02 março 2012

O Fatal do que é Limite

desde aquele auge do sol
que é só o momento de o ser
e tudo o mais é passo à noite...

desde aquele auge instante
é descida que abisma no adiante
ao movimento lento
que te não sustento
desde a queda treva
do fechar cadente
do silente da pálpebra
desde o que é céu
ao que é trágica

desde aquele alento forte
denso intenso vasto
em esperança carregado
( aquele alento forte)
aquele alento último
que precede a morte

desde aquele alento-ápice
desde o fatal do que é limite
o calor que gera a tempestade
o antes do que se decide

o passar ao outro lado
do ponto que é o mais alto
o abaixo do que foi montanha
o balão cujo limite estoura
o reverso do que reluz e doura

a finitude exalando sinais
o não se poder mais
o destino de tudo que sobe
o preço batendo na porta
a gordura entupindo a aorta
aquilo tudo
de que não se pode ir além
o deixar de ser
e o inverso que vem...


29 fevereiro 2012

Amianto: "O produto industrial que mais mortes vai causar na história da humanidade”.

O leitor sabe o que é amianto? É um produto industrial altamente prejudicial à saúde. É o principal material da maior parte das construções. O problema é que a grande maioria das pessoas desconhece onde ele é encontrado.  Já foi proibido na maioria dos países desenvolvidos, embora continue sendo usado. Atualmente, ameaça em maior escala a população dos países mais pobres .  Sabiam que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de amianto?

Francisco Puche, membro da organização Ecologistas em Ação, editor, escritor, que faz parte da Federação Nacional de Vítimas do Amianto, explica que "já existiram até três mil produtos de diferentes tamanhos e condições que continham amianto."

A exposição ao amianto atualmente pode ser ocupacional, doméstica ou ambiental. Em um estudo publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), no ano de 2006, estimava-se em cem mil o número de pessoas que morrem por ano no mundo como consequência da exposição ao amianto.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em um relatório realizado em 2010, assegurava que no mundo há cerca de 125 milhões de pessoas expostas ao amianto no local de trabalho e, segundo cálculos desta organização, a exposição laboral causa mais de 110 mil mortes anuais por causa de câncer de pulmão relacionadas com esse material. 

Câncer de pulmão. O curioso é que no Brasil culpa-se apenas o cigarro pelos casos de câncer de pulmão. Por que ninguém fala nada sobre o amianto? Por que tais dados não são divulgados para a população em geral? Ah, creio que é porque o Brasil quer se desenvolver a qualquer custo. E, para tanto, amianto não pode faltar.

Além disso, afirmava o relatório, um terço das mortes por causa de câncer de origem laboral são causadas pelo amianto. Para Puche, o amianto é "talvez o produto industrial que mais mortes vai causar na história da humanidade”.

Segundo a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), o mineral é utilizado em quase 3 mil produtos industriais, como telhas e caixas d'água. O baixo custo do produto e sua alta resistência favorecem o consumo.

Outra das arbitrariedades que se cometem, diz o ecologista e escritor, é que "países onde seu uso é proibido, como no Canadá, o amianto é extraído mas não consumido, sendo exportado para outros para que o transformem. 

"Costuma-se assegurar que o amianto não prejudica mais a saúde, mas isso não é verdade, porque constantemente ele está sendo quebrado ou manipulado e, como por cada 12 milímetros de largura de uma placa pode sair um milhão de fibras que podem ser inaladas, se torna um enorme risco cancerígeno. Há gente que com uma dose muito pequena pode contrair câncer de pulmão depois de 30 ou 40 anos.

Fonte: Blog Terra Brasilis

28 fevereiro 2012

O que é que se Espaço?

se uma palavra que fora
a que palavra que volta?
que lavra me trará
em suas pancadas na porta?

o que é que é o destino
que se destina no que digo?
o que é que me entrego
naquilo que verbo?

se alada um adejo
no meu verso
em que me beijo?
ave algum canto
pelo segredo
em que não sei
do que certo?

quem foi que me trago
isso que deixo?
quem foi que me fez
ser que não eu?

que preço que pago
pelo sopro que largo?
e daquilo que sinto
o que é que é meu?

quem é que me sonha
lá no que falto?
que deus que não sei
me não sabe e por quem?
que fim e que som e que luz e que alto?
o que é que me vem?

se o espaço é curvo
o que é que é a volta?
eu espero o meu verso
vir partir na minha porta...

26 fevereiro 2012

"Dever a vida a um malfeitor..."

Hoje, comemoramos 210 anos de Victor Hugo,  o gênio literário que criou umas das maiores obras-primas da literatura universal, "Os Miseráveis", monumental romance profundamente humano, no sentido mais amplo da palavra. Em homenagem ao grande gênio francês, deixo um trecho de "Os Miseráveis", em que Javert, o rígido, o corretíssimo e cego pelo cumprimento da lei, o policial Javert, acaba devendo a salvação de sua vida a um condenado pela própria lei, o inesquecível Jean Valjean. Que Javert tinha obrigação de prender. O trecho abaixo é uma pungente reflexão sobre o que seria a lei e o que seria a justiça, entre o que é correto e o que é justo. Seriam a mesma coisa? O que é a lei? O que é a justiça?

"Dever a vida a um malfeitor, reconhecer esta dívida e pagá-la. (...) Sacrificar a motivos pessoais o dever, que é uma obrigação geral; atraiçoar a sociedade para se considerar fiel à consciência. 
(...)
Havia uma coisa que lhe causara pasmo - o ter-lhe Jean Valjean o perdoado; e outra que lhe petrificara - o ter ele perdoado Jean Valjean.
Que deveria então fazer? Entregar Jean Valjean era mal feito. Deixar Jean Valjean em liberdade era mal feito também. No primeiro caso, caía o homem da autoridade mais abaixo do que o homem da galé. No segundo caso era a lei pisada por um forçado, que se elevava acima dela. Em todas as resoluções que pudesse adotar havia queda.
O que acabara de fazer lhe causava calafrios. Tinha ele, Javert, achado bom o decidir, contra todos os regulamentos de polícia, contra toda a organização social e judicial, contra o código inteiro, a soltura de um preso; sobrepusera os seus próprios interesses aos interesses públicos.
(...)
Não era uma coisa medonha que Javert e Jean Valjean, o homem nascido para empregar o rigor, e o homem nascido para o suportar, que eram um e outro propriedade da lei, chegassem ao ponto de se colocarem acima dela! 
(...)
Jean Valjean desnorteava-o. A generosidade de Jean Valjean para com ele esmagava-o. (...) Um malfeitor benfazejo, um forçado compadecido, clemente, pagando o mal com o bem, dando o perdão em troca do ódio, antepondo a piedade à vingança, preferindo perder-se a perder o seu inimigo, salvando aquele que o ferira, mais vizinho do anjo do que do homem. Javert via-se constrangido a confessar a existência de um tal monstro. "

24 fevereiro 2012

Do Meu Nome

o meu nome quando é dito
(e quem há dito
que meu nome alguma vez
bem dito?)
nunca se sonora como sendo
quando dizem que sou eu
ninguém a mim
me entendo

e quando dizem que não sou
se contradizem em assim mesmo
porque ao dizê-lo o não
o meu ser já é o som

o meu nome é aquilo que não-trilho
um passo dado ao nada e ao brilho
um sim subindo pelo não dizendo

o meu nome é aquilo que não-lendo
palavra nada
na última página
de um livro de vento

o meu nome
é como se fosse o como...
e como
é que se pode vir do vago?...

do meu nome
não se diz nem do que é céu
mas dirão que digo do meu eu...
ledo engano...
mas só quando advir o dano
lerão que sou
mas...
eu não-eu.

23 fevereiro 2012

Não há Nenhuma


não há alguma nem nenhuma
nem há outra (outro)
ou alternativa
nem do lado de cá
nem no que está por lá
nem daqui para ali
e vice-versa
nem de ti para mim
nem de si para si
há o que se versa
há talvez a volta vasta
velha vaga branca
curva reta manca
ou largo lago claro
talvez um som um sem um não
um voo um vão um raro
palavra em nota e tinta
há o note o pague o sinta
mas nenhuma ou alguma
não há
seja em gota ou em pá
há o que não é
e o jamais do que se veja
há o além do nada
e talvez o Nada Seja...

21 fevereiro 2012

Como ser alguém do Século 21 em apenas 21 lições rápidas e práticas

1)      1)  Consuma o máximo que puder gastar ( e talvez até mais do que puder), mas dê a desculpa, para os outros e para si mesmo, que você tinha real necessidade em tudo que consumiu. Não esqueça de fingir ter consciência de que se deve evitar o consumismo;

2)      2) Tenha consciência ecológica. Apenas tenha, mas não faça para mudar, afinal, a culpa não é sua;

3)      3) Finja não ter preconceitos com absolutamente nada. Guarde o seu preconceito somente para você;

4)      4)  Procure ser você mesmo, seja autêntico, desde que não difira dos outros. Seja diferente mantendo-se dentro do padrão ditado pela mídia e pela sociedade;

5)    5)  Se você for homem, trate a mulher como um produto, um bem, um prazer, de acordo com a premissa: “Praia, verãozinho, cervejinha, mulherada...”;

6)     6)  Se você for mulher, procure um homem somente pela segurança financeira e social que ele pode lhe oferecer, nunca esqueça que o importante é ser profundo. De bolso;

7)     7)  Tenha coragem de assumir seus gostos. Aprecie as músicas e as literaturas da mais completa chinelagem;

8)      8) Mantenha objetivos grandiosos, do tipo: adquirir o carro do ano, obter o mais recente modelo de celulares, aguardar a balada, aparecer nas colunas dos jornais, ir para a praia no verão, enfim, você sabe;

9)      9)  Finja que não acredita na mídia, mas no fundo somente se comporte como ela disser para você se comportar;

10    10) Pense o que todo mundo pensa. Mas nunca admita. Nem para você mesmo. Pensar originalmente é muito cansativo. E inútil; 

11   11) Mantenha uma eterna felicidade. Não importa como, e por mais superficial que seja. Alto astral sempre. A moda é ser feliz;

12   12) Sorria;

13   13) Fuja de si mesmo. Encontrar-se é muito deprê. E dá muito trabalho refletir sobre a vida. Aliás, dá trabalho refletir sobre qualquer coisa. Não há tempo, lembre-se disso sempre;

14   14) Seja otimista, ainda que a casa caia ao seu redor. Sendo otimista e pensando positivo, não se precisa fazer mais nada;

15    15) O sentido da vida é viver. Você está vivo? Ótimo, então não precisa buscar sentido em mais nada. Até porque você não vai encontrar;

16   16) Cultue a aparência e o prazer como se não houvesse outra coisa. Mas lembre-se: mantenha a aparência de que você não cultua somente a aparência;

17   17) Preocupe-se com o planeta, com os direitos humanos, com as injustiças, com as desigualdades... Preocupe-se, porque está na moda.

18   18) Autoajude-se;

19   19) Considere como retrógrada qualquer coisa que tenha algo de complexo e/ou de profundo e/ou de sublime; Agora, quanto mais simples e mais rasteiro, melhor;

20   20) Não Sinta. Sentir é ser fraco e ridículo. Chorar então, nem pensar;

21   21) Ame. Mas somente até o carnaval.

19 fevereiro 2012

Poema Antipático para o Carnaval *

gosto de
de vez em quando
escrever um verso antipático
isso me faz sentir
sendo aquilo que não sou:
um cara prático

gosto de alguns versos ranzinzas
tipo aqueles
de mancha em prazeres
e de ser algo como um relâmpago
pela janela de uma festa...
são coisas como essas
que à poesia ainda resta...

digo coisas
que uma ou outra pessoa
não gosta
mas há certas culturas populares
que para mim
não passam de bosta
e uso de palavras vulgares
porque há tanta gente lerda
que dá vontade
de mandar à merda

e pouco me importa
que venham me criticar
um ou dois
ou dez ou mil
o carnaval
que val
à puta que pariu

 * Este poema foi escrito e publicado originalmente durante o carnaval de 2011. Realizei algumas alterações no poema, e o republico.

17 fevereiro 2012

Algo ao Anel dos Nibelungos*

trompa e trovão sobre o trono
pulso do pulso do posso
e vi alto que algo se alçava
do que se erguia em espada
além do punho do poço

fúria o sonoro do sol
céu o marcial do vermelho
vi largo que algo se erguia
raio no sangue do dia
olhos no ocaso do espelho

e luz que se arma e de força
à forca este não-ser...  Fafner!
tormenta à íris de Deus
...e um toque à chama dos teus...
entre o horizonte ... há Wagner...

*"O Anel dos Nibelungos" (Der Ring Des Nibelungen) é uma das maiores obras musicais da história, em todos os sentidos, uma tetralogia operística que perfaz mais de 15h ao total, formada pelas óperas "O Ouro do Reno" ( Das Rheingold), "A Valquíria" (Die Walküre), "Siegfried" (Siegfried) e "O Crepúsculo dos Deuses" (Götterdämmerung). Foi composta por Richard Wagner (música e letra) e é baseada na mitologia nórdica, indo, no entanto, bem além dos elementos mitológicos. É música absurdamente poderosa, de intensa profundidade psicológica e um dos monumentos do Drama Musical, criado pelo próprio Wagner. 

16 fevereiro 2012

Por que advertências somente nos maços de cigarro?*

Já que colocam fotos de gente morta nos maços de cigarros, por que não colocar também: 

- De gente obesa em pacotes de batata frita; 

- De animais torturados nos cosméticos; 

- De acidentes de trânsito nas garrafas e latas de bebidas alcoólicas: 

- De gente sem teto nas contas de água e luz; e.... 

- De políticos corruptos nas guias de recolhimento de impostos?

Razoável, não?!

Sugestão de postagem: Profº Daniel Souza."

Agora, eu mesmo acrescento: 
- de gente com osteoporose nas garrafas de Coca-cola;

- de pessoas com hipertensão ou câncer nas embalagens de presuntos, patês e outros alimentos embutidos;

- de pacientes com linfoma (câncer no sistema linfático) em alimentos que recebem agrotóxicos?

*Retirado do blog TerraBrasilis.

15 fevereiro 2012

Ser Livre é Ser Dúvida?

o que é que me diz o que não sabe que não fiz?
aquilo que não era
em que era é que será?
o que será será por mim
ou sou só eu que sou assim?

lua que te luar
o que é que vejo quando me vejo
no som do teu não estar?

aquilo que sendo entardece
nuvens formando tardes
aves que auroram campos
pelo inverso solar do sono...
sou eu que tardo no que sinto
ou é o campo que se nubla como tinto?

noite que te atrás
o que é que tu me trazes?
e o que olho de horizonte
me olha como
entre o que vento
no que silência do monte?

o que não sou está sendo no que fiz
o que não fiz está feito no que sou

14 fevereiro 2012

12 milhões de hectares de terras férteis se tornam desertos a cada ano

Bem, conforme prometido, prosseguirei com as "boas" notícias que adornam o nosso planeta e a nossa civilização.  E, também conforme prometido, procurarei deixar apenas a notícia seca, sem análises ou opiniões da minha parte. 

"O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez um apelo para que a seca e a destruição de terras aráveis sejam um dos temas centrais do desenvolvimento mundial.  
Cálculos da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação indicam que, a cada ano, 12 milhões de hectares se tornam incapazes de produzir alimentos – o equivalente ao tamanho da África do Sul por década. A estimativa é que 2 bilhões de pessoas vivam em áreas com risco de desertificação.
Para Ban, a comunidade internacional reage, em geral, tarde demais, quando os custos para solucionar o problema são maiores que os gastos para evitá-lo. Ele citou a situação atual do Chifre da África, onde a seca e a falta de recursos colocam 13 milhões de pessoas em necessidade urgente de ajuda humanitária.
Além de afetar a vida da população de áreas atingidas, o processo de desertificação ameaça o abastecimento em todo o mundo. Estudos da ONU apontam que o crescimento da população até 2050 deverá forçar a demanda pela produção de alimentos em 70%."
Apenas um comentário: chamo a atenção para esta constatação: o equivalente ao tamanho da África do Sul por década. A África do Sul é um dos países de maior extensão territorial da África. Possui 1 219 912 km². Para se ter uma ideia, toda a região Nordeste do Brasil possui 1.554.257Km². Se perdemos toda essa extensão territorial a cada 10 anos, quanto restará de terras cultiváveis dentro de um século? 

12 fevereiro 2012

Sinto o sono que não me dorme

a final
o que é que
não querendo
queres de mim?
que eu nade no mar da tua morte
ou que morra no amar do teu nada?
dera que o sono me caia
como quem nada
e dorme na praia
por que é que faço isso que não fiz?
ah que o meu sempre
é sempre
por um triz

semprei-me de lado  a lado
extremando-me
de extremo a extremo
e de cada lado e de cima a baixo
gosto de vento e veneno...
dera que meu sonho me saia
como aquele único pedido
que me fizeste
em troca de que eu pedisse
quem dera
que meu olhar fechasse
que dormisse outra era
que se te durmo
me sumo
de espera

mas agora
o que é que me acorda?
a corda