1ª - bebê-lo
é olhar o sou
do que não tenho
pelo lado oposto
daquele outro gosto
do teu olhar não posto
no espelho
2ª - no vinho
o que é que se afoga?
não se afoga
se afaga
um fogo que é uma faca
afogueada em sangue
de música e ressaca
3ª - há o branco e há o rosa
e há aquele em que não minto
mas o melhor do beijo
é quando ele fica tinto
18 setembro 2015
16 setembro 2015
Reconheço que me degrado
o que me resta de alma
mal dá pra cobrir
um vão do ente
do meu ser em vão
e vão todas as gentes
no vácuo de ser humano
que é vagar para o abismo
ano após ano
asno após asno
ismo após ismo
reconheço que desagrado
e que não toco
nenhum vão do que se sente
com meu sonho em não
reconheço que me degrado
lago de sangue e caos
e outros vazios e tals
mas se essa praga
é o que chamam Evolução
fico com minha busca
(como quem dirige um fusca)
por um resto de consciência
no que se diz Decadência
14 setembro 2015
Para acabar com a Crise? Taxar as grandes fortunas e combater a sonegação
Não é de hoje que venho comentando sobre o assunto. O Brasil, todos sabemos, é um dos países de maior desigualdade social do mundo. Não é que não temos dinheiro ou riquezas. Temos de sobra. O problema, óbvio, é que estas riquezas produzidas se concentram nas mãos de muito poucos, que nunca deixam de lucrar, seja na crise ou fora dela, que, por terem o dinheiro, têm o poder, e, tendo o poder, impedem que a situação se modifique. Todos sabem disso. Ninguém fala nada. Por quê? É só verificar, por exemplo, a porcentagem de ricos entre nossos deputados que fazem e votam as leis.
O problema é que quem ganha muito dinheiro ganha em cima da exploração de outros. Para alguém ganhar, alguém tem que perder. É matemático. Se alguns têm dinheiro demais, é porque outros não têm quase nada. Já escreveu Balzac: "Por detrás de uma grande fortuna há um crime". E um desses crimes é a sonegação. Sonegação é roubo. Alguns dizem que é justo sonegar porque se paga imposto em demasia. Se o imposto fosse devolvido, no momento da compra, ao consumidor, que é quem realmente paga essa demasia de imposto, tudo bem. Mas o sonegador não devolve. Embolsa dinheiro que não é dele. Ou seja, rouba. Segundo Amir Khair, Mestre em Finanças Públicas, a taxação de grandes fortunas renderia em torno de 100 bilhões de reais aos cofres públicos todos os anos. Confira AQUI.
Por esses e outros motivos, taxar as grandes fortunas é muito mais que um ato de coragem e vontade política. É um ato de justiça que o povo brasileiro merece há muito tempo. Mas o mais triste é que ainda há pobres que são contra tais medidas. Culpa da ignorância, é claro. Durante séculos foram condicionados a "adorar" o seu "senhor", o patrão, que lhes dá uma "oportunidade" de trabalhar, como se o patrão não dependesse do trabalhador para construir sua riqueza. Foram adestrados a amar quem os explora e a beijar o chicote que lhes açoita. Encerro com um trecho de um texto do escritor, professor e jornalista, Juremir Machado da Silva, que pode ser conferido na íntegra AQUI:
"Na lista (da Operação Zelotes) estão empresas gaúchas: RBS, Gerdau e Marcopolo. A RBS teria pago R$ 15 milhões por fora para não ter de entregar R$ 150 milhões ao fisco. O rombo apurado pela Zelotes bota o da Lava-Jato no chinelo: mais de R$ 600 bilhões.
A Zelotes mexe num pulgueiro. Muita gente boa acha que sonegar não é crime. Nas manifestações verde-amarelas contra Dilma, em março, abril e agosto, havia cartazes defendendo que sonegar é ato de legítima defesa. O assunto dificilmente chega às manchetes dos telejornais globais. Mesmos os parlamentares não se ocupam dele. A grande exceção é deputado gaúcho Paulo Pimenta (PT)."
12 setembro 2015
“Viver é não conseguir.” (Variações sobre um tema de Fernando Pessoa)
I – é inútil dizer à frente:
de nada adianta
qualquer coisa que se adiante
II – o mundo é lodo
do tolos todo
III – qualquer palavra que eu diga
é pra(lava) doida varrida
IV – qualquer verso que eu faça
não vale mais
que um gole de vinho
whisky
cachaça
V – quanto mais se insere com todos
mais não se passa de nada
mas sabe ver o seu nada
quem se entende com o Todo
VI – o mundo é mesmo só isso:
para que se consiga
uns secam os mares com redes
outros pescam lambaris de caniço
VII – quem acha que conseguiu
não percebe que a vida é vento:
ou é porque não sabe
que tem o que não quis
ou é porque não vê
que o que quer é só momento
10 setembro 2015
NOTA DO PRESIDENTE DO SINDISAÚDE DE SANTIAGO E REGIÃO
PRESIDENTE DO SINDISAÚDE É JULGADO INOCENTE
Eu, JOSÉ AIRTON FUNGHETO CLERICE, técnico de enfermagem do Hospital de Caridade de Santiago e PRESIDENTE DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE DE SANTIAGO E REGIÃO, brasileiro, casado, pai de dois filhos, com residência fixa, venho a público, através desta Nota, DEPOIS DE SER ACUSADO INJUSTAMENTE E DE NÃO ME MANIFESTAR DURANTE DOIS ANOS ATÉ QUE A AÇÃO FOSSE DEFINITIVAMENTE JULGADA, para dizer o seguinte: Que no dia 17/06/2015, EM DECISÃO UNÂNIME, o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (TJRS), nos autos do processo nº 71005274352, através de sua Turma Recursal, ABSOLVEU-ME DA ACUSAÇÃO a que fui submetido de que no dia 17/06/2013 eu teria agredido uma paciente internada no setor de psiquiatria do Hospital de Caridade de Santiago. A falsa acusação curiosamente ocorrera depois que assumi a presidência do Sindisaúde. Se não bastasse isso, sem o mínimo de provas, fui “condenado” em primeira instância por alguns veículos de comunicação, pois o caso teve ampla divulgação, causando-me vergonha, constrangimento e exposição desnecessária perante minha família, meus filhos, meus amigos, bem como perante a comunidade santiaguense e regional. Na decisão supracitada, por UNANIMIDADE, os Relatores DERAM PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO APRESENTADO PELA DEFESA para me ABSOLVER da falsa acusação de que eu teria agredido com tapas uma paciente do HCS, seguindo a tese do Relator-Presidente, Dr. EDSON JORGE CECHET, de que “A partir do exame dos depoimentos colhidos em juízo pode-se perceber que a vitima deu a cada testemunha uma versão um pouco diferente sobre como supostamente teria ocorrido à contravenção.” Além disso, referiram: “Afora tais contradições, importante frisar o registro dos documentos juntados pela defesa, referente às evoluções de enfermagem... porque demonstram o quadro delicado em que se encontrava a vítima, que inclusive padecia de surtos psicóticos.”, e continuaram: “a própria vítima disse, em juízo, que durante seus períodos de crise não recordava bem dos fatos que se sucediam, de modo que se torna temerário, a partir de tal assertiva, confirmar que o denunciado tenha, de fato, praticado a contravenção penal descrita na denúncia”. DA DECISÃO NÃO CABE MAIS RECURSO. Portanto, esta só veio a comprovar ainda mais o meu caráter e os mais de 25 anos de trabalho honesto por onde laborei inclusive depois que assumi a presidência do SINDISAÚDE, ocasião em que passei a ser alvo de injúrias e difamações. Diante disso, só quero agradecer àqueles que confiaram em mim e me apoiaram, pois sabiam da minha honestidade e da minha conduta em todos os trabalhos por mim realizados.
José Airton Fungheto Clerice
09 setembro 2015
De quem é a culpa da dívida do RS? Por que Sartori não deixa faltar dinheiro aos privilegiados?
O gráfico acima foi publicado no site Clic RBS, mas sem muita divulgação. Percebam em quais governos a dívida gaúcha REALMENTE cresceu. Um deles foi o governo da ARENA durante a ditadura (de onde surgiram partidos como PP e Dem), e outro foi o governo de Britto, do PMDB, quando o Sartori era líder do governo na Assembleia. De quem é a culpa mesmo da dívida? Aproveitando, deixo, abaixo, trecho de um texto do escritor, professor e jornalista Juremir Machado da Silva, que pode ser conferido na íntegra AQUI.
"Por que não foram congelados os salários de deputados e secretários?
Por que não se diminuiu o repasse ao Judiciário, que mantém seus privilégios como auxílio-moradia para quem tem casa?
O judiciário cumpre a lei à risca quando se trata do “seu”. Mas deixa descumprir a lei do piso do magistério.
Os poderes são independentes? O dinheiro entra pelo caixa do executivo. Se o executivo pode descumprir a lei do piso e do pagamento integral dos salários alegando falta de recursos, por que não pode descumprir a lei do repasse ao judiciário pelo mesmo motivo? Falta dinheiro para o funcionalismo porque antes foram pagos os privilégios da casta dominante.
O governo do RS tem um ideólogo neoliberal, o economista Darcy Francisco dos Santos.
Ele tem um plano para o Estado: o desmanche.
É preciso que a crise seja a mais grave possível para que o desmonte se justifique.
Um secretário já disse em off: quanto pior, melhor.
Um deputado já lamentou: como é que deixaram aprovar essa lei que exige plebiscito para privatizações de estatais.
O ideólogo neoliberal do governo quer mudanças na previdência do Estado. Esse é o ponto central.
Ao contrário do que se diz, o governo sempre teve um projeto: diminuir radicalmente o tamanho do Estado."
05 setembro 2015
Sete Sinais dos Tempos
I - no antigo
se aparecia nos quadros e fotos
com nobre seriedade
desde o camponês até a imperatriz
agora
para tirar uma foto
tem que sair com cara de idiota
fingindo ser feliz
II - no antes
se acordava
com cantares de galo
agora
é com alarmes de carro
III - houve uma época
em que se perguntava o nome primeiro
e se beijava depois
(fazia algum nexo...)
agora
se pergunta o nome depois
do sexo
IV - naqueles dias
sábios
eram um Dante
um Kant
um Victor Hugo
agora
um Google
V - houve uma era
em que se tinha que pensar
por si próprio:
era duro...
agora
a mídia
faz por nós
esse serviço sujo
VI - e dizer que houve um tempo
em que se ia para as matas
ver animais
agora
se vai pras baladas
ver animais
VII - antes
poesia era moda
agora
é foda.
(Na foto, Frédéric Chopin, em 1849.)
03 setembro 2015
O que é se Importar?
o que é se importar?
é se achar importante?
ou talvez se vir
de algum lugar que não
a outro lugar que sim?
se importar
é comprar de fora
a si próprio?
ou será
que se importar
é deixar de portar
o que nunca se teve?
ou é ainda
não saber se portar?
ou talvez
seja abrir portas
ao contrário
ou deixar de abrir
as portas
que nunca se viu?
afinal
o que é se importar?
seja o que for
eu não me importo.01 setembro 2015
Sobre a Volta da Ditadura e sobre Outras Submissões
ser mandado
é mais fácil
do que ter pensado
é mais cômodo ter um chefe
do que ter uma ideia
o que a massa quer
é quem lhe diga o que fazer
quem lhe aponte aonde ir
quem lhe dê razões sentidos
(tudo mastigado)
(tudo mastigado)
para o sem-sentido de se estar vivo
quer quem lhe pegue pelo braço
quem lhe use a sua boca
para não ter que falar nada
quem decida qual o lado
qual é certo e qual errado
o que a massa quer
é não ter que querer
mas ter quem queira em seu lugar
e lhe diga: assim/assado
enfim
a massa
quer ser amassada
30 agosto 2015
Mensagem aos Extintos
a que oculto
o que mistério
vos leva...?
o que vos leva,
em que mistério
é oculto?...
quando vos fordes
ocultai convosco
meu fracasso humano
quando partirdes
arrastai com força
meus ausentes planos
e meu longínquo sangue
despejai ao longe
o que pulsou comigo
não deixeis que siga
na desalada vida
e o desperado verso
que perambula e erra
escondei da terra
é o que me esperanço
nos confins
a que vos destinais...
que eu me esqueça do existe
em vossos eternos jamais
mas guardai
em almas
esta arte dos tardes
para quando voltardes
(Na imagem, o último Tigre do Cáspio, espécie extinta nos anos 60.)
28 agosto 2015
"Em nada me risquei do rol dos ignorantes." Goethe
Johann Wolfgang Von Goethe (1749 - 1832), cujo aniversário se comemora hoje, foi o maior gênio da literatura alemã, e um dos maiores da literatura universal, o grande precursor do Romantismo. Em sua obra máxima, Faust (Fausto), um dos pontos mais altos da arte, expressou praticamente todas as questões essenciais que assombram a humanidade, cogitou sobre tudo, e expôs como raros o drama da eterna busca do homem pelo conhecimento.
Mas o que é o conhecimento? É isso que Goethe, dramaticamente, questiona. É acumular leituras sobre leituras, investigar todas as coisas pelo alcance das "lentes" da ciências ou o Conhecimento vai ainda muito além? O texto abaixo, extraído do quadro II, Cena I do 1º Fausto (pois há o 2º, além do chamado "Fausto Zero", uma espécie de ensaio para a obra), apresenta-nos o trágico dilema.
Fausto I - Quadro II - Cena I (Trecho)
Ao cabo de escrutar com o mais ansioso estudo
filosofia, e foro, e medicina, e tudo
até a teologia... encontro-me qual dantes;
em nada me risquei do rol dos ignorantes.
Mestre em artes me chamo; inculco-me Doutor;
e em dez anos vai já que, intrépido impostor,
aí trago em roda viva um bando de crendeiros,
meus alunos... de nada, e ignaros verdadeiros.
O que só liquidei depois de tanta lida,
foi que a humana inciência é lei nunca infringida.
Que frenesi! Sei mais, sei mais, isso é verdade,
do que toda essa récua inchada de vaidade:
lentes e bacharéis, padres e escrevedores.
Já me não fazem mossa escrúpulos, terrores
de diabos e inferno, atribulados sonhos
e martírio sem fim dos ânimos bisonhos.
Mas, com te suplantar, fatal credulidade,
que bens reais lucrei? Gozo eu felicidade?
Ah! nem a de iludir-me e crer-me sábio. Sei
que finjo espalhar luz, e nunca a espalharei
que dos maus faça bons, ou torne os bons melhores;
antes faço os bons maus, e os maus inda piores.
Lucro, sequer, eu próprio? Ambiciono opulência,
e vivo pobre, quase à beira da indigência.
Cobiço distinguir-me, enobrecer-me, e vou-me
com a vil plebe confuso, à espera em vão de um nome.
E chama-se isto vida! Os próprios cães da rua
não quereriam dar em troco desta a sua.
26 agosto 2015
O absurdo (des)governo de Sartori poderia ser tema de um romance de Kakfa
Franz Kafka, gênio da literatura, é considerado o Rei do Absurdo. Romances como "O Processo" e "O Castelo" são bíblias da Literatura Fantástica. Ao mesmo tempo, constituem libelos contra a opressão, a tirania e a injustiça da vida moderna. Em "O Processo", por exemplo, um homem é acusado, processado e julgado por alguma espécie de crime que ele nunca vem a saber qual é. Ele é julgado sem saber o que fez. Nem mesmo seu advogado fala a ele. O romance se desenvolve numa atmosfera de pesadelo e irracionalidade, onde absurdos acontecem como se fossem absolutamente normais.
Parece o que vivemos hoje no RS, com o governo de Sartori. Os servidores estaduais e serviços básicos à população, como Educação, Saúde e Segurança estão sendo castigados sem que fique claro o real motivo do fato. Sim, por que qual é mesmo o motivo? Não há dinheiro? Se não há dinheiro, por que Sartori (nem o chamo de governador) concedeu, de INÍCIO, aumento a todo seu secretariado, deputados, seu vice, a si mesmo (depois recuou, por vergonha), concedeu bônus de 8 mil reais a seus CC's, nomeou centenas de CC's e FG's e não pressiona nem o Legislativo nem o Judiciário para cortar despesas, tanto é que a Assembleia Legislativa acabou de aprovar um aumento das diárias dos deputados e seus servidores. Então, não há dinheiro?
Expliquem-me então este absurdo, non sense total: não há dinheiro para serviços básicos da população que paga impostos, mas há de sobra para quem não precisa de mais dinheiro?
Então, quer dizer que Educação, Saúde e Segurança eram prioridades para o Sartori, mas são o primeiro a serem cortados? Creio que não entendemos direito. Eram prioridades PARA O CORTE.
Querem outro absurdo? Sartori fechou secretárias, como a da Política para as Mulheres, mas criou uma secretaria para a SUA mulher.
Outro absurdo? Sartori alega ter os cofres do estado vazios, mas não está nem aí para a Sonegação Fiscal. Ou seja, é melhor cortar dos serviços básicos, do que cobrar de empresários desonestos.
Outro absurdo? Digamos que realmente não houvesse dinheiro e todos esses aumentos aos privilegiados que Sartori concedeu não houvesse sido concedidos. Ainda assim, para áreas prioritárias, o governador, se o fosse, poderia usar o dinheiro dos depósitos judiciais, o que já foi autorizado pelo Legislativo, e o Judiciário abriu mão de metade dos juros. Ou seja, Sartori diz não ter dinheiro, mas não quer usar o que tem. Hã? Como assim?
Então, em meio a tantos absurdos kafkianos, o que realmente quer Sartori? Quer criar um clima de caos para aprovar suas medidas contra o povo, como aumento de impostos. Quer desmontar os serviços públicos para "provar" que eles não prestam e de devem ser privatizados e terceirizados. Quer colocar a sociedade contra os servidores públicos, deixando a entender que eles oneram o estado e são os responsáveis pela crise. Enfim, Sartori quer entregar o estado à iniciativa privada, que é quem sustenta o seu desgoverno.
24 agosto 2015
da Ilusão da Escolha
I – na vida
temos a ilusão
da escolha
mas tudo
nos é imposto:
desde os impostos
até nossos postos
II – porque nossa vida
está condicionada de uma maneira
que não haja maneira
de haver vida
e de tal forma
que não saia da fôrma
III – viver
tornou-se apenas sobre.
sobretudo
o sentido:
sobrenada
22 agosto 2015
Vagações de um Errado*
quanto mais tentei-me acertar
mais alonguei-me do acerto
aproximar-se
é ver-se entre o longe
como o fundo que é sempre mais fundo
quanto mais está no horizonte
talvez porque o certo
não seja o que é acerto
nem o que mais perto
quando digo ao meu ouvido
é distante o que está comigo
é um sopro que ao não me responde
em qual eco o meu ego ecoou pela Terra?
errando pelo caminho
tornei-me deus em ser nada
(fosse eu a névoa
logo acima
do alto do cerro...)
acertei-me mais
quanto mais mirei no Erro
*Poema reelaborado e republicado
20 agosto 2015
Meus Defeitos
I - essas preocupações
do dia a dia
esses planos
para o futuro
esses sonhos
de crescimento
me aborrecem:
acho tudo isso um saco
é, eu sei
sou muito antiprático
II – percebi
que não tenho temperamento
para mestrados
doutorados
PhDs
é que muitos acabam
(a)mestrados
então prefiro
douTornados
e pH d vinhos
III – dizem alguns
que sou um cara polêmico
não
na verdade
sou um cara polênico:
prefiro o pólen
dos campos ilusórios
do que o pó
dos reais escritórios
19 agosto 2015
Sartori VIOLA direitos constitucionais em suas declarações contra Servidores Estaduais
Publico texto retirado da página do Sindicato dos Professores Estaduais, CPERS (os grifos em vermelho são meus):
A ameaça de corte de ponto dos servidores estaduais que aderirem ao movimento grevista de três dias decidido em assembleia geral do CPERS/Sindicato e de outras categorias representa verdadeiro ato de terrorismo na tentativa de enfraquecer o legítimo e constitucional direito dos servidores de entrarem em greve.
A greve, todos sabemos, é medida extrema, mas não é ilegal, pelo contrário, tem sua previsão no art. 9º da Constituição Federal. A greve deflagrada nesta terça-feira também não é abusiva, pois é uma reação ao parcelamento de salários que vem ocorrendo, bem como uma série de medidas encaminhadas pelo Governo do Estado que ferem direitos conquistados pelos trabalhadores estaduais.
O corte de ponto anunciado viola o direito constitucional de greve, bem como o princípio da dignidade humana, uma vez que os vencimentos dos servidores públicos têm reconhecidamente natureza alimentar, por isso o Supremo Tribunal Federal, através de seu Presidente o Min. Ricardo Lewandowski , reconheceu, recentemente, a ilicitude no desconto de salários decorrentes de greve aos professores do Estado de São Paulo (Reclamação 21040).
No caso do magistério, os professores sempre recuperaram as aulas, cumprindo a obrigação legal estipulada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o que aufere, ainda mais, ilicitude ao corte de ponto.
Qualquer tipo de ameaça de demissão a servidores em estágio probatório ou em contrato, também viola o direito constitucional de greve, além dos princípios da moralidade e da impessoalidade, não podendo-se admitir que haja, na esfera pública, qualquer tipo de perseguição a adesão a movimento legítimo. Da mesma forma, qualquer ameaça a destituição de funções de direção legitimamente eleitas também fere os princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade, da legalidade e de greve.
Portanto, o anuncio proferido pelo Sr. Governador tem como único objetivo tentar enfraquecer o movimento, cuja força está estampada nas ruas e com adesão significativa não apenas dos servidores estaduais, mas da sociedade em geral.
Serviço público de qualidade se presta com servidor público dignamente remunerado e com salários em dia. A inexistência de qualquer mesa de negociação, sem a apresentação de qualquer medida concreta por parte do Governo, legitima e garante a justeza do movimento unificado de greve.
17 agosto 2015
Perdendo o Tempo*
pergunta Fernando Pessoa:
“o que é o tempo para que eu o perca?”
ler um romance
no lugar de ganhar dinheiro
é perder meu tempo?
ouvir música
no lugar de ler o romance
é perder meu tempo?
se eu brincar com um gato
no lugar de ouvir verdades
perderei meu tempo?
se eu for buscar inspiração
perderei o meu tempo?
se eu entender toda a humanidade
sem sair da minha preguiça
(que necessidade que há
de se sair da preguiça
para se entender a humanidade?)
perderei o meu tempo?
se o irreal é a perda do tempo
o real seria o seu ganho?
e como isso funcionaria?
a falsa felicidade de todos
veio do ganho de tempo?
ganharei o meu tempo
engendrando planos?
ou ganharei o meu tempo
fazendo o que sei que não quero
para ter o que penso que quero?
ganhar tempo
é ser útil a mim
e à humanidade?
mas o que seria
útil a mim
e à humanidade?
ser produtivo
é um ato falho.
não produzir nada de útil
é o mais difícil trabalho
*Poema reelaborado e republicado.
“o que é o tempo para que eu o perca?”
ler um romance
no lugar de ganhar dinheiro
é perder meu tempo?
ouvir música
no lugar de ler o romance
é perder meu tempo?
se eu brincar com um gato
no lugar de ouvir verdades
perderei meu tempo?
se eu for buscar inspiração
perderei o meu tempo?
se eu entender toda a humanidade
sem sair da minha preguiça
(que necessidade que há
de se sair da preguiça
para se entender a humanidade?)
perderei o meu tempo?
se o irreal é a perda do tempo
o real seria o seu ganho?
e como isso funcionaria?
a falsa felicidade de todos
veio do ganho de tempo?
ganharei o meu tempo
engendrando planos?
ou ganharei o meu tempo
fazendo o que sei que não quero
para ter o que penso que quero?
ganhar tempo
é ser útil a mim
e à humanidade?
mas o que seria
útil a mim
e à humanidade?
ser produtivo
é um ato falho.
não produzir nada de útil
é o mais difícil trabalho
*Poema reelaborado e republicado.
15 agosto 2015
Ninguém melhora Nínguém
I - não escrevo
para que os outros me leiam
me entendam
me decifrem
escrevo
para eu fazê-lo
com os outros
II - não escrevo
para melhorar ninguém
(só o si
se melhora a si)
escrevo a meu ser
que saindo da miséria de mim
se vá além
III - ser poeta
é perceber
que não se percebe
é dar-se conta
de que não se dão conta
13 agosto 2015
Bebida Forte
I
a poesia
a poesia
(pelos olhos)
é pouco lida
porque exige
(pela alma)
muita lida
II
em termos de poesia
II
em termos de poesia
as pessoas
preferem os eventos
já eu
ao termo da poesia
prefiro os ventos
III
a poesia é vida
e onde há vida
há morte
a poesia
também pode ser festa
mas com bebida forte11 agosto 2015
Álcool e Cigarro
claro, sou a favor
das proibições
do cigarro e do álcool
proibição total:
devem ser banidos
extirpados
do seio imaculado
da civilização avançada
o cigarro
é um atentado
à celestialidade da nossa saúde
(meu Deus, como somos saudáveis!)
o álcool
é um crime
contra a vastidão da nossa consciência
(meu Deus, como somos conscientes!)
sou a favor
da proibição de ambos
mas somente depois
de se proibir a hipocrisia
não, não estou tirando sarro:
para se suportar tanta máscara
(inclusive a minha)
(inclusive a minha)
só tomando um trago
e fumando um cigarro
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