“Pouco me importa.
Pouco me importa o quê? Não sei: pouco me importa”
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
I
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
I
para quê se importar?
se ao fim e ao término
por mais revoltas voltas
retornos em torno
idas e vindas
vidas e vinhos
tudo chegará
a seu devido lugar?
II
seja o que for que aconteça
seja o que for que aconteça
são apenas rodadas da roda
sendo um lado o bem
sendo o outro o mal
roda de gira livre-desimpedida
que se parasse
desvidaria a própria vida
III
por quê se importar?
que se há o momento de agora
por quê se importar?
que se há o momento de agora
e nele se vive no ser
se tem tudo o que se pode:
a eternidade do tempo
o esquecimento da hora
IV
já o resto
o que virá ou deixará devir
é um voo de ave
que não nasceu:
se nascer
voarei com ela
se não
me deitarei na terra
que no fim
não há nem perda nem lucro
e então não me importo
nem um pouco
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