o homem de sucesso sentado no seu escritório
em neutros tons de ilusório
uma janela fechada (do lado)
e um ar livre de fachada no marketing de entrada
e dentro o ar-preso-oprimido-condicionado
enquanto lá fora voam pássaros
ali dentro voam notas
enquanto ali dentro nascem notas
lá fora morrem pássaros
nota
o notável homem de sucesso
predador idiota
praga e presa do progresso
de mãos vazias a vida passa
e o homem vai contando suas moedas
de ouro cheias as moedas passam
e a vida vai contando seus dias
nos dias sem vida
das almas vazias
31 outubro 2017
29 outubro 2017
Van Gogh, Goethe, Bach
ler Van Gogh
ouvir Goethe
ou contemplar Bach
se não causar
um além do que se é....
(não, não falo
nem de ciência
nem de fé)
por mais que nossos imensos
sejam si mesmos pequenos
então que venha
uma só faísca
de um minúsculo mais amor
(ao menos)
ou não trouxer
uma certa irmandade
(ou coisa que há-de)
com uma simples estrela
ou com um complexo esquilo...
de que adianta
(pergunto sobre Van Gogh, Goethe, Bach...)
decifrá-lo
entendê-lo
ou senti-lo?
ouvir Goethe
ou contemplar Bach
se não causar
um além do que se é....
(não, não falo
nem de ciência
nem de fé)
por mais que nossos imensos
sejam si mesmos pequenos
então que venha
uma só faísca
de um minúsculo mais amor
(ao menos)
ou não trouxer
uma certa irmandade
(ou coisa que há-de)
com uma simples estrela
ou com um complexo esquilo...
de que adianta
(pergunto sobre Van Gogh, Goethe, Bach...)
decifrá-lo
entendê-lo
ou senti-lo?
27 outubro 2017
dos Tribunais
cada qual é um tribunal
que crê poder julgar
cada um dos outros
como se fosse seu igual
cada qual parte do princípio
que se um qual gosta de sal
todos outros também o devem:
não se discute
foi unânime o júri
transitou em julgado
e ponto final
cada nariz é um juiz
que espirra seu ranho
de verdades pessoais
tidas por universais
só por que se diz
e é dada a sentença:
“só será absolvido
quem de comum acordo pensa"
não...
cada qual é um cão
que rói sozinho um osso de uma razão
e aguarda diante do espelho
(e rosna por compromisso)
a sua pena:
uma tunda de relho
pra se manter submisso
que crê poder julgar
cada um dos outros
como se fosse seu igual
cada qual parte do princípio
que se um qual gosta de sal
todos outros também o devem:
não se discute
foi unânime o júri
transitou em julgado
e ponto final
cada nariz é um juiz
que espirra seu ranho
de verdades pessoais
tidas por universais
só por que se diz
e é dada a sentença:
“só será absolvido
quem de comum acordo pensa"
não...
cada qual é um cão
que rói sozinho um osso de uma razão
e aguarda diante do espelho
(e rosna por compromisso)
a sua pena:
uma tunda de relho
pra se manter submisso
26 outubro 2017
Aquilo que não somos
I - as pessoas
querem acabar com seus problemas:
se conseguissem
deixariam de viver
ou acabariam com elas mesmas
II - alguns acham que paz
é não ter com o que se preocupar..
mas paz
é não se preocupar
com o que se tem
III - como ter paz de consciência
se não se tem consciência de nada?
IV - "ser ou não ser..."
mas o que é o Ser?
é aquilo que não somos
querem acabar com seus problemas:
se conseguissem
deixariam de viver
ou acabariam com elas mesmas
II - alguns acham que paz
é não ter com o que se preocupar..
mas paz
é não se preocupar
com o que se tem
III - como ter paz de consciência
se não se tem consciência de nada?
IV - "ser ou não ser..."
mas o que é o Ser?
é aquilo que não somos
23 outubro 2017
Quem não é Suicida?
a humanidade inventou o trabalho
para que o homem pudesse viver
e a vida pudesse avançar...
conversa pra boi andar
a humanidade
inventou o trabalho
para que o homem
se enchesse de tralha
e possuísse uma trava
e um malho
para não sair do trilho
e não se soltar do encilho
a humanidade
inventou o trabalho
para que o homem vivesse
de se matar
(quem não é suicida?)
e para que o avanço
(como quem estrangula um ganso)
acabasse com a vida
para que o homem pudesse viver
e a vida pudesse avançar...
conversa pra boi andar
a humanidade
inventou o trabalho
para que o homem
se enchesse de tralha
e possuísse uma trava
e um malho
para não sair do trilho
e não se soltar do encilho
a humanidade
inventou o trabalho
para que o homem vivesse
de se matar
(quem não é suicida?)
e para que o avanço
(como quem estrangula um ganso)
acabasse com a vida
21 outubro 2017
(Des)Trabalho
sendo poeta trabalho
na desafirmação do trabalho:
crio inutilárias
retrogradarias
impraticidades...
todas essas algumas coisas
que não servem para coisa alguma
o que fariam os homens de bens
com esse uni-versos in versos
de improdutos?
o problema
é que um poema
é um resto de resistência
e mais ninguém resiste
mas não há outro jeito:
o que importa
é que meu papel
está no papel:
o poema está feito
e existe
na desafirmação do trabalho:
crio inutilárias
retrogradarias
impraticidades...
todas essas algumas coisas
que não servem para coisa alguma
o que fariam os homens de bens
com esse uni-versos in versos
de improdutos?
o problema
é que um poema
é um resto de resistência
e mais ninguém resiste
mas não há outro jeito:
o que importa
é que meu papel
está no papel:
o poema está feito
e existe
19 outubro 2017
O Óbvio*
(*Não, o poema abaixo não foi composto em função dos temporais desta madrugada, pois foi escrito dia 17.)
escritor
é quem percebe o óbvio:
nada é mais difícil de perceber
do que está diante de nossos olhos
se colocarmos a página de um livro
muito perto de nosso campo de visão
não conseguiremos ler
dito isso
qualquer criança sabe
que após um tempo de muito calor e seca
de condições climáticas estéreis
de crescente pressão atmosférica
em que o abafamento o sufoco a opressão
se tornam insuportáveis
o resultado inevitável
são tempestades temporais tormentas tremendas
caos pânico destruição
mas que sem essas tempestades
a vida não poderia continuar
mas não se percebe que é por algo do tipo
(só que muito maior)
por que passa a humanidade
a isso chamamos "O Óbvio"
de modo que
em tudo que escrevo
estou explicado
escritor
é quem percebe o óbvio:
nada é mais difícil de perceber
do que está diante de nossos olhos
se colocarmos a página de um livro
muito perto de nosso campo de visão
não conseguiremos ler
dito isso
qualquer criança sabe
que após um tempo de muito calor e seca
de condições climáticas estéreis
de crescente pressão atmosférica
em que o abafamento o sufoco a opressão
se tornam insuportáveis
o resultado inevitável
são tempestades temporais tormentas tremendas
caos pânico destruição
mas que sem essas tempestades
a vida não poderia continuar
mas não se percebe que é por algo do tipo
(só que muito maior)
por que passa a humanidade
a isso chamamos "O Óbvio"
de modo que
em tudo que escrevo
estou explicado
17 outubro 2017
Líquido
vendo Bosch
ouvindo Brahms
lendo Dante
não sei se o que escorre
é lágrima
ou vinho
ou sangue
ouvindo Brahms
lendo Dante
não sei se o que escorre
é lágrima
ou vinho
ou sangue
15 outubro 2017
(Re)conheço
o que me resta de alma
mal dá pra cobrir
um vão do ente
do meu ventre em vão
e vão todas as gentes
no vácuo do (des)humano
a vagar para o abismo
ano após ano
asno após asno
ismo após ismo
sem saber de si mesmo
reconheço que desagrado
e que não toco
nenhum vão do que se sente
com meu taco em não
(e os outros pensam que o são...)
reconheço que me degrado
cataratas de sangue e caos
e outras quedas e tals
é o que se chama Evolução?
então fico com minha busca
(como quem dirige um fusca)
por um resto de consciência
no que me fiz Decadência
mal dá pra cobrir
um vão do ente
do meu ventre em vão
e vão todas as gentes
no vácuo do (des)humano
a vagar para o abismo
ano após ano
asno após asno
ismo após ismo
sem saber de si mesmo
reconheço que desagrado
e que não toco
nenhum vão do que se sente
com meu taco em não
(e os outros pensam que o são...)
reconheço que me degrado
cataratas de sangue e caos
e outras quedas e tals
é o que se chama Evolução?
então fico com minha busca
(como quem dirige um fusca)
por um resto de consciência
no que me fiz Decadência
12 outubro 2017
Bebida Forte
I - a poesia
(pelos olhos)
é pouco lida
porque exige
(pela alma)
muita lida
II - em termos de poesia
as pessoas
preferem os eventos
já eu
ao termo da poesia
prefiro os ao ventos
III - a poesia é vida
e onde há vida
há morte
poesia
também pode ser festa
mas com bebida forte
(pelos olhos)
é pouco lida
porque exige
(pela alma)
muita lida
II - em termos de poesia
as pessoas
preferem os eventos
já eu
ao termo da poesia
prefiro os ao ventos
III - a poesia é vida
e onde há vida
há morte
poesia
também pode ser festa
mas com bebida forte
10 outubro 2017
Ninguém melhora Ninguém
I - não escrevo
para que os outros me leiam
me entendam me decifrem
escrevo
para eu fazê-lo
com os outros
II - não escrevo
para melhorar ninguém
(só o si
melhora a si
quando cai em si)
escrevo a meu ser
que saindo da miséria que sou
se vá além do que sei
III - ser poeta
é perceber
que não se percebe
é dar-se conta
de que não se dão conta
para que os outros me leiam
me entendam me decifrem
escrevo
para eu fazê-lo
com os outros
II - não escrevo
para melhorar ninguém
(só o si
melhora a si
quando cai em si)
escrevo a meu ser
que saindo da miséria que sou
se vá além do que sei
III - ser poeta
é perceber
que não se percebe
é dar-se conta
de que não se dão conta
08 outubro 2017
da Rebeldia Brasileira
rebeldes com causa
sem causa
ou rebeldes com cauda
de rato?
rebeldes com calda
açucarada
de leite
de saco
rebeldes com causa?
rebeldes com calça
frouxa
frouxos
trouxas
engolindo os reais
(que dizem ser o real)
rebeldes arcados
alcaides
com o peso do desprezo
do preço...
rebeldes sem calça
com o saco
sem bolas
coçando
e com o saco
dos ricos
puxando
(Poema reelaborado e republicado)
sem causa
ou rebeldes com cauda
de rato?
rebeldes com calda
açucarada
de leite
de saco
rebeldes com causa?
rebeldes com calça
frouxa
frouxos
trouxas
engolindo os reais
(que dizem ser o real)
rebeldes arcados
alcaides
com o peso do desprezo
do preço...
rebeldes sem calça
com o saco
sem bolas
coçando
e com o saco
dos ricos
puxando
(Poema reelaborado e republicado)
06 outubro 2017
Após Humanidade
o meu verso é de sangue e decadência
pela percepção viva do que morre
como se o peso de um cósmico porre
tivesse elevado a minha consciência
o meu verso é de alarme e de iminência
pela percepção óbvia do que (o)corre
a visão do desabe de uma torre
além filosofia além ciência
eu sinto em um após humanidade
queda da noite que me dura um século
e sinal da anímica liberdade
da morte se entende que a alma é círculo
nada a se dizer a não ser o que há-de
em meu sangue há catástrofe e espetáculo
pela percepção viva do que morre
como se o peso de um cósmico porre
tivesse elevado a minha consciência
o meu verso é de alarme e de iminência
pela percepção óbvia do que (o)corre
a visão do desabe de uma torre
além filosofia além ciência
eu sinto em um após humanidade
queda da noite que me dura um século
e sinal da anímica liberdade
da morte se entende que a alma é círculo
nada a se dizer a não ser o que há-de
em meu sangue há catástrofe e espetáculo
03 outubro 2017
Manchetes (anti)Poéticas para os Jornais Contemporâneos (ou Contemporários)
I – Extra! Um modelo de carro a mais
e uma espécie de bicho a menos
II – Nova descoberta da ciência
causa nova encoberta da consciência
III – Tecnologias de última geração
condenam espécies à sua última geração
IV – Robôs quase humanos
são desenvolvidos para tomar o lugar
de humanos quase robôs
e vice-versa
V – Seção Autoajuda:
para conhecer o valor do Bem
possua um bem de Valor
VI – O Ministério da Saúde adverte:
quem pensa não é feliz.
Mas se for pensar, não escreva.
Se for escrever, não pense.
e uma espécie de bicho a menos
II – Nova descoberta da ciência
causa nova encoberta da consciência
III – Tecnologias de última geração
condenam espécies à sua última geração
IV – Robôs quase humanos
são desenvolvidos para tomar o lugar
de humanos quase robôs
e vice-versa
V – Seção Autoajuda:
para conhecer o valor do Bem
possua um bem de Valor
VI – O Ministério da Saúde adverte:
quem pensa não é feliz.
Mas se for pensar, não escreva.
Se for escrever, não pense.
01 outubro 2017
Vida Corrida
I – o homem transformou a vida
numa corrida
em que nunca chega a nada
e nada nunca chega:
enquanto ainda corre a uma chegada
chega a hora da partida
II – pensando só em notas
e não ouvindo nota alguma
o homem deixou de notar as almas:
só se passa pelos seres
só se cruza nos lugares
e não se nota viva alma
e assim se passa a todo da vida
e não se leva nota nenhuma
III – o caminho da existência
corrido
percorrido
concorrido
não-vivido:
corremos mas não fomos
existimos mas não somos
numa corrida
em que nunca chega a nada
e nada nunca chega:
enquanto ainda corre a uma chegada
chega a hora da partida
II – pensando só em notas
e não ouvindo nota alguma
o homem deixou de notar as almas:
só se passa pelos seres
só se cruza nos lugares
e não se nota viva alma
e assim se passa a todo da vida
e não se leva nota nenhuma
III – o caminho da existência
corrido
percorrido
concorrido
não-vivido:
corremos mas não fomos
existimos mas não somos
28 setembro 2017
Na Seca, a Tempestade é a Luz
se você quer da arte só o beijo e não o soco
se quer só o belo e não o chute
se quer só o sonho e não o sangue
se quer só o certo e não o medo
se quer só o leve e não a morte
se você quer arte para se sentir bem
para ser agradado agraciado acariciado
para se manter na sua zona de conforto
para seguir cômodo na sua frívola visão da vida
e prosseguir satisfeito com seu sorriso estúpido
e nunca ter abalos nas suas certezas toscas...
então você não quer arte
você quer autoajuda:
vá ler augusto cury
vá pagar por palestras motivacionais
vá lamber o microfone de um pastor
ou vá para casa
brincar com sua caixinha de esperanças fodida
se quer só o belo e não o chute
se quer só o sonho e não o sangue
se quer só o certo e não o medo
se quer só o leve e não a morte
se você quer arte para se sentir bem
para ser agradado agraciado acariciado
para se manter na sua zona de conforto
para seguir cômodo na sua frívola visão da vida
e prosseguir satisfeito com seu sorriso estúpido
e nunca ter abalos nas suas certezas toscas...
então você não quer arte
você quer autoajuda:
vá ler augusto cury
vá pagar por palestras motivacionais
vá lamber o microfone de um pastor
ou vá para casa
brincar com sua caixinha de esperanças fodida
26 setembro 2017
O Sartorão do Deboche
Esta humanidade é uma piada cósmica. Dentro desta piada, o Brasil ocupa o papel de protagonista. É a piada da piada. E na sigla PMDB, P é de Piada e D de Deboche. O resto vocês podem imaginar. Temer e Sartori são os maiores piadistas da piada que são o Brasil e o RS do PMDB. O governo Sartori é um oceano de nada onde flutua um excremento gigante. Tal excremento é o DEDOCHE. Tudo o que o governador faz é um DEBOCHE. Não há palhaço maior. Se duvidam, acompanhem:
Sua campanha eleitoral foi um DEBOCHE. Não havia ( e ainda não há) proposta nenhuma, mas foi eleito. Enganou dois terços dos "politizados" gaúchos. Um DEBOCHE!
A letra do Hino Rio-Grandense, com Sartori, virou um DEBOCHE dos gaúchos.
Ver o Sartori falando de seu governo nos dá sempre a impressão de que ele ou não sabe bulhufas do que fala ou está rindo da cara do povo gaúcho. Seja como for, é um DEBOCHE.
O seu parcelamento dos salários do funcionalismo público, por si só, já é um DEBOCHE. Ao pagar 350 "pila" no fim de agosto aos funcionários, seu DEBOCHE atingiu o estado máximo.
E, por DEBOCHE, ele ainda afirma que não há salários em atraso.
É um DEBOCHE que Sartori ostente que ele e seus secretários irão agora receber por último. Por DEBOCHE, esquece de mencionar que ele e vários de seus secretários recebem EM DIA como deputados "aposentados".
ANTES dos parcelamentos, num DEBOCHE, aumentou seu próprio salário, o do vice, dos secretários, dos deputados e dos juízes.
ANTES dos parcelamentos, num DEBOCHE, aumentou seu próprio salário, o do vice, dos secretários, dos deputados e dos juízes.
É um DEBOCHE que ele tenha elevado impostos ano passado argumentando que era para acabar com os parcelamentos. Até que um dia, ele paga R$350,00.
Enquanto afirma que não tem dinheiro em caixa, seu governo promove uma orgia de isenções fiscais e nada faz para combater a sonegação, que ultrapassa os 7 BILHÕES de reais ao ano no RS. Puro DEBOCHE.
E ainda, por DEBOCHE, perdoa dívidas de empresários "amiguinhos".
Mandou os professores pegarem seu piso na Tumelero. DEBOCHE?
Quando há protestos de grevistas, Sartori e seus asseclas do circo, mandam a PM, que também recebe parcelado, por DEBOCHE,"surrar" os manifestantes.
A "solução" que Sartori apresenta, por DEBOCHE, é diminuir vagas nas escolas para aumentar nos presídios. É o DEBOCHE de Victor Hugo, quando escreveu: "Quem abre uma escola fecha uma prisão."
Enfim, Sartori transformou o Rio Grande no caos de uma pintura DE BOSCH.
Seu governo é tão incompetente que não saberia administrar um partida DE BOCHA. Alguém deveria lhe dar um (DE)BOCHAÇO!
E tem gente que ainda defende seu governo. Só pode ser por DEBOCHE.
Ah, e ia esquecendo, Sartori quer a reeleição...
24 setembro 2017
As Pessoas Passam
as pessoas passam todo dia na espera
de que o dia passe
para ter no resto do dia
um descanso como resto
mas já estão tão cansadas
que nem descansam
do que não fizeram
e nem fizeram
o que valesse a pena descansar
(seja de bem seja de mal)
as pessoas passam toda vida na espera
de que a vida passe
e etc e tal...
de que o dia passe
para ter no resto do dia
um descanso como resto
mas já estão tão cansadas
que nem descansam
do que não fizeram
e nem fizeram
o que valesse a pena descansar
(seja de bem seja de mal)
as pessoas passam toda vida na espera
de que a vida passe
e etc e tal...
22 setembro 2017
Derrame meu Vinho
eu, que não controlo nem o que passo
mas penso controlar meu destino
eu, que não domino nem o que penso
mas brinco a escolher meu caminho
eu, que não entendo nem o que sinto
mas sonho em entender o divino
eu, que não alcanço nem o que sonho
mas sinto que me posso sozinho
eu, que não desejo nem o que busco
mas julgo que satisfiz meu desígnio
eu, que não matei nem a minha sede...
bom, ao menos não derramei o meu vinho
mas penso controlar meu destino
eu, que não domino nem o que penso
mas brinco a escolher meu caminho
eu, que não entendo nem o que sinto
mas sonho em entender o divino
eu, que não alcanço nem o que sonho
mas sinto que me posso sozinho
eu, que não desejo nem o que busco
mas julgo que satisfiz meu desígnio
eu, que não matei nem a minha sede...
bom, ao menos não derramei o meu vinho
20 setembro 2017
Semana Farroupilha sem Bolas
O texto abaixo eu escrevi em 2011. Mas como as coisas não mudam, ou melhor, mudam, para pior, continua válido:
- A Semana Farroupilha transformou-se em um desfile de agroboyzinhos nas camionetinhas do papai, enquanto gaúchos de verdade, os peões que trabalham duro nas estâncias e cultivam as verdadeiras tradições gaúchas (não para fazer bonito ou para aparecer, mas porque isso é o natural deles) não podem comprar um par de botas. Muito menos desfilar com um cavalo. Cyro Martins, na sua “Trilogia do Gaúcho a Pé", retrata essa realidade de maneira impiedosa.
- Grande parte dos campos dos grandes estancieiros gaúchos é campo que foi roubado na época em que as fronteiras das terras não eram cercadas. É como diz o personagem Juvenal em “O Tempo e O Vento” do Érico Veríssimo, referindo-se ao estancieiro Amaral: “Todo mundo sabe que metade dos campos desse velho é campo roubado!”
- Os agroboyzinhos gostam também de andar por aí enchendo a pança de cerveja e gritando o “Grito do Sapucai”, que é herança de nossos índios guerreiros. Mas os índios ou foram massacrados, ou estão em estado miserável em suas terras devastadas. De vez em quando, o governo tem a “bondade” de dar a eles um cantinho das terras de que eram donos. E os “gaúchos” pouco se importam. Melhor, mais “coisa de macho”, é se exibir em rodeiozinhos para algumas prendinhas chininhas.
- E já aconteceu de alguns “farroupilhas” bem pilchados “apreciarem” matar cavalos esgotados desfilando com bandeiras sob o sol do litoral pra mostrarem que são homens.
- E os nossos “pampeiros”, que dizem amar o pampa, amar a terra, são os mesmos que estão terminando com ela cobrindo tudo de soja, pinus e o diabo. E amando profundamente (as moedas da) sua terra, acabam com os rios, desviam água para plantações de arroz, infestam campos com pesticidas, massacram nossa fauna, causam erosões, assoreamentos, desertificação. E depois vão dançar o bugio em algum campo no qual exterminaram os bugios.
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