se começa não se olhando no espelho
depois já nem vê
mais os próprios defeitos
e nem se faz mais nenhuma cagada
(fisiológica inclusive, na privada)
depois só vê em si qualidades
entre reais fictícias hilárias fiasquentas
então já é quase perfeito
e sabe que é rico não sendo
e sabe que pode nada podendo
e não fala palavrão nem fodendo
depois já se julga melhor que todos
capaz de tudo que é bom
capaz de nada que é ruim
de modo que já pode (e deve) julgar os outros
(os outros, aqueles inferiores)
e decidir quem presta quem não
(como um favor que faz à nação)
e quer aplicar punições castigos
sabe o que pode o que é proibido
“se não fizer aquilo que digo”
depois se puder matar
(visto que é homem divino)
tanto melhor:
“eu decido quem é bandido”
pronto:
está formado um herói da pátria
um homem de bem:
bem fanático
bem ridículo
e bem fodido
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