das Ciências:
até serve para um oi:
mais que isso
até iria
mas não foi
3. Do Amor:
você nem imagina:
nem aqui
nem na china
4. Da Esperança:
deixamos de ser criança
5. Da Fé:
essa que se vê
estimula menos
que um gole de café
6. Do Sentimento:
esse que aí está
um saco vazio de cimento
esmagado com pá
7. Do Coração:
com o das galinhas
se faz um sopão
pra quê?
ninguém vai acreditar em você
2.Das Ciências:
até serve para um oi:
mais que isso
até iria
mas não foi
3. Do Amor:
você nem imagina:
nem aqui
nem na china
4. Da Esperança:
deixamos de ser criança
5. Da Fé:
essa que se vê
estimula menos
que um gole de café
6. Do Sentimento:
esse que aí está
um saco vazio de cimento
esmagado com pá
7. Do Coração:
com o das galinhas
se faz um sopão
20 abril 2018
A Verdade está nos Detalhes
I - do fim da civilização:
a força da humanidade...
mas veio um furacão de Shostakovich
e arrancou o cedilha:
a forca da humanidade.
II – da hipocrisia religiosa:
o culto de Deus.
oculto de Deus.
III – da importância da crase e da vírgula:
à humanidade, está morta a poesia, agora é o caos
a humanidade está morta, a poesia, agora, é o caos.
a força da humanidade...
mas veio um furacão de Shostakovich
e arrancou o cedilha:
a forca da humanidade.
II – da hipocrisia religiosa:
o culto de Deus.
oculto de Deus.
III – da importância da crase e da vírgula:
à humanidade, está morta a poesia, agora é o caos
a humanidade está morta, a poesia, agora, é o caos.
15 abril 2018
Maldita Poesia
I - a poesia (pelos olhos)
é pouco lida
porque exige (pela alma)
muita lida
II - em termos de poesia
as pessoas só se interessam
pelos seus eventos
já eu, ao termo da poesia
só me interesso
pelos seus ao ventos
III - perguntam- me a diferença
entre poema e poesia:
poema é a poesia escrita
poesia é a vida vivida
ou maldita
é pouco lida
porque exige (pela alma)
muita lida
II - em termos de poesia
as pessoas só se interessam
pelos seus eventos
já eu, ao termo da poesia
só me interesso
pelos seus ao ventos
III - perguntam- me a diferença
entre poema e poesia:
poema é a poesia escrita
poesia é a vida vivida
ou maldita
11 abril 2018
Indecência
ser feliz... como alguém pode ser feliz?
ou julgar-se ser feliz
(que em tudo é mais fácil julgar-se do que ser)
enquanto crianças e suas inocências
agonizam de miséria e nada?
enquanto animais e suas inocências
se extinguem em crueldade e dor?
somente quem não sente
(que sentir é perceber
que sentir é captar)
não vê também sua culpa
ao passar arrogante e satisfeito
pela família que no lixo
disputa os nojos e os podres
com as moscas e as baratas
somente quem não sente
(que raros sabem sentir)
não se dá conta do horror
que é sorrir pelas estradas
enquanto passamos rápidos absortos
pelos animais atropelados
estrebuchados (des)encarneados
com a sagrada intimidade de suas vísceras
de sua carne de seu sangue
exposta
à indecência da alegria humana
ou julgar-se ser feliz
(que em tudo é mais fácil julgar-se do que ser)
enquanto crianças e suas inocências
agonizam de miséria e nada?
enquanto animais e suas inocências
se extinguem em crueldade e dor?
somente quem não sente
(que sentir é perceber
que sentir é captar)
não vê também sua culpa
ao passar arrogante e satisfeito
pela família que no lixo
disputa os nojos e os podres
com as moscas e as baratas
somente quem não sente
(que raros sabem sentir)
não se dá conta do horror
que é sorrir pelas estradas
enquanto passamos rápidos absortos
pelos animais atropelados
estrebuchados (des)encarneados
com a sagrada intimidade de suas vísceras
de sua carne de seu sangue
exposta
à indecência da alegria humana
09 abril 2018
Há Arte na Ruína
há alma na ruína
algo de belo
no que se acaba
algo de denso
no que se perde
há alto na ruína
algo de vasto
no que se sangra
algo de imenso
no que se resta
há astros na ruína
algo de luz
no que agoniza
algo de fundo
no que se finda
há asas na ruína
algo de pássaro
na despedida
algo de música
no que se morre
minha alma é ruína.
(Na imagem, "O Inverno", de Caspar David Friedrich)
algo de belo
no que se acaba
algo de denso
no que se perde
há alto na ruína
algo de vasto
no que se sangra
algo de imenso
no que se resta
há astros na ruína
algo de luz
no que agoniza
algo de fundo
no que se finda
há asas na ruína
algo de pássaro
na despedida
algo de música
no que se morre
minha alma é ruína.
(Na imagem, "O Inverno", de Caspar David Friedrich)
07 abril 2018
O Próximo Presidente da Grande Nação Brasileira
Irei direto ao ponto. O próximo presidente da "Grande Nação Brasileira" será alguém do PSDB ou do PMDB, ou de qualquer partido com a mesma (ou quase a mesma) orientação ideológica, ou de alguma coligação de que façam parte.
Será o governo mais lógico, o mais adequado ao momento de reação da direita (ou do que se diz "direita", ou do que se comporta como), será um governo que realmente representa o pensamento do brasileiro (eu disse o pensamento, não as necessidades do brasileiro, porque o brasileiro em geral desconhece suas próprias necessidades).
Teremos, em breve, um novo governo plutocrático, ou seja, um governo de ricos e para os ricos, para as grandes empresas, para os latifundiários, para as grandes corporações, para o lucro a qualquer custo. O próximo governo será a continuação e o aprofundamento da política de Temer, que já tem o apoio da grande maioria do Congresso e dos seus partidos (inclusive, sim, o apoio do BOLSÓPAPO em quase todos seus projetos e pretensões).
Nos próximos anos, veremos o prosseguimento lento e insidioso da aniquilação dos serviços públicos e das políticas sociais, a progressão da miséria e da violência, a redução dos direitos e das garantias individuais, o aprofundamento da opressão e a destruição sem limites do meio ambiente.
Ah, e, claro, eu espero estar errado.
Ah, e, claro, eu espero estar errado.
05 abril 2018
Não é necessário haver Liberdade
não é necessário haver liberdade em se vestir
quando todos usam o mesmo uniforme
não é necessário haver liberdade de gostos
quando todos são convencidos a gostar das mesmas coisas
não é necessário haver liberdade de crença
quando todos acreditam no que dizem ser certo
não é necessário haver liberdade de escolhas
quando as escolhas vêm dentro de um pacote já pronto
não é necessário haver liberdade de pensamento
quando as pessoas jamais param para pensar no que for
não é necessário haver liberdade na vida
quando a vida se torna só um ato mecânico
não é necessário haver liberdade de ser a si mesmo
quando todos são todos iguais
quando todos usam o mesmo uniforme
não é necessário haver liberdade de gostos
quando todos são convencidos a gostar das mesmas coisas
não é necessário haver liberdade de crença
quando todos acreditam no que dizem ser certo
não é necessário haver liberdade de escolhas
quando as escolhas vêm dentro de um pacote já pronto
não é necessário haver liberdade de pensamento
quando as pessoas jamais param para pensar no que for
não é necessário haver liberdade na vida
quando a vida se torna só um ato mecânico
não é necessário haver liberdade de ser a si mesmo
quando todos são todos iguais
03 abril 2018
Não gosto de Praia
não gosto de praia.
porque tem gente nela.
prefiro o oculto da sanga
entre o perdido do mato
aqueles capões brabos
peraus de cobras
e mosquitos da febre amarela
e estou falando sério:
meu gosto é de antigo
ainda me garoo no mistério:
sou daqueles que não.
me sinto bem entre gritos de sapo
e berros de gavião.
não gosto de praia?
não gosto da ideia por trás dela.
se ainda fosse aquelas praias de tormentas
daqueles mares de Turner:
há menos verdade no que se diz vida
do que naquela tela.
porque tem gente nela.
prefiro o oculto da sanga
entre o perdido do mato
aqueles capões brabos
peraus de cobras
e mosquitos da febre amarela
e estou falando sério:
meu gosto é de antigo
ainda me garoo no mistério:
sou daqueles que não.
me sinto bem entre gritos de sapo
e berros de gavião.
não gosto de praia?
não gosto da ideia por trás dela.
se ainda fosse aquelas praias de tormentas
daqueles mares de Turner:
há menos verdade no que se diz vida
do que naquela tela.
01 abril 2018
Lembrança Breve
para quê serve um poeta?
um poeta não serve pra nada
e não serve a ninguém.
poeta é ser-se
não ser-vos
um poeta não serve pra nada
e não serve a ninguém.
poeta é ser-se
não ser-vos
29 março 2018
Todo Mundo é Suicida
todo mundo é suicida.
quem é que não se mata?
quem não morre por?
de vício cobiça comida ou amor?
todo mundo morre de tanto
inclusive de tanto viver
“o todo
é o prolongamento do indivíduo” (Kant)
quem não sabe
que a humanidade
é um lento firme vasto suicídio?
todos se destroem
por um desejo
ou um sucesso (a)final
já eu não me destruo
nem para prêmio nem para pódio:
me destruo para criar:
que não seja em vão
meu suicídio de tanto morrer
quem é que não se mata?
quem não morre por?
de vício cobiça comida ou amor?
todo mundo morre de tanto
inclusive de tanto viver
“o todo
é o prolongamento do indivíduo” (Kant)
quem não sabe
que a humanidade
é um lento firme vasto suicídio?
todos se destroem
por um desejo
ou um sucesso (a)final
já eu não me destruo
nem para prêmio nem para pódio:
me destruo para criar:
que não seja em vão
meu suicídio de tanto morrer
26 março 2018
Patético
Beethoven compôs
a Sonata Patética
na época
que patético
significava “trágico”
estando de acordo
com o romântico
daquele século
hoje mudou-se rápido
e patético
significa “ridículo”
e escrevo um poema patético
estando de acordo
com o homúnculo
desta era-catástrofe
agora
a humanidade é prática
como sinônimo de hipócrita:
as coisas passam súbitas
pútridas estúpidas
e logo o tudo é nada
atônito
fogo de palha
mísera
palhaçada
a Sonata Patética
na época
que patético
significava “trágico”
estando de acordo
com o romântico
daquele século
hoje mudou-se rápido
e patético
significa “ridículo”
e escrevo um poema patético
estando de acordo
com o homúnculo
desta era-catástrofe
agora
a humanidade é prática
como sinônimo de hipócrita:
as coisas passam súbitas
pútridas estúpidas
e logo o tudo é nada
atônito
fogo de palha
mísera
palhaçada
24 março 2018
Mais um: Rinoceronte Branco do Norte está praticamente extinto
No início do século XX, havia 500 mil rinocerontes na África. Hoje, não chegam a 29 mil. É assim que caminhamos na nossa morte lenta. Morte de um planeta e da sua humanidade, a causadora do Fim. E com a morte do último espécime macho de Rinocerontes Brancos do Norte, ocorrida nesta semana, mais uma subespécie de rinoceronte foi condenada à extinção, pois restam apenas duas fêmeas é não há como ocorrer inseminação artificial. Assim como o Rinoceronte Negro do Oeste, extinto há uns dois anos, a caça foi o que causou o desaparecimento desses majestosos animais.
Das 4 subespécies de rinocerontes da África, restam duas: o Rinoceronte Branco do Sul (em situação relativamente segura, por enquanto) e o Rinoceronte Negro do Leste (mais ameaçado).
Quando da tragédia da extinção do Rinoceronte Negro do Oeste, escrevi o poema abaixo, que agora republico:
Versos Inexistentes*
Dodô
Emu-Negro
Foca-Monge
Asno-Sírio
Leão-do-Atlas
Leão-do-Cabo
Zebra-Quagga
Ave-Elefante
Arau-Gigante
Íbis-Terrestre
Tigre-de-Bali
Tigre-do-Cáspio
Tigre-de-Java
Lobo-de-Honshu
Vaca-Marinha
Sapo-Dourado
Cervo-Schomburki
Gazela-Vermelha
Dugongo-de-Steller
Antílope-Azul
Raposa-das-FalklSíri
Pombo-Passageiro
Lobo-da-Tasmânia
Cabra-dos-Pirineus
Pato-do-Labrador
Jiboia-da-Ilha-Round
Rinoceronte-Negro
Tartaruga-da-Ilha-Pinta
Lagarto-da-Ilha-de-Ratas
Wallaby-Rabo-de-Prego
Pato-de-Cabeça-Rosa
Periquito-do-Paraíso
Bandicoot-do-Deserto
Rinoceronte-de-Sumatra
Arara-Vermelha-de-Cuba
deixei 34 versos inexistentes
e mais uns outros de adeus:
quem sabe, meus amigos extintos,
um dia o meu fatal destino
beberá vinho tinto
na presença dos teus
(*Todos os animais mencionados estão extintos.)
Das 4 subespécies de rinocerontes da África, restam duas: o Rinoceronte Branco do Sul (em situação relativamente segura, por enquanto) e o Rinoceronte Negro do Leste (mais ameaçado).
Quando da tragédia da extinção do Rinoceronte Negro do Oeste, escrevi o poema abaixo, que agora republico:
Versos Inexistentes*
Dodô
Emu-Negro
Foca-Monge
Asno-Sírio
Leão-do-Atlas
Leão-do-Cabo
Zebra-Quagga
Ave-Elefante
Arau-Gigante
Íbis-Terrestre
Tigre-de-Bali
Tigre-do-Cáspio
Tigre-de-Java
Lobo-de-Honshu
Vaca-Marinha
Sapo-Dourado
Cervo-Schomburki
Gazela-Vermelha
Dugongo-de-Steller
Antílope-Azul
Raposa-das-FalklSíri
Pombo-Passageiro
Lobo-da-Tasmânia
Cabra-dos-Pirineus
Pato-do-Labrador
Jiboia-da-Ilha-Round
Rinoceronte-Negro
Tartaruga-da-Ilha-Pinta
Lagarto-da-Ilha-de-Ratas
Wallaby-Rabo-de-Prego
Pato-de-Cabeça-Rosa
Periquito-do-Paraíso
Bandicoot-do-Deserto
Rinoceronte-de-Sumatra
Arara-Vermelha-de-Cuba
deixei 34 versos inexistentes
e mais uns outros de adeus:
quem sabe, meus amigos extintos,
um dia o meu fatal destino
beberá vinho tinto
na presença dos teus
(*Todos os animais mencionados estão extintos.)
22 março 2018
De(x)ploração: ao Dia Mundial da Água
Republico poema escrito e publicado originalmente em março de 2016:
ao erguer-se a luz empurecida do sol
brilha a claridade etérica de éter
das espumas dos rios
das sangras, dos arrotos, dos diachos
ao render-se à luz emputecida do sol
castelos de sabão
aves cheias de graxas
e aquelas formas alvas
das névoas lépidas fétidas
formas brancas
acagadas
formas claras
de ovos
infinitos e intestinais
a serenidade impassível intragável
das águas plácidas
pútridas
ácidas
básicas
aquelas águas plásticas
de folhas flores e fezes
aquelas águas tranquilas
imperturbáveis
onde nem um peixe
causa alguma onda
aquelas águas-espumas
aclaradas brilhantes
acabadas desinfetantes
como resultado tardo
de ter gentes
ao erguer-se a luz empurecida do sol
brilha a claridade etérica de éter
das espumas dos rios
das sangras, dos arrotos, dos diachos
ao render-se à luz emputecida do sol
castelos de sabão
aves cheias de graxas
e aquelas formas alvas
das névoas lépidas fétidas
formas brancas
acagadas
formas claras
de ovos
infinitos e intestinais
a serenidade impassível intragável
das águas plácidas
pútridas
ácidas
básicas
aquelas águas plásticas
de folhas flores e fezes
aquelas águas tranquilas
imperturbáveis
onde nem um peixe
causa alguma onda
aquelas águas-espumas
aclaradas brilhantes
acabadas desinfetantes
como resultado tardo
de ter gentes
19 março 2018
a vida esmaga a Vida
pé por pé no dia a dia
e passo a passo de pouco em pouco
a vida esmaga a Vida
que não é vivida: só consumida
de sol a sol de hora em hora
o que é de vida se põe no lixo
o que é de alma se joga fora
e de grão em grão de ovo em ovo
o homem choca o homem chora
a encher o papo a encher o bolso
a encher o saco a encher o vácuo
do seu olho por olho
que o tempo traga
o homem
de queda em queda
dente por dente
pós-decadente
aos lusco-fuscos
não mais que cuscos
e quando se vê
é fogo-fátuo
menos que fósforo
que avança ao dedo
deixando só...
da cinza à cinza
do pó ao pó
e passo a passo de pouco em pouco
a vida esmaga a Vida
que não é vivida: só consumida
de sol a sol de hora em hora
o que é de vida se põe no lixo
o que é de alma se joga fora
e de grão em grão de ovo em ovo
o homem choca o homem chora
a encher o papo a encher o bolso
a encher o saco a encher o vácuo
do seu olho por olho
que o tempo traga
o homem
de queda em queda
dente por dente
pós-decadente
aos lusco-fuscos
não mais que cuscos
e quando se vê
é fogo-fátuo
menos que fósforo
que avança ao dedo
deixando só...
da cinza à cinza
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