Não posso concordar com e nem mesmo tolerar aqueles
que afirmam revoltosos e enganosos que a impressa santiaguense não é isenta,
que é parcial e tendenciosa, que favorece e privilegia alguns lados, alguns
grupos, alguns indivíduos, em detrimento de outros, que atua conforme seus
próprios interesses e de seus patrocinadores e não em benefício da comunidade.
Não, isso é uma afronta à ética dos nossos jornais (que primam pela qualidade
inigualável de conteúdo, diga-se de passagem), blogs compromissadamente noticiosos
e jornalistas abnegados, verdadeiros, sinceros, desinteressados, humildes e
inflexíveis.
Desconheço completamente a existência, por exemplo,
de favorecimentos aos nossos coronéis. E mesmo que haja algum, qual o problema
que veem no fato? Nossos coronéis são todos grandes homens que honram o fio do
bigode (mesmo que não o tenham) que eternamente têm controlado nossa cidade com
seu reto certo, digo, reto cetro, com o único e sagrado objetivo de torná-la
mais próspera e livre da canalha preguiçosa e anarquista, principalmente essa
juventude corrompida e libertina que anda maculando o santo nome da Terra dos
Poetas, estragando a beleza esfuziante de nossas ruas e levando a infâmia à paz
das famílias progressistas.
Que nossos órgãos de imprensa beneficiem os
coronéis, os homens que fazem, a gente da classe alta, a elite (afinal, o que
significa a palavra elite que não “os melhores”, e classe alta é o mesmo que
pessoas nobres) é algo verdadeiramente
louvável, uma vez que provam que estão alinhados e comprometidos com o que é
inquestionavelmente certo, correto, justo, claro e progressista. Não, ao
mencionar “progressista”, não pensem os senhores que fiz uma alusão maliciosa
ao Partido dos Pobres, ou PP. O que quero dizer é que nossos órgãos de imprensa
demonstram que são compromissados com o nosso desenvolvimento. Alguns
invejosos, caluniosos, vagabundos, chegam ao cúmulo inaceitável de pronunciar a
grosseira e grotesca palavra “cabresto” para a nossa imprensa, dizendo que foi
encilhada pelos coronéis, o que, é, logicamente, um absurdo, uma atitude de má-fé
e covardia. Essa gente têm provas do que afirma? Duvido muito.
Também nunca soube de casos, por exemplo, de pessoas
que tenham sido excluídas dos jornais por dizerem certas verdades inconvenientes,
ou seja, nunca nem mesmo ouvi falar de censura, de discriminação, de
impedimento, ou daquela expressão popular e de mau-gosto: “fulano foi
cortado...”. A democracia é o lema pujante, o pendão glorioso da imprensa santiaguense,
onde qualquer indivíduo, mesmo que seja um pobre coitado assalariado, pode
deixar livre e desimpedido a sua opinião e mesmo assim seguir trabalhando. Nem
mesmo no Facebook soube de algum caso de algum jornalista ter excluído algum
amigo por este estar incomodando ou perturbando as verdades já estabelecidas em
nosso município.
Digam-me, cavalheiros de bem, digam-me damas espetaculares
da sociedade, que magnificamente e semanalmente frequentam as páginas de
glamour e badalação social de nossos jornais, digam-me se há algo mais belo,
mais saudável, mais edificante do que a chegada de um honrado e ilibado homem
de imprensa a algum evento, a alguma festa, enfim, a qualquer acontecimento
digno de nota? Olhem, observem, admirem a divina sinceridade e alegria
espontânea estampadas em seus sorrisos, que lembram as celestialidades
mozartianas, e são um alento, uma esperança, uma saudação de paz e benignidade
à inteligente e culta sociedade santiaguense.
Como alguém pode caluniar tais homens, próximos à
grandeza dos semideuses, afirmando que são um bando de interesseiros vaidosos e
narcisistas que andam atrás de vultuosos patrocínios, chegando mesmo a usar
termos chulos e vulgares, como este que ouvi esses dias, mais ou menos assim: “esse
pessoal da imprensa quer é encher o cu de dinheiro...”?
E como podem afirmar essas pessoas, sem amor ou
bondade ou moral em seus corações, que os nossos homens de imprensa enchem seus
veículos de informação de fofocas, de sensacionalismos baratos, ou de
frivolidades, banalidades, futilidades, inutilidades e outras “dades” mais?
Como podem?
Só falta agora cometerem o sacrilégio criminoso de
dizer que nossa impressa oculta ou distorce ou omite algum fato, alguma
verdade. Não, isso seria demais, ainda acredito na sensatez, no bom senso da
humanidade, e espero que jamais surja uma pessoa capaz de pronunciar tamanha
ideia descabida.
E eu não são serei o primeiro.
Obs.: Deixo a foto acima daquele simpático macaquinho para que nossos jornais e blogs, sempre preocupados com a questão ambiental, publiquem-na, como forma de contribuir com a preservação do raríssimo Macaco-de-Saco-Azul. Só espero que não venha algum malicioso desaforado metido a engraçadinho insinuar que publiquei a foto para que os puxa-sacos de Santiago fiquem felizes em finalmente poderem puxar um saco azul.