29 agosto 2014

Derrame meu Sangue

não diferente de todos os homens
sou um homem pós-moderno:
o que sobrou de humano
após o pós-tudo

sou um marco do que-não-foi
no pico do fim da história

sou o resto
da contemplação ininterrupta
do Horror
o resto
da devastação impassível
do Caos

sou o resultado de séculos
de esmagamento da alma

mas no resto que me resta
subiu-me algo de vasto
que ainda não está
em nada do que faço
mas que cresce como crise
ou crime:

um dia tu o verás
no que ainda não te disse