Alguns otimistas incorrigíveis dizem que nunca tivemos tanto respeito pelos animais selvagens como o temos na atualidade. Só não rio, porque prefiro chorar. Sou muito sentimental. Alguns muito se preocupam em não matar um boi (que não corre o mínimo risco de extinção, obviamente), porque julgam um absurdo comer um bife, mas pouco se importam com a extinção de animais silvestres.
Há poucos dias, afirmei que trataria aqui, brevemente, sobre o tráfico de animais. Faço-o agora. E, conforme prometi, para não tomar muito o tempo dos leitores com assuntos supérfluos, serei breve. Falarei por tópicos. Sem delongas, vamos a eles:
- O tráfico de animais cresce a cada ano e já movimenta cerca de 19 bilhões de dólares, ou 39 bilhões de reais, anualmente, segundo a WWF. De cada 10 animais retirados com vida da natureza, 9 não resistem e morrem. Bem, mas os animais devem servir para alguma coisa, que seja para dar lucro.
- O dinheiro do tráfico de animais vem servindo para financiar conflitos, terrorismo e guerras civis, principalmente nos países africanos. Ora, mas e o que importa a África?
- Além, obviamente, da aceleração da extinção das espécies, o tráfico de animais, e até mesmo o comércio legal dos mesmos, causa a introdução de espécies não naturais em determinados ecossistemas, afetando-os, muitas vezes, de forma irreversível, uma vez que todos sabem, ou presume-se que todos saibam, que qualquer ecossistema se mantém devido a um perfeito equilíbrio que pode ser desfeito com a mínima alteração. É o caso da introdução de javalis europeus nos ecossistemas brasileiros, que tem ocasionado grandes danos não somente ecológicos, mas também econômicos em nossas terras. E há muitos outros exemplos, basta pesquisar. Mas também, para quê?
- Segundo estudos científicos, 75% das mais recentes doenças infecciosas que têm causado vítimas entre os seres humanos originam-se de animais silvestres retirados de seus ambientes naturais pelo tráfico ou expulsos pelo destruição de seus habitats. E muitas outras novas enfermidades, logicamente, podem surgir com o crescimento tanto do tráfico quanto da devastação. Mas e daí? Depois a ciência descobre curas para todas elas.
- 25% das espécies de mamíferos existentes no planeta (uma em cada 4 espécies) encontram-se em risco iminente de extinção (sem contar as que já foram extintas, como lobo-da-tasmânia, vaca-marinha, leão-europeu, hipopótamo-europeu, bisão-do-cáucaso, foca-monge, tigre-de-java, tigre-de-bali, raposa-das-falklands, lobo-de-honshu e várias outras). A mais recente espécie de mamífero a ser considerada extinta foi o rinoceronte-negro-do-oeste, implacavelmente caçado devido ao alto valor de seus chifres (o que, naturalmente, também ocorre com outras espécies de rinocerontes). O rinoceronte-negro-do-oeste, até finais do século XX, era encontrado somente em Camarões. De lá para cá, em todas as buscas realizadas, não se viu mais nenhum exemplar da espécie. De forma que este ano, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) declarou a espécie como oficialmente extinta. Grande coisa!
- Como sou fanático por rinocerontes, falo mais um pouquinho sobre eles: o rinoceronte-branco-do-norte e o rinoceronte-javanês também não têm sido mais encontrados na natureza. A declaração oficial de suas extinções é apenas questão de tempo. E tu com isso?
Ok, chega. Voltemos aos assuntos sérios.
Fonte: ah, se duvidam, é só pesquisar.