cavar todos os dias
com uma pá
sem descanso
cavar a cada instante
como se fosse adiante
cavar com o pé
o que não é
até achar diamante
a toda hora
como se fosse embora
cavar pelo pó
com um resto de bota
sem ter espora
cavar cova tão imensa
que seja cratera
e chegue ao outro lado
e à outra era
e arrancar petróleo e ouro
quanto mais cansado
com fôlego de touro
e rubis e esmeraldas
e trazer à luz
envolvidos em grinaldas
e enfim jogar tudo aos porcos
pelos chiqueiros tortos
e partir
sem ter o nome na lista
e como um vulto
que pelo longe some
sublimemente
morrer de fome
(eis a missão do artista)
4 comentários:
Boa construção poética.
Uma arte árdua. Verdadeira tarefa de Sísifo.
Eis a missão do artista! Parabéns.
(Des)Fragmentar-se pela tenra eternidade. Sim, tenra eternidade foi o propósito.
SUBLIME!
Reiffer, um poema com a força e a verdade de um vulcão em erupção.
EXCELENTE MESMO!
Ah sabe o Urutau, ficou famoso. Ontem estava na web como o bichinho mais fofo e favorito das Madames.
Mais um que em breve entra em extinção.
Beijos,poeta!
Mirze
muito bonito...
passei a seguir.
Postar um comentário