nos primórdios do século XIX
fugia-se da realidade externa
nos primórdios do século XXI
foge-se da realidade interna:
o si mesmo foge do eu
o eu esconde o ser
faz-se tudo para não se encarar
escolhe-se um outro ou um algo para se pôr a culpa
e elimina-se um possível espelho
onde se veja que não se é nada
ninguém quer saber do si mesmo
enche-se de tudo
para não se ter de sentir nada
do nada que se sente
e que em realidade ainda é tudo
sem seu mundo interior
o homem deixa de ser um algo
e nessa fuga do que não se sabe
acabou des-sendo
do que nem pode ser
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