13 junho 2019

Bêbado

ninguém é o que são:
eu mesmo sou tantos eus
que não sou ninguém.
o que somos
somos de não-ser

ninguém aqui é são:
somos todos doentes
há mais vírus na alma
do que bactérias nos dentes

ninguém é o que seja:
não somos nem o que se deseja

só doentes
se julgam sãos.
todo mundo se acha 
um épico
mas mais é si mesmo
um bêbado

11 junho 2019

Homens de Bem

tantos que se julgam homens
mas não passam de bananas
daquelas do mesmo cacho

tantos que se julgam rochas
mas não passam de farinhas 
daquelas do mesmo saco

tantos que se julgam mantos
mas não passam de tapetes
daqueles tipo capacho

tantos que se julgam altos
mas não passam de curvados
a lamber botas e sapatos

tantos que se levam a sério
mas não passam de balela
e de piada e esculacho

tantos que desejam aplausos...
e merecem mesmo palmas
como palhaços

09 junho 2019

Vidas-Relógio

quantas vidas-relógio tu tens?
acordar na hora
dormir na hora
chegar na hora
comer dentro da hora
passear dentro da hora
cagar dentro da hora

terminar
antes que o prazo acabe
comprar
antes que o mercado feche
no banco
antes que as 3 horas bata
pagar
antes que a conta vença
...
uau, conseguiste!
e morreste.

06 junho 2019

O Lixo Nosso de Cada Dia

somos todos lixo
lixo que se reproduz em progressão geométrica
em breve seremos 8 bilhões de lixos
unidos na lixeira da nossa desgraça.
eu, sendo lixo
tudo o que faço (apoiado por todos
os outros lixos)
é produzir mais lixo
lixo que nós, lixos,
consumiremos e transformaremos
no lixo do lixo
a ir para lixões mares e abismos

não há tempo
para se parar para sentir
para se parar para pensar
para se parar para viver
não posso parar de produzir lixo
de comprar lixo
de vender lixo
de comer lixo
de fazer lixo
de ouvir lixo
de olhar lixo
o lixo é o nosso sentido

se eu parar de produzir lixo
não serei um homem de sucesso
entrarei para o rol dos fracassados
dos que não prestam
dos homens de mal
dos mal sucedidos

se eu não produzir lixo ad infinitum
serei inútil para a ordem e o progresso
desta civilização de parasitas
a viver de lama lodo e lixo
a que chamamos dinheiro

e acaba aqui 
este meu lixo de poema

04 junho 2019

Três Lembretes sobre Liberdade

I - o livro me torna livre
o livre retorna em livro
mas não livra por ser lido
que só se lê no que é sozinho

e mesmo com tanto verso
e mais palavra em torno
ainda mais me livro e me torno
quando me entorno vinho

II - ser livre
é não ter que ter:
não ter
é não precisar não ser

III - em toda suposta liberdade
há uma prisão latente:
mas há tanto imbecil que se julga livre...
deveriam ler a palavra "livres"
de trás pra frente

01 junho 2019

Nós, estes Vermes

se soubéssemos quantas pessoas
apodrecem em miséria
a cada riqueza que é concentrada... 

se soubéssemos quantos humanos
agonizam de fome 
a cada comida desperdiçada... 

se soubéssemos quanto de vida 
diminui no planeta 
a cada plástico que é consumido...

se soubéssemos quanto de morte 
se espalha na Terra 
a cada bem que é produzido...

nós, estes vermes... 
faríamos tudo de novo.

29 maio 2019

Fin(do) Mundo

eu:
há um pulso no que sinto
há um preço no que pulsa
há um posso em que me findo
há um peso em que me perco
há poças no que piso
há um puma no que penso
há um passo do mim mesmo
há um ponto em que não passo

a humanidade:
há um preço que se paga
há um prego que se sangra
há um pranto que se alaga
há pressa numa sina

a um pulso de um Fim do...
a um passo de um sismo
a um prazo do destino
a um passo do Abismo

26 maio 2019

As Pessoas Passam

as pessoas passam 
todo dia 
na espera
de que o dia 
passe 
para ter no resto 
do dia
um descanso como resto 
mas já estão tão cansadas 
que nem descansam 
do que não fizeram 
e nem fizeram 
o que valesse 
a pena descansar 
(seja de bem seja de mal)

as pessoas passam toda vida 
na espera
de que a vida 
passe
e passam
as pessoas passam... 
e etc e tal

24 maio 2019

Para proteger e aumentar o número de Tigres, Bangladesh mata bandidos caçadores. O contrário do Brasil de Bolsonaro.

A destruição na Amazônia está atingindo níveis catastróficos com o desgoverno bolsonaro. Uma tragédia anunciada. A floresta está perdendo 19 HECTARES POR HORA. Em 15 dias de maio, a devastação corresponde à dos 9 meses anteriores, mas as multas do IBAMA caíram 35%, segundo divulgaram diversas ONGs. Enquanto isso, o número de agrotóxicos liberados até agora este ano já é maior do que foi liberado em qualquer ano COMPLETO anterior. Ou se tira Bolsonaro do poder, ou o nosso país será literalmente destruído. Não vou cansar de postar o meu texto de outubro de 2018, em que "cantei a pedra". Não porque sou um gênio, mas porque era o óbvio dos óbvios. Um trecho:

"O egoísmo também nos fala do lucro a qualquer custo. O custo é mais e mais destruição ambiental e exploração do trabalho humano. Voltamos à era da redução das áreas de preservação ambiental, do massacre dos povos nativos, da liberação da caça e da aniquilação da vida selvagem, pois isso não tem valor para o neoliberalismo, a não ser o valor financeiro. A poluição desenfreada não terá limites, a vida será cada vez mais subjugada pelos meios de produção. Vivemos a era em que os recursos naturais, desde campos, florestas, até a água ficarão nas mãos de muito poucos, assustadoramente poucos."

Enquanto isso, no meio do caos em que se encontra nosso planeta, de vez em quando, surge alguma boa notícia, como a de que a população de tigres de Bangladesh voltou a crescer depois de décadas de quedas devido à caça e à destruição do habitat. 

Como que isso aconteceu? O trecho a seguir, retirado do site O Grito do Bicho, explica claramente:

"As autoridades adotaram uma série de medidas para aumentar o número de tigres de bengala na floresta - um dos últimos habitats silvestres remanescentes do mundo para os grandes felinos.

Como parte das medidas, o tamanho do santuário da vida selvagem na floresta foi a mais do que o dobro, enquanto uma força de segurança de elite lançou uma grande repressão contra os piratas que se tornaram caçadores ativos na rede de rios e canais da floresta.

Anteriormente, o santuário da vida selvagem estava limitado a 23% da cobertura florestal, e os moradores e turistas tinham acesso irrestrito ao restante da floresta de mangue.

Um esquema de recompra de armas fez com que quase 200 caçadores piratas entregassem suas armas e munições à polícia em troca de dinheiro, ajuda legal e telefones celulares.

Dezenas de outros caçadores piratas foram mortos a tiros como parte da repressão. Em um dos piores tiroteios, a polícia matou seis caçadores furtivos em agosto de 2015 em um canal da floresta e encontrou as peles de três tigres de Bengala adultos.

A polícia alegou que o esquema de rendição praticamente erradicou a ilegalidade que já existiu nos mangues. "A caça furtiva é uma das principais razões para o declínio da população de tigres", disse Alam, acrescentando que as autoridades já lançaram um projeto de patrulhamento "inteligente" na floresta para reduzir o número de casos de caça furtiva a zero."

Mas no Brasil deprimente do pior presidente da história, seguimos o caminho contrário.

(Na imagem, um dos 114 tigres da reserva de Sundarbans, em Bangladesh.)






23 maio 2019

Para que Você quer Arte?

o que você quer da arte? 
só o beijo e não o soco?
só o belo e não o chute?
só o sonho e não o sangue? 
só o certo e não o medo? 
só o leve e não a morte? 

para que você quer arte?
para se sentir bem?
para ser agradado agraciado acariciado? 
para se manter na sua zona de conforto ?
para seguir cômodo na sua frívola visão da vida? 
prosseguir satisfeito com seu sorriso estúpido? 
nunca ter abalos nas suas certezas toscas?

então você não quer arte você quer autoajuda: 
vá ler augusto cury 
vá pagar por palestras motivacionais 
vá lamber o microfone de um pastor 
ou vá para casa brincar 
com sua caixinha fodida
de esperanças

21 maio 2019

Ausência

por que devo dizer alguma coisa
se o que importa é o que se oculta?
é a palavra que não está lá
o que importa é a porta ao não-dito
é o destino
dado por quem lê
ao que não foi escrito

o que importa o que (des)espero?
o verso é um silêncio
do que é e não se vê
do que será e ainda se forma
e ele percorre a estrada
entre o que há
e o que é nada

nem sei do que sinto
mais do que vinho tinto
quem dera tivesse consciência...
por que dizer algo
se o próprio Deus
é o mistério da ausência?

19 maio 2019

Decadência

o que me resta de alma
mal dá pra cobrir
um vão do ente:
sou um doente em vão

e vão todas as gentes
no vácuo do (des)humano
a vagar para o abismo
ano após ano
asno após asno
ismo após ismo
sem saber de si mesmo:
eu e meu cinismo

reconheço que desagrado
e que não toco
nenhum vão do que se sente
com meu taco em não
(e os outros pensam que o são)

reconheço que me degrado
cataratas de sangue e caos
e outras quedas e tals

é o que se chama Evolução?
então 
fico com minha busca
(como quem dirige um fusca)
por um resto de consciência
no que me fiz Decadência

16 maio 2019

Sem Paz

I - as pessoas querem acabar 
com seus problemas:
se conseguissem
acabariam com elas mesmas

II - as pessoas querem paz
como se paz
fosse não ter com o que se preocupar...
mas paz
é não se preocupar
com a paz que não se tem

III - ter paz de consciência?
se nem consciência se tem?

IV - "ser ou não ser...
eis a questão..."
mas o que é o Ser?
é o que não sou
é o que não és
é o que não são

14 maio 2019

Poeta é Saber que Não se Pode

I - não escrevo
para que os outros me leiam
me entendam me decifrem

escrevo para eu fazê-lo
com os outros

II - não escrevo
para melhorar ninguém
(só o si
melhora a si
quando cai em si)

escrevo a meu ser
que saindo da miséria que sou
se vá além do que nem sei
e do que nem vou

III - poeta
é saber que não se pode:
é perceber
que não se percebe
é dar-se conta
de que não se dão conta

11 maio 2019

Van Gogh, Goethe, Bach

ler Van Gogh
ouvir Goethe
contemplar Bach
se não causar
um além do que se é
(não falo de ciência nem de fé)
se em nossos dias pequenos
não mover minúsculas partículas
de mínimo mais amor (ao menos)
se não trouxer
uma certa irmandade
(ou coisa que há-de)
com uma simples estrela
ou com (por exemplo)
um complexo esquilo
de que adianta
(sobre Van Gogh, Goethe, Bach...)
decifrá-lo
entendê-lo
senti-lo?

10 maio 2019

Sobre os Homens Ocos*

nós somos os homens ocos
(e já nem digo cagados)
em cujas cucas já poucas
há um caldo de água de coco
vazado pelos buracos
que ao menor toque de tocos
se faz em cacos

os nossos crânios 
esmagados por tacos
a pauladas da vida mecânica
pelos socos do mundo vácuo

antes fôssemos loucos
mas nos acocoramos 
diante do caos 
como os porcos
que curvam as fuças 
diante dos céus

não valemos nem para troco
menos do que macacos
pior do que meros tolos
nós somos os homens ocos
chocos botando ovos
na vida de só rebocos:

já nos disseram os corvos
que somos os homens mortos

*Poema inspirado em T.S.Eliot:

“Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada.”

07 maio 2019

A Morte e as Quatro Canções Graves de Brahms

em 1896 Brahms compôs as Quatro Canções Graves
sua penúltima obra (Opus 121)
Brahms morreu um ano depois.
em 1896 faleceu Clara Schumann
viúva de Robert Schumann
e o grande amor não-concretizado (talvez tocado)
de Johannes Brahms.

em 1896 Brahms compôs as Quatro Canções Sérias
músicas de um pessimismo absoluto.
meses depois Brahms estaria de luto
pela morte de Clara Schumann.
em 3 de abril de 1897
Johannes Brahms faleceu
(meu compositor favorito)
e ficou de luto por ele mesmo.
"Ó Morte, quão amarga tu és"
diz um dos trechos das 4 Canções Graves.

Brahms sabia que em breve
seu amor Clara Wieck Schumann
doente
estaria com a Morte.
em 1896 aos 63 anos de idade
Brahms compôs as Quatro Canções (bem) Sérias
e dedicou a ele mesmo
no seu aniversário em 7 de maio de 1896.
menos de um ano depois
Brahms morreria de câncer de fígado.
em 7 de maio de 2019
Brahms completou 186 anos
de Imortalidade

04 maio 2019

No Escritório do Homem de Sucesso

o homem de sucesso sentado 
engordurado no seu escritório
de brancos tons de ilusório
uma enorme janela fechada (do lado)
e um ar livre de fachada 
no marketing da entrada
e dentro o ar-preso-oprimido-condicionado

enquanto lá fora voam pássaros
ali dentro voam notas
enquanto ali dentro nascem notas
lá fora morrem pássaros

vê e nota 
o notável homem de sucesso
predador idiota
praga e presa do progresso

a vida passa de mãos vazias
mas o homem vai contando suas moedas
de ouro cheias as moedas passam
e a vida vai matando seus dias
nos dias de morte 
e de almas vazias

02 maio 2019

Três Tacadas

I (do valor)
para o planeta

um catador de lixo
é infinitamente superior
a qualquer empresário
para o futuro da humanidade
há muito mais valor
em um mendigo
do que num milionário

II (do riso)
quando falo sério
serializo
como faria o serial killer
(quanto ocaso é sério...)
quando é riso
ironizo
(nem falo em sorriso
porque sorriso é mais mistério)

III (do poeta)
para o poeta
não vale a máxima
(que é mínima)
'faça o que eu digo
não faça o que eu faço"
porque o que o poeta fala
é sua poesia
e poesia é o que ele faz.

e poesia é coisa de cor vermelha
que a ninguém se aconselha

30 abril 2019

Do Fim Desta Civilização

tu gato vasto noturno
atento ao tenso vazio da treva
tu vês ainda mais vezes
que vazio sou eu
que não me estou
no que te leva

tu sabes, gato
que toda a ciência
não vale o sentido
do teu olfato
e que tudo na vida
é um inspirar - expirar

inspirar é nascer - crescer
e se cresce até um máximo
expirar é envelhecer - morrer
depois que se enche os pulmões da vida
até o máximo

a vida toda e toda vida
é uma grande inspiração - expiração
desde a existência de um gato
até a história de uma civilização

28 abril 2019

Os Detalhes da Luz

insana palavra de sombra
verbo-clarão na verdade
nada
ilumina o tanto da noite
do que os relâmpagos da tempestade

agouro de coruja amiga
que pia
ao que não me iludo
teus olhos de vastos noturnos
que alertantemente
veem tudo

que segredo que há
entre o que céu
e uma revoada de urubus?
só a sombra
percebe os mínimos detalhes
da luz

26 abril 2019

O Messias

Handel 
compôs o comovente Oratório "O Messias"
obra imortal
Brézil
elegeu o deprimente mor otário jair messias
obra imoral

imoral também sou eu
em colocar diamante e merda
no mesmo cofre:
um grande e um nada 
na mesma estrofe

mas meu poema é universal:
vale para qualquer comparação
entre um artista e um político
(em maior ou menor grau)
em qualquer país
qualquer planeta
qualquer galáxia
e coisa e tal

24 abril 2019

Poético

reconheço como grande
o homem que NÃO reconhece como grande
os que se acham grandes

só os verdadeiros fortes
não ficam do lado dos mais fortes:
a força está
em não se dobrar à força
poder
é não se curvar ao poder
(não importa o que puderem)

de modo
que não convém a um poeta
estar do lado dos ricos
(e digam o que quiserem)

22 abril 2019

Sobremortos

I - na vida temos a ilusão da escolha
mas tudo nos é imposto:
desde os impostos
passando por custos e preços
desgraças desejos
até nossos postos
até nossos gostos

II – porque nossa vida está condicionada de uma maneira
que não haja maneira de haver vida
e de tal forma
que não se saia da fôrma

III – viver tornou-se apenas sobre:
sobretudo uma sobrevida
de sobremortos
na busca de um sem sentido
sobrenada

17 abril 2019

Assombração

a minha parte do que é
estará depois do que já não:
tenho a última máxima extrema
o final tornado lema
o que não foi tornado são

terei o alcanço (al)cansado
quando me tiver tornado vento
o tormento a me ventar tornado
em (re)voltas e (re)tornos
do Tempo em mil pedaços
triunfante e sobre-humano
sobre os  meus fracassos

a minha parte irei sem ela
como quem faz e deixa
como quem beija e passa
a graça a lábio a vela
só assombros e alarmas
só escombros e fantasmas


16 abril 2019

Agrotóxico*

o agro é pop?
o agro é pó
o agro é papo
o agro é podre

o agro é mórbido 
o agro é sádico
o agro é sórdido
o agro é estúpido 

(o agro é (só)lucro)

o agro é túmulo
o agro é tétrico
o agro é trágico
o agro é tóxico


*Este poema se refere somente aos setores e produtores do agronegócio que se beneficiam da brutal e absurda utilização de agrotóxico e pesticidas, a qual se encontra num crescimento desenfreado e monstruoso em nosso país, principalmente durante o governo Temer e MAIS AINDA, agora, com Bolsonaro. Pesquisas comprovam que estamos comendo alimentos e tomando água altamente contaminados. 

14 abril 2019

Dois Brasis

I - nesta era
(que logo já era)
de burros e ignorantes
em que escrever é tudo em vão
já está anos-luz adiante
quem lê
as linhas
da sua própria mão

II - existem dois Brasis:
o dos seres vivos
e o dos imbecis

12 abril 2019

(Há)mar

o amor
um quanto de alma
e um tanto de arma

um espanto vasto de tê-lo
e um quando rastro de achá-lo

amargaridas de areias pelas luas
amaremotos de azulado pelas rosas
amarelos de sonhos pesadelos
entre sangues oceanos e castelos

noites entre estrelas e cardumes
entre aromas ares águas e perfumes

amor no que se for
a mar (a)fundo
de armadura

que amar...
(h)ámargura
mas (h)ámar

(Poema escrito em 8 de abril de 2018.)



100 Dias (Desastrosos) de Governo Bolsonaro

O presidente Biroliro disse que 95% das metas do seu desgoverno para os três primeiros meses foram atingidas. E eu acredito. Vejamos suas metas:

- Aumentar a destruição ambiental deixando tudo na mão de ruralistas.

- Liberar o máximo possível de agrotóxicos cancerígenos.

- Puxar o saco do Trump e entregar o país pra os EUA.

- Demitir o fiscal que o multou por pesca ilegal.

- Brincar de guerrinha virtual contra a Venezuela.

- Zerar investimentos em educação, cultura e ciência, ajudando a estabelecer o culto à ignorância dele e sua trupe.

- "Facilitar a vida" de caçadores.

- Empenhar-se em aprovar a Deforma da Previdência e fazer as pessoas trabalharem mais recebendo menos.

- Continuar a destruição dos direitos dos trabalhadores iniciada por Temer, e mesmo assim aumentar o desemprego.

- Aumentar os índices de violência contra a mulher.

- Falar asneiras, absurdos, passar fiasco e envergonhar o país.

- Encobrir a corrupção de sua família e de seus ministros.

- Glorificar os horrores da ditadura.

- Colocar no governo um bando de corruptos e imbecis.

- Fazer de bobo você que votou nele.

09 abril 2019

Ave Averno!

"nada é tão ruim
que não possa ficar pior"
tudo já rui
em um poço de horror
nada é tão poço
que não possa afundar mais
nada que eu possa
vai afastar a cova
nada que eu faça
vai apagar o fogo
ou abrir a fumaça
já é muito esgoto
no fundo do posso
está tudo a um passo
dos corvos do morta
do nada do abismo
da beira do findo
não foi por falta
de verso e de aviso

a minha alma já torta
caiu de asas no mundo
nada é tão fundo
que possa abismar
o meu pessimismo

vendaval furacão
as cismas e os sismos
nada é tão mero
que não tenha ficado grave:
começar do zero
outros seres outros olhos
outras árvores outras aves
outras vezes outras vozes outras naves...
Ave!



07 abril 2019

Trompas e Trombetas

a céu que não descia
pairava um mas
aquém do verde negro
loucura em vão
um álcool lento a lento
do que mais fiz
um vento em som de adeus
do que não vou
em queda aquela estrela
quando me vi
desejo insana a vida
fracasso e luz
sangrar venena o azul
tristeza o sim
que seja o que escrevi
o que não sou

05 abril 2019

A Noite é Luz

quando a noite acaba além
além do dia que não venha
o dia continua sendo noite
e vemos a alma que nos resta
como se espiássemos por uma fresta
e assim vemos o que é vida
na noite que nunca termina

o dia é o massacre do que se vive
vidas aniquiladas por trabalho
espancadas por chicote e malho
sempre inútil por mais que se faça
responsáveis por menos que nada
trabalhos em busca de desejos
que não se realizam pelo jugo do trabalho

não é mais o dia que nos traz esperança
o dia mecânico monótono robótico
esmagado por sucessos e progressos
por problemas e pressões e decadências
o dia morreu como morre o homem

a Noite é a última resistência da vida
e o homem ainda vivo é livre na noite
como os animais que só saem quando anoitece
porque são caçados durante o dia:
o dia tornou-se a peste e a morte.
só na Noite é que existe Luz.