I - poeta
é quem sabe ver no escuro:
palavras são escuros
abismos de símbolos
o poeta olha para a palavra
como quem olha
para o céu da noite:
um infinito de possibilidades
II - quem vê o fundo do escuro
não se engana com o brilho das luzes
acima das plumas brancas da esperança
paira a sábia-asa-sangue do abutre
e a garra firme do gavião
III - os melhores vinhos
trazem as trevas da morte
e os piores raios
brilham como o dia
e só o poeta sabe
que há paz
no olho do furacão
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