Continuo postando os sonetos de Passos da Cruz de Fernando Pessoa, conforme explicado na seguinte postagem: http://artedofim.blogspot.com/2009/12/fernando-pessoa-o-predestinado-passos.html . Na próxima semana, o 11º passo. Na imagem que acompanha o poema, o quadro "Campo de Trigo Sob o Céu Nublado" de Van Gogh.
Passos da Cruz - Soneto X
Aconteceu-me do alto do infinito
Esta vida. Através de nevoeiros,
Do meu próprio ermo ser fumos primeiros,
Vim ganhando, e através estranhos ritos
Esta vida. Através de nevoeiros,
Do meu próprio ermo ser fumos primeiros,
Vim ganhando, e através estranhos ritos
De sombra e luz ocasional, e gritos
Vagos ao longe, e assomos passageiros
De saudade incógnita, luzeiros
De divino, este ser fosco e proscrito…
Vagos ao longe, e assomos passageiros
De saudade incógnita, luzeiros
De divino, este ser fosco e proscrito…
Caiu chuva em passados que fui eu.
Houve planícies de céu baixo e neve
Nalguma coisa de alma do que é meu.
Houve planícies de céu baixo e neve
Nalguma coisa de alma do que é meu.
Narrei-me à sombra e não me achei sentido.
Hoje sei-me o deserto onde Deus teve
Outrora a sua capital de olvido…
Hoje sei-me o deserto onde Deus teve
Outrora a sua capital de olvido…
4 comentários:
Perfeito amigo!
boa semana!
abraço
Nossa... fantástico!
Já estou seguindo!
Lindo post!
A. Reiffer,
Pessoa em Passos da Cruz: um poeta em mim que ele me disse. Saúdo-te pelos sonetos do meu mestre FP. E convido-te a conhecer-me o CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos), que me será uma honraria maior...
Abraço mineiro,
Pedro Ramúcio.
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