A literatura nacional encontra-se na sua pior fase. Os bons escritores e poetas, os realmente bons escritores e poetas, são raros. Na poesia, entre os mais conhecidos ainda vivos, são bem poucos os que aprecio. Gosto de Affonso Romano de Sant'Anna, Adélia Prado (até por ali), Ferreira Gullar da fase antiga (todos já bastante velhos). Gostava do Manoel de Barros, falecido há pouco, esse sim um grande poeta. Aprecio um pouco também Carlos Nejar, o que não se pode dizer o mesmo de seu filho, Fabrício Carpinejar, um chato de carteirinha. Mas nenhum desses poetas realmente me entusiasma.
Considero a literatura feita hoje em dia no Brasil, de uma forma geral, claro que sempre há exceções, de uma convencionalidade temática entendiante, e mais ainda, de uma quase total ausência de força, de "pegada", de visceralidade. Seja na poesia, seja na prosa. É tudo quase sempre muito certinho, comportado, "bonitinho", parnasiano ou piegas. Com algumas louváveis exceções (muitas vezes sem o devido reconhecimento), nossos escritores gostam de ficar passando mensagenzinhas positivas, "construtivas", em prol da "ordem e do progresso", da "edificação" da moral, do "saber levar a vida", enfim, aquela coisa de escrever com sorrisos e simpatia, que não funciona mais em nosso mundo caótico e decadente. Ou então, caem em intelectualismos vazios e insuportáveis. É tudo de uma chatice homérica.
Faltam aos escritores e poetas brasileiros em geral a agressividade, a perturbação, a maldição, o marginalismo necessários para se dizer algo que valha nos nossos tempos. Falta a sinceridade do que se diz, é tudo infestado de pompas e artificialismos. Nossa situação nas Letras é dantesca.
E a crítica literária no Brasil é mais imbecil ainda: premia esse tipo de literatura até a exaustão. É só ver quem faz parte da nossa magnânima "Academia Brasileira de Letras". Olhem com atenção na foto acima: Sarney, Funaro, Roberto Marinho, FHC... É só ver quem são os escritores premiados por aqui. Por exemplo: a mediocridade de um David Coimbra, que só escreve merda.
Em termos de literatura, nossos hermanos, os argentinos, nos dão de 10x0. Os brasileiros que escrevem deveriam seguir o conselho de Bukowski (um tipo de escritor que o Brasil nunca produzirá), que está em seu poema "então queres ser escritor?":
"a menos que saia
da
tua alma como um
míssil,
a menos que o
estar parado
te leve à loucura
ou
ao suicídio ou
homicídio,
não o faças.
a menos que o sol
dentro de ti
te queime as
tripas,
não o faças."