Sol
és um traidor
prometeste-me tanto ser com os teus dias
mas tostaste minhas esperanças
com o fogo injusto das tuas auroras...
bastou o teu amanhecer ilusório
para que os sonhos me presenteados
pela materna Lua
(“Ó Lua, Lua triste, amargurada...”)*
se dissolvessem na indiferença da tua luz...
quando eu mais precisei de ti
me viraste a face
por entre as nuvens
da tempestade...
ah se eu pudesse
impedir que viesse o teu verão
asfixiá-lo com a minha névoa
enegrecê-lo com a minha noite
e congelá-lo com a minha geada
para não ter que ver
com o cansaço dos meus olhos
pelas ruas degradantes de calor
o desfilar patético em todos os sentidos
da fútil frívola supérflua
desta imbecil alegria estúpida
da humanidade sem nenhum sentido
mas o que digo?
sim, agora eu recordo:
devo estar contigo...
Sol, és meu alento último
és o Fim
Tu acabarás com esta humanidade:
perdoa-me, sou teu amigo.
* verso de Cruz e Sousa
11 comentários:
O Sol não vai acabar, nada vai acabar, pelo menos por enquanto, licenças poéticas a parte nesta externa transformação pra melhor ou pior até eu me adaptei so Sol.
Eitha home que escreve!
Tudo acaba, amiga, sempre morre o dia e nasce a noite, e morre a noite e nasce o dia. Assim é tudo. Abraços!
Considerações astronômicas à parte (sempre inquietantes pela enormidade), se eu pudesse adiar o verão...
Abraço.
Meu querido Poeta
Uma intensidade poética neste poema,como sempre adorei.
beijo
Sonhadora
Bravo, A.Reiffer!
Versos maravilhosos, encantadores.
É sempre um prazer enorme ler os teus escritos!
Abraço bem forte
Ele lá, tão longe, e capaz de estalar todos os nossos pensamentos.
Muito bom, poeta!
Abraço.
Olá, Poeta!
Lindos versos...
Iluminou-me e aqueceu-me como o próprio Sol. :)
Beijos
Maravilha, Reiffer!
Ah se eles nos escutassem!
Uma verdadeira explosão poética!
Beijos, poeta!
Mirze
Tudo se transforma, tudo muda.
Bonitos versos.
beijos
Enérgico e definitivo. Adorei a força e o ritmo do texto.
Um bj.
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