confesso-me que não-ser:
não fui-me.
admito que bebi demais
bebi a própria sede de beber
e assim explodiu-me o vinho
e quando a sede me confessava imensa
me foi negada a água
e quando a água se admitia a mim
me foi secada a boca
confesso-me que me fim:
não fiz-te.
pedir o vinho é vir vinagre
que Deus dá água
a quem não tem sede
e vida a quem não tem sangue
que o sangue é a alma
e admito que me sangrei
porque minha alma era demais
e quanto mais sangrava meu ser
mais sangue se sede em mim
confesso-me que não sou-te:
não... nada.
admito a sede
admito o vinho
admito o sangue.
foi-me o sonho sa(n)grado...
Eu me declaro culpado.
Um comentário:
Esse poema é demais, de uma imensa força e inspiração sombria.
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