o estertorar dos estômagos famintos
aquele gemido baixo da fome
a lágrima que escorre muda
entre o choro abafado dos desesperados
os litros de sangue derramados
entre os tiroteios dos campos de batalha
os corpos despedaçados pelas granadas
uma bala estourando uma cabeça
as vísceras espalhadas por entre o pó da terra
um dois três quatro cinco seis
sete oito nove dez
soldados fuzilados de uma só vez
os urros dos tigres sendo massacrados
a queda dos milhões de bisões
exterminados nos Estados Unidos
o roçar das folhas de toda uma floresta ao chão
o arder das queimadas por entre as árvores
os gritos dos que morrem queimados
as bombas atômicas sobre o solo japonês
as mentiras proferidas nos plenários
nas tribunas nos púlpitos nos congressos
o amargo protesto inútil dos injustiçados
o revólver disparado a queima-roupa
a mulher espancada no rosto e nos seios
a pele sendo retirada de gatos e cachorros vivos
a água negra e podre pelo leito do rio Tietê
os olhos dos coelhos sendo perfurados
para o necessário progresso da ciência
os pesticidas vaporizados pelos campos
o canto de uma ave com câncer na garganta
o desabar de prédios explodidos
um ataque aéreo sobre as selvas do Vietnã
uma criança sendo estuprada
os suspiros de quem está só
e até o silêncio desolado
das regiões que viraram deserto...
todas essas coisas
produzem o seu próprio som
e não cessam
de atormentar a minha audição
quando me recordo
que definitivamente nunca
a humanidade aprenderá a lição...
4 comentários:
Bah, Reiffer, deveras muito foda!
Um abraço,
Alberto Gubaydulino.
Tu escreveu no Face o nome das pessoas que poderiam gostar. Bah! Eu achei horrível, visualizei as cenas, vi todo o massacre, as selvas agonizando, os soldados estraçalhados. E a humanidade ainda não aprendeu! Isso é uma lástima...Mas tu és um escritor e como colocastes em poema, foi belo. Te assustei? rss
um beijo querido
Me dejas mareada con tanta verdad...
Besos
Sin duda tus letras tan acertadas, un placer conocer tu espacio.
Besos
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