Acusam, muitas vezes, o nosso bom e velho Augusto dos Anjos de ser doentiamente pessimista. Talvez, realmente seja. No entanto, sempre soará terrível aos nossos ouvidos a verdade impiedosa de muitos de seus versos inigualáveis. Lembra-te, leitor, destes versos, quando falares de amor...
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaira,
De Messalina e de Sardanapalo?!
Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
— Alavanca desviada do seu fulcro —
E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
Augusto dos Anjos
(1884-1914)
11 comentários:
Grande poeta e lindos versos com muito teor de verdade.
Um bj querido amigo
Perfeito. Bela homenagem a esse poeta incrível!
Nem sempre...maso poema é lindo
beijos
há um cpntentamento em mim ao ler Augusto dos Anjos numa segunda-feira.
beijos
é por isso que qdo se ama todas as coisas, soa aos olhos dos outros como hipocresia.
é uma pena, pois existem 'casos à parte'
Obrigada pela visita, pelo comentário... enfim.
Um beijo!!!
querido..obrigada pela atenção em meu blog, te sigo por aqui, um canto muito agradável de se visitar.
Ah o amor! hoje, como qualquer outro sentimento, comercializado e banalizado - humano.
Este soneto de Augusto é um dos poucos que falam de amor, como sabes, e diz mais que milhões de livros atuais! Grande escolha de postagem!
Abraços
A intensidade sempre provoca...Um abraço.
Muito bonito Reiffer !
Abraço.
Desde minhas andanças ginasianas,
faz muitas décadas, que leio e me deleito com AdosA, um gênio na arte
poética. Esse poeminha nunca me saiu da cuca; hoje, setentão em setembro, vivo e convivo a 'crueza'
do: "Falas de amor, e eu ouço tudo
e calo! O amor da humanidae é uma mentira."...
AA, desde os confins da Jatiúca
em Maceió das Alagoas.
Ele tem razão, há sempre um interesse por trás dos relacionamentos, infelizmente. É lindo esse poema! Abraços!
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