16 abril 2020

Soneto Impassível

e no entanto prossegue o céu acima
sempre as mesmas nuvens e as mesmas dores
sempre o mesmo céu para onde fores
indiferente às desgraças e às rimas

e no entanto prosseguem o dia e as lágrimas
o céu é eterno e são breves as flores
morrem sempre para onde forem amores
e paira o céu sobre todas as lástimas

fecham-se portas a quem vai embora
abrem-se portas por onde não entro
pesam-se os céus sobre todas as horas

pouco importa qual o sopro do vento:
que continua o céu sendo lá fora

e prossegue sendo noite aqui dentro

Nenhum comentário: