que não haja interesse das gentes
em nada daquilo que eu digo.
só os vagos de outros mundos
só os longes mais profundos
só os lagos submundos
para que tu os digas comigo.
em nada daquilo que eu digo.
só os vagos de outros mundos
só os longes mais profundos
só os lagos submundos
para que tu os digas comigo.
que não haja nenhuma luz diurna
em todos os sonhos que eu sigo.
só os leopardos lunares
só os febrentos olhares
e estas asas pelos ares
para que tu os sintas comigo.
que ninguém desvende o mistério
do tanto que me sou antigo.
mas meus olhos derramados
mas meu sangue respingado
meu coração aniquilado
para que tu os chores comigo.
ah que ninguém nunca conheça
a imensidão do meu castigo.
só a esperança acabada
a poesia asfixiada
a minha arte assassinada
para que tu nos sangres comigo.
tenho todo um segredo de fim
que me carrega sobre o perigo.
dou-te a minha noite amanhecida
a minha vida consumida
a minha alma (quase) destruída
para que tu te morras comigo.
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